05 de maio de 2024
Sexto
Domingo de Páscoa
Salmo
98; Atos 10.34-48; 1João 5.1-8; João 15.9-17
Texto: Salmo 98
Tema: “Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).
Quem canta seus males espanta. A não
ser que a voz seja pior que os problemas.
Estudos
comprovam que cantar libera endorfina (hormônio responsável pela sensação de
bem-estar).
Cantar
sozinho é bom, todavia, cantar em grupo aumenta a sensação de conexão social e
melhora a autoestima. Cantar em grupo auxilia na comunicação e empatia.
Cantar
ajuda a desenvolver a linguagem, memória e coordenação motora. Cantar ajuda a
passar o tempo e expressar emoções.
A
música é boa até mesmo para o mal-humorado, ela melhora o humor, pois reduz a
ansiedade e o estresse.
A
música é uma aliada no tratamento de casos de depressão e autismo.
A
música ativa áreas do cérebro, melhorando a comunicação cerebral e estimulando
a produção de neurotransmissores (dopamina e serotonina) e isso é
importantíssimo para a saúde mental.
Há
médicos que se utilizam da música (musicoterapia) para tratamento em pacientes
com problemas mentais. A música traz benefícios mentais e emocionais.
A
música reduz a dor, melhora a mobilidade e ajuda na recuperação de acidentes
vasculares cerebrais. Utiliza-se a música para tratamento de distúrbios
alimentares, insônia e outras condições.
Você já cantou no chuveiro? Por que essa prática faz bem?
Por
se estar sozinho, o cantor se desliga do mundo exterior e se conecta com suas
emoções.
Música na Bíblia
Embora a Bíblia não seja
um livro de cânticos, ela tem um número surpreendentemente alto de canções. No
total, há pelo menos 185 canções nas Escrituras Sagradas.
A canção mais longa da
Bíblia tem 1.732 palavras. Estamos falando do Salmo 119. Quanto à música mais
curta da Bíblia, há duas: ambas com sete palavras. Elas podem ser encontradas
em 2Crônicas 5.13 e 2Crônicas 20.21.
A primeira canção da
Bíblia pode ser encontrada em Êxodo 15.1–18, 21. Moisés e Miriam louvam a Deus
com esta canção após a travessia do Mar Vermelho que permitiu que os filhos de
Israel escapassem do exército do faraó.
Os israelitas vagaram
pelo deserto por muito tempo e chegaram a um lugar chamado Beer, onde
encontraram um poço para saciar a sede. A ocasião é celebrada em Números 21.17–18.
A música diz: "Brote água,
ó poço! / Cantem a seu respeito, / a respeito do poço / que os líderes cavaram,
/ que os nobres abriram / com cetros e cajados".
Moisés nomeia Josué como
o novo líder da terra prometida e canta sobre sua aliança com Deus em
Deuteronômio 31.19–22, 30, 32.1–43: "Ele é a Rocha, / as suas obras são perfeitas, / e todos os
seus caminhos são justos. / É Deus fiel, que não comete erros; / justo e reto
ele é".
A profetisa e juíza
Débora, juntamente com o governante Baraque, lideram um pequeno exército
israelita e derrotam os cananeus e seu comandante perverso, Sísera. A vitória é
celebrada em um dos textos mais antigos da Bíblia, conhecido como 'Cântico de Débora’, que pode ser
encontrado em Juízes 5.
As mulheres nas cidades
cantam a respeito do triunfo de Davi sobre Golias e a volta do rei Saul em
1Samuel 18.7: "Saul matou
milhares; Davi, dezenas de milhares". Saul ficou com ciúmes de Davi por causa
disso e as coisas azedaram entre os dois mais tarde.
O primeiro cântico de
lamento na Bíblia pode ser encontrado em 2Samuel 1.17–27. É uma canção triste
escrita por Davi depois que Saul (o rei de Israel) e Jônatas (o melhor amigo de
Davi) morreram em batalha. Os versos iniciais são "O seu esplendor, ó Israel, está morto sobre os
seus montes. Como caíram os guerreiros!".
