quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A Palavra de Deus traz guerra e paz!

 Sermão para Reforma

Mateus 10.34 e Hebreus 4.12

Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34)

 Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12)

 

Tema: A Palavra de Deus traz guerra e paz!

 

Martinho Lutero, sem dúvida um dos melhores pregadores que a cristandade já conheceu.

Lutero vinha pregando em sua igreja de Wittenberg havia anos, mas quanto mais pregava, mais desanimado ficava. As pessoas não entendiam. Elas ouviam de bom grado, mas em vez de serem motivadas, se tornavam apáticas. Lutero observou que, apesar de sua pregação, “ninguém age de acordo com o que ouve; pelo contrário, as pessoas tornam-se tão ignorantes, frias e preguiçosas que é uma vergonha, e elas fazem muito menos que antes”.

Um exemplo: quando Lutero e os outros reformadores pregavam que participar do culto não era mais um ato meritório, a frequência nos cultos diminuiu.

Janeiro de 1530, Lutero estava tão farto, que anunciou à igreja que não pregaria mais. Irônico, mas a verdade é que Lutero entrou em greve. Claro que como todo apaixonado pela pregação, Lutero não ficou muito tempo longe do púlpito.

Um ano antes de morrer, durante uma viagem, resolveu não voltar a Wittenberg, o centro da Reforma. Ele escreveu à sua esposa Catarina: “Meu coração esfriou, de modo que não quero mais ficar lá”. Ele estava irritado porque as pessoas pareciam muito indiferentes a sua pregação. Muitos até zombavam sobre quem lhe havia dado o direito de questionar tanto o que antes era ensinado.

Estou farto dessa cidade e não quero voltar”, escreveu. Preferiria “mendigar o pão a torturar e irritar minha pobre velhice e meus últimos dias com a sujeira de Wittenberg”. Dentro de um mês, porém, um dos moradores da cidade pediu que Lutero voltasse.

Todos os pregadores ficam desanimados.

O desânimo se deve ao momento em que vivemos. Os pregadores televisivos são tidos como melhores; os pastores das pequenas congregações, sem aparente sucesso, são constantemente interpelados a ouvir e aprender com esses famosos pregadores como se eles fossem a solução de todos os problemas. O relativismo está presente entre nós. Os baais modernos competem pela lealdade do povo.

Que encruzilhada! Entramos em greve ou mudamos? Aprendemos a fazer a diferença, apesar dos desafios?

Qual pastor em seu íntimo que já não pensou:

- Qual é o valor do exercício do ministério nesse lugar?

- vou pregar, mas não me sinto ali, vou ao púlpito e me sinto vazio;

- quem é você para pregar sobre fé?

- devo ou não devo falar sobre determinado assunto? Afinal, as pessoas se chateiam.

 

Todo pregador vive o dilema: tenho em minhas mãos a espada que fere e ao mesmo tempo paz.

 

A Bíblia não quer falar para o mundo moderno como se o pregador precisasse ser psicólogo, antropólogo, cientista político e social. A Bíblia quer criar um mundo que não existiria sem que Deus falasse. Deus falou e o mundo veio a existir. E Deus fala e uma nova criação surge: o pecador justificado! Antes de falar sobre o fim, Deus disse para não acrescentar nenhuma palavra e nem tirar qualquer Palavra que fosse da Bíblia (Ap 22.17-18).

Não se pode reduzir o evangelho a uma frase de para-choque de caminhão. É pelo ouvir do evangelho que a comunidade de Deus vai tomando forma.

O livro antigo, para muitos ultrapassado, desconcertante, agressivo, que traz espada e paz, um livro maravilhosamente desafiador, conhece a verdade sobre mim. Sou pecador (por isso a espada) e como tal preciso da redenção em Jesus (paz). Esse livro de Deus: “... é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).

As histórias do pregador não são dele. Deus dá a mensagem (Bíblia). Deus nos torna mensagem (história, acontecimentos).

Deus tem uma relação de amor comigo e nessa relação de amor a comunicação é vital e para que a comunicação seja perfeita, enviou seu Filho, do qual sou comunicador.

A Palavra de Deus traz guerra e paz!

Nunca estou velho ou inteligente demais para morrer. Todos os dias eu preciso morrer. Tomar minha cruz e seguir Jesus. Que cruz pesada está sendo a de pregador do evangelho! Mas, é tão somente pelo evangelho que Jesus quer transformar o mundo, trazendo guerra e paz!

