14 de setembro de 2025
Décimo
quarto domingo após Pentecostes
Salmo
119.169-176; Ezequiel 34.11-24; 1Timóteo 1.12-17; Lucas 15.1-10
Texto: Lucas
15.1-10
Tema: Um
Deus que busca e encontra!
Introdução
Em nosso mundo, o
valor de algo é muitas vezes medido por sua utilidade, por sua raridade ou por
sua quantidade. Uma única ovelha, de um rebanho de cem, parece insignificante.
Se você perguntasse para um empresário: você pararia toda a sua produção
para procurar uma única peça que vale muito pouco? A resposta provavelmente
seria não. É a economia da maioria.
A parábola de
Jesus vira essa lógica de cabeça para baixo. Jesus não se preocupa com a
matemática da maioria; Jesus se preocupa com a matemática do amor. Ele nos
ensina que, aos olhos de Deus, o valor de cada indivíduo é tão grande que Ele
está disposto a deixar o que é “seguro”
para ir atrás do que é “perdido”. O
foco não é as 99 ovelhas que estão no curral, seguras, mas naquela que se
perdeu. Dessa forma, vamos refletir no motivo dessa ovelha ser tão preciosa e
sobre o coração do Bom Pastor Jesus.
Parte 1
A passagem é uma
defesa de Jesus contra a crítica dos fariseus e escribas.
É preciso destacar
a importância do verbo grego “aproximavam-se”
(ἐγγίζοντες). Jesus nota que a multidão de publicanos e pecadores estava
ativamente buscando Jesus. Isso é um contraponto direto à atitude de desprezo
dos fariseus e escribas. A palavra, murmuravam
(διεγόγγυζον), implica num murmúrio contínuo e interno de desaprovação.
A crítica dos
fariseus (“este recebe pecadores e come com eles”)
é a chave para entender as duas parábolas que se seguem. Jesus não está apenas
contando histórias, está se justificando suas ações.
O verbo grego “perdeu” é ἀπολέσας e ressalta que essa “perda” é real e que a ovelha perdida não está
apenas temporariamente ausente; ela está em perigo mortal.
O número 100 não é
literal; é uma imagem de totalidade. O pastor, ao deixar as 99 ovelhas para
buscar a que se perdeu, demonstra a alta prioridade que Deus dá a cada
indivíduo. A ovelha perdida, aos olhos do pastor, não é menos valiosa do que as
99.
O verbo grego para
“procura” é ζητέω e significa
uma busca diligente e persistente. O pastor a busca até encontrar. Essa busca
representa o ministério de Jesus em relação aos pecadores.
A parábola culmina
com a alegria (χαρὰν) no céu. A alegria de Deus por um único pecador que
se arrepende é maior do que a alegria pelos “noventa
e nove justos que não necessitam de arrependimento”. Ele interpreta
os “justos” como as pessoas que, como
os fariseus, se consideravam justas e não viam a necessidade de se arrepender.
A ironia é que a parábola não elogia os “justos”,
mas sublinha o valor do pecador arrependido.
A segunda parábola
(Lc 15.8-10) é um complemento da primeira, mas com algumas diferenças
significativas: a mulher, ao procurar sua moeda, simboliza a busca de Deus pela
alma perdida. A moeda, ao contrário da ovelha, não pode se mover e está “perdida” por inatividade, o que pode
representar pessoas que estão espiritualmente perdidas, mas não ativamente
rebeldes.
O número 10, assim
como o 100, é simbólico. Indica a totalidade das posses. A mulher se esforça ao
máximo, acendendo uma lâmpada e varrendo a casa, para encontrar a moeda,
mostrando o quão valiosa cada alma é para Deus.
A alegria da
mulher, de suas amigas e vizinhas, representa a alegria
(χαρὰν) dos anjos no céu por um pecador que se arrepende.
Parte 2
A alegria
mencionada nas parábolas não é pelo pecador em si, mas pelo arrependimento
(metanoia).
O arrependimento é
a resposta humana à busca divina. Ele não é uma obra que se faz para ganhar a
salvação, mas a fé que se manifesta na volta para Deus. A alegria no céu é a
celebração do dom da salvação que é recebido pelo pecador arrependido.
O propósito das parábolas é revelar o coração de Deus.
Ele não é um juiz distante que apenas condena, mas um Pai Amoroso que busca o
filho perdido. As parábolas são um convite para os fariseus e para todos que se
consideram justos para reconhecerem sua própria necessidade de arrependimento e
a se unirem à alegria do céu.
As parábolas em si
são a manifestação do Evangelho.
Elas revelam que Deus age de forma contrária à lógica da Lei e à justiça
humana. A ovelha e a moeda perdida representam os pecadores que, por natureza,
estão separados de Deus. A iniciativa de busca pertence unicamente a Deus. O
pastor busca a ovelha e a mulher procura a moeda. Isso sublinha que a salvação
não é o resultado da busca humana por Deus, mas sim da busca incansável de Deus
pelo pecador.
Para Deus, cada
indivíduo perdido tem um valor incalculável. A lógica humana, que daria preferência aos noventa e
nove, é subvertida pela lógica do amor de Deus. A ovelha perdida e a
moeda perdida são os objetos da graça divina. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
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