domingo, 14 de abril de 2024

Guia-me pelas veredas da justiça e todos os dias habitarei na casa do Senhor! Salmo 23

 21 de abril de 2024

Quarto Domingo de Páscoa

Salmo 23; Atos 4.1-12; 1Jo 3.16-24; João 10.11-18

Texto: Salmo 23

Tema: Guia-me pelas veredas da justiça e todos os dias habitarei na casa do Senhor!

 

O fato é que o Salmo 23 é tão popular que encontramos quadros com todo o salmo ou pequenas frases do salmo em rodovias, no lameiro dos caminhões. Encontra-se quadros pendurados em salões de beleza, sorveterias, oficinas mecânicas, casas, ...

O Salmo 23 se tornou uma oração que acompanha as pessoas no dia a dia. Em caso de qualquer natureza de dificuldade, basta recordar parte o u todo o Salmo 23, e o ânimo passa a ser outro. Milhares de pessoas já foram confortadas no leito da morte com as palavras do Salmo 23.

Um salmo muito curto. Na versão hebraica são apenas 56 palavras.

Nesse Salmo, Deus é apresentado como um pastor (vv.1-4) e um hospedeiro (vv.5-6).

Esse Salmo é um verdadeiro diálogo, onde Davi se dirige a Deus e aos ouvintes do Salmo. Nesse salmo temos um pastor que guia, orienta, alimenta e busca a ovelha.

O salmo 23 possui uma riquíssima dimensão teológica. O que é afirmado nesse salmo traz consolo em toda e qualquer situação.

Interessante que Jesus se denomina como sendo O bom pastor.

Esse pastor, descrito pelo Salmo e descrito por Jesus como sendo Ele mesmo, foi anunciado e descrito pelo profeta Ezequiel quando o povo de Deus estava cativo na Babilônia (Ez 34.15).

Davi, o autor do Salmo era pastor de ovelhas (2Sm 16.11) e foi escolhido por Deus para ser pastor do povo (Sl 78.71-72). Ao dizer isso, registro que no Salmo 23, Davi insiste em dizer que Deus é o seu pastor e o quanto necessita desse pastoreio divino.

Você precisa ser pastoreado por esse bom pastor!

Pastor e ovelhas caminham juntos!

Davi ensina, mesmo como líder e rei do povo, que a verdadeira liderança pertence a Deus. É de Deus o pastoreio. Ele pastoreia com um objetivo muito simples.

Vejamos na leitura do Salmo 23, as qualidades do pastoreio divino. Ele é pastor de cada um (como se pastoreasse apenas você); não nos deixa ter carência de nada; permite descansar tranquilamente; conduz em segurança mesmo em meio a perigos; restitui as forças para a alma; guia por caminhos certos, mesmos parecendo estar caminhando num caminho ruim.

No Salmo 23, Davi fala sobre o pastor. Essa ovelha é testemunha pessoal do pastoreio divino. Davi descreve a sensação de como é agradável ser ovelha desse pastor.

Ser ovelha é tranquilo, mas, ser pastor envolve muito trabalho.

No antigo Israel, o trabalho do pastor é descrito como uma luta árdua, e as vezes dramática, para garantir a permanência do rebanho. Ouça o que disse Jacó ao seu sogro Labão: “Durante os vinte anos que trabalhei para o senhor, as suas ovelhas e as suas cabras nunca tiveram abortos, e eu não comi um só carneiro do seu rebanho. Nunca lhe trouxe os animais que as feras mataram, mas eu mesmo pagava o prejuízo. O Senhor me cobrava qualquer animal que fosse roubado de dia ou de noite. A minha vida era assim: de dia o calor me castigava, e de noite eu morria de frio. E quantas noites eu passei sem dormir” (Gn 31.38-40).

O próprio Davi ao querer convencer Saul de lutar com o gigante disse: “...eu tomo conta das ovelhas do meu pai. Quando um leão ou um urso carrega uma ovelha, eu vou atrás dele, ataco e tomo a ovelha. Se o leão ou o urso me ataca, eu o agarro pelo pescoço e o golpeio até matá-lo. Tenho atacado leões e ursos...” (1Sm 17.34-36).

Vida de um pastor não era fácil. Na verdade, cuidar de um rebanho era exigente e muito perigoso. Por isso, Jesus ao se descrever como o bom pastor diz que o assalariado, aquele que cuida de um rebanho que não é seu, foge diante de qualquer perigo proveniente de um lobo.

