segunda-feira, 30 de abril de 2018

Permanecei no meu amor


06 de maio de 2018
6º Domingo de Páscoa
Sl 98; At 10.34-48; 1Jo 5.1-8; Jo 15.9-17
Tema: Permanecei no meu amor!

Após a exortação de Jesus para que seus discípulos permanecessem nEle e serem ramos bons. Em sua despedida, Jesus dá aos seus discípulos uma doutrina, um mandamento sobre o amor que devem vivenciar entre si.
Observe que Jesus está para sofrer todo tipo de humilhação, sofrimento e a morte. Todo esse cenário poderia trazer ódio, revolta, rancor e mágoa. E mesmo diante dessa situação, Jesus ordena: “...permanecei no meu amor” (Jo 15.9).
A doutrina de Jesus quanto ao amor se deve ao fato das suas muitas advertências sobre a desunião, a ira, a impaciência, o ódio e a inveja que assolaria a cristandade.
Como é possível que entre os cristãos haja tanta desunião? Ira? Ódio? Impaciência? Inveja?
A historinha pode ter sido inventada, mas serve muito bem para ilustrar a astúcia do diabo.
Havia um casal que se amava tanto que o diabo era incapaz de suscitar desunião entre eles, como era de seu gosto. Finalmente, ele subornou uma bruxa, prometendo lhe dar um par de sapatos vermelhos, caso ela conseguisse semear a discórdia entre o casal. Ela aceitou a proposta. Primeiro, foi ao marido e o convenceu de que sua esposa se sentia atraída por outro homem e planejava mata-lo. Como prova disso, ele encontraria sob o travesseiro da esposa uma navalha afiada com a qual ela pretendia cortar a sua garganta enquanto dormia. A partir desse dia o marido começou a ficar desconfiado. Entrementes, a velha bruxa também se dirige à esposa e lhe conta a mesma história. Ela disse que o marido andava atrás de outras mulheres e que planejava estrangulá-la às escondidas. Assim, aconselha a esposa a levar uma navalha para a cama para poder se defender. Desse dia em diante, marido e mulher, mal se olhavam. Os momentos de felicidade que viviam antes foi transformado em momentos de desconfiança e desprezo. Certo dia, enquanto o marido a espiava, a mulher levou a navalha para cama. E assim, durante a noite o marido pegou a navalha e cortou o pescoço da sua esposa.
Disse Jesus: “...permanecei no meu amor” (Jo 15.9).
É preciso que o cristão conheça a artimanha do diabo. E assim ser prudente e precavido para que o seu veneno destruidor não atinja a nossa vida.
Em Cristo, o cristão está limpo, caso permaneça nEle. Mas, mesmo assim, devido a nossa natureza pecaminosa, o cristão está sujeito as mais variadas tentações. As mesmas, são usadas por Deus para fortalecer a nossa fé, mas, o inimigo do cristão, o diabo quer de todas as maneiras destruir a fé e tirar dos filhos de Deus a vida eterna. E é exatamente por isso, que o diabo semeia a discórdia. Faz com que amigos mais chegados que irmãos briguem e se separem. O diabo injeta veneno nas relações por um olhar, uma palavra, uma atitude. O exemplo bíblico vem do relato de Lucas em Atos dos apóstolos (At 15.39), onde Paulo e Barnabé tiveram uma grande divergência e, por isso, se separaram. Essa desavença aconteceu por causa de João Marcos (o evangelista). No entanto, isso não prejudicou o trabalho missionário, pois Barnabé o levou a Chipre, enquanto Paulo e outros companheiros foram visitar as igrejas já evangelizadas na primeira viagem missionário. Ademais, Paulo não guardou mágoa de João Marcos, pois se refere a ele (Cl 4.10; Fm 24) e mais tarde pede sua companhia (2 Tm 4. 11). Pode-se dizer que se amaram um ao outro mesmo após esse episódio.
O diabo é mestre e se dedica dia e noite para que ocorram as discórdias entre os filhos e filhas de Deus.
Quando surge contrariedade e desunião entre os filhos de Deus, é preciso restaurar e melhorar o amor e a amizade. É preciso repelir qualquer suspeita de desunião e não deixar que o amor vá embora e seja extinguido entre nós, por isso Jesus recomenda: “...permanecei no meu amor” (Jo 15.9).
Para começar a amar não se necessita de muita habilidade, mas para permanecer no amor é necessário verdadeira habilidade e virtude. Quantos matrimônios iniciaram com uma paixão intensa, mas, depois de algum tempo, tornaram-se inimigos mortais. Isso também acontece entre irmãos cristãos. Qualquer coisa é capaz de desfazer o amor e separar os que mais deveriam se ajudar e manter unidos, fazendo desses inimigos.
Não se espante, mas isso aconteceu na cristandade após os dias dos apóstolos. O diabo sempre semeou a discórdia, a heresia, espíritos cismáticos. Muitos bispos, pastores e presbíteros se inflamaram uns contra os outros, dividindo, então, igualmente o povo em muitas seitas e cismas e isso tudo acarretou grandes danos à cristandade.
