segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Um só motivo para comemoração da Reforma!

31/10/2015
Dia da Reforma
Sl 46; Ap 14.6-7; Rm 3.19-28; Jo 8.31-36 ou Mt 11.12-19
Tema: Um só motivo para comemoração da Reforma!

         O que é Reforma Protestante?
         A Reforma Protestante foi um movimento religioso que culminou no início do século XVI na pessoa de Martinho Lutero. Essa se tornou real quando Lutero publicou 95 teses, no dia 31 de outubro de 1517, contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana. Entre todos os pontos, o mais controverso era justamente a questão da salvação. Para reafirmar suas posições, Lutero se firmou e baseou-se no Somente a Escritura, Somente a Graça e Somente Cristo.
         A Reforma Protestante só foi possível por causa da graça e misericórdia de Deus, afinal, Lutero poderia ser morto, como qualquer cachorro que estivesse na rua. Mas, Deus fez com que Lutero e sua causa fosse apoiada por vários religiosos e governantes europeus. A Reforma Protestante que tinha como objetivo reformar alguns desvios da doutrina da Igreja Católica Romana, acabou dividindo a Igreja do Ocidente em Católicos Romanos e Protestantes, ou, Reformados.
         A Reforma Protestante é para muitos estudiosos o início das mais variadas separações dentro do cristianismo. Afinal, se o ocidente era marcado por uma única Igreja, após a Reforma, passou a ter duas. Após essas, surgiram muitas outras ramificações.
         A Reforma não pode ser simploriamente vista como a causa das muitas ramificações eclesiásticas. A verdade é que a Reforma precisa ser vista com o seu principal objetivo, ou seja, Lutero visou resgatar a verdade bíblica. Assim, a Igreja está sempre vivendo a Reforma, pois, precisa a cada novo dia resgatar, ou, se manter na verdade. O Somente a Escritura, Somente a Graça e Somente Cristo continuam sendo as bases de sustentação da Igreja e se qualquer uma dessas colunas for abalada, é necessário uma Reforma.
         Reforma não causa separação, ela mantêm a igreja sempre moderna, atual e unida.  
         Esse 31 de outubro de 2015 marca os 498 anos daquela distante data, 31/10/1517, e ao mesmo tempo, mostra o quanto continua sendo necessário que a Igreja preserve a principal marca da Reforma: o resgate e a manutenção da verdade do somente a Escritura, somente a Graça e somente Cristo.
         Os luteranos estão em contagem regressiva, pois, no ano de 2017, irão comemorar 500 anos de Reforma Protestante. Em meio as festividades, sem perder o foco, uma questão continua sendo necessária e importante: o quanto da verdade ainda é mantida entre os luteranos? Quais caminhos precisam ser revistos? Os “solas” continuam sendo a sustentação ou apenas slogan eclesiástico?
         O texto de Apocalipse 14.6 e 7 apresenta a urgência da igreja continuar na verdade. Essa verdade, infelizmente separa, mas, não apenas institucionalmente, e sim, eternamente.
         No capítulo 14 de Apocalipse está registrada a certeza da vitória final de Cristo e de sua igreja. Essa vitória não pode ser colocada em dúvida. Mas, infelizmente, por muitos terem se desviado da verdade, essa vitória passa a ser questionada e até mesmo distorcida.
         A passagem bíblica de Ap 14.6-7 é uma das leituras do dia da Reforma por que um dos colaboradores de Lutero, Bugenhagen, reformador da Pomerânia, viu no anjo que voa no meio do céu, dirigindo-se a todos os povos e anunciando um evangelho eterno, a pessoa do próprio Lutero e sua obra, a Reforma. No entanto, não posso limitar essa passagem a qualquer personagem ou evento da história. Afinal, o que interessa é a mensagem dos anjos, que ao final, formam um único quadro e buscam atingir um só objetivo: mostrar a certeza da vitória final de Cristo e de sua igreja.
         O texto (Ap 14.6-7) diz que o anjo estava voando pelo meio do céu, ou seja, veio diretamente de Deus. O dragão e os dois monstros, da terra e da água, não podem fazer nada contra ele. A mensagem proferida pelo anjo não pode ser silenciada. Essa mensagem é o evangelho eterno.
         O evangelho é eterno pelo fato de não poder ser modificado. Infelizmente, muitos pregadores distorcem o evangelho. No entanto, por ser eterno, o evangelho, a mensagem de Deus distribuída nas páginas das Escrituras em Lei e Evangelho não pode ser modificada. Sempre há e haverá os que pregam com ousadia e coragem.  

