07 de Abril de 2019
Salmo 126; Isaías 43.16-21; Filipenses 3.8-14; Lucas 20.9-20
Quinto Domingo na Quaresma
Texto: Isaías 43.16-21
Tema: Não vivam no passado!
Quem vive de passado é museu e arqueólogo.
No entanto, minha vida parece uma
verdadeira aula de arqueologia e uma visita ao museu, só falando e pensando no
passado.
Pelo Profeta Isaías, Deus disse ao
seu povo: “esqueçam
o que se foi; não vivam no passado” (Is 43.18). E ao propor que
esqueçam o passado, Deus faz uma promessa: “Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz;
porventura, não o percebeis? ...” (Is 43.19).
Quando alguém fica preso no passado,
não consegue ver as coisas boas do presente e nem a luz do futuro.
O apostolo Paulo consegue
desvencilhar-se do passado, dizendo que seu passado era lixo e agora sabe qual
é o seu futuro (Fp 3.8-14).
O profeta Isaías é considerado o
evangelista do Antigo Testamento, afinal, foi o profeta que mais falou sobre o
Messias. Além das dezenas de profecias, relata fielmente como seria a entrega
de Jesus pelos pecadores. O profeta Isaías, pelo poder do Espírito Santo parece
ter se projetado aos pés da cruz para escrever o capítulo 53.
Um dos eventos que mais é citado no
Antigo Testamento (cerca de 150 vezes) é a abertura do mar vermelho para o povo
passar e assim iniciar sua jornada de liberdade da escravidão.
No entanto, por mais que o passado
tenha sido glorioso (Is 43.16-17), farei coisa mais espantosa e maravilhosa,
apenas percebam as coisas.
O grande tema do capítulo 43 é a
pergunta de Deus: não o percebeis? (Is 43.19).
Muitas vezes, sejam devido as coisas
boas ou até as ruins, paralisamos no tempo. O passado não nos deixa progredir.
Ora, por lamentarmos que as coisas boas do passado estão no passado, ora,
porque os traumas dos episódios ocorridos nos trancam em nós mesmos.
Paulo relata muito bem essa questão
na sua carta aos Filipenses. No meu passado me julgava melhor que outros por
ser um fariseu, mas em Cristo, eu sei que o meu futuro é muito extraordinário
(Fp 3.8-14).
Deus anuncia ao seu povo por voz do
seu profeta a seguinte mensagem. Por mais que sejam espantosas os atos
extraordinários de Deus no passado, não é comparado ao que irá fazer no futuro.
Parem de olhar para o passado e olhem para o futuro. E o futuro é a libertação
do cativeiro Babilônico.
O chamado de Deus aqui é para que o
povo pare de olhar para as memórias das glórias do passado e viva na esperança
do futuro que já está preparado.
É interessante perceber que a
linguagem bíblica descreve o futuro como sendo algo que já está para acontecer
amanhã. No entanto, eventos anunciados pelo Profeta Isaías demoraram anos para
acontecer, e muitos outros ainda nem sequer aconteceram.
Essa linguagem é constante na Palavra
de Deus (Ag 2.6; Tg 5.9; Ap 22.20). No entanto essa linguagem de um futuro
muito próximo como se fosse ainda hoje, tal como a expressão do profeta Isaías
“...que está
saindo à luz ...” (v.19), é a mensagem de Deus para que se olhe para
o futuro com certa esperança.
A luz é uma menção clara ao salvador
prometido. É demonstração para seu povo, que mesmo no cativeiro, não haviam
sido esquecidos por Deus. Em outras palavras, não se esqueçam de que eu os
formei para que a luz venha de vocês. E essa luz já está por sair. E com essa
mensagem, Deus pergunta ao seu povo: porventura, não
o percebeis? (Is 43.19), ou melhor, por acaso, vocês se esqueceram de que eu
fiz e eu cumpro promessas?
Não rejeitem a minha promessa,
mensagem, olhando para o passado, como se eu pudesse agir somente no passado.
Coisas que eu fiz no passado não são nada, comparadas as coisas que farei no
futuro. Essa mesma mensagem vale para nós, conforme escreveu Pedro em sua
segunda carta: “Nós,
porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos
quais habita a justiça” (2Pe 3.13), por isso o apostolo Paulo
inspirado pelo Espírito Santo nos adverte dizendo: “...através de muitas tribulações, nos
importa entrar no reino de Deus” (At 14.22).
É preciso lembrar que essa mensagem é
verdadeira, pois a mesma procede de Deus. Tanto no verso 1, quanto no verso 14
está registrado: “Assim diz o Senhor”. Deus é a fonte dessa promessa.
E esse Senhor não é qualquer um, mas o que vos redime.
Ao ser chamado de redentor, o profeta
destaca que Deus é aquele que defende, protege e resgata (Is 49.26). Na época,
entre o povo de Israel, redentor era
uma espécie de protetor da família, alguém que ajudava qualquer parente que
estivesse com problemas (Is 41.14). O apostolo Paulo escreveu aos Gálatas: “Pois todos vós
sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26).
Deus tem um relacionamento íntimo
conosco assim como teve com seu povo Israel. Os títulos: Senhor (Ex 3.14,15),
Santo (Is 1.4), Criador de Israel (Is 40.26; 41.20), vosso Rei (Is 41.21),
mostram esse íntimo relacionamento.
Quão maravilhoso é saber que Deus se
relaciona conosco e tem intimidade conosco. Não fiquem pensando tão somente nos
atos poderosos de Deus do passado, olhem para o futuro que já parece ser hoje.
Ao povo de Israel, o novo,
era a ordem de Ciro para que os exilados retornassem à Jerusalém (Is 45.1).
Estamos presos ao tempo, como se tudo
estivesse limitado ao aqui e agora. Os doentes sofrem, pensando no tempo em que
tinham saúde. Os enlutados choram, achando que a sepultura é a última morada de
seu ente querido. Precisamos ouvir a mensagem do profeta Isaías: “Eis que faço
coisa nova, ...” (Is 43.19), “...novo céu e nova terra” (Is 65.17).
E dessa forma, Deus nos questiona: “porventura, não
o percebeis?” (Is 43.19).
Somos a igreja de Deus, formado como
disse o profeta para louvar a esse Deus que tem conosco uma intimidade
profunda, amorosa e misericordiosa (Is 43.21).
Edson Ronaldo Tressmann
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