Pastor e rebanho estavam sempre em caminhada. Interessante que o salmista enumera a ovelha, pois diferentemente da cabra que não consegue se equilibrar quando precisa passar em lugares apertados. As cabras rapidamente ficam com sede e não suportam caminhadas longas (Pv 4.26; Is 26.7).

Davi, a ovelha no salmo 23, diz que por causa desse pastor, não sente falta de nada. A ideia de ausência de carência também está presente no Salmo 34.11; 8.6. Seria muito maravilhoso podermos confessar: não sinto falta de nada.

Confessar: nada me faltará provém da certeza de quem é o nosso pastor.

O pastor oferece ao rebanho: pastos verdes (Ez 34.14); ervas novas, águas tranquilas. Conduz à lugares de vida e não de morte. E junto a tudo isso, o pastor restaura a alma (Sl 23.3), ou seja, recolhe as ovelhas dispersas (Ez 39.27).

Além de guiar seu rebanho, o pastor se ocupa em trazer de volta as ovelhas perdidas.

Você precisa ser pastoreado por esse bom pastor!

Pastor e ovelhas caminham juntos!

No salmo 23, em especial nos três primeiros versículos ocorrem os seguintes verbos: conduzir v.2; trazer de volta v.3; guiar v.3.

O salmista Asafe no Salmo 77.21 escreveu: “guiaste teu povo como um rebanho”.

O pastor nos conduz, traz de volta e guia pela trilha da justiça (Sl 23.3).

Você já caminhou numa trilha?

Uma trilha é um caminho por onde alguém já trilhou. Quem caminha numa trilha segue o caminho deixado por outro.

Pelas veredas (trilhas) da justiça (Sl 23.3) o pastor quer trazer a ovelha de volta. Seu desejo é devolver para a ovelha seu bem-estar, sua vida. Afinal, ovelha não sobrevive sozinha.

Na caminhada do pastor com sua ovelha, ambos trilham a vereda da justiça. Com justiça o pastor quer guiar (Sl 5.9), pois pastoreia segundo o direito (Ez 34.16).

Aprendemos na Palavra de Deus a respeito das trilhas do Senhor (Sl 17.5). E essa trilha é a justiça, o direito e a retidão (Pv 2.9). Nessas trilhas pingam gordura (Sl 65.12). O próprio pastor (Deus) se propõe aplainar a trilha do justo (Is 26.7; Pv 5.21), significando ensinar o caminho da sabedoria e fazê-lo andar nas trilhas da retidão (Pv 4.11).

Ser guiado pela vereda da justiça significa ser conduzido e guiado num caminho que o povo de Deus conhece. Esse caminho se transformou em ensino. Por isso o salmista diz: feliz quem sente prazer nesse ensino (Sl 1.2). Por esse fato, Deus é tão insistente quanto a questão do ensino (Sl 113). Por essa razão, em um de seus mandamentos solicitou a dedicação de um dia por semana retornar a casa do Senhor (Sl 23.6; 122) e aprender o ensino a respeito da trilha do pastor divino.

Você precisa ser pastoreado por esse bom pastor!

Pastor e ovelhas caminham juntos!

Essa trilha da justiça na qual sou guiado e conduzido deve-se ao amor do seu nome (Sl 23.3).

O nome do Senhor é modelo de justiça. Deus santificou seu nome ao libertar seu povo da escravidão (Lv 22.31-33). O nome de Deus garante que Deus é o que sempre foi (Ex 3.14).

YAHWEH significa sou o que sou, estou sempre presente. E por isso, o salmista destaca que o pastor está sempre com sua ovelha (Sl 23.4).

O pastor é pastor e conduz como conduz por causa do seu nome. Tudo o que o pastor divino faz em benefício das ovelhas, o faz por ser e estar presente.

O fato é que enquanto rebanho e pastor estão caminhando, surgem adversidades. Assim como surgia na caminhada de um lugar para outro. E o salmista diz: mesmo que (Sl 23.4). Nesses momentos se prova o pastoreio divino. Mesmo que eu ande por um vale escuro, não tenho medo, porque tu estás comigo. Teu bastão e cajado, me confortam.

Era natural que durante a caminhada, surgissem caminhos íngremes, estreitos e montanhosos. Assim é a região desértica de Judá. Devido as montanhas, a luz do dia não chega com força total e o dia termina antes. E por ser lugar montanhoso, a travessia é perigosa. Para que tudo corra bem na travessia, duas coisas são essenciais: o bastão e o cajado.