Uma guerra civil de sete
anos entre Judá (onde Davi é ungido rei) e o resto de Israel ocorreu após a
morte de Saul. O resto de Israel serviu ao filho de Saul, Isbosete, que tinha
um líder militar chamado Abner. Abner não gostava de seu líder e faz um acordo
com Davi, mas como Abner matou um dos homens de Davi em batalha, o irmão do
soldado falecido se vinga e mata Abner. Davi canta sobre a morte de Abner em
2Samuel 3.33–34: "Por
que morreu Abner como morrem os insensatos? Suas mãos não estavam algemadas nem
seus pés acorrentados. Você caiu como quem cai perante homens perversos".
Como mencionado
anteriormente, a animosidade entre Saul e Davi tinha crescido após uma canção,
então Saul perseguiu Davi. Felizmente, Deus salvou Davi de Saul, e esta música
é sobre isso. As primeiras linhas dizem: "O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o
meu libertador; o meu Deus é a minha rocha, em que me refúgio; o meu escudo e o
meu poderoso salvador. Ele é a minha torre alta, o meu abrigo seguro. Tu,
Senhor, és o meu salvador, e me salvas dos violentos". Essa canção pode
ser encontrada tanto em 2Samuel 22 quanto no Salmo 18.
Davi designou Asafe e
seus parentes para serem a família de líderes de adoração no templo. Asafe e
sua família fizeram isso por muitos anos e, no processo, escreveram 12 canções
no livro dos Salmos. Quando o templo foi encomendado, eles cantaram esta
canção: "Deem graças
ao Senhor, clamem pelo seu nome, divulguem entre as nações o que ele tem feito.
Cantem para ele, louvem-no; contem todos os seus atos maravilhosos" (1Crônicas 16.8-9,
Salmos 105).
Quando o templo foi
concluído e a arca da aliança foi levada para lá, os filhos de Asafe, cantaram
sobre a glória de Deus: "Ele é bom; o seu amor dura para sempre". (2Crônicas 5.13).
O rei Josafá se vê em
menor número na batalha e pede a intervenção divina. Depois de receber uma
mensagem de Deus, Josafá coloca os homens cantando na linha de frente no dia
seguinte e Deus lhes dá a vitória. Eles cantaram: "Deem graças ao Senhor, pois o seu amor dura
para sempre" (2Crônicas 20.21).
Salomão é um dos
compositores mais prolíficos da Bíblia. Na verdade, 1Reis 4.32 nos diz que ele
escreveu 1.005 canções. Isso inclui a longa (e bastante sensual) canção de
amor, 'O Cântico dos Cânticos'. Essencialmente a
música celebra a união entre uma mulher e um homem.
Lamentações 1 - 5 é
considerado por alguns o terceiro livro de cânticos próprio da Bíblia (depois
dos Salmos e do Cântico dos Cânticos). Foi descrito como um livro de
lamentações quando a Bíblia foi traduzida para o grego. A mensagem é de luto,
depois que Jerusalém caiu para os babilônios.
Em Isaías 5.1–2, o
profeta Isaías cantou este cântico ao povo de Israel para lhes pregar
julgamento e consolo: "Meu
amigo tinha uma vinha na encosta de uma fértil colina. Ele cavou a terra, tirou
as pedras e plantou as melhores videiras. Construiu uma torre de sentinela e
também fez um tanque de prensar uvas. Ele esperava que desse uvas boas, mas só
deu uvas azedas".
Isaías profetiza que a
terra de Tiro seria esquecida e desolada por 70 anos. "Toma tua harpa, anda pela cidade, ó meretriz
esquecida; Arranca as cordas com habilidade, canta muitas músicas, para que
sejas lembrada" (Isaías 23.15-16).
Isaías cantou uma música
para pedir a Deus que protegesse Judá de seus inimigos. "Temos uma cidade forte; Deus estabelece a
salvação como muros e trincheiras" são as linhas iniciais em Isaías 26.1–6.
Ezequiel lamenta os
príncipes de Israel nesta canção encontrada em Ezequiel 19.1–14. Os versos
incluem: "Com ganchos
elas o puxaram para dentro de uma jaula e o levaram ao rei da Babilônia. Elas o
colocaram na prisão, de modo que não se ouviu mais o seu rugido nos montes de
Israel".
