21 de abril de 2024
Quarto Domingo de Páscoa
Salmo 23; Atos 4.1-12; 1Jo 3.16-24; João 10.11-18
Texto:
Salmo 23
Tema: Guia-me pelas veredas da justiça e todos os dias
habitarei na casa do Senhor!
O
fato é que o Salmo 23 é tão popular que encontramos quadros com todo o salmo ou
pequenas frases do salmo em rodovias, no lameiro dos caminhões. Encontra-se
quadros pendurados em salões de beleza, sorveterias, oficinas mecânicas, casas,
...
O
Salmo 23 se tornou uma oração que acompanha as pessoas no dia a dia. Em caso de
qualquer natureza de dificuldade, basta recordar parte o u todo o Salmo 23, e o
ânimo passa a ser outro. Milhares de pessoas já foram confortadas no leito da
morte com as palavras do Salmo 23.
Um
salmo muito curto. Na versão hebraica são apenas 56 palavras.
Nesse
Salmo, Deus é apresentado como um pastor (vv.1-4) e um hospedeiro (vv.5-6).
Esse
Salmo é um verdadeiro diálogo, onde Davi se dirige a Deus e aos ouvintes do
Salmo. Nesse salmo temos um pastor que guia, orienta, alimenta e busca a
ovelha.
O
salmo 23 possui uma riquíssima dimensão teológica. O que é afirmado nesse salmo
traz consolo em toda e qualquer situação.
Interessante
que Jesus se denomina como sendo O bom pastor.
Esse
pastor, descrito pelo Salmo e descrito por Jesus como sendo Ele mesmo, foi
anunciado e descrito pelo profeta Ezequiel quando o povo de Deus estava cativo
na Babilônia (Ez 34.15).
Davi,
o autor do Salmo era pastor de ovelhas (2Sm 16.11) e foi escolhido por Deus
para ser pastor do povo (Sl 78.71-72). Ao dizer isso, registro que no Salmo 23,
Davi insiste em dizer que Deus é o seu pastor e o quanto necessita desse
pastoreio divino.
Você precisa ser pastoreado por esse
bom pastor!
Pastor e ovelhas caminham juntos!
Davi
ensina, mesmo como líder e rei do povo, que a verdadeira liderança pertence a
Deus. É de Deus o pastoreio. Ele pastoreia com um objetivo muito simples.
Vejamos
na leitura do Salmo 23, as qualidades do pastoreio divino. Ele é pastor de cada
um (como se pastoreasse apenas você); não nos deixa ter carência de nada; permite
descansar tranquilamente; conduz em segurança mesmo em meio a perigos; restitui
as forças para a alma; guia por caminhos certos, mesmos parecendo estar
caminhando num caminho ruim.
No
Salmo 23, Davi fala sobre o pastor. Essa ovelha é testemunha pessoal do
pastoreio divino. Davi descreve a sensação de como é agradável ser ovelha desse
pastor.
Ser
ovelha é tranquilo, mas, ser pastor envolve muito trabalho.
No
antigo Israel, o trabalho do pastor é descrito como uma luta árdua, e as vezes
dramática, para garantir a permanência do rebanho. Ouça o que disse Jacó ao seu
sogro Labão: “Durante os vinte anos que
trabalhei para o senhor, as suas ovelhas e as suas cabras nunca tiveram
abortos, e eu não comi um só carneiro do seu rebanho. Nunca lhe trouxe os
animais que as feras mataram, mas eu mesmo pagava o prejuízo. O Senhor me
cobrava qualquer animal que fosse roubado de dia ou de noite. A minha vida era
assim: de dia o calor me castigava, e de noite eu morria de frio. E quantas
noites eu passei sem dormir” (Gn 31.38-40).
O
próprio Davi ao querer convencer Saul de lutar com o gigante disse: “...eu tomo conta das ovelhas do meu pai. Quando um leão
ou um urso carrega uma ovelha, eu vou atrás dele, ataco e tomo a ovelha. Se o
leão ou o urso me ataca, eu o agarro pelo pescoço e o golpeio até matá-lo.
Tenho atacado leões e ursos...” (1Sm 17.34-36).
Vida
de um pastor não era fácil. Na verdade, cuidar de um rebanho era exigente e
muito perigoso. Por isso, Jesus ao se descrever como o bom pastor diz que o
assalariado, aquele que cuida de um rebanho que não é seu, foge diante de
qualquer perigo proveniente de um lobo.
