terça-feira, 28 de novembro de 2017

A gratidão nasce da graça!

03 de dezembro de 2017
1º Domingo de Advento
Sl 80.1-7; Is 64.1-9; 1Co 1.3-9; Mc 11.1-10
Tema: A gratidão nasce da graça!

Neste novo ano eclesiástico, a IELB tem como desejo, lembrar aos cristãos que os mesmos vivem sob o efeito do Sola Gratia. A IELB deseja lembrar aos cristãos que os mesmos estão no mundo, atuam e agem no mundo, mas não são do mundo.
Viver e anunciar o que o Senhor tem feito no lugar onde se foi colocado por Deus é uma extraordinária oportunidade para rever a atuação do cristão nas diversas vocações. Quer seja na família, na sociedade, e na igreja.
O apóstolo Paulo desejava que seus leitores, em especial da primeira carta aos Coríntios, e atualmente nós, revejam sua situação. Muitos coríntios haviam sidos trazidos ao evangelho, e por discórdias, estavam agora se afastando da graça de Deus.
O apóstolo Paulo permaneceu em Corinto por um ano e seis meses.
Sua viagem a Corinto aconteceu em sua segunda viagem missionária (Atos 18). O resultado foi a conversão de muitas pessoas ao cristianismo.
Corinto, junto com Roma, Éfeso e Alexandria era uma cidade grande e importante na época. Sua importância geográfica, deve-se ao fato da localização de Cencréia, um dos portos mais importantes do mundo de então. O mundo inteiro se encontrava no entroncamento em Corinto. Assim, quem estava em Corinto, se fazia presente em todo o mundo. Todo o comércio entre o oriente e o ocidente passava por essa cidade.
Corinto havia sido destruída em 146 a.C. e reconstruída 100 anos depois, ou seja, em 46 a.C. por César Augusto. Por esse motivo pode-se dizer que Corinto estava em franco florescimento e isso favorecia a semeadura do evangelho da graça.
Culturalmente, os coríntios iam as praças públicas para ouvir os filósofos e pensadores que por lá passavam.
A cidade de Corinto era importantíssima na área esportiva. Havia prática de esportes ístmicos, superado apenas pelos jogos olímpicos de Atenas. Todos os esportistas iam a Corinto. Arqueólogos e historiadores com base em desenhos da época, acreditam que os jogos ístmicos eram disputados em provas hípicas, atléticas, musicais, literárias e náuticas. Havia também concursos de poesia e música para mulheres. O prêmio era uma palma e uma coroa de folhas de pinheiro.
Todo esportista corintiano ou de outra região competia e buscava vencer com objetivo de ser aplaudido e se tornar famoso para continuar vivo na memória da comunidade.
Corinto, uma cidade rica e bela, precisava do evangelho e o evangelho chegou a essa cidade. O evangelho foi pregado e muitos foram convertidos por ele, mas, infelizmente “a graça dispensada pelo evangelho” havia sido corrompida.
Tema: A gratidão nasce da graça!
1 - “graça concedida em Jesus Cristo” (v.4)
A palavra “corinthiazestai” significava viver como um coríntio, ou seja, bêbado e na corrupção moral. Ser coríntio era ser alguém que vivia na boemia.
Para muitos países, ser brasileiro significa “dar um jeitinho para tudo”. Ser brasileiro é ser filho de uma terra que produz um bom carnaval e um bom futebol.
Voltando a Corinto, os cristãos (um pequeno grupo) nessa cidade de 400 mil habitantes, estavam enfrentando a dificuldade de relacionamento. Devido a graça de Deus, os cristãos, passaram a viver de maneira diferente dos coríntios.
Paulo demonstra a sua preocupação. Havia deixado um grupo de pessoas que por terem sido alcançadas pelo evangelho na vida sob a graça de Deus, agora esse grupo estava sendo tentado a se deixar levar pela imoralidade da vida de um corinto. Assim, as perguntas que o apóstolo Paulo busca responder são as mesmas que muitos se fazem ainda hoje: Como resistir as tentações de uma grande cidade? Como suportar as fraquezas e os vícios do ocidente e oriente que se bifurcam e se misturavam nos grandes centros? A resposta é simples e direta. Só é possível através “da graça que foi concedida em Jesus Cristo” (v.4).
Na Bíblia há muitas figuras para ilustrar a igreja. Eu gosto muito de pensar na igreja como uma árvore. Toda árvore recebe sua vitalidade da raiz. A árvore só resiste aos temporais quando possui raízes fortes. Seja qual for a árvore, ela só produz bons frutos quando bem alimentada pela raiz. A raiz da igreja é Cristo, por isso disse Jesus: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
Tudo o que a igreja é e produz se deve a graça de Deus em Jesus Cristo. Não há motivo para vanglória e exaltação. Os coríntios poderiam sim, devido a sua natureza pecaminosa, se afastar da graça de Deus, mas, os cristãos só poderiam estar e permanecer na igreja devido a ação graciosa de Deus. Por isso o apóstolo Paulo disse: “Dou graças (eucharisto) ao meu Deus”.
Tema: A gratidão nasce da graça!
2 – Sendo agradecido por aquilo que é recebido!
O verbo Eucharisto, agradecer, deriva de Charis, graça. Ou seja, dar graças só é possível a quem foi recebido pela graça. Dar graças é reação diante de algo recebido. O apóstolo Paulo agradecia a Deus por que os coríntios em sua depravação moral haviam recebido o dom de Deus, a fé, a graça. Esse dom recebido, a graça de Deus, transformou os coríntios. Pela graça recebida em Jesus, os coríntios não mais buscavam a sua honra. De nada adiantava os aplausos desse mundo. Pela graça, os coríntios testemunhavam (v.6) e perseveravam (v.8). Pelos coríntios, o apóstolo Paulo “dava graças a Deus”.
Os cristãos atuais, estão separados dos coríntios por vinte séculos, no entanto, “...a graça continua sendo dada em Cristo Jesus”.
Pela fé se está unido a morte e ressurreição de Jesus Cristo. A graça de Deus é o motivo que leva a agradecê-lo. Se a igreja não louva a Deus por sua graça, ela já não é mais cristã.
Gratidão a Deus pela graça, mas não somente pela graça, afinal: “E que tens tu que não tenhas recebido?” (1Co 4.7).
A gratidão é mãe de todas as virtudes. Gratidão é um exercício de humildade. Quem agradece se declara devedor. E frente a Deus, só existem pessoas endividadas. Até mesmos os frutos de fé que os cristãos produzem, não são produção própria.
Sempre dou graças a (meu) Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; porque, em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; ...” (1Co 1.4-5). Amém!


