domingo, 26 de janeiro de 2020

Um símbolo de fé - a cruz!

02 de fevereiro de 2020
4º Epifania: Sl 15; Mq 6.1-8; 1Co 1.18-31; Mt 5.1-12
Texto: 1Co 1.18-31
Tema: Um símbolo de fé – a cruz!

Todas as religiões e ideologias têm seu símbolo visual, que exemplifica um aspecto importante de sua história ou crença. A flor de loto, embora usada por chineses, egípcios e hindus antigos com outros significados, hoje é particularmente associado ao budismo.
O judaísmo antigo, com medo de quebrar o primeiro mandamento, que proíbe a fabricação de imagens, evitava sinais e símbolos visuais. Porém, o judaísmo moderno, emprega o assim chamado Escudo ou Estrela de Davi.
O islã, é simbolizado pelo crescente ou meia-lua, pelo menos na Ásia Ocidental.
As ideologias seculares deste século também possuem seus sinais que são universalmente reconhecíveis. Quem não conhece a figura do martelo e da foice do marxismo, ou a suástica.
O cristianismo, não é exceção quanto ao possuir um símbolo visual. Todavia, a cruz não foi o primeiro.
Por causa das perseguições e das acusações dirigidas contra os cristãos, eles tiveram de ser muito circunspectos e evitar ostentar sua religião. Assim a cruz, agora símbolo universal do cristianismo, a princípio foi evitada, não somente por sua associação direta com Cristo, mas em virtude de sua associação vergonhosa com a execução de um cristianismo comum.
Os primeiros cristãos, conforme se observa em pinturas nas paredes das catacumbas na periferia de Roma, revelam que os cristãos se identificavam com um pavão (símbolo da imortalidade), pomba, louro de atletas, ou em particular, um peixe. Na verdade, o peixe era um símbolo acronímico, pois, suas palavras ichthys era o acrônimo de Iesus Christos Theou Huios Soter (Jesus Cristo Filho de Deus Salvador).
No segundo século, os cristãos passaram a se comunicar visualmente através de pinturas bíblicas, tais como a Arca de Noé, Abraão matando o cordeiro no lugar de Isaque, Daniel na cova dos leões, os três amigos na fornalha ardente, Jonas sendo vomitado por um peixe, alguns batismos, um pastor carregando uma ovelha, a cura do paralitico, a ressurreição de Lázaro. Essas pinturas simbolizavam a redenção de Cristo e não era incriminador, pois, somente os entendidos ou conhecedores é que eram capazes de interpretar.
Qualquer outra símbolo poderia ter sido aceito, e as possibilidades eram enormes. Os cristãos podiam ter escolhido a manjedoura, o banco do carpinteiro destacando e dignificando o trabalho manual, poderiam ter escolhido o barco, a toalha, a pedra que foi removida. Poderiam ter escolhido o trono, ao qual João viu por ocasião da visão que recebeu. Quem sabe a pomba, símbolo do Espírito Santo no dia de pentecoste. Qualquer desses símbolos destacariam o ministério do Senhor, mas, o símbolo escolhido foi a cruz.
Os cristãos compreendiam que a cruz era o centro da missão de Jesus, pois, foi para isso que Jesus foi enviado.
Se hoje é bem comum o uso de crucifixo, o mesmo não foi usado até o século seis. No entanto, a partir do segundo século, os cristãos não só desenhavam a cruz como faziam o sinal da cruz em si mesmos ou nos outros. Uma das primeiras testemunhas dessa prática foi Tertuliano. Hipólito, presbítero de Roma, reagindo a sua geração que estava apenas pensando no futuro e esquecendo-se do passado, e ressaltou que o sinal da cruz não era um hábito supersticioso, pois, na sua origem, o sinal da cruz teve a finalidade de identificar, santificar cada ato como pertencente a Cristo.
Richard Hooker, teólogo anglicano, aplaudiu o fato de que os primitivos Pais da Igreja, apesar do escárnio dos pagãos para com os sofrimentos de Cristo, escolheram o sinal da cruz (no batismo) antes que qualquer outro sinal externo, pelo qual o mundo pudesse facilmente sempre discernir o que eram.
O problema é que as pessoas dizem: “isso é católico romano, isso é do papado”, e assim ignoram a simbologia do sinal da cruz. E a respeito desse tema, isso é adiáforo, não é incompatível com as Escrituras, então, fica-se na liberdade cristã de cada um.
Agradeço a Deus, por termos entre nós a cruz que simboliza muito bem o cristianismo.
Pessoas gostam do peixe da sexta feira santa, mas ignoram a cruz que é o símbolo da sexta santa.
É preciso ressaltar que desde o nascimento, pelo batismo (sinal da cruz), a cruz acompanha o cristão até a sua morte, (cruz na sepultura).
