07 de setembro de 2025
Décimo
Terceiro Domingo após Pentecostes
Salmo
1; Deuteronômio 30.15-20; Filemon 1-21; Lucas 14.25-35
Texto: Deuteronômio
30.15-20
Tema: A vida está em Jesus Cristo!
Todos os dias, nos
deparamos com encruzilhadas. Algumas são pequenas, como a escolha do que vestir
ou o que comer. Outras são enormes, como a decisão de um casamento, uma mudança
de carreira, ou a maneira como vamos educar os filhos. A vida é moldada por
escolhas. Cada escolha traz consequências. Há caminhos que levam à alegria e à
realização, e há caminhos que nos levam à dor e ao arrependimento.
Falando em escolhas,
Deuteronômio 30.15-20 parece trazer uma escolha e suas consequências. E para
que possamos compreender esse texto, debruçaremos sobre o mesmo.
Parte 1
Deuteronômio
30.15-20 segue um padrão de três passos:
Primeiro
passo: o texto precisa ser lido como Lei de Deus. Lei
que condena o pecador e revela sua impotência;
Segundo
passo: o texto aponta para a necessidade de um Salvador;
Terceiro
passo: Esse texto é cumprido em Jesus Cristo, não
atoa, durante o ministério de Jesus, o livro de Deuteronômio é o que Jesus mais
cita.
O apostolo Paulo,
na carta aos Romanos (Rm 10.5-8) faz uma referência direta a Deuteronômio 30.
Todavia, sua interpretação é cristológica. O apostolo contrasta a “justiça que é da lei” (baseada na obediência)
e a “justiça da fé” (em Jesus
Cristo). Nesse contraste, o apostolo Paulo destaca que aquilo que a lei exigia
pela obediência perfeita, o Evangelho oferece gratuitamente pela fé em Jesus
Cristo que cumpriu a Lei.
Aos Romanos,
citando Deuteronômio 30.15-20, o apostolo argumenta que a justiça diante de
Deus não depende do esforço humano, essa justiça nos é dada e oferecida por
Cristo.
Na conversa com o
jovem rico sobre a vida eterna (Mt 19.16-17), Jesus remete o diálogo ao
princípio de Deuteronômio 30: “...Se você quer
entrar na vida eterna, guarde os mandamentos” (Mt 19.17), e com eco
das palavras: “se você fizer isto, terá a vida”
(Dt 30.16), Jesus convida àquele jovem rico ao desespero da impossibilidade de
cumprir perfeitamente a Lei de Deus.
O fato é que,
àquele jovem apegado a Lei, a letra, ao ver sua falha em não amar o próximo,
saiu triste.
Ao escrever a
carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo contrasta a Lei e a Graça. Em outras
palavras, Paulo usa como pano de fundo Deuteronômio 30.15-20. Na carta aos
Gálatas, o apostolo enfatiza a tese de que a salvação não pode ser conquistada
pelas obras da Lei. A promessa da vida é cumprida em Cristo e não por meio da
nossa capacidade de “escolher a vida”
e obedecer perfeitamente.
Parte 2
Deuteronômio
30.15-20 é uma passagem que contêm uma declaração teológica
fundamental que revela a incapacidade humana de alcançar a salvação por meio de
suas próprias obras e aponta para a necessidade de um Salvador.
A escolha entre “vida e bem” e “morte
e mal” como uma exposição da função mais profunda da Lei de Deus. A
Lei não é apenas um guia para a vida, mas um espelho que reflete o pecado
humano.
A Lei, com sua
exigência de obediência perfeita, é impossível de ser cumprida pelo ser humano
pecador. A promessa de “vida” em
Deuteronômio serve para mostrar que a humanidade não pode alcançar por si
mesma. A Lei condena e, ao fazer isso, leva o pecador ao desespero e ao
reconhecimento de que ele precisa de um Salvador.
Temos aqui a
função pedagógica da Lei. Ela nos educa sobre a nossa condição caída e nos leva
a buscar a graça divina. A “vida”
prometida no texto não é algo que o ser humano pode “escolher” por seu próprio poder, mas é um dom que deve ser
buscado em Deus e só é encontrado em Jesus Cristo que cumpriu a Lei.
Em contraste com a
Lei, que condena, o Evangelho anuncia a salvação. Por isso, Deuteronômio
30.15-20 só pode ser interpretado à luz de Cristo.
A vida e o bem
não são conquistados por “amar ao Senhor”
e “andar em seus caminhos” através do
esforço humano, mas são recebidos gratuitamente por meio da fé em Jesus
Cristo. Cristo é aquele que cumpriu perfeitamente toda a Lei e sofreu a
punição por nossa desobediência.
A “escolha” em Deuteronômio não é uma escolha
pela nossa capacidade, mas é um convite para se apegar a Deus, que é a
própria vida e nos concede a mesma em Jesus. O verbo hebraico dabaq
(“apegar-se”), sugere uma união
íntima. E este apegar-se é visto como uma metáfora para a fé em Cristo, que nos
une a Ele. Pois a fé são os braços agarrados em Jesus.
A obediência do
cristão não é uma tentativa de ganhar o favor de Deus. Em vez disso, é um fruto
da fé e uma resposta de gratidão à salvação que já foi recebida. Uma vez que o
cristão é justificado pela fé, ele é capacitado pelo Espírito Santo a viver uma
vida que agrada a Deus. A obediência à Lei não é mais um fardo, mas uma
expressão de amor e alegria.
Deuteronômio
30.15-20 é uma poderosa exposição da Lei, que revela nosso pecado e a nossa
incapacidade de ter vida por nós mesmos. Ele nos aponta para a necessidade de
um salvador e nos leva ao Evangelho, que oferece a vida e o bem como um dom
gratuito, recebido somente pela fé em Jesus Cristo. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
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