Edson Ronaldo Tressmann

domingo, 19 de novembro de 2017

Jesus Cristo, a primícia dos que dormem!

26 de novembro de 2017
Ultimo Domingo do ano da Igreja
Sl 95.1-7; Ez 34.11-16,20-24; 1Co 15.20-28; Mt 25.31-46
Tema: Jesus Cristo, a primícia dos que dormem!

Do futuro que o cristão espera, Lutero pensa primeiramente em termos do que acontece a um indivíduo na morte e além da morte. A certeza da nova vida que surge da morte, Lutero se baseia na totalidade da ação redentora de Deus em Cristo.
Sobre a morte e o além morte, Lutero enfatiza a ressurreição de Jesus Cristo e sua vitória sobre a morte. Este é o único conforto para todos que choram de saudades de seus entes queridos e até mesmo nosso, afinal, muitos de nós também iremos morrer, se é que Jesus não voltará antes.
Cristo ressuscitou, sendo ele a primícia dos que dormem, como primeiro fruto. Essa ressurreição é a promessa da ressurreição corporal de todos que são seus, pelo batismo e a fé. Essa é a minha confissão de fé: “Assim como ele ressuscitou dos mortos ...”.
Sendo Jesus Cristo o cabeça da igreja e tendo a cabeça ressuscitado, fica a certeza da vida de todo o corpo.
Aos saduceus Jesus respondeu: “Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos” (Mt 22.33). É verdade que o cristão passa pela morte, por causa do pecado, mas, sendo filho de Deus pela fé, o cristão é imortal, pois dorme nos braços do Senhor.
Toda a certeza do cristão do além morte está na mensagem da ressurreição dada pelo próprio Jesus. A morte de um cristão, nada mais é que, descanso nos braços de Jesus (Jo 11.26; 10.28).
Um ganancioso é consolado com dinheiro, um doente, com remédio, um mendigo ou faminto, com comida. No entanto, o cristão só é consolado pela Palavra de Deus. Pela fé, o cristão se mantém perseverante, e ainda, pela fé sabe que Cristo o manterá em seu colo até o ultimo dia.
Quando comemoramos 500 anos de Reforma não apenas festejamos, também refletimos. A 500 anos atrás havia mapas topográficos sobre o estado intermediário. Muitos sabiam dizer sobre os vários lugares onde as almas dos mortos estavam. E Lutero, pela descoberta da boa nova do evangelho, trouxe à tona que todos os que morrem na fé têm seu “lugar” na Palavra e na promessa de Cristo. Os cristãos do antigo testamento descansam “nos braços de Abraão”, assim todos os que, viveram antes do nascimento de Cristo, foram para os braços de Abraão (Gn 22.18), e todos que adormeceram na fé, são preservados e protegidos nessa palavra: estão nos braços de Abraão e dormem nela até o Último dia. Os cristãos do Novo testamento estão consolados e confortados na ressurreição de Cristo (1Co 15; Fp 3.20).
Paulo fala da ressurreição “dos mortos”. Se a morte afeta a pessoa totalmente, a ressurreição também se dará assim. O morrer leva imediatamente à completa participação com Cristo e a vida com ele (2Co 5.6; Fp 1.23).
O cristão pode se tranquilizar sabendo que, na morte ou por ocasião do fim do mundo, é Cristo quem espera por nós.
A ressurreição será um acordar dos que dormem, afinal, entre a morte e a ressurreição há um profundo sono, sem sonho e sem sentimento. Ao acordarem não saberão onde estavam e nem porquanto tempo descansaram. Para o cristão a morte é um dormir na paz de Cristo.
Mesmo no sono da morte, o cristão está bem guardado, e por ocasião do último dia, Cristo acordará a pessoa e lhe dará a bem aventurança. Pode ser que a doença, um acidente, ou mesmo um assassinato nos tirem desse mundo, mas, com certeza, nos conduzem a Cristo, pois tanto Jesus como a vida eterna esperam ansiosamente pelo cristão.
Lembre-se: nosso conceito de medida e tempo não valem mais além da morte. No além morte, tudo é um momento eterno. “Cristo é a primícias dos que dormem” (1Co 15.20). Amém!


Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Ensina-me a contar os dias da minha vida!

19 de novembro de 2017
24º Domingo após Pentecostes
Sl 90.1-12; Sf 1.7-16; 1Ts 5.1-11; Mt 25.14-30
Tema: Ensina-me a contar os dias da minha vida!

Ensina-me a contar os dias da minha vida, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12)

