segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O justo vive pela fé, conserve vivo o dom de Deus!

02 de outubro de 2016
20º Domingo após Pentecostes
Sl 62; Hc 1.1-4; 2.1-4; 2Tm 1.1-14; Lc 17.1-10
Tema: O justo vive pela fé, conserve vivo o dom de Deus!

         A palavra mais ouvida ultimamente é justamente a conservação!
         É necessário conservar a biodiversidade. Afinal, a mesma contribui para a economia direta, por meio dos alimentos, produtos farmacêuticos, manutenção dos ciclos ambientais, água, clima, nutrientes, ... Fala-se sobre a conservação dos oceanos. Os oceanos precisam ser conservados, pois os mesmos dão estabilidade ao clima, regula a umidade, abriga as algas marinhas e essas são as responsáveis pelo oxigênio. E a maior de todas as conservações é justamente a natureza. Ela é o sustentáculo da vida no planeta. Ela mantêm o equilíbrio entre O2 e CO2, ou seja, é responsável pela manutenção do clima na terra e em todas as atividades básicas para a sustentação da vida.
         Conservar é a palavra da moda!
         Quando Deus criou o homem e o colocou como cuidador, era necessário conservar. Sem a biodiversidade, os oceanos e a natureza, a vida nesse mundo será transformada em morte.
         O apóstolo Paulo na sua carta ao jovem pastor Timóteo fala sobre conservação, no entanto, sobre a conservação de algo que não apenas culmina com a vida aqui e gora, mas com a vida eterna. Paulo diz: “Por isso quero que você lembre de conservar vivo o dom de Deus...” (2Tm 1.6).
         A segunda carta de Paulo a Timóteo é considerada a última de suas cartas. Nessa epístola o apóstolo Paulo faz um resumo do Evangelho. Timóteo é aconselhado a conservar vivo o dom de Deus para manter-se firme numa sociedade que estava em colapso. Isso também ocorre conosco, afinal, cada um está na fronteira entre os “tidos” velhos valores que permanecem pela população idosa e os “novos” valores impostos pela população jovem e moderna.
         Timóteo era um jovem com saúde física e emocional fraca. Sofria de dores no estômago (gastrite ou algo até mais grave). Sua doença emocional não há como diagnosticar corretamente. No entanto, o medicamento é “conservar o dom de Deus”.
         Esse conservar é manter a chama do fogo acessa. Manter a chama da fé acessa só é possível através do Espírito Santo. Pessoas procuram a Igreja para batizar seus filhos, mas, infelizmente não vivem o batismo na vida diária.
         “Conservar vivo o dom de Deus” não é tarefa humana, é uma ação do Espírito Santo. O Espírito Santo executa essa tarefa através dos meios da graça, Pregação e Santa Ceia. Sem fé morre-se eternamente. Por isso, cuidado! Todo aquele que está em pé pode cair.
         “Conservar vivo o dom de Deus” também é distribuir algo que se recebeu.
         Timóteo havia recebido o dom do ministério. Cada pessoa ao ser batizada recebe junto com o dom da fé, o dom para exercício da sua vocação.
         Qual era a vocação de Timóteo? O ministério da pregação.
         Ao ser aconselhado para “conservar vivo o dom de Deus”, Timóteo estava sendo instruído que era preciso habilidade para expressar em termos apropriados as coisas que precisavam e precisam ser cridas. Paulo disse: “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouvistes com fé e com amor que está em Cristo Jesus” (2Tm 1.13). O justo vive pela fé, conserve vivo o dom de Deus.