         A mensagem do anjo era dirigida a todos os povos da terra. O apóstolo João disse que o anjo estava no centro do céu, e o evangelho eterno era pregado a todos que se assentavam sobre a terra, ou seja, à cada nação, tribo e língua. As palavras do anjo são um chamado à fé em Deus. Pela fé se louva e adora a Deus.
         A julgar por Apocalipse, os cristãos perecem ser a minoria absoluta na face da terra. O apóstolo João em Apocalipse mostra as artimanhas do Diabo para destruir a Igreja e em Ap 14.6-7 mostra as manchas da Igreja. Essas manchas são os pecados e justamente, por causa dessas manchas, cada povo, raça, língua, é convidado ao arrependimento: temei a Deus; louvai a Deus e adorai a Deus.
         Não se pode colocar um evento ou pessoa como cumprimento de determinada passagem bíblica. No entanto, é necessário lembrar que Deus cumpre todas as suas promessas através da história e das pessoas nesse mundo. Deus é Deus, mesmo quando parece não haver solução.
         A Reforma Protestante que hoje (31/10/2015) celebra 498 anos não pode simplesmente olhar, exaltar e comemorar seu passado sem olhar para o agora. A Reforma Protestante precisa ser um evento vivido hoje, permitindo a todos que ouçam o evangelho, uma verdadeira e correta interpretação bíblica, afinal, essa é a ênfase da Reforma. O evangelho eterno precisa continuar sendo pregado, por isso, é necessário e urgente que Somente Cristo, Somente a Graça e Somente a Escritura prevaleçam sempre. Amém!

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Jesus, aquele que intercede por nós!

25/10/2015
22º Domingo após Pentecostes
Sl 126; Jr 31.7-9; Hb 7.23-28; Mc 10.46-52
Tema: Jesus, aquele que intercede por nós!

         Na infância aprendemos uma das mais belas lições do cristianismo: somos dependentes de alguém. À medida em que cresce, parece ser natural a independência. A verdade é que é preciso ser independente, mas, a lição da dependência é necessária, afinal, sempre dependemos de alguém.
       O autor da carta aos Hebreus mostra a nossa dependência de Jesus Cristo, “E por isso ele pode, hoje e sempre, salvar as pessoas que vão a Deus por meio dele, porque Jesus vive para sempre a fim de pedir a Deus em favor delas” (Hb 7.25).
         O cristão em sua relação com Deus precisa de intermediário!
         O Novo Testamento ensina vários títulos para qualificar Jesus Cristo como intermediário de Deus para com o pecador. Jesus é aquele que justifica o pecador; é o advogado que defende o pecador diante de Deus. Na carta aos Hebreus, Jesus é o sumo sacerdote. Só ele dá acesso ao lugar santíssimo, na verdade, ele rasgou o véu que separava o povo do santo dos santos. O santo dos santos era o local do Templo que apenas o sumo sacerdote podia adentrar uma vez ao ano, no dia da expiação para aspergir a tampa da arca da aliança com sangue de um bode sacrificado pelos pecados do povo.