Ezequiel prevê que os
príncipes do mundo lamentarão a queda da cidade de Tiro para os babilônios.
"Como você está
destruída, ó cidade de renome, povoada por homens do mar! Você era um poder nos
mares, você e os seus cidadãos; você impunha pavor a todos os que ali vivem.
Agora as regiões litorâneas tremem no dia de sua queda; as ilhas do mar estão
apavoradas diante de sua ruína" (Ezequiel 26.17–18).
Há ainda outro lamento
sobre Tiro feito por Ezequiel. A música pode ser encontrada em Ezequiel 27.
Diz: "Sua riqueza, suas
mercadorias e seus bens, seus marujos, seus homens do mar e seus construtores
de barcos, seus mercadores e todos os seus soldados, todos quantos estão a
bordo sucumbirão no coração do mar no dia do seu naufrágio".
Há mais duas músicas
sobre Tiro. Uma é um lamento dos marinheiros (Ezequiel 27.32-36) e a outra é o
lamento de Ezequiel sobre o rei de Tiro (Ezequiel 28.12-19). Curiosidade: Tiro
(no atual Líbano) é uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do
mundo.
Ezequiel gostou de suas
canções de lamento e também escreveu uma para o faraó depois que Deus levou seu
julgamento para o Egito. "Você é como um leão entre as nações, como um monstro nos mares,
contorcendo-se em seus riachos, agitando e enlameando as suas águas com os pés" (Ezequiel 32.2).
Deus envia um pastor
chamado Amós ao Reino do Norte de Israel para entregar uma mensagem sobre o
quão mal eles tratavam os pobres e como seriam punidos por isso. "Caída para nunca mais se levantar, está a
virgem Israel. Abandonada em sua própria terra, não há quem a levante" (Amós 5.2).
O profeta Habacuque
escreve a última canção do Antigo Testamento: "Senhor, ouvi falar da tua fama; tremo diante
dos teus atos, Senhor. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras,
faze-as conhecidas em nosso tempo; em tua ira, lembra-te da misericórdia" (Habacuque 3.2).
João canta sobre o
momento em que o Cordeiro (Jesus) é capaz de abrir um livro protegido com sete
selos na sala do trono de Deus. "Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste
morto e com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e
nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão
sobre a terra" (Apocalipse 5.9–10).
O Livro do Apocalipse
contém uma canção semelhante à primeira sobre Moisés cruzando o Mar Vermelho.
Embora as palavras sejam diferentes, o significado é semelhante. Apocalipse 15.3
diz: "E cantavam o cântico de
Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: 'Grandes e maravilhosas são as
tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso. Justos e verdadeiros são os teus
caminhos, ó Rei das nações".
Meditando no Salmo 98.1
Há
duas coisas que o diabo não gosta: oração silenciosa e boa música.
Cantar um cântico novo (Sl 98.1) está
relacionado a mensagem da salvação. Por essa razão, encontramos a canção de
Miriam (Ex 15.1-21); a canção de Moisés (Dt 32.1-43); o louvor de Baraque e
Débora (Jz 5.2-31); Davi cantando à Deus (2Sm 22.1-51); Maria louvando com uma
belíssima e profunda canção (Lc 1.47-55).
“Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).
As
maravilhas de Deus levam a cantar.
Nem
sempre eu percebo as coisas maravilhosas que Deus realiza no dia a dia. Percebe-se
o que deu errado, o que falhou, o que desiludiu.
Entre
as muitas maravilhas feitas por Deus, a maior de todas é a maravilha da Páscoa:
Jesus Ressuscitou!
A
ressurreição é nossa esperança e alegria. É a maravilha de Deus em meio a dura
realidade da vida. Por isso, após a celebração da Páscoa, há dois domingos onde
pela leitura do Salmo, se é convidado a louvar e cantar (O Domingo Jubilate,
quarto domingo de Páscoa e o Domingo Cantate, quinto Domingo de Páscoa).
Somos convidados a cantar olhando para a
realidade da vida, mesmo parecendo não haver motivos para cantar.