         A segunda carta ao jovem pastor Timóteo é conhecida como a carta de despedida. Nela, Paulo deseja deixar seu legado, o ministério em boas mãos. Haviam outros colaboradores, mas Timóteo foi o escolhido. Assim, Paulo solicita que Timóteo “conserve vivo o dom de Deus”. Mas, como é possível conservar vivo o dom de Deus?
         1 – De acordo com 2Tm 1.10 - mediante o evangelho. No evangelho está o poder de Deus.
         2 – 2Tm 1.14 – guardando-se na são doutrina, mediante o Espírito Santo.
         Conforme escreveu aos filipenses, Paulo, por ser zeloso quanto a lei de Deus, se tornou perseguidor da igreja (Fp 3.4-6). No entanto, quando conheceu a sã doutrina através do próprio Jesus, por ocasião da queda de seu cavalo (At 9.4), Paulo, tornou-se defensor do evangelho, considerando todo seu passado na lei de Deus como lixo (Fp 3.7).
         Por causa do evangelho, Paulo sofreu atentados. Pela lei perseguia, no evangelho, passou a ser perseguido. Pela cadeia levava cristãos à cadeia, pelo evangelho, foi levado à cadeia.
         Em toda essa mudança radical, o apóstolo Paulo soube que só foi possível resistir mediante o evangelho. Deixar tudo aquilo que aprendeu durante sua vida como verdadeiro e passar a seguir a doutrina de Jesus só era possível pelo poder do Espírito Santo que atua pelo evangelho.
         “Conservar vivo o dom de Deus” – não era um desafio para a pessoa de Timóteo. Era a indicação de que, sem o Evangelho e o Espírito Santo, não havia sequer o dom à ser conservado.
         “Conservar vivo o dom de Deus” – é manter-se conectado com o evangelho que para muitos é vergonha, escândalo, mentira.
         Em sua despedida, Paulo lembra a Timóteo que a fé faz parte de sua vida. No entanto, pregar a fé, anunciar o evangelho, não seria tarefa simples e fácil. E para manter-se vivo na fé, conservar o dom de Deus, só seria possível pelo evangelho.
         “Conservar vivo o dom de Deus” – é distribuir o que se recebe. Paulo não guardou a fé e o evangelho para si mesmo. Poderia ter feito como Nicodemos e tantos outros cristãos anônimos. Poderia ter se guardado da perseguição e dureza de servir a Cristo, mas, pelo Espírito Santo, dispôs-se a anunciar o evangelho. Afinal, em Cristo, a morte já havia se tornado vida (Fp 1.21).
         “Conservar vivo o dom de Deus” – é saber que Deus, através do Batismo e da Pregação do evangelho, colocou e coloca algo dentro de nós. O justo vive pela fé, conserve vivo o dom de Deus.
         Deus concede um dom, o dom da fé. Esse dom não é uma conquista. Pelo dom da fé, sou enviado para viver intensamente a vida cristã.
         Todos os dons espirituais são recebidos como um presente de Deus. Esses dons são por ocasião do batismo. O batismo, bem como a pregação da Palavra é o meio pelo qual Deus nos equipou e equipa para o ministério nesse mundo: conservar vivo o dom de Deus.
         Ser ministro de Deus nesse mundo é usar nossa vida cristã para o bem de todos.
         No ministério diário, na execução da nossa vocação, somos fracassados quando encararmos o dom concedido por Deus como nosso poder ou nosso carisma. Tanto o querer como o realizar uma boa ação não procede de nós mesmos, mas de Deus, que dispensou a cada filho batizado muitos dons para benefício mútuo. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann
Pastor e palestrante.
(44) 9856 8020 – cristo_para_todos@hotmail.com
whats - 44 - 9872 3963

