21 de setembro de 2025
Décimo
quinto domingo após Pentecostes
Salmo
113; Amós 8.4-7; 1Timóteo 2.1-15; Lucas 16.1-15
Texto:
Lucas 16.1 - 15
Tema: Entre
lógicas: do mundo e do Reino de Deus!
Alex era um
analista financeiro de grande sucesso. Ele geria as fortunas de seus clientes
com uma eficiência impressionante. No entanto, sua vida pessoal era uma
bagunça, e ele vivia em constante tensão. Sua ambição desmedida o levou a tomar
algumas decisões questionáveis, e a auditoria de sua empresa descobriu que ele
havia usado fundos de um cliente para cobrir uma perda pessoal.
A notícia de sua “demissão” iminente foi um choque. Ele sabia
que perderia tudo: sua reputação, seu emprego e sua vida de luxo. Em desespero,
Alex se lembrou das palavras de seu pai, um homem de fé simples: “A verdadeira riqueza não se mede em dinheiro, meu filho,
mas nas amizades que fazemos com a generosidade”.
Com a sua saída da
empresa já decidida, Alex agiu com a esperteza que o fez rico. Ele sabia que
alguns de seus clientes mais antigos estavam em apuros. Um deles, um pequeno
empreendedor, devia uma quantia considerável. Em vez de cobrar a dívida, Alex o
procurou e disse: “Sei que sua empresa está em
crise. Não se preocupe com a dívida. Esqueça-a”. O empreendedor, em
choque, agradeceu a Alex, que já esperava um favor em troca. No entanto, Alex
apenas sorriu e disse: “Não precisa me
retribuir. Apenas use o que eu te dei para ajudar outra pessoa”.
Ele fez o mesmo
com outro cliente, um fazendeiro, perdoando parte de sua dívida em trigo. Em um
último ato de sua antiga vida, Alex usou o que lhe restava de poder para agir
com uma generosidade inesperada. Seus colegas e a concorrência não entenderam
sua atitude. Por que ele perdoou os débitos em
vez de tentar recuperar o que podia?
A resposta se
revelou meses depois. Alex perdeu tudo o que tinha, mas, para sua surpresa, o
fazendeiro e o empreendedor, que haviam sido poupados, o procuraram. Eles não
queriam pagá-lo; queriam ajudá-lo. O empreendedor lhe ofereceu uma sociedade em
sua nova empresa, e o fazendeiro lhe deu parte de sua colheita para ajudá-lo a
recomeçar.
Alex, que antes
pensava apenas em lucros, agora entendia a verdadeira lição da parábola. Ele
havia usado o que lhe restava de poder e usou a “riqueza
injusta” não para se autopreservar com mais dinheiro, mas para fazer
amigos para a vida. Ele havia agido com a sabedoria que o mundo usa para bens
passageiros e aplicou em algo eterno: a compaixão e o serviço ao próximo.
A história de Alex
nos lembra que a verdadeira esperteza não está em acumular, mas em liberar. É
usar os recursos passageiros deste mundo para construir relacionamentos.
A parábola do Administrador
Infiel (Lucas 16.1-15) é um dos textos mais complexos do Novo Testamento, e
por isso, não se pode ficar preso a uma interpretação simplista ou moralista. Essa
parábola não é um elogio à desonestidade, mas um contraste radical entre a
lógica do mundo e a lógica do Reino de Deus.
O administrador,
ao ser confrontado com a iminente perda de seu cargo, age com astúcia para
garantir seu futuro material. Passa a usar o que lhe resta de poder para fazer “amigos” em troca de favores. Essa situação, na
verdade, representa a humanidade diante da Lei de Deus. Ao ser confrontado com
a sua própria falência, destacado pela incapacidade de cumprir a vontade
divina, o pecador precisa encontrar uma solução.
O administrador
age com esperteza (phronesis). Contudo, essa astúcia é voltada
para o “reino deste mundo”. O
administrador usa a “riqueza injusta”
para fazer amigos e assegurar seu futuro. Por essa razão, Jesus convida a
refletir: se as
pessoas deste mundo são tão sagazes para garantir seu futuro material, quanto
mais os cristãos deveriam ser, mas em relação às coisas espirituais!
A “esperteza” cristã não é uma astúcia moral. É a
sabedoria de se desapegar das riquezas.
A parábola não condena o dinheiro em si, mas o chama de “Mamom da injustiça”, ou seja, uma força perigosa que tem o
poder de desviar o coração humano de Deus. Usar o dinheiro para
fazer “amigos” significa reconhecer
que toda riqueza pertence a Deus e que a única forma de redimi-la é usá-la para
o serviço ao próximo.
Um ponto nevrálgico
nessa parábola é que enfatiza que a salvação não se dá pelas boas obras. Afinal,
a astúcia do administrador, no final das contas, o justifica apenas diante dos
homens. A verdadeira salvação não vem da gestão habilidosa de bens, mas da
total dependência da misericórdia de Deus. O administrador, ao ser despojado de
tudo, é um tipo daquele que, ao ser despojado da própria justiça, se apega à
graça de Deus.
A conclusão da
parábola traz um estridente clímax: “não se pode
servir a Deus e ao dinheiro”. O dinheiro não é apenas um objeto, mas um senhor rival de
Deus. A pessoa que confia na riqueza para sua segurança material ou
espiritual (através de boas obras) serve ao dinheiro. A liberdade cristã,
portanto, está em reconhecer Deus como o único Senhor e usar tudo, inclusive a
riqueza, como simples instrumento para o serviço, sem jamais lhes dar o status
de salvador.
Lucas 16.1-15 é
tal como um espelho que revela o nosso estado de pecado e a nossa inclinação
para a autopreservação. Enquanto o administrador busca a salvação terrena pela
esperteza, o cristão verdadeiro entende que não há salvação em si mesmo, nem em
suas posses.
A parábola é um
convite para que larguemos a confiança nas riquezas e nas próprias obras, e nos
apegamos à salvação gratuita que vem pela fé em Cristo. A moral da história não
é “seja esperto como o administrador”,
mas, reconheça sua falência e assim, confie na graça de Deus, usando o que o
mundo te oferece para servir ao próximo e demonstrar que você não é mais
escravo do dinheiro. Amém
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.