         O autor da carta aos hebreus envia através da mesma uma mensagem a judeus cristãos que estão vivendo num ambiente helenista, ou seja, hebreus que viviam em meio à cultura grega. Assim, seus costumes se misturaram com costumes gregos, mas, essa mistura não os fez perder os traços do culto judaico. Mesmo aculturados com os gregos, os hebreus ainda se lembravam de como eram prestados os serviços no Templo pelos sacerdotes. Assim, a mensagem de que Jesus é o sumo sacerdote chegaria de maneira clara aos hebreus.
         A mensagem era importante, não só pelo fato dos hebreus estarem familiarizados e conseguirem entender a mensagem. A importância da carta está justamente no fato de que os hebreus corriam risco de, assim como muitos, abandonar a fé em Jesus Cristo e voltar à velha prática dos sacrifícios realizados pelos sacerdotes. É como se um cristão que de fato crê na obra de Jesus Cristo, passasse a realizar coisa para garantir a sua salvação. O sacrifício de Jesus Cristo valeu de uma vez por todas. “por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança,... Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por favor dos seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu” (Hb 7.22,27).
         A mensagem da carta visa exortar os hebreus, tanto os membros, ou seja, aqueles que continuam na fé (Hb 10.25), bem como os líderes (Hb 5.12). O autor lembra que essa exortação precisa ser suportada (Hb 13.22) e não rejeitada. A cultura não está acima da mensagem do evangelho, ou seja, não é por causa do ambiente que eu vivo, que devo deixar de crer na obra salvadora de Jesus.
         A exortação da carta não tem como objetivo ofender ou maltratar alguém. A verdade é que o objetivo da carta é confortar e animar os cristãos resistentes na fé. Justamente por isso, o autor ressalta a importância da pessoa e obra de Jesus Cristo a partir do ensino do Antigo Testamento com respeito ao sacerdócio. Jesus é o sumo sacerdote para sempre, imortal e único. Jesus vive para sempre, Ele pode interceder eternamente e salvar quem por Ele se achegar a Deus. O sacrifício de Jesus é único. Na questão de salvação não é mais necessário nenhum sacrifício da parte humana. Aliás, toda ação humana só é agradável a Deus a partir da fé, ou seja, pela gratidão ao amor de Deus em Jesus, afinal, “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus,...” (Hb 11.6).
         Os hebreus foram exortados a permanecer na fé no sacrifício realizado por Cristo.
         Jesus Cristo é sumo sacerdote, o que oferece e o que é o sacrifício perfeito diante de Deus. Na fé, nós cristãos pecadores somos sacerdotes nesse mundo. No entanto, nosso sacerdócio é diferente do realizado por Cristo, ou seja, não oferecemos sacrifícios para nossa salvação. Assim como os sacerdotes, na fé, nossa função sacerdotal é apresentar o ser humano a Deus e representar Deus para as pessoas. Por meio da salvação recebida, o cristão, sacerdote nesse mundo, tem a função de salvar outras pessoas, através de seu testemunho de fé, apontando sempre para o sumo sacerdote Jesus, “...aquele que intercede por nós” (Hb 7.25). Amém!