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Piedade como fonte de lucro!?

25 de setembro de 2016
19º Domingo após Pentecostes
Sl 146; Am 6.1-7; 1Tm 3.1-13 ou 6.6-19; Lc 16.19-31
Tema: Piedade como fonte de lucro!?

         O profeta Amós foi enviado por Deus para transmitir uma palavra as elites do povo de Deus em Jerusalém e Samaria. Mesmo que estivesse havendo paz, bem estar econômico e prosperidade para boa parcela da população, não havia segurança plena. Afinal, toda a prosperidade gerou uma postura de auto confiança e auto suficiência nas elites, que viviam luxuosamente, enquanto que a maior parte do povo vivia à margem dos benefícios da prosperidade.
         Olhando as palavras ditas por Jesus aos fariseus (Lc 16.19-31) com mais cuidado, observa-se que elas são dirigidas como alerta sobre o perigo ao qual a riqueza pode nos conduzir. Enquanto que muitos fariseus consideravam a riqueza e o bem estar como prova da justiça e favor de Deus, Jesus adverte que a riqueza pode levar uma pessoa a uma vida longe de Deus.
         O apóstolo Paulo transmite essa verdade em sua carta com as seguintes palavras: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males; e, alguns, nessa cobiça se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm 6.10).
         Para os alunos do catecismo, ao ensiná-los sobre os dez mandamentos, cito um exemplo simples, o mesmo dado por Jesus a apresentando por Mateus (Mt 22.37-40). Os dez mandamentos apontam vários direcionamentos para a vida cristã. Eles estão distribuídos em duas tábuas (Ex 31.18). Os mandamentos direcionam a nossa vida para com Deus. De acordo com os três primeiros mandamentos, nossa vida com Deus se dá pela Fé, Oração e Culto. A segunda tábua, ou seja, do quarto ao décimo mandamento, Deus direciona a vida do cristão em relação ao próximo.
         É curioso que de dez mandamentos, 20% dos mesmos tratam a respeito da cobiça (nono e décimo). Levando em consideração apenas, a segunda tábua, ou seja, sete mandamentos, temos cerca de 28.57% tratando desse tema.
         Qual é a razão de Deus alertar quanto a cobiça na relação com o próximo? A razão é que o pecador está sujeito a ela. Quando Deus adverte quanto a cobiça, o faz, por que deseja através da relação entre pessoas, a autoridade, os bens, a família, a honra, seja preservada. A cobiça estraga muitas relações entre as pessoas.
         Esse é o contexto no qual o apóstolo Paulo escreve sua carta a Timóteo. O amor do dinheiro também está presente na igreja - entre os congregados e o pastor.
         Na época em que a carta ao jovem pastor Timóteo foi escrita muitos estavam tornando a piedade uma fonte de lucro. Os falsos doutores se aproximaram de algumas mulheres da congregação por causa do dinheiro delas. Para obterem dinheiro interpretavam mal as Escrituras. Se faziam de “santos” para enganar as pessoas e assim obterem lucro de tudo isso.
         A cidade de Éfeso, onde se encontrava Timóteo, era rica e muitos dos congregados daquela igreja eram abastados financeiramente. Era preciso mostrar o cuidado necessário para não serem enganados e nem sequer depositar sua confiança e servidão no dinheiro.
         Junto ao recado do apóstolo Paulo, é necessário refletir na mensagem de Deus através do profeta Amós. Uma mensagem inquietante, mas, oportuna e adequada.
