sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Um discípulo vive pela graça!

 07 de setembro de 2025

Décimo Terceiro Domingo após Pentecostes

Salmo 1; Deuteronômio 30.15-20; Filemon 1-21; Lucas 14.25-35

Texto: Lucas 14.25-35

Tema: Um discípulo vive pela graça!

 

Parte 1

O texto inicia enumerando que uma grande multidão estava acompanhando Jesus (Lc 14.25).

A maioria dos exegetas e comentaristas bíblicos enfatizam que as palavras ditas por Jesus, visa apenas contrastar a multidão. Afinal, há seguidores e há discípulos.

Você é um seguidor de Cristo ou é um discípulo? Há diferença entre ser um seguidor e ser um discípulo?

Espero que através dessa reflexão, possamos compreender que há diferença e muitas vezes é bem o oposto daquilo que tanto ouvimos.

Muitos daquela multidão seguiam Jesus por mero interesse. Jesus já era acompanhado e seguido por causa dos muitos milagres que havia realizado. Mas, e quando surgisse a perseguição, a calúnia pelo fato de ser cristão, o ódio do mundo?

Na parábola anterior ao nosso texto, ao contar sobre o convite que Deus faz para àqueles que não podem se justificar Jesus disse: “...eu afirmo a vocês que nenhum dos que foram convidados provará o meu jantar!” (Lc 14.24). Qual é a razão dessas palavras? Nosso texto ajudará a compreender isso.

Enquanto os fariseus e demais religiosos estavam engajados em cumprir a Lei divina e assim se colocarem como maiores que os demais, Jesus, ao falar sobre o significado do discipulado destaca pela palavra grega μισέω (miséo) odiar, que nada pode ultrapassar a devoção a Cristo Jesus. O amor a Jesus e a devoção a ele precisa ser tanta a ponto de todos os demais relacionamentos parecerem ódio delas. Quer dizer, “abro mão” de qualquer coisa, menos do relacionamento com Jesus Cristo. Jesus é a minha prioridade total. O discípulo de Jesus o segue até a morte, “carrega sua cruz”. Passa por perseguição, calúnia, desamores, ... esse é o custo calculado (Lc 14.28).

O discípulo é tal como o rei que vai a guerra sem ter forças necessárias (Lc 14.31). Sua vida diária é marcada pelo conflito espiritual (Ef 6.10-20). A única maneira de vencer é estar em Cristo, esse é o significado da palavra “acordo de paz” (Lc 14.32).

Ao enumerar sobre o sal que perde o sabor (“perder o sabor” “μωραίνω, moraíno) pode significar “tornar-se tolo”. Isso significa uma crítica direta as pessoas que o seguiam, mas estavam comprometidos com Jesus Cristo por conveniência. Essa atitude é, em última análise, uma tolice. O sal que perde o sabor é a representação de uma fé superficial, interesseira.

Parte 2

Lucas 14.25-35 é um dos trechos mais desconfortáveis de todo o Evangelho. São palavras que escancaram a impossibilidade de cumprir as exigências da Lei de Deus que exige prioridade absoluta. A lei de Deus exige uma lealdade a Jesus Cristo que supera todas as outras.

Os versículos 26 a 33 são a Lei de Deus em sua forma mais pura e exigente. A mensagem é inegavelmente clara.

O versículo 26, onde Jesus exige um amor que “odeie” o pai, a mãe e até a si mesmo por causa de Jesus, é interpretada como a Lei de Deus sobre o Primeiro Mandamento. A Lei de Deus exige um compromisso total e absoluto com Deus. Se nossa lealdade a família, bens, ou a própria vida, compete com a lealdade a Cristo, estamos violando a Lei de Deus. Observe que a exigência é tão alta que, por natureza, ninguém pode cumpri-la.

Os versículos 27 a 33 sobre carregar a cruz, construir a torre e o rei em guerra, são exemplos práticos da Lei de Deus. Jesus argumenta sobre a impossibilidade humana de seguir todas as exigências que a Lei de Deus exige. A Lei exige o sacrifício de tudo, uma entrega total que, por nossas próprias forças, somos incapazes de dar. O propósito dessas parábolas é enfatizar que o discipulado é impossível sem a graça de Deus.

Ao pronunciar palavras que destacam o quanto somos incapazes para cumprir com as exigências da Lei de Deus, Jesus quebra o orgulho e a autossuficiência, mostrando que nada nos é possível realizar por conta própria.

Após ouvir essas exigências impossíveis, o ouvinte é levado a reconhecer que falhou. Ninguém pode amar a Jesus perfeitamente ou carregar a cruz sem vacilar. O resultado é o reconhecimento do próprio pecado e da incapacidade. Por essa razão somos convidados a louvar a Deus, afinal, recebemos a salvação não pelo nosso cumprimento da Lei, mas pelo cumprimento perfeito de Jesus em nosso lugar. Ele amou a Deus perfeitamente e carregou a cruz por nós.

O sal é uma estrutura química sólida (cloreto de sódioNaCl), e mesmo com toda tecnologia de produção atual, quando exposto ao sol, água, umidade, ou até mesmo ao ar, perde suas propriedades e pode se tornar insípido.

A parábola do sal sem gosto quer destacar a perda de salinidade do cristão. E isso ocorre quando o cristão tenta seguir a Cristo por suas próprias forças, sem reconhecer sua incapacidade e sem se apoiar na graça de Deus. Uma vida de mera formalidade, sem fé e sem o alimento do Evangelho é inútil e sem propósito. Sem a fé e sem o evangelho perde-se a salinidade, ou seja, deixa-se de preservar e dar sabor ao mundo.

Lucas 14 é um lembrete do início ao fim de que a Lei de Deus confronta nossas falhas e a Lei de Deus exige um padrão inatingível. Nesse sentido, os episódios narrados em Lucas 14 enfatizam que a salvação não se compra, é proveniente da graça de Deus em Jesus Cristo.

Jesus carregou a cruz! Jesus me convida para segui-lo. Jesus inicia e completa a fé. Jesus cumpriu a Lei em meu lugar.

Lucas 14.25-35 é um ataque direto à crença de que os atos humanos podem garantir a salvação. A única coisa que realmente salva é a graça de Deus por meio da fé em Cristo. Um seguidor pensa em si mesmo. Um discípulo vive na e pela graça. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

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