segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Deus, os olhos dos oprimidos! (Am 8.4-7)

 21 de setembro de 2025

Décimo quinto domingo após Pentecostes

Salmo 113; Amós 8.4-7; 1Timóteo 2.1-15; Lucas 16.1-15

Texto: Amós 8.4-7

Tema: Deus, os olhos dos oprimidos!

 

O profeta Amós, em um tempo de aparente prosperidade e rituais religiosos, denunciava a dura realidade da injustiça social e da exploração. Em Amós, especificamente Amós 8.4-7, a mensagem é direta e chocante: Deus condena veementemente àqueles que, em nome do lucro, oprimem os mais vulneráveis.

Essa passagem é assustadoramente atual. Os versículos mostram uma mentalidade que, embora antiga, semelhante ao que acompanhamos em nossos dias: a ganância que transforma tradições e celebrações religiosas e dias de descanso em obstáculos para os negócios.

Os supostos religiosos da época do profeta Amós estavam mais ansiosos pelo fim das celebrações para voltar à prática de seus negócios do que em participar das festas religiosas.

A ganância era tão grande que o desejo era ver os pobres endividados e, por fim, por um “um par de sandálias” (Am 8.6) se tornarem escravos. No intento de alcançar esse objetivo, os comerciantes usavam “pesos e medidas falsas” (Am 8.5) vendendo “trigo que não presta” (Am 8.6).

Ante a essa exploração, a resposta de Deus é clara e severa. Deus se coloca na posição de defensor dos oprimidos e faz um juramento: “Nunca esquecerei aquilo que o meu povo tem feito” (Am 8.7). Esse juramento não é uma simples ameaça; é a manifestação da própria justiça de Deus e Deus, que é justo, não ignora a dor dos que sofrem. Ele é, de fato, os olhos dos oprimidos.

A mensagem de Amós, anunciada há milhares de anos, continua relevante, desafiando-nos a examinar nossas atitudes e a realidade ao nosso redor. Acompanhamos aterrados o usa de “pesos e medidas falsas” (Am 8.5) de uma forma ainda mais sofisticada. Noticiários mostram carros de luxo, relógios sofisticados, coleção de obras de arte, e tudo isso com o peso e a medida falsa de fraudes e roubo, através de descontos de aposentadorias de trabalhadores. A ganância e a exploração corrompem não apenas a sociedade, mas também a alma do indivíduo (Lutero). Os ladrões de hoje usam roupas finas e roubam sem armas, explorando os que já estão de mãos vazias.

Amós dirigia sua mensagem para pessoas que, embora observassem os ritos religiosos, tinham seus corações distantes de Deus. A religiosidade era apenas uma fachada para acobertar a prática da injustiça.

O profeta nos ensina que a fé verdadeira se manifesta em ações de justiça e compaixão. A exploração descrita em Amós é a evidência de uma fé morta, de um coração que ainda está preso à escravidão do pecado e do dinheiro.

Deus vê e se importa com as injustiças. Deus, os olhos dos oprimidos! Por menores que pareçam aos olhos humanos, cada injustiça tem Deus como defensor e juiz dos opressores.

O texto de Amós 8.4-7 é um convite para reflexão profunda sobre nosso papel na sociedade. Sou instrumento de justiça e compaixão ou estou contribuindo para exploração e opressão?

Em tempos de evangelho da glória e prosperidade, muitas pessoas estão vivendo numa ilusão religiosa. Muitos religiosos classificam a riqueza, a prosperidade, os bens, as posses, como um sinal de bênção de Deus ante sua fidelidade. Pessoas estão em busca da retribuição divina, por isso, pobres lotam igrejas, fazem das “tripas coração” para alcançar uma vida econômica melhor. E, muitos iludidos por uma falsa retribuição divina acabam se tornando exploradores usando um suposto escudo da fé.

Líderes religiosos e leigos religiosos, quando a prosperidade não vem, quando a riqueza não surge, aceitam a culpa de uma infidelidade para com Deus ou até mesmo um pecado cometido. A teologia da glória e da prosperidade disseminou e dissemina uma mentira que aos poucos se torna uma verdade: quando alguém não prospera ou perde o que possui, ou é uma pessoa sem fé ou está pagando por algum pecado cometido.

Caríssimos irmãos, o sistema social e econômico, é insuportável e desonestamente está levando muitas pessoas ao endividamento e até a escravidão moderna.

O texto de Amós 8.4-7 é um flagrante desrespeito à lei de Deus e a justiça social. Infelizmente, ainda se usa pesos e medidas falsas e se vende produtos de má qualidade como sendo de boa qualidade.

A fé verdadeira não é um mero cumprimento de rituais, mas, uma transformação interior que se manifesta em boas obras. A verdadeira fé, a sola fide, não anula a necessidade de boas obras; ao contrário, a fé é a fonte dessas boas obras que coloca o próximo em primeiro lugar. A exploração descrita em Amós 8.4-7 é a evidência de uma fé morta, de um coração que ainda está preso à escravidão do pecado e do dinheiro.

Amós 8.4-7, além da injustiça, ataca o anseio que os comerciantes tinham quanto a opressão, advinda da ganância. A própria Palavra de Deus transmite que o amor ao dinheiro é capaz de corromper tudo, até a fé (1Tm 6.10).

Precisamos recordar que Deus anseia por justiça e essa justiça ansiada por Deus não está em nós mesmos. A nossa justiça está em Cristo. Jesus Cristo me coloca numa nova relação com Deus e com o próximo, em Cristo eu busco cada vez melhorar minha justiça com meu próximo.

Deus, os olhos dos oprimidos! Ele conhece nossa situação a luz da natureza pecaminosa e para nossa salvação enviou Jesus Cristo. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

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