         Amós era de Tecoa, uma pequena cidade no topo de um monte a cerca de 20 km de Jerusalém e 10 Km ao sul de Belém. Amós não era sacerdote e nem filho de um. No entanto, foi comissionado por Deus como um leigo para transmitir uma importante mensagem.
         Na época, o governo estava sob a responsabilidade de Jeroboão II. Era uma época de paz e prosperidade. A expansão crescente e o comércio em desenvolvimento trouxeram riqueza para o todo o país. No entanto, a riqueza também trouxe males sociais. Os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres.
         A riqueza que por muitos era tida como sinal de aprovação de Deus, estava contaminando muitas pessoas a ganharem dinheiro de qualquer maneira. Ao invés de santificar o dia do descanso, ouvindo e meditando na palavra de Deus, desejavam que o dia chegasse logo ao fim para poderem fazer seus negócios (Am 8.5).
         Se um pobre recorresse aos seus direitos, os juízes e as testemunhas eram compradas para que o rico vencesse a ação judicial. Não bastasse isso, a própria religião foi pervertida. Estava divorciada da vida diária do povo. Em dias de festa, os santuários estavam lotados, mas, nada além do desejo de festejar. Por mais que a liturgia fosse bem elaborada, no dia-a-dia, tudo o que se observava era que a imoralidade aumentava
         A mensagem do profeta Amós vinha contra esses abusos e essa distorção. A mensagem de Deus pelo leigo Amós era destinada contra três áreas da sociedade: administração da justiça nos tribunais; desigualdade social; culto no santuário sem vida no dia-a-dia.
         A palavra “Ai” (Am 6.1) mostra que a mensagem é de juízo. Uma mensagem dirigida a todos, tanto ao norte corrupto como ao sul. Era necessário acordar as pessoas que estavam vivendo orgulhosamente e arrogantemente na sua riqueza achando que a mesma era por serem aceitos por Deus. A prosperidade era uma falsa segurança.
         “Homens notáveis” (Am 6.1) designa uma ironia retórica. Ou seja, não pensem que nada lhes há de acontecer. Os descendentes de José, da tribo de Efraim e Manassés, viviam suas vidas egocêntricas e extravagantes, na ilusão de que por suas riquezas eram aprovados por Deus, e não viam a ruína que se aproximava.
         O questionamento de Amós é sobre o âmago da fé em Deus que o povo diz ter e cultivar. A mensagem do leigo Amós foi transcrita pelo apóstolo Tiago 700 anos após: “a fé sem obras é morta” (Tg 2.17).
         Eu não posso estar satisfeito comigo mesmo. Israel estava, afinal, suas riquezas os faziam se sentir aprovados por Deus. A aprovação de Deus se dá pela fé. E a fé é um presente dado por Deus através de sua Palavra.
         Certa vez num corre-corre de um terminal rodoviário, algumas pessoas derrubaram um tabuleiro de maças-do-amor, esparramando-as pelo chão. Somente um homem parou para ajudar a pequena vendedora. Ao começar a recolher as frutas, ele percebeu que ela era deficiente visual. Gentilmente, ajudou-a levantar o tabuleiro e a ajuntar as maças. Ao verificar com as mãos que várias de suas frutas se estragaram na queda, a menina ficou apreensiva e dizia: - minha mãe vai ficar muito triste;
         - não se preocupe querida, disse-lhe o homem, eu pago as maças que estragaram.
         O homem pagou e se despediu dela. Mas, a menina o chamou e perguntou:
         - Moço, você é Jesus?
         E o homem respondeu: - não, minha querida, mas sou um dos amigos dele.