A aspiração do diabo é uma só: destruir o amor entre os cristãos e suscitar tão somente o ódio e a inveja. Afinal, o diabo sabe que a cristandade é edificada e preservada mediante o amor.
Conforme o apóstolo Paulo, o amor, é o “vínculo da perfeição” (Cl 3.14). O apóstolo Paulo também classifica o amor como a maior de todas as virtudes (1Co 13.13). Sem amor não é possível manter uma doutrina pura e uma comunhão divina. Por isso, Jesus diz: “...permanecei no meu amor” (Jo 15.9). Para que haja permanência no amor, Jesus coloca a si mesmo e o Pai como exemplos. É de Deus e de Jesus que vem toda a força e o poder para que haja permanência no amor. Que o amor de Jesus reflita no amor entre os filhos e filhas de Deus. Por mais que haja motivos para que os filhos de Deus se afastem dele, permaneçam firmes e pacientes. O amor de Deus e de Jesus é mais forte que qualquer sofrimento ou dor que os cristãos tem de enfrentar.
O diabo não sossega e fará tudo para que os cristãos fiquem tristes, cansados e impacientes, para que desistam e pensem que nunca deveriam ter iniciado a vida cristã. Infelizmente, muitos cristãos se sentem assim agora.
Diante dessa tentação, Jesus diz “...permanecei no meu amor” (Jo 15.9). Jesus insiste para que cada qual pense no quanto o Pai tem amado, a ponto de enviar o seu único filho para morrer pelos pecadores.
Jesus estava preste a assumir a cruz em favor do pecador, mas “não abandonou a cruz” (Fp 2.8). Nada impediu Jesus de ir até o fim. E isso por amor a nós. E é nesse amor que cada filho e filha é convidado a permanecer. Nesse amor é convidado a amar.
Jesus incentiva o amor recíproco. Ele sabe que onde desaparece o amor e a unidade, ali surgem as discórdias, o cisma e a harmonia na doutrina e por consequência, desaparece Cristo.
O cristão é ramo na videira que é Cristo. E essa videira precisa se alimentar do amor de Deus em seu Filho. Os ramos participam da videira em amor. A prática do amor é evidência, fruto e força de que se está na videira e se é um dos ramos.
Jesus ordena “...permanecei no meu amor” (Jo 15.9).
Quem são os que recebem essa ordem de Jesus?
Jesus disse: “Já não vos chamo de servos, ... mas tenho-vos chamado de amigos...” (Jo 15.15).
Jesus ordena aos seus amigos, para que esses “...permaneçam no seu amor” (Jo 15.9).
A designação “servo” apresenta a situação do povo judeu sob a lei antes de Jesus Cristo ser conhecido. O servo nada sabia dos planos do seu Senhor. Tudo o que um servo fazia, o fazia por obrigação devido ao salário ou até mesmo o fazia para obter vantagens pessoais e não por amor sincero. No entanto, o “amigo” recebe benefícios. Os que agora fazem parte da videira nada fizeram para estar na videira, assim são amigos, pois apenas foram beneficiados (Jo 15.16). E esse benefício é demonstrado pela prática e permanência no amor.
O cristão foi feito amigo de Deus e recebe toda a revelação do Pai. Tudo o que serve para a minha salvação, o Pai me revelou em sua Palavra. E toda a revelação se dá em Cristo.
Em Cristo o cristão é feito amigo de Deus (Jo 15.16) sem nenhum merecimento por parte do ser humano.
O ser humano, ramo enxertado na videira, amigo de Jesus, é colocado no mundo para “amar uns aos outros” (Jo 15.17).
O amor identifica crentes verdadeiros e cristãos. Afinal, a fé não é preguiçosa, inútil e uma arvore sem fruto. Onde a fé é genuína, ela se manifesta na vida.
Pergunta novamente: Como é possível que entre os cristãos haja tanta desunião? Ira? Ódio? Impaciência? Inveja?
Ao repetir o mandamento, “amem uns aos outros”, Jesus alerta seus discípulos que os mesmos encontrarão e experimentarão a inimizade e a discórdia.
Jesus fala sobre a prática do amor, por saber e, não quer que nenhum deles se surpreenda quando encontrar o ódio e a perseguição mesmo entre os cristãos, por isso adverte: “amem uns aos outros”.
Diante do ódio, Jesus lembra que é necessário que cada qual se apegue firmemente uns aos outros, mediante o amor. A maldade das pessoas não deve desviar o cristão de fazer o bem. O amor precisa continuar sendo praticado para louvor e honra de Deus e do Senhor Jesus Cristo. Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann
Idéias tiradas do volume 11 de obras selecionadas de Lutero.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Enxada e podadeira divina.