O termo Mordomia corresponde ao termo Grego “oikonomos” (mordomo) e “oikonomia” (mordomia). A raiz da palavra é oikos (casa), e o verbo nemeim (distribuir, fazer, gerir). No grego clássico significa “administrador de uma casa.Oikonomia significa gerência, direção, ou administração doméstica, e suas diversas implicações.
Todas as pessoas se preocupam com tempo. Perguntas como: o que o futuro me reserva? O que será de mim amanhã? O que acontecerá na próxima semana?
Para muitas pessoas o passar do tempo é apenas um fator incontrolável que traz felicidade ou infelicidade.  
Ensina-me a contar os dias da minha vida!
1 - A Bíblia nos diz muito sobre o tempo
O cristão sabe pela Palavra de Deus que é um administrador daquilo que Deus dá.
É impossível definir o tempo, mas é possível descrevê-lo. Tempo é muito mais que certa quantia de segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos. O tempo é um período de oportunidades. É um presente valioso de Deus. Deus nos confiou tempo, e com ele, inúmeras oportunidades para cumprir o objetivo de nossa vida servindo a Deus e ao nosso próximo.
Thomas Edison, que passou muitas horas do dia e da noite em seu trabalho, disse: “tempo é a coisa mais preciosa do mundo”. Nenhum dinheiro pode comprar o tempo, ainda mais o tempo perdido. No seu leito de morte, a rainha da Inglaterra, gritou: “Milhões em dinheiro por uma polegada de tempo”.
Uma das maiores tragédias é o fato de milhões de pessoas não saberem a razão de sua existência nesse mundo. Os atenienses descritos por Lucas em Atos 17.2 se reuniam todos os dias, gastavam todo o seu tempo, em nada mais do que ouvir alguma novidade. Assim como tantos hoje, não se conscientizaram da inestimável herança que lhes foi dada pela dádiva do tempo. O tempo nunca para.
Para uma adequada concepção de tempo, é preciso, Primeiro: reconhecer que o tempo é uma dádiva vinda de Deus; Segundo: compreender que o tempo é um período de oportunidades para cumprir os objetivos de nossa vida; Terceiro: é um dever sagrado que devemos usar com sabedoria.
2 - O valor adequado do tempo
Quando Deus em sua Palavra exorta a “remir o tempo”, deseja nada mais que nos mostrar a usar o tempo da melhor forma possível (Ef 5.16; Cl 4.5). Porque usar o tempo da melhor forma possível? Primeiro: o tempo é curto e incerto. O tempo normal da vida é entre 70 – 80 anos (Sl 90.10; 1Cr 29.15; Tg 4.14; Sl 90.9; 1Pe 1.24). Segundo: o tempo de vida concedido aos nossos semelhantes, a quem precisamos ganhar para Cristo, não é mais longo e mais certo que o nosso próprio. Por isso, Deus em sua Palavra aconselha (Is 55.6; 2Co 6.2; Hb 3.15). Deus convida ao arrependimento àqueles que ainda não conhecem Jesus Cristo. Deus também lembra o cristão de que nosso tempo é limitado, e nesse tempo, precisamos conduzir nosso semelhante a Cristo. Terceiro: é preciso remir o tempo, pois não há certeza sobre o dia exato de quando este mundo acabará e quando o dia da graça terá passado para sempre (Mt 24.35; Hb 1.10-12, 2Pe 3.10).
O tempo só se torna valioso quando cada qual o encara como um período da graça que Deus concede para que cada qual cumpra o propósito de Deus em sua vida. Mas, com tantas coisas na vida para fazer, como acharemos tempo para os propósitos de Deus? Aí entra a mordomia, a administração do tempo.
3 - Uso adequado do tempo.
Frequentemente as pessoas dizem: “Eu não tenho tempo.Será? Para que não se têm tempo?
Deus nos tem dado todo o tempo que existe. Esta é uma dádiva que todas as pessoas partilham igualmente. É uma dádiva perdida se não for usada. Afinal, tempo, uma vez perdido, jamais pode ser recuperado.