A escolha dos cristão pela cruz como símbolo da sua fé é tanto mais surpreendente quando nos lembramos do horror com que era tida a crucificação no mundo antigo, por isso, a mensagem da cruz era “loucura” para muitos (1Co 1.18,23).
Não era e não é lógico adorar um Deus homem morto, condenado como criminoso e submetido a mais humilhante das execuções. Os gregos e romanos se apossaram da crucificação, que aparentemente foi inventada pelos bárbaros. Era o método mais cruel de execução, pois atrasa a morte e isso tortura a pessoa.
Os romanos e os judeus viam a crucificação como horror, mas, entendiam de maneira diferente. Pois para os judeus, “o que era pendurado no madeiro era maldito de Deus” (Dt 21.23), por isso, não entendiam e não podiam crer que o Messias enviado por Deus morreria sob a maldição divina, pendurado num madeiro.
A cruz se tornou um símbolo cristão, e os cristãos teimosamente, se recusaram, apesar do ridículo, descartar a mesma em favor de alguma coisa menos ofensiva. A centralidade da cruz teve origem na mente do próprio Jesus (Lc 2.41-50).
O que fizeram com a cruz? A ignoram sob alegação de que é um símbolo católico romano. Esqueceram-se que a cruz é a centralidade da missão de Deus em Jesus.
O texto é dois dos três parágrafos (1.18-25; 1.25-31; 2.1-5).
É bom conhecer um pouco a respeito da Primeira Carta aos Coríntios.
Paulo é o autor (1Co 1.1). Ano 55 D.C. em Éfeso (1Co 16.15-18) na 3º viagem missionária. Os grandes destaques dessa carta é a ressurreição, Capítulo 15, pois sem ela não há cristianismo, e os dons (12 a 14).
Paulo está respondendo uma carta enviada pelos corintos que havia muitas perguntas (1Co 7.1). A primeira parte é uma reação das fofocas (1Co 1.11). Os capítulos 1 a 6 é resposta as contendas. A partir do 7, Paulo responde às perguntas, 7.25; 8.1; 12.1; 16.1.
O que muitos debatem, mas poucos se dão conta é que Paulo pula de um tema ao outro por causa das respostas as perguntas.
O próprio Paulo havia fundado a igreja de Corinto na sua segunda viagem missionária, quando passou dezoito meses naquela cidade (At 18.1-18). Havia problemas a respeito de doutrinas e da vida cristã. A igreja tinha se dividido em vários grupos.
Ao ler a carta fica a impressão de que o apostolo simplesmente está resolvendo os problemas um por um, e que a resposta dada num caso não tem nada a ver com a resposta a outro problema. Assim, nem sempre sabemos o que fazer com o trecho que queremos estudar no dia de hoje, em que Paulo aponta com toda a clareza para a cruz de Cristo.
Parece um tema avulso, dentro de uma carta que trata de uma variedade de assuntos. No entanto, este trecho é de fundamental importância. Especialmente quando se leva em conta a impressão que fica depois que se lê com atenção toda a Primeira Carta aos Coríntios. Parece que os cristãos de Corinto ou, pelo menos, alguns deles (1Co 4.18; 15.12) estavam adotando determinado comportamento porque se consideravam "espirituais" (1 Co 14.37). Eram sábios. Eram cristãos que já estavam num outro nível. Afinal, falavam em línguas, que, ao que tudo indica, eles chamavam de "falar a língua dos anjos" (1 Co 13.1). Para esse grupo, a espiritualidade ou vida cristã não tinha nada a ver com a vida neste mundo. O que aquele grupo de cristãos coríntios queria era uma teologia da glória e Paulo os contrapõe com uma teologia da cruz. Ele destaca a centralidade da cruz de Jesus e mostra que a vida cristã no mundo é também uma vida sob a cruz, especialmente na forma de um amor que busca o bem do próximo. Pensando no próximo, é melhor ficar com prejuízo do que ter razão diante de um juiz (1Co 6.8). É melhor deixar de beber ou comer algo, do que ofender outra pessoa (1Co 8.13).
Cada um desses três parágrafos (1 Co 1.18-2.5) trata de um tema relacionado com a cruz de Cristo. Nesta carta, Paulo enfatiza que a mensagem da cruz de Cristo não é algo a que se pode acrescentar a sabedoria humana para que seja uma mensagem mais lógica, mais sábia, mais bonita. A cruz de Cristo e sua pregação são coisas totalmente contrárias à sabedoria humana. Na verdade, quando olhada à luz da sabedoria humana, a cruz de Jesus é loucura. Mas é a loucura de Deus, que é ao mesmo tempo sabedoria e poder de Deus.
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Pr Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A igreja em tempos pós-pós-modernos!