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Resgatados!

18 de setembro de 2016
18º Domingo após Pentecostes
Sl 113; Am 8.4-7; 1Tm 2.1-15; Lc 16.1-15
Tema: Resgatados!

       Os brasileiros correm um grande risco. O risco de querer fazer justiça com as próprias mãos. O “olho por olho e dente por dente” parece ser a única e última alternativa para essa pátria em que a desordem e a falta de justiça estão em alta.
       Um jovem de 18 anos foi assassinado a facadas na cidade de Nowshahr, Irã. Segundo as leis islâmicas, a família da vítima era quem deveria empurrar a cadeira para que o assassino fosse enforcado, mas, ao invés disso, foi retirado da forca pela família da vítima, momentos antes da execução. A mãe simplesmente deu um tapa no rosto do assassino cujo nome era Balal. Mesmo que Balal tenha sido poupado pela família, continuou a cumprir a sentença na prisão.
       Essa história real acontecida no Irã mostra uma diferença. Balal teve sua vida poupada, mas, continuou preso. Ao contrário disso, há o relato do texto de estudo (1Tm 2.1-15), onde encontra-se uma palavra rara, única no Novo Testamento, a expressão grega “antilytron” – resgate. No entanto, esse termo descreve o resgate completo, perfeito.
       A palavra resgate merece uma apurada dedicação devido ao contexto no qual está inserido. O contexto traz uma exortação à orar por todos os homens, inclusive reis e os que ocupam posições de destaque.
       As palavras (1Tm 2.6) parecem soar com as palavras do evangelista João Marcos: “...dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45). No entanto, assim como anunciado anteriormente, há um jogo de palavras interessante nesses dois episódios. Esse jogo de palavras é que marca o ponto fundamental do texto (1Tm2.6). João Marcos faz uso da expressão “lytron anti” – resgate para. Enquanto que Paulo faz uma combinação do substantivo e da preposição numa só palavra, “antilytronresgate de
      Essa combinação de palavras deu um novo impacto a palavra lytron. Antilytron designa um resgate que foi completamente pago. Cristo foi o preço da troca, pelo qual se concede a liberdade. O resgate tem valor infinito, no entanto, nem todos desfrutam da liberdade, do resgate.
        Quando o evangelista João Marcos diz que Jesus veio “...dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45), no contexto judaico palestino, “muitos” refere-se a à comunidade escatológica eleita. Ou seja, “muitos” refere-se apenas a raça. Enquanto que o apóstolo Paulo ao escrever “...deseja que todos os homens sejam salvos...” (1Tm 2.4) e conclui que “...se deu em resgate por todos...” (1Tm 2.4), não faz referência a “todos” num sentido absoluto e inclusivo, mas “todos os tipos”.
        Ao escrever “...deseja que todos os homens sejam salvos...” e “...se deu em resgate por todos...” o apóstolo Paulo refere-se a não exclusão de classes. Por isso, anteriormente ressaltei a importância do contexto, ou seja, Paulo exorta à orar por todos os homens não só por aqueles da própria raça. Deus visa a salvação de todas as classes sociais e raciais. Jesus veio salvar todos os tipos de homens. E é justamente essa mensagem, é esse o “testemunho que se deve prestar em tempos oportunos” (1Tm 2.6). Deus em Jesus veio salvar a todos. Cristo é para todos!
         O testemunho é a coisa testificada, ou seja, o testemunho é mostrar a todos o grande sacrifício expiatório de Cristo em prol de todas as pessoas. Afinal, o “resgatede Cristo foi em lugar de. Em meu e em seu lugar. “...o qual a si mesmo se deu em resgate por todos...” (1Tm 2.6). Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