Muitas pessoas que reclamam “a falta de tempo”, mas sempre dão um jeito de encontrar tempo para fazer aquilo que desejam. Tudo depende se a pessoa acredita ou não que o tempo é propriedade sua para fazer com ele o que bem desejar, ou se a pessoa acredita que o tempo pertence a Deus e que devemos santificá-lo também para Cristo. Jesus com seu sangue na cruz nos comprou para lhe pertencermos e servirmos.
Um cristão reconhece que todo o tempo é tempo de Deus!
O tempo é um dever sagrado que necessita ser usado segundo a vontade de Cristo.
Ninguém sabe quanto tempo vai durar a vida nesse mundo. Mas, enquanto durar, priorizemos o tempo com a família, no trabalho, na igreja, com os amigos (as), etc.
A matemática do tempo nos indica que está se trabalhando 8 horas por dia, repousando outras 8 horas e que outras 4 horas são usadas para a rotina do dia a dia, assim, estão sobrando outras 4 horas que não se sabe dizer como que está sendo gasto. Família? Amigos? Igreja? A verdade é que se está gastando pouco tempo com aquilo que é importante e essencial.
A matemática do tempo nos permite calcular: uma pessoa que trabalha seis dias na semana; e, por mais ocupada que seja, lhe sobram 4 horas livres por dia mais 12 horas do domingo, totalizando 36 horas vagas na semana. Como se está ocupando essas horas vagas? Família? Amigos? Igreja? Lembrando que se a pessoa participar dos dois cultos semanais, ainda lhe sobrará 32 horas vagas.
É impossível pegar um padrão geral para cada indivíduo, mas acredito que esse seja um padrão quase que geral.
Querido e querida
O tempo é um período de oportunidades para executar o propósito de Deus em nossa vida. Será que é exigir demais alguns minutos diários para devoção, oração, estudo bíblico, culto, escola bíblica, etc?
4 - Organização adequada do tempo
Como estás com seu tempo? Como o estás organizando?
Se o tempo é tempo de Deus, então isto significa que todo o nosso tempo deve ser consagrado a Deus. Também aquele tempo com a família e o lazer. A confusão que as pessoas fazem é achar que o único tempo dedicado a Deus é aquele na igreja (1Co 10.31; 1Pe 4.11). Tempo gasto no trabalho é tempo gasto num propósito santo (contando que nosso trabalho seja um trabalho que agrade a Deus). A ocupação diária dos cristãos como agricultores, como donas de casa, lojistas, churrasqueiro, cozinheira(o), empresário(a), etc, é uma ocupação santa porque serve em benefício dos outros e é, portanto, feito para a glória de Deus.
Tempo dedicado a Deus é o tempo em benefício de todos. Deus não se alegra só com trinta ou sessenta minutos em um departamento da igreja. Dedicar tempo à Deus é se dedicar ao máximo para o trabalho, à família e à igreja.
O cristão é convidado para “remir o tempo”, ou seja, “aproveitar as oportunidades”.
Colocar prioridade no tempo é parar de falar que “não tenho tempo” e passar a “ter tempo pra tudo”. O biográfo Douglas Eouthall Freeman escreveu que “Apenas o tempo é insubstituível; não o desperdice”.
5 - Tempo e juventude
Salomão em Eclesiastes (Ec 12.1) escreveu para que os jovens lembrem do criador nos dias da mocidade. Nessas palavras o Dr. Walther parafraseou a verdade de que “Deus quer toda a vida dos jovens. Deus deseja o vinho suave da juventude”.
Muitos jovens se dizem jovens demais para se ocuparem com a igreja. Mas, se hoje sou muito jovem, amanhã poderei ser muito velho e ninguém sabe, mas pode ser que a pouco seja tarde demais. “Ensina-me a contar os dias da minha vida, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12). Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Um novo idioma: Esperança!