26/01/2019
3º Epifania
Sl 27.1-9; Is 9.1-4; 1Co 1.10-18; Mt 4.12-25
Texto para pregação: 1Co 1.10-18
Tema: A igreja em tempos pós-pós-modernos!

Apesar de parecer impossível, havia em Corinto uma igreja (1Co 1.2). Mas, mesmo que a igreja seja um milagre de Deus, por ser composta por pecadores, a mesma têm seus problemas. E os problemas da igreja tornaram-se conhecidos pelo apostolo Paulo através de uma congregada chamada Cloé, que havia viajado a Éfeso, de onde o apostolo junto com Sóstenes, enviou essa carta.
Cloé não era uma fofoqueira, mas, apenas estava preocupada com a situação da congregação e o resultado dessas adversidades era a ocorrência de divisões e contendas. Objetivando dar respostas e conselhos a esses problemas, Paulo escreve essa carta que não é a primeira (1Co 5.9). Os primeiros nove versículos ressaltam como Deus vê a igreja. A igreja é um milagre de Deus (v.2), unida com Cristo (v.5), enriquecida em Cristo (v.5), testemunha de Cristo (v.5), cheia de dons espirituais (v.5,7), espera a volta de Cristo (v.7). Os versos 10 a 31 mostram como as pessoas veem a igreja.
As pessoas veem a igreja como sendo dividida. Qual motivo da desunião? A resposta das nossas confissões é que “sempre permanecerá uma santa igreja. E a igreja é a congregação dos santos, na qual o evangelho é pregado de maneira pura e os sacramentos são administrados corretamente. E para a verdadeira unidade da igreja basta que haja acordo quanto à doutrina do evangelho e administração dos sacramentos. Não é necessário que as tradições humanas ou os ritos e cerimonias instituídos pelos homens sejam semelhantes em toda a parte. Como diz Paulo: "Uma só fé, um só batismo, urn só Deus e Pai de todos, ..." (Ef 4). A divisão que persiste se deve ao entendimento contrário das Escrituras e das doutrinas.
Muitas pessoas atualmente, assim como na época do apostolo Paulo, não seguem a denominação cristã comprometida com a verdade e com a doutrina verdadeiramente cristã. As pessoas, assim como no youtube seguem o canal preferido. E na igreja cristã, o principal é a doutrina da fé.
O apostolo Paulo e o irmão Sóstenes, ao escreverem a carta aos Corintios, destacando quem é a igreja (v.1-9), sabendo que a mesma é um só corpo em Cristo, reprova o sectarismo (v.13). Ou seja, o pastor não ganha pessoas para si, mas para Cristo. O objetivo é levar pessoas à Cristo.
No verso 13, o apostolo faz três importantes perguntas: Está Cristo dividido? A divisão era tão grande, que parecia haver mais de um Cristo e Paulo parecia pregar um, Apolo outro e Cefas outro. Na carta aos Gálatas, Paulo escreve que há apenas um evangelho salvador (Gl 1.6-9).
Porque a igreja de Corinto vivenciou essa divisão? O seu contexto social, intelectual, cultural e religioso criou esse problema. Haviam muitas ideias em Corinto. Era a quarta maior cidade da época. Eram muitos líderes, filósofos, pensadores. E o desejo de se corintianizar era enorme. E ser corintianizado era o mesmo que estar aberto a muitas ideias. Era deixar de ser quadrado. E deixar de ser quadrado é para muitos deixar de pensar dentro da caixinha doutrinária, ou de uma única verdade. Para esses tempos pós-pós-modernos, não há uma verdade absoluta. E assim, quem anuncia uma verdade como sendo absoluta é questionado e taxado de quadrado.
Como a igreja está enfrentando esses tempos pós-pós-modernos? Há os que defendem uma igreja precisa pré-dispor a verdade para tentar levar uma verdade. Mas, uma vez colocada a verdade em cheque, ela sempre será taxada como mentira.
O apostolo Paulo e o irmão Sóstenes, pedem para que não haja divisão, ou seja, que não ocorra cisma. A palavra cisma significa tecido rasgado. O conselho é, não se dividam, assim como se divide um tecido rasgado.
Todo partido traz com ele seus problemas. É só observar no cenário político. Se um partido já não me agrada, eu mudo, ou crio outro. Partido, seja qual for, traz consigo seus infortúnios. Agora, imagina isso na igreja?
Paulo questiona sobre qual partido aquelas pessoas faziam parte. E pergunta ainda: vocês foram batizados em nome de quem? (v.15). Paulo e Sóstenes não estão diminuindo o batismo. Eles estão se colocando em seu lugar. É como sempre gosto de dizer: tive a honra de jogar água em muitas crianças e adultos, mas quem os batizou foi Deus. Fui e sou apenas um servo usado por Deus para tal feito.
As pessoas se orgulham de terem sido batizadas por esse ou aquele, em tal lugar ou em determinada localidade. Mas, não importa quem, local e idade. O importante é que pelo batismo, você pecador, foi coberto com a justiça de Cristo (Tt 3.5).
A divisão trazia e traz consigo um problema. Desvia-se as pessoas do conteúdo da mensagem que é a cruz de Cristo.
O evangelho nos coloca dentro da igreja cristã, a igreja de Cristo. A sabedoria humana nos afasta da comunhão dos santos, nos isola e segrega. E o apostolo fala justamente sobre isso. Ressalta que muitos estão ocupados em ser e viver como mentes abertas, suscetíveis as mudanças da época, da cultura, da filosofia e estão ignorando e levando outros a ignorar a mensagem da cruz de Cristo.
Assim como Jesus foi pedra de tropeço para muitos quando veio para salvar, a mensagem da cruz de Cristo têm se tornado pedra de tropeço para muitos em nossos dias. Qual foi a última vez que você ouviu uma palestra bíblica, doutrinária? Para com isso pastor. Precisamos que as pessoas participem, e elas precisam de um atrativo.
A cruz tornou-se escanda-lo, pois os judeus esperavam milagres, os gregos uma retórica sabia. E na busca e espera pelo milagre e pela sabedoria, judeus e gregos ignoravam o milagre da cruz e a sabedoria de Deus que é Cristo.
A igreja vive, assim como sempre viveu, dias conturbados. E a conturbação é viver sob a cruz. Quem disse que a vida sob a cruz é fácil. Cristianismo tornou-se sinônimo de vida abastada. A mensagem cristã tornou-se palavras de auto ajuda.
As pessoas pós-pós-modernas, gostam da ideia de corintianizar, ou seja, querem ser mente aberta e fecham-se para aquilo que Deus oferece gratuitamente na cruz.
Pessoas querem mostrar seu poder e força pelos argumentos e ignoram o fato de que o “evangelho é o poder de Deus para salvar” (Rm 1.16-17; 1Co 1.18).
Apesar de parecer impossível, há uma só igreja cristã. E essa é composta por àqueles que creem na obra realizada por Cristo na cruz. É a composição dos que foram atingidos pelo poder de Deus, o seu evangelho. E os que ainda não fazem parte da igreja cristã? Continua à disposição a única coisa que a igreja cristã possui para convencer essas pessoas: “o evangelho, a mensagem da cruz, o poder de Deus”. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

A igreja de Deus!