sábado, 10 de setembro de 2016

Desabafo de um quase pai

Desabafo de um quase pai

Um casal ficou extremamente feliz quando soube da primeira gravidez. Já se faziam 10 anos de casados, era momento de uma gravidez. Mas, na primeira transvaginal, o médico constatou que era uma gravidez anembrionária. O casal não aceitando e pensando ser um erro médico, recorreu a outro profissional, mas o laudo foi o mesmo. Foi necessário uma curetagem. O dia do procedimento, era aniversário daquele que seria o futuro papai (24 de janeiro 2014).  
O tempo passou, e após alguns exames, ficou constatado que não era nenhuma impossibilidade do casal ter filhos. Uma segunda gravidez aconteceu. A chama da felicidade em receber de Deus um filho acendeu-se novamente. Exames iniciais, com bastante apreensão, foram feitos. Graças a Deus tudo estava bem. O casal aliviado sorria, escolhia nome, fazia planos.
No entanto, num segundo ultrassom, constatou-se um aborto retido. Outra curetagem foi realizada. E dessa vez foi no mês do aniversário daquela que seria a futura mamãe (05 de setembro de 2015).
Os dias foram passando, e muitas manhãs, muitos café da manhã, regado de lágrimas e perguntas. O tempo foi passando, e o casal, em especial a mulher se consolando.
Após alguns meses, para ser mais exato, seis meses depois, outra gravidez. A alegria foi misturada a ansiedade. Assim como haviam sido recomendados pelo médico, já desde o início, três dias de atraso da regra feminina, exames foram feitos e a gravidez constatada. O médico que já acompanhava o casal desde a primeira gravidez, medicou e recomendou remédios que possibilitariam uma gravidez segura.
Há um ditado popular que diz: “gato escaldado, tem medo d’água fria”. Essa era a situação, alegria e ansiedade, perguntas e lágrimas, marcavam cada novo ultrassom. Ao fim de cada ultrassom, sorrisos e planos.
Era o terceiro mês dessa terceira gravidez. O casal já estava se acostumando e cheio de planos, afinal, tudo iria terminar bem. E o terminar bem era com aquele bebê no colo. No entanto, aquele dia, 02 de setembro de 2016, outro ultrassom e a constatação de outro aborto retido. Por um momento, tente imaginar a situação do casal?
Num dos piores momentos da vida do povo de Jerusalém, o profeta Jeremias escreveu cinco poemas fúnebres, e foi justamente de um desses poemas que o pai buscou e ofereceu consolo. “A minha porção é o Senhor, ..., esperarei nele” (Lamentações 3.24).
Na sua Palavra, Deus vai consolando de um jeito muito especial.
Pessoas conversam com o casal. Tentam de todas as maneiras consolar e trazer palavras de ânimo. Todos querem ajudar e ajudam muito, mesmo que seja num abraço. Agradeço a todos.
Nesses três episódios unido a minha experiência de cinco anos junto ao CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente) tenho aprendido uma preciosa lição. Aprendi que:
Deus na sua graça e onisciência ainda não me permitiu ter um(a) filho(a). Em Jesus estou confortado e consolado! Mas, na minha responsabilidade pastoral, estou extremamente preocupado. Preocupado com aqueles pais que pela graça de Deus receberam um valioso presente (Salmo 127.3), mas, estão perdendo seus filhos para si mesmos”.