12 de novembro de 2017
23º Domingo após Pentecostes!
Sl 70; Am 5.18-24; 1Ts 4.13-18; Mt 25.1-13
Tema: Um novo idioma: Esperança!

Quem domina o idioma inglês, consegue se comunicar em quase todo o mundo. Por isso, os cursos de inglês são muito frequentados. A maioria opta por estudar o idioma inglês com o objetivo de poder viajar a muitos lugares e não precisar de interprete.
Possivelmente o apostolo Paulo falava aramaico (língua comercial da Judeia), grego (língua política da região, Atos 21.37-39. O grego era também uma linguagem literária), latim (língua regional). (Livro: Paulo de Tarso: História de um apostolo. Ed. Loyola).
Com as línguas que o apostolo Paulo dominava, conseguiu se comunicar com muitas pessoas e, facilmente viajar por muitos lugares.
O apostolo que se comunicava facilmente, comunicava uma mensagem. Aos Tessalonicenses, cheios de dúvidas, principalmente diante da perseguição se perguntavam sobre o destino final das pessoas que morriam devido as perseguições.
O que comunicar para pessoas que choram por um ente querido morto num caixão?
Muitos dizem que a última morada é o cemitério. Para muitos, com a morte, tudo está acabado. Os Tessalonicenses, a quem o apostolo Paulo já havia comunicado o evangelho salvador, queriam saber sobre a situação dos que morriam. E de Corinto, Paulo escreve a sua primeira carta aos Tessalonicenses. Nessa carta, após saber que muitos Tessalonicenses estavam enfraquecendo na fé, devido as provações e tentações, o apostolo lhes escreve advertindo sobre:
- como reagir diante do falecimento de um ente querido;
- cuidar quanto a vida ociosa;
- corrigir a vida desordenada sem consagração a Deus e respeito ao próximo;
A dúvida dos Tessalonicenses se dava porque estavam sendo perseguidos. Era necessário lhes dar uma mensagem que os motivasse a continuarem servindo com fé e coragem.
Como reagir quando um ente querido morre sendo perseguido por causa do evangelho?
O grande apostolo Paulo, comunicador do evangelho. Um homem que por falar outros idiomas, aos Tessalonicenses desenvolveu o idioma da Esperança.
Para responder a grande inquietação dos Tessalonicenses, Paulo comunicou-se com o idioma da a esperança!
Vamos estudar brevemente esse idioma da esperança no trecho da primeira carta aos Tessalonicenses 4.13-18.
Tema: Um novo idioma: Esperança!
1 – Precisa ser anunciado!
No verso 12, lemos as palavras: “de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar” (1Ts 4.12).
Quem são os de fora”? São aqueles que não conhecem o idioma a ser falado e proclamado: a Esperança. São àqueles a quem Paulo se refere no verso 13, os “que não tem esperança”.
Eram os que detinham o poder no império romano. São aqueles sobre os quais Jesus havia dito que poderiam apenas matar o corpo. São aqueles que entram numa igreja e atiraram contra as pessoas durante um culto, assim como aconteceu no dia 05 de novembro de 2017 em Sutherland Springs (Texas, EUA).
Um novo idioma: Esperança! As pessoas querem falar outro idioma com a perspectiva de se comunicar, mas, “ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1Co 13.1). Falar outros idiomas, mas não conhecer e não saber falar o idioma da esperança, a vida perde o sentido.
Um novo idioma: Esperança!
Essa linguagem desenvolvida pelo apostolo Paulo na sua carta aos Tessalonicenses visa consolar, animar e motivar os cristãos convertidos a continuarem na vida cristã.
Um novo idioma: Esperança! Estava sendo anunciado ao Tessalonicenses perseguidos.
Aqui no Brasil, graças a Deus, ainda estamos vivendo num país livre em termos religiosos. Por ser assim, muitas vezes não valorizamos o idioma Esperança, e até mesmo não valorizamos o tema ressurreição.