19/01/2020
2º Domingo de Epifania
Salmo 40.1-11; Isaías 49.1-7; 1Corintios 1.1-9; João 1.29-42
Texto para prédica: 1Corintios 1.1-9
Tema da prédica: A igreja de Deus

Peter Wagner escreveu que 1Coríntios é o livro com mais conselhos práticos para os cristãos atuais. Estudar 1Corintios é diagnosticar a igreja contemporânea e como um cirurgião ver internamente seus órgãos.
No final da segunda viagem missionária, Paulo plantou a igreja em Corinto. Conforme Lucas em Atos 18.11, Paulo pregou em Corinto por um ano e seis meses. Nesse tempo pessoas foram convertidos ao evangelho (1Co 4.15). Após esses 20 meses em Corinto, foi para Éfeso, e de lá mandou essa carta, 1Corinto.
Certamente, essa não foi a primeira carta aos coríntios, mas, é a primeira das duas que temos em nossas mãos. Paulo referiu-se a primeira carta que escreveu (1Co 5.9). Uma pena não sabermos seu paradeiro.
Nos dias do apostolo Paulo, a cidade de Corinto, possivelmente tinha uma população em torno de 400 mil pessoas. A quarta maior cidade, ficando atrás de Roma, Alexandria e Antioquia da Síria. Corinto era um caldeirão cultural composto por gregos, romanos, sírios e egípcios. O porto proporcionava um constante fluxo de viajantes. Pessoas vinham para participar ou assistir competições de atletismo. A cidade recebia muitos artistas, filósofos, empresários e outros. Todos esses visitantes faziam ofertas nos templos e sacrifícios aos mais variados deuses.
Corinto era uma metrópole vibrante e próspera. No entanto, o custo foi moral. Fraquezas e vícios do Oriente e do Ocidente se encontravam e se misturavam, assim, Corinto era descaradamente luxuosa e decadente moralmente. Foi considerada a cidade que mais incentivava os prazeres em toda a Grécia antiga. Viver como um coríntio, ou, ser corintianizado, tornou-se sinônimo de vida devassa e imoral. Dessa forma, ante toda essa moralidade, o apostolo Paulo, da cidade de Éfeso, escreveu essa carta visando dar uma resposta sobre um questionamento dos coríntios (1Co 7.1). E, juntamente com Sóstenes, apresenta o rosto dos congregados daquela comunidade em Corinto. Muitos estavam buscando se “corintianizar” ou seja, levar uma vida de prazeres desenfreados.
Os problemas daquela igreja tornaram-se conhecidos pelo apostolo Paulo através de uma congregada chamada Cloé, que havia viajado a Éfeso. Alguns podem pensar que seja uma fofoqueira, mas, o que essa mulher fez foi relatar que haviam muitas coisas na igreja em corinto que estavam em desacordo com aquilo que o apostolo Paulo havia ensinado. Naquela igreja estavam ocorrendo divisões e contendas. Procurando dar respostas a esses problemas, Paulo escreve essa carta a Corinto. E nesses primeiros nove versículos, os autores ressaltam como Deus vê a igreja. Dos versículos 10 a 31, mostra como nós vemos a igreja. Acho oportuno ler esses versos.
Temos muito em comum com a igreja de Corinto. Problemas afetaram aquela congregação. Esses, se tornaram obstáculos à epifania, a manifestação de Cristo ao mundo. A boa notícia é que apesar dos problemas que impediam a epifania em Corinto, aquela gente era “a igreja de Deus que está em Corinto” (1Co 1.2).
A igreja de Deus (1Co 1.1-3)
1) - é um povo separado por Deus e para Deus.
Igreja (1co 1.2). A expressão – ekklesia – significa um povo chamado para fora. É o povo tirado do mundo e separado para Deus para uso e propósitos sagrados. A igreja é uma assembleia local e universal, é o corpo de Cristo.
As palavras: “igreja de Deus que está em Corinto” (1Co 1.2), mostram que, apesar da “cara corintiana que envergonha a todos”, Deus realizou um grande milagre. Existe uma igreja! A igreja persiste!
O fato da igreja existir e persistir em Corinto e também entre nós, não se deve ao fato de sermos pessoas boas, mas, ao fato de que Deus ama seus filhos.
Apesar de não haver justificativa para sermos a “igreja de Deus”, pelo poder do evangelho ainda somos “chamados para ser santos”.
Os “santos” são aqueles que pertencem a Deus por causa de Jesus Cristo. Os “santos” não são pessoas especialmente devotas e perfeitas no âmbito da igreja. Os “santos” são aqueles que pertencem a Deus. Esses “santos” recebem a saudação: “Graça e paz”.
Essa saudação só foi possível porque os Coríntios tiveram sua “cara” transformada pelo evangelho. A graça, “charis”, “chairen” é desejo de bem estar e felicidade. Bem estar e felicidade possibilitado pelo evangelho.
Apesar de nossa “cara” apenas trazer “vergonha”, até fazendo com que outros se afastem e nem se interessem pela igreja, Deus continua se manifestando ao mundo, numa verdadeira epifania através de seus “santos e sua igreja”.
É maravilhoso ouvir que, apesar de tantas dificuldades morais, culturais, emocionais, intelectuais, em Corinto, pelo poder do evangelho houve uma igreja. O mesmo louvor se deve entre nós. A igreja é a demonstração do amor de Deus para seus filhos.
A igreja de Deus 2) – têm um dono.
A igreja não é minha, não é sua, não é nossa. A igreja é de Deus. Pertence a Deus, porque ele a comprou com o sangue de seu Filho (At 20.28). É assim, sabendo do seu dono, que Paulo escreve a igreja de Deus em Corinto e a nós igreja de Deus em Querência do Norte.
Deus não nos deu procuração para que a igreja seja nossa. A igreja ainda é do Senhor Jesus.
A igreja de Deus
3)é chamada para santidade
Em Cristo, somos santos (1Co 1.2). Estar em Cristo é ser santo. Deus nos torna santos quando nos concede a fé através dos meios da graça.
As palavras do apostolo Paulo: “aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, ...” (1Co 1.2), parecem ser contraditórias, pois se em Cristo já se é santo, porque diz que se é chamado a ser santo?
Não é contradição! Quem está em Cristo é convidado a permanecer em Cristo a vida inteira. Cuidado para não se corintianizarem a ponto de deixar Cristo.
A igreja de Deus
4)é uma família universal
... com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, ...” (1Co 1.2).
A igreja de Deus é maior que nossa denominação, maior do que nossa igreja local. Ela é composta por todos os que invocam o nome do Senhor Jesus Cristo em todos os lugares da terra. Quem está em Cristo faz parte da igreja de Deus espalhada por todo o mundo. Jesus, não é uma propriedade pertencente a determinada igreja. Em Jesus, a igreja é enriquecida. O apostolo escreveu: “... em tudo, fostes enriquecidos nele, ...” (1Co 1.5).
O termo grego Plutocraciaenriquecido, é referência a uma pessoa muito rica. O cristão não é uma pessoa pobre. Na verdade, é uma pessoa muito rica (Ef 1.3).
A igreja é enriquecida em toda a palavra, em todo conhecimento, com todos os dons espirituais (1Co 1.7; 2Co 8.7), ou seja, recebe todos os recursos necessários para realizar a missão de Deus.
Louvemos ao nosso Deus, afinal, somos “a igreja de Deus que está em ...” (1Co 1.2) e em tudo, fostes enriquecidos nele” (1Co 1.5). Não somos apenas enriquecidos, mas também “confirmados” (v.6), “chamados” (v.9) e “recebemos” (v.4) a graça de Deus. 
Toda essa obra de Deus, não poderia ser desfeita devido aos obstáculos humanos que atrapalham o progresso do evangelho e a manifestação de Cristo à outros. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Filhos amados!