Muitas pessoas dizem: “Deus quis assim”. Tudo bem! Eu não duvido do amor de Deus, mesmo nessa situação. No entanto, pai e mãe, há uma coisa que Deus não quer: “Ele não quer que você perca seu filho por sua responsabilidade”.
Dias atrás ouvi uma mãe expressar sua preocupação diante da irresponsabilidade de um pai que dirigia seu veículo e permitia a filha ficar com meio corpo fora, pela janela do carro. Uma preocupação razoável e louvável. Mas, me desculpe, uma preocupação hipócrita. Afinal, o filho dessa mãe e acredito que ela nem saiba disso, se gabava de ter faltado aulas por quatro dias.
Em muitas reuniões a frente do CMDCA ressaltei: “muitos pais tem filhos, mas, nem todos os filhos tem pais”.
Há quase quinhentos anos, em 1524, Martinho Lutero numa carta aberta “Aos prefeitos das cidades Alemãs” exortou os cidadãos e autoridades à investir na educação cristã da juventude. Em 1530, o mesmo Martinho Lutero fez um apelo aos pais para que enviassem seus filhos à escola. Para o reformador, todas as crianças, “pobres ou ricas” devem receber uma educação secular e cristã. 
Martinho Lutero, nunca deixou de se preocupar com os dois meios em que Deus governa, por isso propôs que todos frequentem a escola para serem instruídos em todas as ciências para uma boa atuação na sociedade e também na Palavra de Deus para agirem de forma cristã na sociedade.
Disse o sábio: “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele” (Provérbios 22.6).
O sábio Salomão elucida nessas palavras que cada pai e cada mãe tem uma dupla responsabilidade em relação aos filhos: responsabilidade com o corpo e com a alma.
Pai e mãe, por mais alta e necessária que seja a responsabilidade para com o corpo do seu filho, maior, muito maior, é a responsabilidade para com a alma do seu filho. De que adianta oferecer todas as possibilidades nesta vida? De que adianta dar formação acadêmica, riquezas, dias aprazíveis, se vieram a perder sua alma? Jesus afirma: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Marcos 8.36). Ouça bem, essa é uma séria advertência de Jesus.
A vida que é composta por corpo e alma, é um presente, um dom de Deus. E seu filho é uma vida presenteada a seu cuidado!
Como pastor eu sei que não é fácil aplicar a Palavra de Deus. Mas, não é por causa dessa dificuldade que pais devem perder a paciência. Por isso, Martinho Lutero recomendou: “Como o chefe de família deve ensinar com simplicidade em sua casa”. Lembre-se: sem a síndrome de Adão. Ou seja, não culpe o outro.
É preciso paciência para explicar, repetir, dirigir os(as) filhos(as) para dentro da Palavra de Deus. Além de paciência é necessário muita oração. Como diz o pastor Paulo Moisés Nerbas, os filhos tem duas fases. A fase em que os aconselhamos e oramos por eles e a fase em que apenas oramos.
Muitos pais se sentem fracos para esta tão nobre missão. Por isso, pai e mão, o auxílio só vem de um lugar. Daquele lugar, com o qual você precisa ensinar: “... vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos” (Efésios 6.4).
Se o pai e mãe não sabem o caminho. O caminho da igreja, da verdade, da ética, da moral, em qual caminho irão caminhar?
Ensinar vem do latim “educare”, ou seja, “deixar marcas”.
Como eu gostaria, mas, Deus na sua graça e onisciência ainda não me deu um(a) filho(a) para deixar marcas cristãs. Mas, Deus deu a você essa graça. Aproveite!
Deus abençoe
Em Jesus
o desabafo de um quase pai

Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com
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terça-feira, 6 de setembro de 2016

Ignorância e Terrorismo!

11 de setembro de 2016
17º Domingo após Pentecostes
Sl 119.169-176; Ez 34.11-24; 1Tm 1.12-17; Lc 15.1-10
Tema: Ignorância e Terrorismo!

         No dia 11 de setembro de 2016 o mundo lembra 15 anos do fatídico 11 de setembro de 2001. Quase 3 mil pessoas foram mortas num ataque terrorista que passou a ser um divisor de águas na questão terrorista.
         A torre norte do edifício World Trade Center foi atingida por um ataque terrorista no voo 11 da América Airlines às 08:46 horas da manhã e a torre sul foi atingida às 09:03 pelo voo 175.
         Terrorista é todo aquele que infunde terror. Terrorista é uma pessoa partidária do terrorismo em prol de alguma ideologia ou partido religioso. A qualquer momento, numa parte do mundo, é possível que haja um ataque terrorista, afinal, as ideologias lutam entre si e querem se sobressair pela força.
         O apóstolo Paulo admite o terrorismo que infundia contra o cristianismo. Para Saulo, o cristianismo era uma ideologia louca e profana. Todo seu terrorismo era devido a sua ignorância e incredulidade. Ignorância essa que muitos outros tem com respeito aos islâmicos, tendo-os como terroristas.
         A ignorância e incredulidade de Saulo o fez infundir terror, pois: “...assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (At 8.3), “...prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (At 22.4), “...obriguei muitos a blasfemar...” (At 26.11). O próprio apóstolo Paulo, anos mais tarde, confessou sua ignorância.
         Ao referir-se a sua “ignorância”, Paulo fazia referência a algo que o desviava. Esse desvio ocorreu por causa do seu suposto conhecimento, afinal, “circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fp 3.5-6), “...porque vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião” (At 26.5).
         Essa é a ignorância dos terroristas atuais. Seu suposto conhecimento, visa apenas destruir outros conhecimentos por se considerarem superiores. Essa suposta superioridade conduz terroristas destruírem vidas humanas e lugares históricos.
         Apesar de todos os seus atos terroristas para com o Evangelho, Paulo diz que foi alcançado pela misericórdia de Deus.
         O apóstolo Paulo deixou claro em todas as suas epístolas que, mesmo em sua ignorância e terrorismo, recebeu a misericórdia de Deus.
         A misericórdia de Deus transforma o pior dos seres humanos em filho de Deus, “Porque pela graça de Deus sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9).
         Paulo não negou seu terrorismo aos cristãos, a ponto de se chamar de “blasfemo, perseguidor e insolente”. Agiu na ignorância e na incredulidade. Não negou seu pecado tratando-se de “pior dos pecadores”.
         Ao contrário do apóstolo Paulo, muitos em sua ignorância e incredulidade, se dizem merecedores da misericórdia divina. Esse suposto merecimento está fundamentado em sus ações, dízimos, jejuns, etc.
         Outros, dizem que Deus é amor e não condenará ninguém em sua ignorância. É como se a “ignorância” fosse um mérito, ou um ato da compaixão de Deus. No entanto, é preciso ressaltar que não foi a “ignorância” de Paulo que o tornou digno da misericórdia de Deus. A “ignorância e incredulidade” de Paulo mostram a terrível situação do ser humano pecador. Devido a essa condição humana, Deus designa ministros do Evangelho para que anunciem com fidelidade “que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior” (1Tm 1.15).
         A declaração do apóstolo Paulo “...noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” retrata o insight sobre a verdadeira natureza de um não cristão.
         A ignorância não é falta de conhecimento, mas, estar desviado, ou seja, fora do caminho. Incredulidade é muito mais que mera falta de fé. Na verdade, é hostilidade contra Deus e contra a verdade. E os ataques terroristas de Paulo ante aos cristãos era por que estava afastado de Deus. Por estar fora do caminho e ser hostil a mensagem da verdade, Paulo se voltou contra tudo e contra todos, tornando-se um terrorista contra a fé cristã.
         A misericórdia de Deus encontrou Saulo no caminho à Damasco e o transformou em servo da fé cristã. Se na “ignorância e incredulidade” Saulo matava cristãos, a misericórdia de Deus o fez transformar vida através do evangelho por ele anunciado. A misericórdia de Deus transformou Paulo em ministro do Evangelho, “Cristo não o enviou para batizar, ou seja, fazer discípulos paulinos, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo” (1Co 1.17).
         Ao considerar sua terrível situação antes da conversão, o apóstolo Paulo não o fez por mero formalismo. O seu desejo foi transmitir o precioso ensino de que Deus teve paciência dele por amor.
         Deus revelou o tamanho da sua misericórdia tendo salvo Paulo, a você e a mim. Em nós, não existe motivo nenhum para que Deus nos eleja como seus filhos. A verdade é que Deus em sua misericórdia e amor sempre vem ao nosso encontro, sem merecimento de nossa parte.
         Tendo sido encontrado pela misericórdia de Deus, sou convidado a agradecer, pois, “..., noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. ..., pois o fiz em minha ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm 1.12-15).
         Toda a condenação ao inferno se deve a ignorância, ou seja, ao estar afastado da graça de Deus em Jesus e a hostilidade a mensagem do Evangelho. Somente a graça de Deus é que permite alguém perseverar na fé até o fim.
         Todo homem chamado e escolhido por Deus para exercer publicamente o ofício da pregação, precisa declarar a pecaminosidade do homem e anunciar o remédio que cura, a misericórdia de Deus. O ministério da pregação consiste em pregar o Evangelho que transforma e abunda em graça. Por isso, não tema ver a profundidade do seu pecado, pois Deus lhe mostrará a grandeza de sua graça em Jesus.
         A misericórdia de Deus transforma um terrorista em pregador do Evangelho. A misericórdia de Deus transforma a ignorância na sabedoria, que é a mensagem da cruz, e a incredulidade em fé. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Saindo ileso da cova!

30 de março de 2024 Salmo 16; Daniel 6.1-28; 1Pedro 4.1-8; Mateus 28.1-20 Texto : Daniel 6.1-24 Tema : Saindo ileso da cova!   Tex...