Observe
que Deus não pergunta pela nossa disposição e nossos sentimentos para cantar. Sob
as lutas e preocupações, Deus nos oferece a opção de cantar, afinal, Ele fez e
faz maravilhas em meio as situações desagradáveis.
Sempre
ao falar sobre cantar, recordo-me que ao instituir a santa ceia, Jesus ao se
dirigir ao Getsêmani, onde iniciaria seu sofrimento, vai cantando (Mt 26.30; Mc
14.26). Antes de Jesus sofrer, Ele cantou, e possivelmente cantou um dos Salmos
entre o 113 e o 118.
“Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).
Cantar
louvando a Deus é um testemunho de fé. Mesmo presos, Paulo e Silas cantavam (At
16.25).
Cantem louvores a Deus, o Senhor, com acompanhamentos de
harpa... (Sl 98.5).
A intensidade da alegria era tal que recorriam
à música para expressar os sentimentos mais profundos de suas almas. O uso da
harpa e da lira visa destacar a adoração a Deus e não apenas uma manifestação
emocional decorrente de algo. Quando o salmista se refere a instrumentos de cordas com as mãos visa
evocar a imagem poética de que somos instrumentos nas mãos divinas. Como afirmou
Gregório de Nazianzo: “Senhor,
sou um instrumento para tu tocares”.
Ao dizer
que o canto de louvor era com acompanhamento de harpa, o salmista desejava
enumerar que se louva a Deus com nosso melhor, com excelência.
O fato de
“Cantar com alegria ao som de trombetas e
cornetas” (Sl 98.6) significava
que o rei entronizado não perdeu o controle da sua governança. Ele ainda
governa como sempre governou. E é exatamente por isso, que ao escrever “ruja o mar” (Sl 98.7), o salmista confessava que em meio as
turbulências, em meio ao caos, Deus faz maravilhas. E é exatamente por essas
maravilhas que somos convidados a “Cantar uma nova canção
a Deus, ...” (Sl
98.1).
Em
contraponto ao Salmo 97, onde se diz sobre trovões, fogo, juízos divinos, o
Salmo 98 enfatiza a adoração a Deus mesmo diante de tal realidade. Em paralelo
ao Salmo 96, o Salmo 98 destaca:
vv. 1-3 – Deus é redentor;
vv.4-6 – Deus é Rei;
vv. 7-9 – Deus é juiz;
Com isso,
o salmista diz: não
adore um deus genérico, mas o Deus da aliança. O Deus redentor,
rei e juiz, faz maravilhas.
A
fé cristã é cantante. “Cantem ao Senhor...”
(SL 98.1); “aclamem ao Senhor...” (Sl
98.4); “deem gritos de louvor...” (Sl
98.7).
A IELB sempre teve em
alta consideração o canto congregacional. Lutero sempre desejou e estimulou o
canto congregacional como uma maneira de dar glória de Deus e fixar a doutrina
bíblica na mente do povo. Por essa razão, pelo decurso da história, a Igreja
Luterana passou a ser identificada como “a igreja que canta”.
“Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).
De acordo com o salmista temos seis razões para
cantar um cântico novo:
1 – Faz maravilhas (Sl 98.1);
2 – Conquistou vitória (Sl 98.2);
3 – Anunciou seu poder de salvar (Sl 98.3);
4 – Revelou sua justiça (Sl 98.4);
5 – Lembrou-se de seu amor (Sl 98.5);
6 – A vitória de Deus é vista (Sl 98.6);
Enquanto o salmista convida a cantar um cântico
novo por causa da salvação, redenção e libertação de Deus, ao olhar para outros
textos da Bíblia, é possível destacar que se é salvo, redimido e liberto da:
1 – Ira de Deus (Rm 5.9);
2 – Do pecado (Rm 7.24-8.4);
3 – Da morte eterna (Jo 11.25; 1Co 15. 54-55);
4 – Do diabo (Tg 4.7-8);
5 – De nós mesmos (2Co 5.15);
“Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).
Cante, não apenas pelo bem-estar físico e
mental. Cante, quer seja sozinho, em casa, em grupo na congregação ou mesmo no chuveiro.
Cante louvando o Rei que governa o mundo (Sl 98.4-6). Amém.
Edson Ronaldo Tressmann
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