12 de janeiro de 2020
Primeiro Domingo de Epifania
Salmo 29; Isaías 42.1-9; Romanos 6.1-11; Mateus 3.13-17
Texto: Mateus 3.17
Tema: Filhos amados!

O que você faria pelo seu filho(a)?
Depois que se é pai, sabe-se o quanto o amor é possível fazer.
O desejo do pai, ao desprender tanto amor, têm por objetivo ter um filho que lhe traga muita alegria. Mas, é preciso reconhecer que mesmo quando o(a) filho(a), não trazem a sonhada alegria, mas a tristeza indesejada, o pai dificilmente deixa de amá-lo e demonstrar esse amor pelo mesmo.
Jesus, o filho de Deus, de quem o evangelista Lucas ressalta que desde bebê dava alegria a José, Maria e a Deus (Lc 2.52), já adulto, com seus 30 anos, dirigiu-se da Galiléia para o Jordão, onde tinha por objetivo ser batizado.
Ser batizado?! Mas, o batismo não é um sacramento deixado por Deus para o pecador? Sim. A Bíblia, chama o batismo de lavar regenerador do Espírito Santo (Tt 3.5). Nós batizamos crianças porque as mesmas, diz a Bíblia, têm pecado (Rm 3.23), nascem em pecado (Sl 51.5) são por natureza filhos da ira (Ef 2.3), são carne, nascidas da carne (Jo 3.6).
No entanto, a Palavra de Deus é clara ao transmitir que: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hebreus 4.15). E ainda: “Ele não cometeu pecado algum, nem qualquer engano foi encontrado em sua boca” (1Pe 2.22).
Assim, qual foi a necessidade de Jesus batizar-se?
O próprio Cristo respondeu a João Batista e a nós: “...assim, nos convém cumprir toda a justiça” (Mt 3.15).
Jesus de fato não precisava se batizar, mas, ocupou-se de realizar toda a vontade de Deus para cumprir o plano de salvação.
Batismo não é coisa ultrapassada. É uma ação graciosa do Espírito Santo que age pela Palavra ligada a água. Pelo batismo nos tornamos filhos e filhas de Deus. E sabe o que é magnifico? Por causa da justiça de Cristo, Deus também exclama sobre nós: Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.
Não damos alegria a Deus por que somos bonzinhos. A alegria que damos a Deus, está na justiça de Cristo. O Batismo me cobre com essa justiça. Mesmo que, por rebeldia tenha me afastado de Deus e da fé, o batismo que um dia foi realizado em mim me permite voltar. E posso voltar, não por confiar em mim, mas por causa da justiça de Cristo.
Não escolhemos ser filho de quem somos. Mas, Deus, escolheu ser o nosso pai. E como pai, nos ama. E por amor, enviou o seu único filho para nos tornar seus filhos, filhos amados assim como Jesus. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann

domingo, 5 de janeiro de 2020

O servo de Deus vivo entre nós!