Quando por ocasião do episódios narrados pelo profeta Daniel, João Marcos, Mateus, Lucas e João em Apocalipse, a perseguição era constante. E nesse período a mensagem da ressurreição era de suma importância. E é justamente essa a linguagem da esperança. É isto que o apostolo Paulo comunica aos Tessalonicenses. Esse idioma precisa ser comunicado ainda hoje, afinal, pode ser que algum atirador adentre nosso templo atirando. Mas, não será o fim, “pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem” (1Ts 4.14).
Se deixarmos de comunicar o idioma da esperança, pessoas morrerão sem a verdadeira esperança. E as que ficarem viverão sem esperança. É preciso comunicar o novo (velho) idioma: Esperança!
Na carta aos Tessalonicenses, o apostolo Paulo fala sobre ressurreição na linguagem da esperança.
O idioma Esperança é novo para muitos, afinal, muitos não conhecem e nem sabem a respeito da mensagem da ressurreição. Outros temas foram dominando nossas conversas. Na linguagem da esperanças, um idioma pouco conhecido, Paulo transmite a certeza da ressurreição diante da morte.
Um novo idioma: Esperança!
2 – Idioma a ser compreendido!
Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não tem esperança” (1Ts 4.13).
O idioma da esperança precisa ser compreendido, pois “não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, ...”.
O apostolo anuncia aos Tessalonicenses um idioma da esperança para que não fiquem na ignorância como “os de fora”, os perseguidores dos cristãos que não creem na mensagem da ressurreição. A morte do cristão é uma gloriosa ressurreição.
O idioma da esperança precisa ser falado para que todos compreendam diante da morte que os que morrem na fé em Jesus, apenas dormem. Paulo ao anunciar o novo idioma: esperança, deseja que os Tessalonicenses compreendam que “os que dormem” de acordo com o termo grego - Koimoménon - significa, fazer dormir, colocar para dormir, na certeza de que se vai acordar.
Um novo idioma: Esperança!
3 – É idioma de Jesus
Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem” (1Ts 4.15).
O idioma da esperança é um idioma ensinado e transmitido por Jesus. O apostolo escreveu: “por palavra do Senhor”.
Muitos em Tessalônica estavam confusos e cheios de dúvida sobre os que já haviam morrido. Os que já morreram serão prejudicados no dia da vinda de Jesus? O apostolo Paulo afirma que “nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, ...” (v.15), é uma afirmação de que os cristãos, mesmo aqueles que já morreram estão vivos, apenas dormem. Disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?” (Jo 11.25-26). Jesus disse aos saduceus que não acreditavam na ressurreição: “Ora, Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem” (Lc 20.38).
Com o idioma da esperança os Tessalonicenses estavam sendo convidados a colocar toda a certeza na volta de Jesus e na ressurreição. Essa é a certeza cristã: Jesus voltará e todos os que morreram e morrerem ressuscitarão.
A mensagem da ressurreição só é consoladora e animadora para os que vivem e morreram e morrem na fé em Jesus Cristo. Àqueles que morreram sem a fé em Cristo a ressurreição é trágica. Por cauda dessa tragédia é necessário continuar comunicando o idioma da esperança; é preciso continuar buscando compreender o idioma da esperança; é preciso ouvir o idioma de Jesus.
O dia da ressurreição será um dia em que Jesus, o vencedor, se encontrará com seu povo para com ele viver eternamente.
O dia da ressurreição será um dia que marcará o fim do combate entre o bem e o mal.
A preocupação do apostolo Paulo na carta aos Tessalonicenses não é evangelizar os não cristãos. Seu objetivo é consolar, pois o encontro com Jesus será definitivo, e é um evento real e concreto: “estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4.17).
O cristão, se entristece pela perda de um ente querido, mas na fé, o cristão se alegra com a certeza da ressurreição. Amém!