5º Domingo de Páscoa
Sl 150; At 8.26-40; 1Jo 4.1-11; Jo 15.1-8
Tema: Enxada e podadeira divina.

Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada
Ilustração (Palm Monday, conto ficcional) Segunda feira de Ramos.
O jumentinho acordou com um sorriso no rosto. Ele havia sonhado com o dia anterior, o animal se espreguiçou e, feliz da vida, saiu para a rua, mas os transeuntes simplesmente o ignoravam. Confuso, o jumentinho se dirigiu para a área tumultuada do mercado. Com as orelhas em pé, de tanto orgulho, ele trotou bem para o meio da rua.
- estou aqui, pessoal! Murmurou consigo mesmo. Mas as pessoas o encaravam confusas, e algumas, bem zangadas, bateram nele para que fosse embora.
-o que acha que está fazendo, seu jumento, entrando assim num mercado igual a este?
-atirem seus mantos no chão – o animal respondeu, irritado. – Vocês não sabem quem eu sou?
As pessoas ficaram boquiabertas.
Magoado e confuso, o animal retornou ao lar, para junto da mãe.
- Não entendo – ele reclamou. -  ontem as pessoas me saudaram com ramos de palmeiras. Gritavam “Hosana” e “aleluia”. Hoje elas me tratam como um joão-ninguém!
- Ah, menino bobinho – a mãe respondeu com ternura -, não percebe que sem ele ... não consegue fazer nada?
Quão belas e preciosas são as palavras de Jesus: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1).
Essas palavras foram ditas por Jesus após a santa ceia, indo ao jardim do Getsemani. As palavras ditas por Jesus, “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1), são o verdadeiro consolo para os cristãos de todos os tempos.
Ao dizer “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1), Jesus narra uma bela prosopopeia.
Conhecendo seus ouvintes, Jesus percebe que será natural para todos entenderem a prosopopeia. O agricultor está constantemente ocupado na vinha para que a mesma produza muitos frutos. Quando o agricultor poda uma videira, os cortes e a adubação parecem machucar a planta, mas é justamente esse processo que faz com que a videira produza os frutos esperados.
Interessante notar que, no jardim do Getsemani, pouco antes de iniciar a carregar a cruz, Jesus disse aos discípulos, que todo o sofrimento, toda a dor, não será para destruição, mesmo que assim pareça, tudo será para edificação.
Ao dizer essas palavras, Jesus está olhando para seu sofrimento e morte. E ao saber que seus discípulos também passarão por isso, não quer que os mesmos se esqueçam que os frutos são produzidos mesmo assim.
Todo sofrimento é um trabalho diligente do vinhateiro junto a sua vinha. Enquanto o diabo, o mundo e a carne, buscam prejudicar os discípulos de Cristo, Deus em seu amor e misericórdia, assim como um lavrador, faz com que tudo contribua para a produção da vinha.
O cristão precisa encarar o sofrimento e a tribulação de maneira bem diferente da maneira como o mundo encara. Sofrimento e tribulação não é punição e castigo de Deus, é antes de tudo, graça e amor. No sofrimento e na tribulação, o vinhateiro Jesus, poda, tira os galhos ruins e aduba sua vinha.
O que hoje parece te ferir, magoar e aborrecer, não é permitido por Deus para te prejudicar, ao contrário, é permitido para teu bem e proveito.
Na prosopopeia de Jesus a vinha não fala. Se falasse, com certeza se queixaria dos cortes, da capina e da adubação. A reclamação se daria justamente por não entender que aquilo era necessário.
Assim são os filhos de Deus – a vinha de Deus. Reclamam das provações, tribulações e sofrimentos. Reclamam sem entender que essas situações são a enxada e podadeira de Deus.
Caríssimo irmão e irmã em Jesus:
Não esqueça que enquanto o Diabo, aliado ao mundo e a carne, visa destruir; Deus, em seu amor e misericórdia usa os ataques do diabo para nos edificar. Enquanto que o diabo com as tribulações e os sofrimentos visa nos destruir, em meio as adversidades e aflições, Deus as usa como enxada e podadeira para nos tornar forte e produtiva.
Recordo-me da confissão feita por Inácio de Antioquia (67 – 110 D.C.). Esse servo de Deus, enquanto estava sendo levado para Roma para ser jogado aos leões e servir de espetáculo e diversão, confessou: “Deixem que venham, pois sou apenas um grãozinho de Deus. Ele precisa me esmagar e triturar antes que eu possa servir para algo”.
Os sofrimentos e as tribulações não são de maneira nenhuma a fúria, a ira ou o castigo de Deus. Todas essas coisas são enxada e podadeira de Deus para, através delas, nos podar e adubar com o objetivo de produzir frutos.
Na tribulação e no sofrimento é preciso ver o amor e a misericórdia de Deus! (Rm 5.3-4).
Houve duas mártires, século III e IV, que encararam o caminho da prisão e da morte com ânimo e coragem, como se estivessem indo ao próprio casamento. Se mostravam felizes como se estivessem sendo levadas a um baile. Seus nomes eram Agnes e Ágata. Essas duas mulheres só reagiram assim por causa da fé. A fé que lhes tirou os olhos desse mundo e as fez ver a alegria eterna.
Todo sofrimento e tribulação servem unicamente para promover nossa vida cristã e produzir frutos para um conhecimento mais pleno e uma confissão mais forte da Palavra de Deus.
Deus é o agricultor que, podando e adubando, visa fortalecer a fé e a esperança para tornar seus filhos em adoradores fervorosos e com uma vida de oração mais aguçada.
Deus é mestre e sabe converter aquilo que visa prejudicar seus filhos para algo que promova e preserva a vida. O maior exemplo disso é José (Gn 50.20).
Ouça Jesus que diz: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1).
Deus quer cultivar a vida e cuidar da mesma de maneira tal que todos os tipos de sofrimento e desgraça apenas se resumam em melhorar a vinha. Como diz o provérbio: “Depois de punir o filho, o pai lança a vara no fogo”.
Jesus disse: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1).
No jardim do Getsemani Jesus consola a si mesmo. Jesus sabe que por mais que irá sofrer, nada impedirá que a maravilhosa obra da salvação seja realizada.
Tudo o que acomete a vida do cristão é uma bem-aventurança, pois é poda e adubação de Deus para que muitos frutos sejam produzidos. Amém.