A Reforma nasceu pelo abrir da Bíblia.

Ao abrir a Bíblia, muitas pessoas infelizmente acomodaram-se. Não podemos simplesmente voltar a velhas práticas pagãs, legalistas para motivar pessoas. É preciso tão somente falar o que Deus fala através da Bíblia – por mais que isso traga a espada, pois, sem a Espada do Espírito, não há paz de Espírito.

Continuemos com o evangelho a respeito da graça de Deus em Cristo – somente o evangelho libertou pessoas ao longo da história da humanidade após a queda em pecado.

Esse evangelho é o poder de Deus para salvação!

Semana após semana, pregação após pregação, pessoas vão sendo ressuscitadas, e vivendo novas vidas pelo evangelho!

A Palavra de Deus incomoda!

Será que as pessoas também matariam Jesus hoje?

Dependendo da pregação de muitos, Jesus seria feito reitor de uma universidade, preletor de conferências, presidente do Brasil. Mas, Jesus é salvador. Não se pode reduzir o cristianismo ao esforço humano para se tornar uma boa pessoa, ou simplesmente alguém entusiasmado pela sociedade!

Jesus foi morto porque ameaçava o mundo constituído. Ele, pela pregação do evangelho continua sendo uma ameaça, principalmente ao diabo que não quer a salvação.

Muitas pessoas não gostam mais da igreja! É por que a igreja ama a instituição e muitas vezes tem se esquecido de Jesus. É melhor pregar para manter uma instituição e uma estrutura, do que falar sobre Jesus, que por vezes traz espada.

Na época da Reforma não foi fácil falar contra uma estrutura. Foi possível por causa do evangelho, o qual se é chamado a pregar, mesmo que traga espada.

O evangelho é uma espada de dois gumes – ele interfere em tudo o mais sobre a terra (Henry Ward Beecher). O evangelho invade todos os cantos e todas as curvas da vida dos ouvintes: sexualidade, pensamentos, sonhos, contas bancárias, pecados secretos, alvos, propriedades, motivações, família e trabalho.

É preciso, como pregador, e isso traz um deserto árido, falar, interferir, mas sem justiça própria. Edificar a igreja, não condená-la. Falar a verdade, mas em amor.

Todo pregador precisa entender que: assim como nos alegramos com os batismos, também nos gloriamos das pedradas, afinal, “a Palavra de Deus traz a paz e a espada”.

Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Escritura Sagrada – o sopro de Deus!

Salmo121; Gênesis 32.22-30; 2Timóteo 3.14-4.5; Lucas 18.18

Texto para prédica:2Tm 3.14 – 4.5

Tema: Escritura Sagrada – o sopro de Deus!

 

A expressão Escritura Sagrada (2Tm3.16) é um termo técnico para referir-se a coleção de livros.

A qual coleção de livros o apostolo se referia ao escrever sobre Escritura Sagrada para Timóteo? Possivelmente ao Antigo Testamento. Claro que muitos outros livros do Novo Testamento já estavam escritos, tanto que, Pedro reconhece as cartas de Paulo como sendo Escritura Sagrada: “...nosso querido irmão Paulo, com a sabedoria que Deus lhe deu, ... Nas cartas dele há algumas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e os fracos na fé explicam de maneira errada, como fazem também com outras partes das Escrituras Sagradas. E assim eles causam a sua própria destruição” (2Pe 3.16).

O alerta do apostolo Pedro é muito propicio para nossos dias. As pessoas estão causando a sua própria destruição devido às coisas difíceis de entender nas Escrituras.

Pela Escritura, as pessoas estão atacando a doutrina do Batismo e da origem das Escrituras. Isso por não crerem no pecado original e na inspiração do Espírito Santo.

O termo Escritura utilizado por Paulo indica que Deus soprou as palavras que estão escritas. O ato de soprar as palavras assemelha-se ao ocorrido na criação do ser humano, “... O Senhor soprou no nariz dele uma respiração de vida, e assim ele se tornou um ser vivo” (Gn 2.7).

Assim como Deus soprou uma respiração de vida e o homem se tornou alma vivente, Deus soprou nos escritores as palavras que seriam usadas e, através da pregação da Palavra (seu sopro), Deus dá vida às pessoas. Nesse sentido, os pastores são como àqueles garotos de escola que sopram as respostas para os colegas que não sabem a resposta para que não sejam reprovados. Os pastores sopram uma Palavra que não é sua, mas de Deus.