12 de janeiro de 2020
Primeiro Domingo de Epifania
Salmo 29; Isaías 42.1-9; Romanos 6.1-11; Mateus 3.13-17
Texto: Isaías 42.1-9
Tema: O servo de Deus vivo entre nós!

O texto de Isaías 42 é uma das quatro canções do Servo do Senhor do profeta Isaías.
São cânticos que retratam a promessa do envio e o caráter da missão do Servo do Senhor, Jesus Cristo.
Dito isso é preciso refletir em Isaías 42, observando o seu contexto. O capítulo 41 faz um paralelo entre Deus, sua grandeza e a operosidade do seu poder e a nulidade dos ídolos (Is 41.29).
Já que os ídolos nada são, o profeta anuncia: “aqui está o meu servo...o meu escolhido” (Is 42.1).
Quem é o servo? É o representante autorizado de Deus que “dá alegria ao seu coração” (Is 42.1). Após ser batizado, Deus exclamou do céu “Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria” (Mt 3.17). Frase essa que foi repetida por ocasião da transfiguração de Jesus (Mt 17.5).
Qual é a missão desse servo?
Isaías 42.3 revela por meio de uma metáfora o cuidado pastoral de Jesus com as ovelhas fracas e frágeis. Como se realizará esse cuidado?Anunciando a vontade de Deus” (Is 42.2,3), ou seja, proclamando a mensagem do reino. O evangelista João Marcos no início do seu evangelho: “A boa notícia que fala a respeito de Jesus Cristo, Filho de Deus, começou a ser dada” (Mc 1.1). Após a prisão de João Batista, Mateus diz que “daí em diante Jesus começou a anunciar a sua mensagem” (Mt 4.17).
Deus é a fonte de toda a vida nesse planeta. E sendo a fonte da vida, envia a água viva para que os que estão mortos renasçam (Is 42.5).
Acho muito apropriado ressaltar que quando Deus abre sua boca, gera vida. O profeta é enfático ao dizer: “E agora o Senhor diz o seu servo” (Is 42.5). Pela sua palavra (Jesus), Deus criou o mundo e tudo o que neles há (Jo1.3). Jesus é a palavra feito carne (Jo 1.14). Essa palavra liberta as pessoas da escuridão e cegueira (Is 42.7).
Deus é diferente dos ídolos. Ele envia e determina a missão do seu servo.
A Idolatria está presente na vida das pessoas. Será que confiamos em Deus em todas circunstâncias? O segundo mandamento, ao proibir tomar o nome de Deus em vão, proíbe a busca de alternativas para as dificuldades diárias. É um convite, à que nos momentos de angústia se busque refúgio em Deus, que criou o mundo e enviou o seu servo para nos socorrer.
Aqui vale destacar que Deus não tenta ninguém (Tg 1.13). No entanto, diante da tentação, Deus prova nossa fé. Cada tentação, visa destruir e Deus, ao permiti-las, visa nos fortalecer na fé (1Co 10.13). Jesus nos exortou a vigiar e orar para não sermos tentados, pois será mais fácil cair do que ficar de pé (Mt 26.41; Mc 14.38).
Deus nos criou e liberta pela sua palavra e ao dizer que seu evangelho é uma semente semeada, destacou que as pessoas ouvem a mensagem e a recebem com alegria, mas, por não estarem firmes na fé, ao chegar à tentação, abandonam tudo (Lc 8.13). Moisés, em Deuteronômio disse para que as pessoas ao olharem para o céu, não caiam na tentação de adorar o sol, a lua ou as estrelas (Dt 4.19).
Deus não quer que os joelhos criados por ele, se dobrem para outros deuses. Ele não quer que outros ídolos sejam adorados em lugar do servo enviado por ele.
Esse servo, enviado da parte de Deus, veio para “fazer tudo o que Deus espera dos seus filhos” (Mt 3.15). Quem está em Cristo é como se estivesse fazendo tudo o que Cristo fez. Deus nos ama em Cristo, por Cristo. Não temos nada para apresentar. Deus nos aceita por que Cristo realizou tudo por e para nós. O sangue de Cristo nos purifica de todo pecado (1Jo 1.7).
Como o servo que veio, morreu e ressuscitou a mais de dois mil anos continua me libertando?
Através da sua palavra. Pela boa notícia que trata a respeito de Cristo (Rm10.17). Essa Palavra é o lavar regenerador e renovador do Espírito (Tt 3.5). Deus continua a agir por meio da sua palavra. Palavra que nos dá vida no batismo, na pregação e santa ceia.
Jesus é o servo de Deus. Esse servo Jesus é a Palavra encarnada e pregada. É a palavra da vida. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A igreja é um povo abençoado!