Rev. Edson Ronaldo Tressmann
Idéias tiradas do volume 11 de obras selecionadas de Lutero.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Ovelha de um bom pastor!


22 de abril de 2018
4º Domingo de Páscoa
Sl 23; At 4.1-12; 1Jo 3.16-24; Jo 10.11-18
Tema: Ovelha de um bom pastor!

O quarto domingo de páscoa é considerado como o domingo do Bom Pastor.
Quem é o nosso bom pastor? Jesus disse: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11).
A Bíblia, desde Gênesis 4 (Gn 4.2) até Apocalipse (Ap 12.5), fala sobre pastores. É preciso lembrar que Abraão, Moisés e Davi são alguns exemplos de pastores apresentados no Antigo Testamento.
Asafe no Salmo 78.70-72 escreveu sobre as responsabilidades e preocupações de um bom pastor.
Séculos depois, no Novo Testamento, a profissão de pastor era essencial. Jesus se referiu como um pastor excelente (Jo 10.2-4,11).
Qual era o trabalho do pastor?
Os pastores do antigo Israel cuidavam de vários tipos de ovelhas e cabras. As ovelhas eram facilmente conduzidas e eram muito vulneráveis a predadores e outros perigos. As cabras escalavam encostas e rochas e feriam suas orelhas compridas em arbustos e espinhos.
O maior desafio de um pastor era ensinar as ovelhas e cabras a lhe obedecerem. Alguns pastores davam nomes as suas ovelhas, e essas reconheciam a voz do pastor (Jo 10.10.14,16).
Na primavera o pastor tirava seu rebanho do redil e o levava para pastagens frescas e suculentas nos arredores do vilarejo. Era período em que o rebanho aumentava a medida que os filhotes nasciam.
Alguns moradores do vilarejo tinham poucas ovelhas e assim contratavam um pastor para cuidar das mesmas junto com seu rebanho. Muitos pastores tinham uma má fama, por não cuidar bem das ovelhas alheias assim como cuidava das suas (Jo 10.12,13).
No verão, os pastores transferiam as ovelhas para pastos mais frescos em lugares mais altos. Eram dias em que os pastores dormiam ao ar livre cuidando das ovelhas. Eles vigiavam as ovelhas que estavam em campos abertos. Em muitas noite era preciso refugiar as ovelhas em cavernas para serem protegidas dos chacais e das hienas. Quando a noite o uivo de uma hiena assustava as ovelhas, a voz mansa do pastor as tranquilizava.
Sempre ao meio dia as ovelhas eram levadas para beber em poços de água fresca.
Com a chegada das chuvas e do inverno, as ovelhas eram conduzidas de volta ao seu aprisco. Sem o aprisco as ovelhas poderiam morrer devido as fortes chuvas, granizo e neve.
Todo pastor andava equipado com um alforje (bolsa de couro), suprimentos (pão, azeitona, frutas secas e queijo), tinha em sua mão um cabo de 1 metro com pedras afiadas na ponta para se defender, tinha também uma faca, um cajado para se apoiar ao subir as ladeiras. O pastor tinha ainda um odre com água, uma corda e um balde de couro para tirar água dos poços, uma funda para afastar os animais selvagens, ou até mesmo para lançar nas ovelhas e cabras que se desviavam. E um equipamento aparentemente incomum, o pastor tinha consigo uma flauta, a qual tocava para se divertir e acalmar o rebanho.