Bastão – uma vara mais curta, mais resistente e pesada. Num dos lados é arredondado, como uma pequena maça. O bastão possui esse formato pois se torna uma arma para defender o rebanho diante de algum animal selvagem.

Cajado – mais comprido, sendo possível ao pastor se apoiar. O cajado conduz o rebanho. O pastor toca com o cajado nas rochas para que os animais sejam guiados pelo som. Outras vezes, com o cajado conseguia tirar um galho de árvore da frente.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, ...” (Sl 23.4).

Em hebraico a palavra escuridão ilustra um lugar marcado pela opressão (Is 9.1,3). O deserto por onde o povo de Deus caminhou é descrito como sendo terra de aridez e escuridão (Jr 2.6).

Escuridão é tudo aquilo que ameaça a existência do rebanho e da ovelha. É lugar onde não há segurança de sobrevivência. Ao exclamar “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, ...” (Sl 23.4), Davi enfatiza que o pastor divino está com quem passa por essa situação. O Senhor, o pastor divino, transforma luz em escuridão (Jr 2.16), mas também a escuridão numa manhã luminosa (Am 5.8). A ação divina ocorre de acordo com as circunstâncias que surgem.

Você precisa ser pastoreado por esse bom pastor!

Pastor e ovelhas caminham juntos!

A ovelha é conduzida em segurança e quando chega aonde é para chegar, ela é bem recebida. O pastor divino é hospitaleiro.

A ovelha é alimentada (Sl 23.5).

Asafe no Salmo 78.19 escreveu que o povo se perguntava: “Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?” Sabemos que o rebanho do pastor divino foi alimentado no deserto.

A hospitalidade do pastor divino se dá em meio aos agressores das ovelhas (Sl 23.5).

A expressão agressor (inimigos, Sl 23.5) é uma referência as pessoas que causam aflições a outras pessoas. São os lobos da parábola contada por Jesus (Jo 10.12).

Ao saber que o pastor oferece segurança e alimentação em meio aos agressores é consolador.

Por ocasião de uma refeição festiva, era colocada uma pequena quantia de gordura perfumada na cabeça da pessoa. À medida que o corpo ia se aquecendo, a gordura que derretia espalhava perfume por todo ambiente (Sl 133.2). Esse cheiro refrescava a pele da cabeça e auxiliava no repouso. Por isso, “unges a minha cabeça com óleo...” (Sl 23.5) e “o meu cálice transborda...” (Sl 23.5).

A abundância do hospedeiro é dispensada ao hospede. Transbordante (Sl 23.5) significa beber até ficar embriagado. A taça transbordante significa bem-estar do coração. Ou seja, a presença de Deus é tão profunda somos regozijados até mesmo nos piores momentos da vida (em meio aos inimigos).

Você precisa ser pastoreado por esse bom pastor!

Pastor e ovelhas caminham juntos!

Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre” (Sl 23.6).

O Salmo que descreve uma caminhada, a trilhas e os perigos na peregrinação, termina destacando que não são os inimigos que perseguem a ovelha do rebanho do pastor. O rebanho é perseguido pela bondade e misericórdia do pastor divino.

O verbo hebraico perseguir transmite a ideia de alguém que está agarrado (Sl 71.11).

Eu sou uma ovelha agarrada e quando desgarrada, fui buscada pelo pastor divino. O trilho da justiça é o caminho onde estou seguro pela bondade e misericórdia de Deus. Por esse motivo, retorno todo o tempo para a casa de Deus. Um lugar onde sou alimentado e fortalecido.

O Salmo 23 é contraponto do Salmo 22. Enquanto no Salmo 22, o homem nem se sentia mais um ser humano, tamanho sofrimento, no Salmo 23, esse ser humano é conduzido pelo pastor divino.

Você precisa ser pastoreado por esse bom pastor!

Pastor e ovelhas caminham juntos!

Que maravilhoso conhecer esse pastor divino que disse de si mesmo: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

 

Bibliografia

Fernandes, Leonardo Agostini. Dança, ó terra: interpretando Salmos. São Paulo: Paulinas, 2013.

Stadelmann, Luis I.J. Os Salmos da Bíblia. São Paulo: Edições Loyola e Paulinas. 2015.

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