Deus soprou suas palavras, pois por elas pode nos dar a sabedoria que leva à salvação, por meio da fé em Cristo Jesus (2Tm 3.15). É preciso recordar que diferentemente dos deuses, Deus não quer nos dar informação sobre alguma coisa, mas nos levar à salvação, por meio da fé em Cristo Jesus. A fé é o presente dado por Deus através do seu sopro (Ef 2.8; Rm10.17). E por esse presente, a fé, Deus nos garante a salvação.

A Bíblia (2Tm3.16), sopro de Deus, é uma bênção de Deus para salvar a humanidade. E a Bíblia está sendo tão questionada.

Muitos problemas na igreja contemporânea devem-se ao fato de que Deus deixou de soprar, ou seja, não é a Palavra de Deus que comunica. Jesus tornou-se curandeiro, um sábio, um guia religioso; e a Bíblia, um livro de autoajuda.

Querida igreja, recordemos o que Paulo escreveu: “Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é o poder de Deus para salvar todos os que creem, primeiro os judeus e também os não judeus. Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus” (Rm 1.16-17). Não se envergonhe da Palavra, não deixe de ouvir a Palavra.

A Trindade da Palavra: foi escrita (Escrituras), tornou-se carne (Cristo) é proclamada (Pregação).

O sopro de Deus – a Escritura, Cristo e a Pregação são vitais para a igreja e o mundo! Não existe igreja sem o sopro de Deus! Enquanto Deus sopra - ele dá e mantêm a fé.

Por qual motivo é tão urgente pregar a Palavra e tão somente a Palavra? Ler 2Tm 4.3-4; At 7.57.

Pastor, continue a pregar a Palavra (2Tm4.2), continue soprando o sopro de Deus sem perder o fôlego. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann 

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Você é um dos nove? Ou está entre os 10%?

 

09 de outubro 2022

Salmo 111; Rute 1.1-19; 2Timóteo 2.1-13; Lucas 17.11-19

Texto: Lucas 17.11-19

Tema: Você é um dos nove? Ou está entre os 10%?

 

Nem sempre a maioria tem razão! Jesus questiona onde estava a maioria: “Os homens que foram curados eram dez. onde estão os outros nove?” (Lc 17.17). A maioria, dez, veio pedir. Eles tinham razão quanto ao pedido.

A doença fez aquelas pessoas viverem a margem da sociedade. A vida deles era junto com pessoas na mesma situação. O mais próximo de alguém sadio era a uma distancia de 15 metros, por esse motivo eles “pararam longe” (Lc 17.12). Pela lei, eram considerados impuros (Lv 13.45).

A vida dos leprosos era de um vegetativo ambulante! Que terrível era essa vida. Essas pessoas, mesmo a margem da sociedade, sabiam os acontecimentos e por isso, ao saberem que Jesus estava passando por ali gritaram: “Jesus, Mestre, tenha pena de nós!” (Lc 17.13). Devolva nossa vida!

Jesus atende ao pedido e afirma: “Vão e peçam aos sacerdotes que examinem vocês” (Lc 17.14). Ou melhor, sejam restituídos a sociedade (Lv 14). Voltem a viver normalmente, mas antes, como destaca a lei (Lv 14.23) é preciso ser examinado pelo sacerdote e assim haver o reconhecimento de que estão puros e aptos a ser reintegrada a sociedade. Curados, poderiam voltar para casa, conviver com seus amigos, participar da adoração no templo.

Confiantes na Palavra dita por Jesus, àquelas pessoas se dirigem ao sacerdote para serem examinados. E, “um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz” (Lc 17.15). Por mais que a ansiedade para retornar a vida normal estivesse aflorada, o samaritano resolve dar meia volta e agradecer a Jesus.

Por que os outros nove não retornaram?

Para eles era preciso se apresentar ao sacerdote, pois isso era requerido pela lei. O sacerdote era um tipo de mediador e por meio de um sacrifício o curado era considerado puro novamente. Na época, o sacerdote era um inspetor de saúde e atestava a cura.