A Bíblia fala muito sobre pastores. Maus e bons. Os bons pastores eram diligentes, confiáveis e corajosos. Arriscavam a sua vida para proteger e salvar o rebanho (1Sm 17.34-36).
Profetas e escritores bíblicos compararam Deus com um pastor (Is 40.10-11; Sl 23). Milhares de pessoas conhecem ao menos alguma frase do Salmo 23.
O autor do Salmo, Davi, por ser pastor de ovelhas e um homem segundo o coração de Deus, conseguiu expressar em breves palavras as principais características de um bom pastor.
São belas as expressões que definem o bom pastor. E Jesus, atribui a si essas
características (Jo 10).

O Sl 23 é denominado como um Salmo de confiança.
A frase é enfática: O Senhor é o que me apascenta. O Senhor é o meu Pastor!
Davi está num contexto, onde o mundo do rei Saul está cercado de deuses, diversas religiões pagãs. Há um desenvolvimento muito grande de nações e essas estão num fluxo muito grande. O Senhor é meu pastor é um testemunho diante desse mundo. Qual é o testemunho que damos com as palavras do Salmo 23?
O Senhor – Jeová”

Nada me faltará” – Jeová Jiré – “O Senhor que vê e provê” (Gn 22.14).
Águas de descanso” – Jeová Shalom – “O Senhor é Paz” (Jz 6.24).
Refrigera-me a alma” – Jeová Rafá – “O Senhor que te cura” (Ex 15.26).
Veredas da justiça” – Jeová Tsidkenu – “Senhor, Nossa Justiça” (Jr 33.16).
Tu estás comigo” – Jeová Shamá – “O Senhor está Ali” (Ez 48.35).
Na presença dos meus adversários” – Jeová Nissi – “O Senhor é a minha bandeira” (Ex 17.15).
Unge a minha cabeça” – Jeová Mekadesh – “O Senhor que me Santifica” (Lv 20.8).
Esse Senhor é o nosso Pastor. O bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas. Que belo testemunho para esse mundo cercado de religiões e religiosos.
Guardemos em nossos corações e mentes:
O SENHOR É O MEU PASTOR - ISSO É RELACIONAMENTO!
NADA ME FALTARÁ - ISSO É SUPRIMENTO!
CAMINHAR ME FAZ POR VERDES PASTOS - ISSO É DESCANSO!
GUIA-ME, MANSAMENTE – AS ÁGUAS TRANQUILAS - ISSO É CUIDADO
REFRIGERA MINHA ALMA - ISSO É CURA!
GUIA-ME PELAS VEREDAS DA JUSTIÇA - ISSO É DIREÇÃO!
POR AMOR DO SEU NOME - ISSO É PROPÓSITO!
AINDA QUE EU ANDE PELO VALE DA SOMBRA E DA MORTE - ISSO É PROVAÇÃO!
EU NÃO TEMERIA MAL ALGUM - ISSO É FÉ!
PORQUE TU ESTÁS COMIGO - ISSO É FIDELIDADE!
TUA VARA E TEU CAJADO ME CONSOLAM - ISSO É ESPERANÇA!
UNGES A MINHA CABEÇA COM ÓLEO - ISSO É CONSAGRAÇÃO!
O MEU CÁLICE TRANSBORDA - ISSO É ABUNDÂNCIA!
CERTAMENTE QUE A BONDADE E A MISERICÓRDIA DO SENHOR ME SEGUIRÃO TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA - ISSO É BENÇÃO!
EU HABITAREI SEGURO NA CASA DO MEU SENHOR - ISSO É PROMESSA!
POR LONGOS DIAS - ISSO É ETERNIDADE!
O Senhor é o meu Pastor! Eu sou ovelha de um bom pastor.