Segundo Domingo de Natal
Salmo 119.97-104; 1Reis 3.4-15; Efésios 1.3-14; Lucas 2.40-52
Texto: Ef 1.3-14
Tema: A igreja é um povo abençoado!

Em 1916 morreu uma mulher americana muita rica. Sua fortuna estava calculada em $100 milhões de dólares. Seu nome era Hetty Green.
No entanto, Hetty Green, não ficou famosa pela riqueza que possuía, mas pela forma mesquinha e avarenta que vivia. Ela comia mingau de aveia frio para não gastar gás de cozinha. Seu filho teve que amputar a perna, por que ela demorou tanto tempo para encontrar atendimento “gratuito” que o caso tornou-se incurável. Hetty Green era uma mulher rica e, no entanto, escolheu viver como mendiga.
A igreja é riquíssima e abençoada, mas infelizmente vive como mendiga.
Efésios é a coroa dos escritos de Paulo. William Barclay considera essa epistola como a rainha das epistolas de Paulo.
Paulo estava preso em Roma quando escreveu a carta aos Efésios. Uma carta que trata da igreja e do propósito de Deus para ela. Paulo escreve para falar que a igreja é um povo abençoado.
Se diz que a carta aos Efésios é a carta da igreja, mas não é o único tema.
Efésios 1.3-14: texto que ressalta a obra trinitária, ressaltando a graça de Deus.
No verso 3, Paulo fala sobre o objetivo da carta.
A palavra grega eulogetosbendito, é usada somente com referência a Deus. Só ele é digno de ser bendito. O ser humano é bendito quando recebe suas bênçãos. E ao ser louvado pelas coisas que concede aos seres humanos, Deus é bendito.
A bênção espiritual é a bênção de Deus, do seu Espírito.
Epuraniois – expressão usada 5 vezes em Efésios e nenhuma outra vez no NT. Ela é uma palavra tipicamente da carta aos Efésios e mostra o que é próprio de Deus realizar. Regiões celestiais – onde Deus está, ou daquele que está em toda parte em Cristo. Deus nos abençoa por meio de Cristo, pois estamos em Cristo.
Nesses versículos (vv.3-14) temos três verdades: a fonte de nossas bênçãos; a natureza de nossas bênçãos; a esfera das bênçãos. Todas as bênçãos que recebemos é em Cristo. Todas as bênçãos que a igreja recebe são de procedência trinitária. Ao final da anunciação das bênçãos do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Paulo as conclui dizendo que as mesmas são “para louvor de sua glória”.
Quais são as bênçãos do Pai?
Ef 1.4 – Deus nos escolheu. Quem é o autor da eleição? Para que nos escolheu? Para o mesmo motivo pelo qual nos criou.
Deus o Pai nos escolheu para si mesmo em Cristo.
A bênção de Deus ter nos escolhido não está em nós, pois foi realizada antes da fundação do mundo. Não depende do que nós realizamos. Ele nos escolheu em amor.
Ele nos escolheu em Cristo para sermos santos e sem culpa diante dele em amor.
Ef 1.5 – Deus nos adotou.
Em amor, Deus nos predestinou para sermos filhos dele em Jesus Cristo.
A adoção aconteceu por causa do amor de Deus em Jesus. Em amor ele nos escolheu, predestinou e adotou.
No mundo romano a família baseava-se no regime patria potestas – poder do pai. Sob a lei romana, o pai possuía poder absoluto sobre seus filhos enquanto esses vivessem. Podia vendê-los, escraviza-los e até mata-los. O pai tinha direito de vida e de morte sob seus filhos. E a adoção consistia em passar de um pátria potestas para outro. O filho adotivo ganhava uma nova família, passava a usar o nome do novo pai e herdava seus bens.
A adoção apagava o passado e iniciava uma nova relação.
Lembre-se: filhos naturais nascem quando menos se espera, ou a qualquer momento. Mas, os filhos adotivos são atos conscientes, deliberado. É uma escolha voluntária. E assim como os filhos naturais passam a ter os mesmos direitos.
Somos filhos de Deus – recebemos um novo nome, temos uma nova herança.
Ef 1.6 – Deus nos aceitou
Não podemos, por mais que queiramos, nos fazer aceitáveis a Deus. Ele nos “deu gratuitamente no amado”.
Nossa justiça é como disse o profeta: um trapo de imundícia, mas em Cristo, no seu amado, nos fez aceitáveis.
As bênçãos do Filho (vv.7-12)
Jesus nos redimiu - Ef 1.7a.
O termo apolytrosis (Redimir) era uma palavra usada para o resgate de um homem feito prisioneiro de guerra ou escravo. Ela aplica-se também à libertação do homem da pena de morte merecida por algum crime. É a palavra que se usa para se referir à libertação dos filhos de Israel da escravidão do Egito, assim como o resgate continuo do povo eleito em tempo de tribulação.
Em cada uma dessas situações o homem é redimido, pois, não podia libertar a si mesmo, ou pagar o preço pela sua libertação.
Redimir é comprar e deixar livre mediante pagamento de um preço. A ideia de redenção é tornar livre uma coisa ou pessoa que se tornara propriedade de outra.
Na época de Paulo, havia no império romano, 60 milhões de escravos. Eram vendidos como se fossem uma peça de mobília. Um homem podia comprar um escravo e lhe dar liberdade. Foi isso que Cristo fez por nós. O preço foi seu sangue (Ef 1.7; 1Pe 1.18-19). Por isso, estamos livres da lei (Gl 5.1), livres da escravidão do pecado (Rm 6.1), do mundo (Gl 1.4) e de Satanás (Cl 1.13-14).