Rev. Edson Ronaldo Tressmann

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

A vontade de Deus é a santificação!

05 de novembro de 2017
22º Domingo após Pentecostes!
Sl 43; Mq 3.5-12; 1Ts 4.1-12; Mt 23.1-12
Tema: A vontade de Deus é a santificação!

Por ocasião do dia de finados (02/11) muitas pessoas foram ao cemitério no decorrer dessa semana. Cada túmulo tem sua história de vida. Cada pessoa falecida, deixou um legado, por isso, é comum ir ao cemitério e ver pessoas chorando, outras contando histórias do ente querido que faleceu.
Quando se fala em legado e de maneira especial olhando nosso município, Querência do Norte, observamos que muitos entes queridos sepultados no cemitério municipal, deixaram seu legado material. Seus nomes estão expostos em placas de construções públicas. Além daqueles que já partiram e deixaram expostos em placas seu legado material, há também entre nós pessoas que ainda vivem e tem seu legado exposto em muitas dessas placas.
Legado. Durante a semana tivemos a graça histórica de celebrar e participar de um culto festivo por ocasião dos 500 anos da Reforma Protestante (1517 – 2017). A Reforma Protestante também nos deixou legados: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus, Soli Deo Gloria. No entanto, há um legado que está esquecido entre nós. O denominado sexto sola: Omnes Christianisacerdócio de todos os crentes.
Esses legados, por mais que não percebamos, são perceptíveis entre nós. Os legados da Reforma Protestante, indicadas como Solas, tiveram e tem grande influência no culto.
1) – A centralidade da Palavra e da Santa Ceia;
2) – Culto na língua do Povo;
3) – Manutenção do que não se choca com as Escrituras (vestimentas, símbolos, ...);
4) – Teologia da Cruz (ver Deus como ele se revela) e teologia da glória (ver Deus como de fato ele é).