O Senhor é o meu Pastor! Eu sou ovelha de um bom pastor.
Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 10 de abril de 2018

Mensagem do Ressuscitado às nações!


Dia 15 de abril de 2018

3º Domingo de Páscoa
Sl 4; At 3.11-21; 1Jo 3.1-7; Lc 24.36-49
Tema: Mensagem do Ressuscitado às nações!


Terceiro Domingo de páscoa, e mais uma vez ouviremos a mensagem do ressuscitado.
No domingo da páscoa, a mensagem do anjo as mulheres Maria, mãe de Tiago, Maria Madalena, Salomé, foi: “ele ressuscitou, não está aqui” (Mc 16.6).
Aprendemos naquele dia que não há páscoa sem proclamação. Tanto que a missão dada pelo anjo as mulheres é que “fossem até os discípulos e a Pedro e dissessem que fossem até a Galiléia” (Mc 16.7).
No segundo domingo de páscoa ouvimos o relato (Jo 20.19-31) que acontece similarmente ao relato apresentado por Lucas (Lc 24.36-49). O episódio faz parte daquele ocorrido no domingo a tarde. Jesus apareceu no meio do seus discípulos e lhes oferece a sua paz e os envia. Jesus, o ressuscitado, envia a sua igreja e sua ação se dá pelo poder do Espírito Santo.
Terceiro domingo de Páscoa, temos diante de nós, para nossa reflexão, o relato apresentado pelo pesquisador, o médico Lucas (Lc 24.36-49). O ressuscitado, Jesus, transmite aos seus discípulos de uma maneira muito simples o que envolve ser uma testemunha de Jesus.
Alguma vez você já testemunhou algo? Um crime? Um assalto? Uma mentira?
Quando há mais de uma testemunha, as cenas vão se replicando e as informações vão dando vida a toda a cena. Cada testemunha anuncia um detalhe elucida o acontecido.
É possível ao ler os episódios após a ressurreição nos quatro evangelhos, observar como as cenas se completam e respondem as nossas perguntas.
Naquele domingo de páscoa ainda pela manhã, os discípulos não acreditaram no testemunho das mulheres (Mc 16.11). Não acreditaram no testemunho dos dois discípulos que Jesus conversou na caminhada rumo a Emaús (Mc 16.12-13; Lc 24. 35). Mas, à tarde, enquanto aqueles homens testemunhavam, Jesus apareceu aos seus discípulos. E por 40 dias, o ressuscitado ia se mostrando aos seus (1Co 15.5-8). Há registros de onze aparições do Jesus ressuscitado.
Voltemos ao texto que vamos refletir (Lc 24.36-49).
É preciso observar que o relato (vv. 44 – 49) é um breve resumo dos 40 dias que envolvem aquele domingo de páscoa até o dia da ascensão de Jesus ao céu (At 1.3). E é exatamente esse breve resumo que desejo destacar para nossa reflexão.
Por 40 dias, Jesus, o Ressuscitado, enumera o conteúdo do testemunho que precisa ser dado à esse mundo.
Você entende o Antigo Testamento?
Milhares de pessoas tem o Antigo Testamento como sendo um registro de leis e ordenanças e o Novo Testamento como sendo apenas Evangelho.
Jesus lembra os seus discípulos (vv. 44 – 49) que estando ainda com eles, antes da sua morte e ressurreição, já lhes anunciava que tudo o que estava escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos, foi anunciado para que todos soubessem a mensagem a respeito do Filho de Deus que viria para sofrer, morrer e ressuscitar. Essa era também a mensagem do Antigo Testamento.
Jesus, o Ressuscitado, abre a Bíblia diante dos seus discípulos e resume a mensagem do Antigo Testamento: “Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia. E em seu nome se pregasse arrependimento para remissão dos pecados a todas as nações, começando em Jerusalém” (v. 46-47).
Ao resumir o conteúdo do Antigo Testamento, Jesus destaca quatros partes principais: paixão, morte, ressurreição, proclamação aos povos.
Era preciso que os discípulos entendessem plenamente o Antigo Testamento. Pela boca de Jesus, o Antigo Testamento só declara o que ocorre no Novo Testamento, ou seja, Jesus sofreu, morreu, ressuscitou. Essa é a mensagem a ser proclamada!
Sendo essa mensagem a incumbência de Jesus à sua igreja, é natural que a mesma seja pedra de tropeço. O apóstolo Paulo ao escrever aos Coríntios, fez o alerta: “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem ...” (1Co 1.18). Na sua carta à Timóteo, ressaltou: “... nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé ...” (1Tm 4.1). Por esse motivo, Paulo enumera a necessidade da fidelidade a mensagem bíblica (2Tm 4.2).
Sabe-se por boca de Jesus (Lc 24.44-49) que o cerne das Escrituras é exatamente a mensagem que anuncia a paixão, morte, ressurreição de Jesus. Essa é a mensagem para as nações.
O mundo, ao ouvir as palavras do Antigo Testamento, pensam que as mesmas são duras demais, pois apenas proclamam uma lei a ser cumprida. Quem já ouviu uma pessoa comentando: Sua igreja segue o Antigo ou o Novo Testamento?
É necessário proclamar a mensagem do Antigo Testamento conforme Jesus a proclamou: o filho de Deus veio para sofrer, morrer e ressuscitar. Essa é a mensagem do Ressuscitado às nações! Amém