Jesus nos perdoou – Ef 1.7b
Perdoar quer dizer “levar embora”. Cristo morreu para levar nossos pecados embora a fim de que nunca mais sejam vistos. E esse perdão de Cristo é completo. Ele morreu para remover a culpa do nosso pecado. É o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).
Nenhuma acusação pode prosperar contra nós (Cl 2.14). Ele nos perdoou e de nossos pecados não se lembra mais. Esse perdão é imerecido, imediato e completo.
Jesus nos revelou a vontade do Pai Ef 1.8-10
Deus não só nos recebe como filhos, como nos ilumina com a compreensão de seu propósito.
Sua graça é derramada sobre nós em toda sabedoria e prudência (1.8).
Sabedoria – sophia, é o conhecimento que olha para o coração das coisas, e as conhece como de fato são. Prudência – phronesis, é a compreensão que leva a agir corretamente.
Assim, bem escreveu William Barclay: “Cristo outorga aos homens a habilidade de ver as grandes venturas da eternidade e de resolver os problemas de cada instante”. Deus revela ao homem o mistério da sua vontade.
Anakephalaiosasthai – fazer convergir, usada no sentido de juntar várias coisas e apresenta-las como uma só. O plano de Deus para a plenitude dos tempos, quando o tempo voltar a fundir-se na eternidade, é fazer convergir nele (em Cristo) todas as coisas, tanto no céu como na terra (1.10).
Se aqui há discórdia, na plenitude do tempo não mais haverá.
O que são todas as coisas que se convergirão em Cristo?
São todos os vivos e mortos. Os cristãos que estão em Cristo agora (v.1); os que receberam a bênção da eleição (v.3,4), da adoção (v.5), da graça (v.6) e da redenção (v.7). E claro, a própria redenção, libertação da natureza, humanidade, que agora geme.
Jesus nos fez herança (Ef 1.11-12)
Em Cristo temos uma herança (1Pe 1.1-4) e somos uma herança. Somos valiosos em Cristo. Pense no preço pago por Deus em Cristo por você para que se tornasse sua herança.
O povo de Deus são os santos de Deus (v.1), herança de Deus (v.11), possessão de Deus (v.14).
As bênçãos do Espírito Santo (vv.13-14)
São duas as bênçãos do Espírito Santo concedidas a nós. Chamadas por Paulo aqui de selo e garantia.
Temos o selo do Espírito Santo (Ef 1.13)
O que é o selo do Espírito Santo?
Hendriksen fala de três funções do selo. Garantir a autenticidade do documento (Et 3.12); marcar uma propriedade (Ct 8.6); proteger contra violação ou dano (Mt 27.66).
Pode-se enumerar também quatro aspectos de ser selado pelo Espírito.
1) - o selo marca uma transação consumada. O selo indica a finalização da transação. A obra de Jesus foi consumada na cruz, e o Espírito Santo nos sela, dando nos a garantia dessa transação concluída.
2) – o selo marca um direito de posse. No mundo antigo, o selo representava o símbolo pessoal do proprietário ou do remetente de algo. O selo marcava se uma carta era autêntica ou falsa.
O selo de Deus em nós, marca que somos de fato de verdade seus filhos, herdeiros, e sua propriedade exclusiva (1Co 6.19-20; 1Pe 2.9).
Os escravos eram marcados com um selo para indicar de quem eram propriedade. O selo de Deus, não é visível aos olhos humanos.
3) - O selo é garantida de proteção e segurança. O evangelista Mateus (Mt 27.62-66) dava segurança de que a tumba de Jesus não seria violada por mãos humanas.
4) – O selo apresenta autenticidade. O selo, bem como a assinatura mostra a autenticidade do documento. Paulo escreveu aos romanos (Rm 8.9).
As bênçãos do Espírito Santo.
Temos a garantia do Espírito Santo Ef 1.14.
O Espírito Santo nos foi dado como garantia. A palavra grega arrabon, de origem hebraica, entrou no uso da língua grega por intermédio dos fenícios. E usado no grego moderno tanto para aliança como para a primeira prestação, depósito, entrada.
Arrabon representava a primeira parcela, a entrada em dinheiro, indicando que o negócio seria concluído. É o depósito para garantir que o negócio será fechado.
O Espírito é esse arrabon, ou seja, a parcela que garante aos filhos de Deus, que a obra será terminada. A coisa dada está relacionada com a coisa garantida. Ou seja, o reino celestial é um reino presente.
A redenção tem três estágios: fomos redimidos, justificação (Ef 1.7); estamos sendo redimidos, santificação (Rm 8.1-4), e seremos redimidos, glorificação (Ef 1.14).
Todas essas bênçãos vem de Deus Pai, Filho e Espírito Santo e visa tão somente o louvor.
O nosso fim principal é glorificar a Deus, e o fim ultimo de Deus é glorificar a si mesmo.
Para louvor da sua glória!
A escolha que Deus faz é em Cristo e amor. Deus nos escolhe em Cristo. Em Cristo somos escolhidos em amor. Não se baseia naquilo que somos, mas no que Deus é em Cristo. Todos estamos debaixo da mesma escolha, em Cristo. A glória de Deus está no fato de que ele é gracioso.
Edson Ronaldo Tressmann

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