terça-feira, 9 de setembro de 2025

Um Deus que busca e encontra! (Lc 15.1-10)

 14 de setembro de 2025

Décimo quarto domingo após Pentecostes

Salmo 119.169-176; Ezequiel 34.11-24; 1Timóteo 1.12-17; Lucas 15.1-10

Texto: Lucas 15.1-10

Tema: Um Deus que busca e encontra!

 

Introdução

Em nosso mundo, o valor de algo é muitas vezes medido por sua utilidade, por sua raridade ou por sua quantidade. Uma única ovelha, de um rebanho de cem, parece insignificante. Se você perguntasse para um empresário: você pararia toda a sua produção para procurar uma única peça que vale muito pouco? A resposta provavelmente seria não. É a economia da maioria.

A parábola de Jesus vira essa lógica de cabeça para baixo. Jesus não se preocupa com a matemática da maioria; Jesus se preocupa com a matemática do amor. Ele nos ensina que, aos olhos de Deus, o valor de cada indivíduo é tão grande que Ele está disposto a deixar o que é “seguro” para ir atrás do que é “perdido”. O foco não é as 99 ovelhas que estão no curral, seguras, mas naquela que se perdeu. Dessa forma, vamos refletir no motivo dessa ovelha ser tão preciosa e sobre o coração do Bom Pastor Jesus.

Parte 1

A passagem é uma defesa de Jesus contra a crítica dos fariseus e escribas.

É preciso destacar a importância do verbo grego aproximavam-se” (ἐγγίζοντες). Jesus nota que a multidão de publicanos e pecadores estava ativamente buscando Jesus. Isso é um contraponto direto à atitude de desprezo dos fariseus e escribas. A palavra, murmuravam (διεγόγγυζον), implica num murmúrio contínuo e interno de desaprovação.

A crítica dos fariseus (“este recebe pecadores e come com eles”) é a chave para entender as duas parábolas que se seguem. Jesus não está apenas contando histórias, está se justificando suas ações.

O verbo grego “perdeu” é ἀπολέσας e ressalta que essa “perda” é real e que a ovelha perdida não está apenas temporariamente ausente; ela está em perigo mortal.

O número 100 não é literal; é uma imagem de totalidade. O pastor, ao deixar as 99 ovelhas para buscar a que se perdeu, demonstra a alta prioridade que Deus dá a cada indivíduo. A ovelha perdida, aos olhos do pastor, não é menos valiosa do que as 99.

O verbo grego para “procura” é ζητέω e significa uma busca diligente e persistente. O pastor a busca até encontrar. Essa busca representa o ministério de Jesus em relação aos pecadores.

A parábola culmina com a alegria (χαρὰν) no céu. A alegria de Deus por um único pecador que se arrepende é maior do que a alegria pelos “noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”. Ele interpreta os “justos” como as pessoas que, como os fariseus, se consideravam justas e não viam a necessidade de se arrepender. A ironia é que a parábola não elogia os “justos”, mas sublinha o valor do pecador arrependido.

A segunda parábola (Lc 15.8-10) é um complemento da primeira, mas com algumas diferenças significativas: a mulher, ao procurar sua moeda, simboliza a busca de Deus pela alma perdida. A moeda, ao contrário da ovelha, não pode se mover e está “perdida” por inatividade, o que pode representar pessoas que estão espiritualmente perdidas, mas não ativamente rebeldes.

O número 10, assim como o 100, é simbólico. Indica a totalidade das posses. A mulher se esforça ao máximo, acendendo uma lâmpada e varrendo a casa, para encontrar a moeda, mostrando o quão valiosa cada alma é para Deus.

A alegria da mulher, de suas amigas e vizinhas, representa a alegria (χαρὰν) dos anjos no céu por um pecador que se arrepende.

Parte 2

A alegria mencionada nas parábolas não é pelo pecador em si, mas pelo arrependimento (metanoia).

O arrependimento é a resposta humana à busca divina. Ele não é uma obra que se faz para ganhar a salvação, mas a fé que se manifesta na volta para Deus. A alegria no céu é a celebração do dom da salvação que é recebido pelo pecador arrependido.

O propósito das parábolas é revelar o coração de Deus. Ele não é um juiz distante que apenas condena, mas um Pai Amoroso que busca o filho perdido. As parábolas são um convite para os fariseus e para todos que se consideram justos para reconhecerem sua própria necessidade de arrependimento e a se unirem à alegria do céu.

As parábolas em si são a manifestação do Evangelho. Elas revelam que Deus age de forma contrária à lógica da Lei e à justiça humana. A ovelha e a moeda perdida representam os pecadores que, por natureza, estão separados de Deus. A iniciativa de busca pertence unicamente a Deus. O pastor busca a ovelha e a mulher procura a moeda. Isso sublinha que a salvação não é o resultado da busca humana por Deus, mas sim da busca incansável de Deus pelo pecador.

Para Deus, cada indivíduo perdido tem um valor incalculável. A lógica humana, que daria preferência aos noventa e nove, é subvertida pela lógica do amor de Deus. A ovelha perdida e a moeda perdida são os objetos da graça divina. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

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