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Um só coração, uma só mente!


Dia 08 de abril de 2018
2º Domingo de Páscoa
Sl 148; At 4.32-35; 1Jo 1.1-2.2; Jo 20.19-31
Tema: Um só coração, uma só mente!

Certa vez uma pessoa descreveu um relato incrível sobre uma igreja. Em sua descrição, pela observação, destacou as seguintes características. Vou ler para vocês e após a leitura gostaria de saber se gostariam de fazer parte de uma igreja assim.

Éramos uma grande congregação. O ponto forte era nossa união de coração e alma. Fiquei impressionado com o fato de que o que era de um, pertencia a todos. Os pastores davam testemunho fiel e empolgante da ressurreição de Jesus. Todos saíam dos cultos cheios de graça.
Nessa igreja, ninguém passava necessidade. É preciso destacar que não havia INSS, SUS, SUAS, ...
Os ricos socorriam os pobres. Muitas pessoas venderam suas casas, suas terras e traziam os valores para que tudo fosse em prol dos que realmente necessitavam.


Socialmente falando: a igreja luterana faria alguma falta se não estivesse aqui em nosso município? Qual é a diferença social na qual temos contribuído?
Desde crianças, aprendemos que o poder peculiar que a igreja tem e recebeu de Deus é oferecer o perdão dos pecados aos pecadores penitentes e reter o perdão aos pecadores impenitentes.
Oferecer e reter o perdão é algo peculiar da igreja. Mas, não é a sua única tarefa, ou é?
O evangelho do perdão é transformador!
Seu ato transformador pode ser exemplificado na vida de um mendigo que recebeu todo o necessário para a vida.
Assim como a vida do mendigo foi transformada, o perdão, o peculiar da igreja, transforma a vida de um pecador.
O que é extraordinário na igreja é que mesmo sendo comparada a um corpo, sua composição só existe por causa dos muitos membros. Infelizmente, o pecado conseguiu e consegue estragar a harmonia que deve haver no corpo.
Qualquer que seja a doença, a mesma nunca é diagnosticada por acaso. Muitos foram ao médico sentindo uma leve dor em alguma parte do corpo, e a partir dessa dor, outra doença foi descoberta. Algumas foram tratadas e curadas, outras, por terem sido negligenciadas acabaram levando a pessoa a óbito.
O mesmo ocorre na igreja. A falta de harmonia, de unidade, é a doença que iniciou por alguma outra doença.
Lembre-se: quais foram as nossas contribuições sociais como igreja nesse município?
Se houve, louvemos a Deus. Mas, se ainda não houve, é preciso nos preocupar e começar a pensar em alguma coisa.
Problemas foram descritos também na igreja cristã ao longo dos séculos. Mesmo apontando para as qualidades daquela igreja, Lucas indica um problema nessa igreja, o egoísmo do casal Ananias e Safira.
O evangelho que transforma a pessoa, é o evangelho que conduz essa pessoa a transformar socialmente a sua realidade (At 4.32-35).
Ouvimos muitas críticas à igreja cristã. E a pior crítica é que falta união, respeito, e que reina no seio da igreja muita hipocrisia. Ora os cristãos estão bem a congregação vai mal, outras vezes, os cristãos e a igreja vai bem, mas a realidade social ao seu redor não é modificada.
Por causa dessas críticas, trago para nossa reflexão o texto de Atos 2.32-35 para esse segundo domingo de páscoa.
Lucas, convertido ao cristianismo, escreveu dois livros a Teófilo. No livro sobre os relatos dos apóstolos (Atos dos Apóstolos) ressalta que na igreja primitiva havia uma unidade tal que todos tinham um só coração e uma só alma.
Esses primeiros cristãos eras caracterizados como um grupo que havia acordo entre eles. Não era um grupo para um lado e outro grupo para outro. Eles eram um por todos e todos por um.
Naquela oportunidade, assim como hoje, o cenário político estava conturbado. Desde o século IV d.C. houve muitas rupturas políticas. Haviam insurreições que eram combatidas com violência. A situação econômica era desastrosa. Chegou a ter fome (At 11.28). A fiscalização exagerada onerava os mais pobres. E nesse contexto, a igreja contribuía socialmente. De que maneira? Atos 4.32-35.