Pastor
e rebanho estavam sempre em caminhada. Interessante que o salmista enumera a
ovelha, pois diferentemente da cabra que não consegue se equilibrar quando
precisa passar em lugares apertados. As cabras rapidamente ficam com sede e não
suportam caminhadas longas (Pv 4.26; Is 26.7).
Davi,
a ovelha no salmo 23, diz que por causa desse pastor, não sente falta de nada. A
ideia de ausência de carência também está presente no Salmo 34.11; 8.6. Seria
muito maravilhoso podermos confessar: não sinto
falta de nada.
Confessar:
nada me faltará provém da certeza de
quem é o nosso pastor.
O
pastor oferece ao rebanho: pastos verdes (Ez 34.14); ervas novas, águas
tranquilas. Conduz à lugares de vida e não de morte. E junto a tudo isso, o
pastor restaura a alma (Sl 23.3), ou seja, recolhe as ovelhas dispersas (Ez
39.27).
Além
de guiar seu rebanho, o pastor se ocupa em trazer de volta as ovelhas perdidas.
Você precisa ser pastoreado por esse
bom pastor!
Pastor e ovelhas caminham juntos!
No
salmo 23, em especial nos três primeiros versículos ocorrem os seguintes
verbos: conduzir v.2; trazer de volta v.3; guiar v.3.
O
salmista Asafe no Salmo 77.21 escreveu: “guiaste
teu povo como um rebanho”.
O
pastor nos conduz, traz de volta e guia pela trilha da justiça (Sl 23.3).
Você já caminhou numa trilha?
Uma
trilha é um caminho por onde alguém já trilhou. Quem caminha numa trilha segue
o caminho deixado por outro.
Pelas veredas (trilhas) da justiça (Sl
23.3) o pastor quer trazer a ovelha de volta. Seu desejo é devolver para a
ovelha seu bem-estar, sua vida. Afinal, ovelha não sobrevive sozinha.
Na
caminhada do pastor com sua ovelha, ambos trilham a vereda da justiça. Com
justiça o pastor quer guiar (Sl 5.9), pois pastoreia segundo o direito (Ez
34.16).
Aprendemos
na Palavra de Deus a respeito das trilhas do Senhor (Sl 17.5). E essa trilha é a
justiça, o direito e a retidão (Pv 2.9). Nessas trilhas pingam gordura (Sl
65.12). O próprio pastor (Deus) se propõe aplainar a trilha do justo (Is 26.7;
Pv 5.21), significando ensinar o caminho da sabedoria e fazê-lo andar nas
trilhas da retidão (Pv 4.11).
Ser
guiado pela vereda da justiça significa ser conduzido e guiado num caminho que
o povo de Deus conhece. Esse caminho se transformou em ensino. Por isso o
salmista diz: feliz quem sente prazer nesse
ensino (Sl 1.2). Por esse fato, Deus é tão insistente quanto a
questão do ensino (Sl 113). Por essa razão, em um de seus mandamentos solicitou
a dedicação de um dia por semana retornar a casa do Senhor (Sl 23.6; 122) e
aprender o ensino a respeito da trilha do pastor divino.
Você precisa ser pastoreado por esse
bom pastor!
Pastor e ovelhas caminham juntos!
Essa
trilha da justiça na qual sou guiado e conduzido deve-se ao amor do seu nome
(Sl 23.3).
O
nome do Senhor é modelo de
justiça. Deus santificou seu nome ao libertar seu povo da escravidão (Lv
22.31-33). O nome de Deus garante que Deus é o que sempre foi (Ex 3.14).
YAHWEH
significa sou o que sou, estou sempre presente. E por isso, o salmista
destaca que o pastor está sempre com sua ovelha (Sl 23.4).
O
pastor é pastor e conduz como conduz por causa do seu nome. Tudo o que o pastor
divino faz em benefício das ovelhas, o faz por ser e estar presente.
O
fato é que enquanto rebanho e pastor estão caminhando, surgem adversidades.
Assim como surgia na caminhada de um lugar para outro. E o salmista diz: mesmo que (Sl 23.4). Nesses momentos se prova
o pastoreio divino. Mesmo que eu ande por um vale escuro, não tenho medo,
porque tu estás comigo. Teu bastão e cajado, me confortam.
Era
natural que durante a caminhada, surgissem caminhos íngremes, estreitos e
montanhosos. Assim é a região desértica de Judá. Devido as montanhas, a luz do
dia não chega com força total e o dia termina antes. E por ser lugar
montanhoso, a travessia é perigosa. Para que tudo corra bem na travessia, duas
coisas são essenciais: o bastão e o cajado.