O samaritano era uma raça misturada e não mais pura conforme os judeus ortodoxos. Das 12 tribos de Israel, 10 delas foram levadas para o cativeiro Assírio, no entanto, os pobres foram deixados em Samaria. E, com a queda do Reino do Norte, Sargon II, rei da Assíria, enviou para Samaria (Norte – Israel), gente da Babilônia, de Culta, Ava, Hamate e Sefarvaim para colonizar o país, e isso causou mistura no sangue judeu, assim surgiu os samaritanos. Dessa forma, aos pés de Jesus temos alguém que era impuro devido a sua doença e impuro devido a raça. Se os outros foram até o sacerdote para se colocarem diante de Deus, aquele que impuro devido a raça estava aos pés do Filho de Deus, e ouve: “sua fé te salvou” (Lc 17.19). Enquanto nove foram atrás de atestado de cura e voltar a vida normal, o samaritano atestou sua fé indo agradecer a Jesus e a resposta de Jesus atesta que a fé era verdadeira.

Observe que era um samaritano agradecendo um judeu e os judeus não vieram agradecer o judeu esperado conforme as promessas bíblicas. O que antes estava impedido de se dirigir a Deus, agora está aos pés de Jesus. Se para os judeus o samaritano não obedecia a lei, para Jesus sua adoração e glorificação era resposta de fé.

Na viagem de Jesus para Jerusalém que iniciou em Lucas 9.52 e até o corrente texto Lucas 17.11, ele está passando pela Samaria, um território não judeu.

Esse samaritano “glorificava a Deus em alta voz” (Lc 17.15). Uma coisa que, por ser samaritano, aquele homem estava impedido de fazer no templo devido a sua raça. Para os judeus a mancha da lepra foi curada, mas a mancha de ser samaritano, não.

Lucas foi um evangelista que destacou o louvor do povo de Deus diante das coisas maravilhosas que Deus fazia (Lc 1.46-55; 1.68-79; 2.29-32; 5.25-26; 7.16; 13.13; 17.15-18; 18.43; 19.37).

Nove não retornaram por ser preciso observar a lei. A observância da lei lhes acumularia méritos e créditos diante de Deus. O relacionamento com Deus se dava numa troca por meio da observância da lei e a gratidão não fazia parte desse relacionamento, haja vista ser merecimento tudo que recebiam. Para os judeus era normal receber um favor de Deus, assim, não lhes parecia ser necessário agradecer. O samaritano volta para agradecer, pois, sabe que não era merecedor daquela cura e do favor divino.

Você é um dos nove? Ou está entre os 10%?

Não temos nenhum mérito diante de Deus. Tudo é graça. A salvação, o pão de cada dia, a vida ...

A gratidão a Deus é dar louvor a quem é devido. Diria que, deixar de agradecer é tomar o nome de Deus em vão. Nada mereço, mas por tudo eu agradeço. A gratidão mostra que recebi todo o necessário para o corpo e a vida por amor e graça. A gratidão apresenta que dependo de Deus. Tanto bens materiais quanto espirituais provêm das mãos de Deus, por esse motivo somos incentivados a orar: “Pai Nosso ...” e concluir testemunhando: “Pois teu é o Reino, o poder e a glória”, ou seja, tudo vem de ti. Louvado seja teu nome, Porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25).

Querido irmão e irmã em Jesus: “Em tudo dai graças” (1Ts 5.18), afinal, devemos estar “sempre dar graças a Deus por todas as coisas” (Ef 5.20).

Recordemos que o próprio Jesus deu graças a Deus por ter revelado sua mensagem aos pequeninos (Mt 11.25). Antes de distribuir os pães aos cinco mil famintos, deu graças (Jo 6.11). Na ressurreição de Lázaro, Jesus agradeceu ao Pai (Jo 11.41). Ao distribuir o cálice por ocasião da instituição da santa ceia, Jesus deu graças (Mt 26.27).

Você é grato por ter uma congregação, um dia, um pastor, e assim estudar a Palavra de Deus? Você é agradecido pelo que hoje tem para se alimentar? Está agradecido pela vida e saúde? Você é grato em poder participar da santa ceia?

Nada disso merecemos! Ser grato, louvar a Deus, é testemunhar a fé que nos salva. A fé é o presente de Deus que nos move a louvar aquele do qual tudo recebemos, mesmo não merecendo, inclusive a purificação dos pecados. Amém!

ERT

Edson Ronaldo Tressmann

Não creia em todo espírito (1Jo 4.1)

  27 de abril de 2024 Salmo 150; Atos 8.26-40; 1João 4.1-21; João 15.1-8 Texto: 1João 4.1-21 Tema: Não creia em todo espírito (v.1) ...