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Devoção à Palavra de Deus!

18/10/2015
Sl 119.9-16; Ec 5.10-20; Hb 4.1-13; Mc 10.23-31
Tema: Devoção à Palavra de Deus!


         O salmo 119 é um salmo curioso. Não só por ser o maior capítulo da Bíblia e o maior salmo. Sua curiosidade está no fato de que cada estrofe inicia com uma letra do alfabeto hebraico. Sendo que o alfabeto hebraico é composto por 22 letras, cada estrofe, ou seja, cada 8 versículos, é iniciado por uma dessas letras, assim, o Salmo 119 se tornou o maior de todos os salmos. O Salmo 119 é uma devoção à Palavra de Deus.
         Em cada uma das 22 estrofes, o salmista refere-se a Palavra de Deus. A primeira estrofe, os vv.1-8, o salmista inicia com a primeira letra do alfabeto hebraico: álef. Nos primeiros 4 versículos o salmista diz sobre o benefício da obediência à Palavra de Deus. Nos vv. 5-8, ainda na primeira estrofe, o salmista mostra o anseio, a expectativa e a resolução por uma vida obediente à Palavra de Deus.
         Os vv. 9 – 16, fazem parte da segunda estrofe, que inicia com a segunda letra do alfabeto hebraico, a letra Bêt. Assim, a segunda estrofe ensina que: Se uma pessoa entende os benefícios da obediência à Palavra de Deus e está resoluto por uma vida obediente, pode se perguntar sobre as atitudes práticas dessa obediência. De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? (Sl 119.9). A resposta advém da primeira e da segunda estrofe, ou seja, entendendo os benefícios da obediência à Palavra de Deus e resoluto em viver nessa obediência.
         A maioria das pessoas passam por quatro fases em sua vida. A fase infantil, juvenil, adulta e velhice. Sabe-se que a fase em que se é vulnerável devido as muitas mudanças é justamente a juventude. As transformações faz com que a juventude seja um período de constante pressão. Na juventude o jovem precisa tomar decisões importantes. A importância se deve ao fato que, as decisões definirão seu futuro.  
         Por tudo isso é necessário que o jovem saiba guardar puro o seu caminho. Para tal é necessário sabedoria. E a sabedoria vem do conhecer a Palavra de Deus: “O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino” (Pv 1.7).
         Temer ao Senhor não é sentir medo, mas, ter uma vida de respeito, vida essa que inclui adoração, amor, serviço a Deus e obediência aos mandamentos.
         A pergunta prática diante da Palavra de Deus feita pelo salmista “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?” (Sl 119.9) continua sendo atual. Parece que a pergunta foi formulada para os jovens de nossos dias, afinal, o ateísmo é muito comum nas universidades, nas escolas, etc.
         É preciso esclarecer que por ateísmo não desejo apenas enfatizar sua forma etimológica, ou seja, “não-deus”. Na verdade, o ateísmo ao qual nossos jovens estão expostos nas universidades e nas escolas estão camuflados de diversas formas. Há o ateísmo apresentado no materialismo prático, ou seja, a vida está limitada as ambições e necessidades de espaço e tempo. O homem passa a ser “próprio fim e o único autor da sua própria história”. Alguns passam a considerar a libertação humana pela via econômica e social, e assim, a religiosidade irá impedir essa libertação, pois a religiosidade estimula a esperança na vida futura.
         A pergunta do salmista “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?” (Sl 119.9) continua sendo atual, pois, na universidade e na escola, o jovem passa a ser treinado a pensar, para que no futuro, se declare autônomo, não sendo dependente de Deus.
         Na juventude, através das muitas descobertas as quais os jovens estão expostos, é comum muitos passarem a ter Deus como uma realidade irrelevante em sua vida. Afinal, com ou sem Deus, parece que nada mudará sua vida.
         Na vida acadêmica o jovem está exposto ao liberalismo moral. Esse liberalismo é o início da condução para caminhar no caminho ateu. Os conflitos de consciência são facilmente normalizados pela relativização do certo e do errado. Não há uma única verdade, mas, cada verdade traz embutida em si uma variante. Há os que dizem que quem se declara adepto de uma só verdade é ditador, legalista e moralista. Para fugir dessas caracterizações, o jovem busca novas alternativas, sendo a mais viável, abandonar a religiosidade, pois a mesma se declara como a única e suficiente verdade. 
         A pergunta do salmista “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?” (Sl 119.9) continua sendo atual.
      Um caminho puro não quer dizer que o jovem precise ser “quadrado”, “retrógrado”. Guardar puro o caminho é ser livre, conhecendo a verdadeira liberdade, “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. ...” (Gl 5.1), “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32).
         “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?” (Sl 119.9). A resposta é simples: guardar a palavra; repetir em voz alta; estudar e examinar a Palavra de Deus. Quantas vezes o jovem faz, ou é incentivado a fazer isso?
         Quando o sábio Salomão disse para que se “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele” (Pv 22.6), na verdade repete uma orientação divina, onde a prioridade era “inculcar aos filhos, falar de Deus e da sua Palavra, em todos os momentos do dia-a-dia” (Dt 6.7).
         Ao fazer parte do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) onde por dois anos fui presidente, 2 vice presidente e nos dois próximos anos presidente novamente, digo que estou muitíssimo preocupado. Minha preocupação não é com a geração atual, mas, com a próxima. Afinal, eu faço parte de uma geração que foi criada em princípios éticos, morais e eclesiástico, e mesmo assim, vejo coisas tão desagradáveis a ponto de nem sequer gostar de comentar. Assim fico imaginando a próxima geração. Uma geração que está sendo criada longe da igreja, longe da Palavra de Deus e em meio a uma verdadeira crise moral e ética.
         A pergunta do salmista: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?” (Sl 119.9) mostra a nossa responsabilidade para com nossos filhos. O apóstolo Paulo enfatiza: “...criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Pois, no Senhor, entraremos no descanso. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

“...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b)

11/10/2015
Sl 90.12-17; Am 5.6-7,10-15; Hb 3.12-19; Mc 10.17-22
Tema: ...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b)