A comunidade cristã era exemplo para a sociedade na qual estavam inseridos.
Quando era necessário ajudar alguém, aquilo que pertencia a determinada pessoa, passava a pertencer ao outro. Um exemplo bonito de amor ao próximo. Era a verdadeira demonstração de que cada um amava o outro, como se amasse a si mesmo.
Ter o mesmo coração e a mesma alma era também um testemunho no mundo religioso.
Entre as nações pagãs, a prestação sistemática das necessidades dos pobres era desconhecida. Até os judeus havia a corrente que considerava como não cristão alguém que fosse pobre e necessitado.
Milhares de pessoas foram mortas por causa de suas doenças ao longo da história. A igreja ao invés de socorrer, condenou e matou pessoas doentes por julgar como algo demoníaco ou algo semelhante.
Em muitas situações a igreja deixou de agir socialmente. E sua falha social causou estragos e a fez parecer pagã.
O belo relato das características da igreja cristã é para nós um tremendo desafio.
Ter o mesmo coração e a mesma mente – é ir contra um mundo individualista.
Ter o mesmo coração e a mesma menteé ir na contramão da filosofia existencial, ou seja, é dizer não ao espírito reinante do “cada um por si e Deus por todos!
Ter o mesmo coração e a mesma menteé o desafio da igreja cristã. É preciso e é urgente alcançar e preservar a unidade no seio da congregação (Ef 4.1-6).
Ter o mesmo coração e a mesma mente - (Rm 15. 5,6; 2Cor 13.11; Fp 2.2; 1Pd 3.8).
Ter o mesmo coração e a mesma mente é uma expressão que diz que havia uma união terna e próxima. E essa união os protegeu da desunião mesmo diante de situações egoístas.
Ao dizer que tinham o mesmo coração e a mesma mente, Lucas mostrou o quanto aquela igreja era unida.
É possível fazer parte de uma igreja assim?
Algumas dores revelam outra doença. Se falta o social, o problema é outro. E um dos problemas da igreja é que a mesma perdeu o testemunho da ressurreição do Senhor Jesus Cristo.
Os apóstolos eram poderosos em seu testemunho a respeito da ressurreição de Cristo. A mensagem da ressurreição transformava a vida cristã e impactava a sociedade como um todo.
Certos da ressurreição, nos desprendemos desse mundo. O evangelho gerava “grande favor” para com as pessoas. A igreja não era um clube fechado, nem era uma empresa, era a reunião dos transformados pelo evangelho que transformavam pelo evangelho a realidade social.
Ter o mesmo coração e a mesma menteé vencer o egoísmo.
Ter o mesmo coração e a mesma mente é atuar para transformação social, que também faz parte da missão de Deus. Em sua missão, Deus enviou seu filho para pessoas inseridas numa realidade de desespero. Essa situação foi transformada em uma situação de vida, nova vida.
Ter o mesmo coração e a mesma mente é o objetivo de Deus. Afinal, ele não quer uma igreja abastada financeiramente, com irmãos e irmãs sofrendo por necessidades pessoais e básicas.
A igreja luterana faria alguma falta se não estivesse aqui em nosso município? Qual tem sido nossa contribuição social?
Na igreja primitiva a distribuição era feita a medida em que surgiam as necessidades.
As necessidades eram supridas por aquilo que cristãos e cristãs haviam recebido de Deus. Muitos cristãos daquela época havia desapegado do seu amor ao dinheiro e por causa dessas pessoas, os necessitados passaram a ser assistidos. O evangelho encarnou-se na prática diária dos filhos de Deus.
A visão econômica, onde se busca apenas o lucro não era a prática comum daqueles cristãos. O maior lucro na igreja primitiva era não ter ninguém necessitado.
Deus não quer que ninguém careça do evangelho, mas também não quer que ninguém careça de pão e água. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

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