Bastão
– uma vara mais curta, mais resistente e pesada. Num dos lados é arredondado,
como uma pequena maça. O bastão possui esse formato pois se torna uma arma para
defender o rebanho diante de algum animal selvagem.
Cajado
– mais comprido, sendo possível ao pastor se apoiar. O cajado conduz o rebanho.
O pastor toca com o cajado nas rochas para que os animais sejam guiados pelo
som. Outras vezes, com o cajado conseguia tirar um galho de árvore da frente.
“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da
morte, ...” (Sl 23.4).
Em
hebraico a palavra escuridão ilustra um lugar marcado pela opressão (Is 9.1,3).
O deserto por onde o povo de Deus caminhou é descrito como sendo terra de
aridez e escuridão (Jr 2.6).
Escuridão
é tudo aquilo que ameaça a existência do rebanho e da ovelha. É lugar onde não
há segurança de sobrevivência. Ao exclamar “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, ...” (Sl 23.4), Davi enfatiza que o
pastor divino está com quem passa por essa situação. O Senhor, o pastor divino,
transforma luz em escuridão (Jr 2.16), mas também a escuridão numa manhã
luminosa (Am 5.8). A ação divina ocorre de acordo com as circunstâncias que
surgem.
Você precisa ser pastoreado por esse
bom pastor!
Pastor e ovelhas caminham juntos!
A
ovelha é conduzida em segurança e quando chega aonde é para chegar, ela é bem
recebida. O pastor divino é hospitaleiro.
A
ovelha é alimentada (Sl 23.5).
Asafe
no Salmo 78.19 escreveu que o povo se perguntava: “Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?” Sabemos que o rebanho do pastor divino
foi alimentado no deserto.
A
hospitalidade do pastor divino se dá em meio aos agressores das ovelhas (Sl
23.5).
A
expressão agressor (inimigos, Sl 23.5) é uma referência as pessoas que causam
aflições a outras pessoas. São os lobos da parábola contada por Jesus (Jo
10.12).
Ao
saber que o pastor oferece segurança e alimentação em meio aos agressores é
consolador.
Por
ocasião de uma refeição festiva, era colocada uma pequena quantia de gordura
perfumada na cabeça da pessoa. À medida que o corpo ia se aquecendo, a gordura
que derretia espalhava perfume por todo ambiente (Sl 133.2). Esse cheiro
refrescava a pele da cabeça e auxiliava no repouso. Por isso, “unges a minha cabeça com óleo...” (Sl 23.5) e
“o meu cálice transborda...” (Sl
23.5).
A
abundância do hospedeiro é dispensada ao hospede. Transbordante
(Sl 23.5) significa beber até ficar embriagado. A taça
transbordante significa bem-estar do coração. Ou seja, a presença de
Deus é tão profunda somos regozijados até mesmo nos piores momentos da vida (em
meio aos inimigos).
Você precisa ser pastoreado por esse
bom pastor!
Pastor e ovelhas caminham juntos!
“Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os
dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre”
(Sl 23.6).
O
Salmo que descreve uma caminhada, a trilhas e os perigos na peregrinação,
termina destacando que não são os inimigos que perseguem a ovelha do rebanho do
pastor. O rebanho é perseguido pela bondade e misericórdia do pastor divino.
O
verbo hebraico perseguir transmite a ideia de alguém que está
agarrado (Sl 71.11).
Eu
sou uma ovelha agarrada e quando desgarrada, fui buscada pelo pastor divino. O
trilho da justiça é o caminho onde estou seguro pela bondade e misericórdia de
Deus. Por esse motivo, retorno todo o tempo para a casa de Deus. Um lugar onde
sou alimentado e fortalecido.
O
Salmo 23 é contraponto do Salmo 22. Enquanto no Salmo 22, o homem nem se sentia
mais um ser humano, tamanho sofrimento, no Salmo 23, esse ser humano é
conduzido pelo pastor divino.
Você precisa ser pastoreado por esse
bom pastor!
Pastor e ovelhas caminham juntos!
Que
maravilhoso conhecer esse pastor divino que disse de si mesmo: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”
(Jo 10.11). Amém!
Edson
Ronaldo Tressmann
Bibliografia
Fernandes,
Leonardo Agostini. Dança, ó terra: interpretando Salmos. São Paulo: Paulinas,
2013.
Stadelmann,
Luis I.J. Os Salmos da Bíblia. São Paulo: Edições Loyola e Paulinas. 2015.
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