Falo sobre legado, por iniciativa do texto escrito pelo apostolo Paulo aos Tessalonicenses. Paulo escreve aos tessalonicenses ressaltando que os mesmos haviam lhe deixado um legado: “operosidade da fé dos tessalonicenses” (1Ts 1.3).
E esse legado que havia sido deixado ao apostolo Paulo estava correndo perigo de ser deixado de lado. O apostolo lembra que muitos estavam enfraquecendo na fé e perdendo valores cristãos. Eles estavam cedendo as várias provações e tentações as quais estavam sujeitos:
- reação diante do falecimento de um ente querido;
- uma vida ociosa;
- uma vida desordenada sem consagração a Deus e respeito ao próximo.
Em meio a essas provações havia também a tentação de voltar a vida pagã.
A provação e a tentação levou muitos tessalonicenses a viverem um problema ético, tanto na área sexual como no amor fraternal.
Todo cristão é constantemente sufocado pela velha natureza a voltar a viver como um escravo do pecado. Por isso é necessário que a lei de Deus seja pregada para que o pecador seja atingido e sinta a necessidade do arrependimento e da fé. Deus deseja que seus filhos vivam sob seu perdão e sua orientação. Tanto que oferece e dá o perdão a todo pecador arrependido.
Nesse perdão, Deus deseja que o cristão deixe um legado nesse mundo. E o legado do cristão vai além de seu nome numa placa comemorativa. O legado do cristão é resumido pelo apóstolo Paulo na carta aos tessalonicenses: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação...” (1Ts 4.3).
A vontade de Deus é a santificação!
1 – Sejam santos!
Santificação (Hagiasmos) reflete um agir contínuo. Ser santo não quer dizer que não se comete mais pecados. A santificação (hagiasmos) descreve o agir de Deus no ser humano nesse mundo.
A luz do Antigo Testamento se observa que santo era algo separado do profano. A luz do Novo Testamento observamos uma mudança significativa. O santo não é santo pela sua separação do profano, mas pelo contato com Deus. E esse contato com Deus se dá na pessoa e obra de Jesus Cristo. Essa lição é expressa pelas palavras do Credo apostólico. Quem crê em Deus Pai e em Jesus Cristo pelo poder do Espírito Santo, faz parte da igreja cristã, que é a comunhão dos santos.
O santo é aquele que pela fé vive no mundo. A santificação ocorre no mundo. Os pecadores perdoados em Jesus, santificados em Cristo, vivem sua fé no trabalho, na escola, na faculdade, .... E nessa vida pela fé, pessoas deixam seus legados.
Tanto o agir como o viver se dá em consequência da ação de Deus em Jesus. A santificação é viver como cristão.
Ao escrever aos tessalonicenses que “a vontade de Deus é a santificação” o apostolo ressalta que sobre a vida cristã nesse mundo caído em pecado.
Deixar um legado cristão nesse mundo pecador é viver a fé em Jesus em todos os aspectos da vida.
Deus continua agindo nesse mundo através da santificação de seus filhos e filhas.
A santificação é um processo permanente, afinal, o cristão é simultaneamente justo e pecador. E por ser justo em Cristo, pelo poder do Espírito Santo que age na Palavra, continua crescendo na santificação. Por ser pecador, facilmente se perde na provação e tentação.
Após o retorno do jovem pastor Timóteo (3.6), Paulo que trazia consigo o legado de uma igreja cheia de fé, agora estava preocupado e exorta a comunidade a continuar crescendo na fé (4.1).
A santificação só é possível pelo Espírito Santo, por isso, não o rejeite (2Ts 2.13).
A vontade de Deus é a santificação!
2 – Vivam vida santa diariamente!
Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação...” (1Ts 4.3). A santificação acontece numa vida de trabalho “...ocupem-se dos próprios negócios” (v.11), ou seja, “trabalhe com as próprias mãos”. Cuidado com o tal do dinheiro fácil.
O texto 1Ts 4.1-12 aponta para a santidade do casamento, mas também aponta para a santificação do trabalho, ou seja, é um texto que combate a ociosidade.
Por uma interpretação equivocada do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) muitos dizem que crianças não podem trabalhar. Um equívoco da lei! A lei é contra a exploração do trabalho infantil. É necessário que as crianças aprendam algumas atividades básicas, isso só as ajudará. Pare com essa filosofia da ociosidade. “Ensina a criança no caminho em que deve andar” (Pv 22.6), implica ajudá-la a viver também a sua santificação, ou seja, sem ociosidade.
Contra a ociosidade pode-se também falar contra a corrupção. Afinal, a corrupção nada mais visa do que o dinheiro fácil.
Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação...” (1Ts 4.3).
A santificação é como uma árvore que produz frutos. Os frutos mostram a sua vitalidade. Quem está na fé, vive na fé, produz da fé pelo poder do Espírito Santo frutos da fé.
Deus nos torna santos pelo poder do Espírito Santo ao nos levar à fé em Jesus. E viver na fé em Jesus é o desejo de Deus e o legado que ele quer que deixemos a esse mundo caído. Amém!


Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Dar a vida pelos irmãos! (1Jo 3.16)

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