         Ao meditar sobre o texto de Marcos 10.17-22 é preciso olhar para um contexto mais amplo. Nesse contexto amplo, é necessário ler e lembrar o texto de Lucas 18.18. A julgar pelo pesquisador Lucas, o jovem rico era chefe judeu, conhecedor da lei, das tradições e costumes dos judaizantes. O jovem rico não foi o único a fazer a pergunta: ...que farei para herdar a vida eterna?” (Lc 10.25). Se o médico Lucas mostra duas pessoas diferentes fazendo a pergunta “...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b), quantas pessoas continuam fazendo essa pergunta?
         Os luteranos nesse mês de outubro lembram-se de Martinho Lutero. Essa lembrança não é porque Lutero é o santo a ser adorado pelos luteranos. Sua lembrança está na coragem e determinação em seu legado. E todo legado de Lutero foi justamente porque na idade média, ele, e tantas outras pessoas se angustiavam dia e noite com a pergunta “...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b; Lc 10.25).
         Sabe-se pela história ensinada e pela história vivida que o “devo fazer” promoveu e promove uma serie de barbaridades quanto ao ensino das boas obras, penitência, dízimo, etc.
         Observe no texto (Mc 10.17-22) que João Marcos mostra que o jovem ao se aproximar de Jesus, mesmo o chamando de bom, fala em fazer algo.
         Ao chamar Jesus de “bom mestre”, o jovem rico desejava receber de volta o elogio de Jesus. Afinal, o jovem rico se julgava cumpridor dos mandamentos, e assim, era algo “bom”.
         É bastante comum ouvir em velórios a expressão de que a pessoa falecida era uma pessoa boa. E ao se julgar alguém como bom, segue-se a lista do, “nunca roubou, matou, etc”.
         O jovem rico ao dialogar com Jesus, o faz com aquilo que seu coração está cheio, ou seja, é necessário fazer algo para conseguir a vida eterna.
         A pergunta: “...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b; Lc 10.25) por parte do jovem rico não tem o objetivo de receber uma resposta, mas, a constatação de que não lhe falta mais nada, afinal, conforme o próprio jovem, desde a sua juventude cumpre todos os mandamentos.
         Ao ouvir a pergunta, João Marcos apresenta de maneira brilhante a reação de Jesus, “..., fitando-o, o amou e disse: ...” (Mc 10.21).
         Jesus amou o jovem rico. A resposta: “Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (Mc 10.21) não mostra falta de amor, mas, visa mostrar aquele jovem que sua fé estava equivocada. Ele estava fundamentado na tradição da lei. A resposta de Jesus mostra ao jovem rico que mesmo sendo um suposto cumpridor da lei, mesmo sendo bom aos seus olhos e olhos dos seus semelhantes, ele é pecador. Mas qual seria o pecado daquele jovem? É um pecado muito comum entre nós. Pecado apresentado pelo apóstolo João em sua carta: “se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4.20).
         Algumas pessoas julgam as outras pelas aparências e imaginam que Deus julga da mesma maneira. O jovem rico, um líder judeu, era quase que irrepreensível, mas, Deus que conhece o coração humano, sabe que as aparências enganam. E mostra que as aparências estavam enganando aquele próprio jovem.
         O que faz uma pessoa ser boa? Quem é bom?
         O jovem rico precisava compreender o que era bom, ou, quem é bom diante de Deus. Sua compreensão de pessoa boa diante de Deus estava equivocada, e Jesus, busca corrigir seu pensamento.
         Para corrigir seu pensamento sobre quem de fato é bom diante de Deus, Jesus cita os mandamentos da segunda tábua, ou seja, do 4º ao 10º mandamento. Nesses 7 mandamentos, recebe-se a instrução de Deus com respeito a vida em relação ao próximo. E é justamente na relação com o próximo que consegue-se ver todos os pecados com clareza. O jovem rico afirmou para Jesus que observava todos os mandamentos relacionados a segunda tábua. No entanto, Jesus lhe propõe vender todos os seus bens e dar aos pobres, como prova de amor ao próximo. Isso mostrou seu pecado!
         O jovem rico estava satisfeito com sua aparente vida diante das pessoas. Essa vida aparente o fazia viver uma vida de auto justificação pessoal. Mas, essa auto justificação pessoal foi quebrada diante da proposta de Jesus. Por amor, Jesus apontou que só há um que realmente é bom, e esse é Deus.
         Por amor Jesus leva o jovem rico a examinar o próprio coração. Com amor, Jesus chama aquele jovem rico ao arrependimento.
         Não adianta o engrandecimento pessoal diante de Deus. O jovem rico se apresentou como bom, com cumpridor da lei, mas ao ser desafiado para uma prática real do amor ao próximo, aquele jovem rico viu o quão miserável pecador era.
         É preciso ver a real situação humana! Esse é o objetivo da lei de Deus expressa em sua Palavra. E por causa da situação desesperadora, Jesus continua olhando com amor e misericórdia. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Dar a vida pelos irmãos! (1Jo 3.16)

  Quarto Domingo de Páscoa 21 de abril de 2024 Salmo 23; Atos 4.1-12; 1Jo 3.16-24; João 10.11-18 Texto: 1João 3.16-24 Tema: Dar a ...