domingo, 26 de janeiro de 2020

Um símbolo de fé - a cruz!

02 de fevereiro de 2020
4º Epifania: Sl 15; Mq 6.1-8; 1Co 1.18-31; Mt 5.1-12
Texto: 1Co 1.18-31
Tema: Um símbolo de fé – a cruz!

Todas as religiões e ideologias têm seu símbolo visual, que exemplifica um aspecto importante de sua história ou crença. A flor de loto, embora usada por chineses, egípcios e hindus antigos com outros significados, hoje é particularmente associado ao budismo.
O judaísmo antigo, com medo de quebrar o primeiro mandamento, que proíbe a fabricação de imagens, evitava sinais e símbolos visuais. Porém, o judaísmo moderno, emprega o assim chamado Escudo ou Estrela de Davi.
O islã, é simbolizado pelo crescente ou meia-lua, pelo menos na Ásia Ocidental.
As ideologias seculares deste século também possuem seus sinais que são universalmente reconhecíveis. Quem não conhece a figura do martelo e da foice do marxismo, ou a suástica.
O cristianismo, não é exceção quanto ao possuir um símbolo visual. Todavia, a cruz não foi o primeiro.
Por causa das perseguições e das acusações dirigidas contra os cristãos, eles tiveram de ser muito circunspectos e evitar ostentar sua religião. Assim a cruz, agora símbolo universal do cristianismo, a princípio foi evitada, não somente por sua associação direta com Cristo, mas em virtude de sua associação vergonhosa com a execução de um cristianismo comum.
Os primeiros cristãos, conforme se observa em pinturas nas paredes das catacumbas na periferia de Roma, revelam que os cristãos se identificavam com um pavão (símbolo da imortalidade), pomba, louro de atletas, ou em particular, um peixe. Na verdade, o peixe era um símbolo acronímico, pois, suas palavras ichthys era o acrônimo de Iesus Christos Theou Huios Soter (Jesus Cristo Filho de Deus Salvador).
No segundo século, os cristãos passaram a se comunicar visualmente através de pinturas bíblicas, tais como a Arca de Noé, Abraão matando o cordeiro no lugar de Isaque, Daniel na cova dos leões, os três amigos na fornalha ardente, Jonas sendo vomitado por um peixe, alguns batismos, um pastor carregando uma ovelha, a cura do paralitico, a ressurreição de Lázaro. Essas pinturas simbolizavam a redenção de Cristo e não era incriminador, pois, somente os entendidos ou conhecedores é que eram capazes de interpretar.
Qualquer outra símbolo poderia ter sido aceito, e as possibilidades eram enormes. Os cristãos podiam ter escolhido a manjedoura, o banco do carpinteiro destacando e dignificando o trabalho manual, poderiam ter escolhido o barco, a toalha, a pedra que foi removida. Poderiam ter escolhido o trono, ao qual João viu por ocasião da visão que recebeu. Quem sabe a pomba, símbolo do Espírito Santo no dia de pentecoste. Qualquer desses símbolos destacariam o ministério do Senhor, mas, o símbolo escolhido foi a cruz.
Os cristãos compreendiam que a cruz era o centro da missão de Jesus, pois, foi para isso que Jesus foi enviado.
Se hoje é bem comum o uso de crucifixo, o mesmo não foi usado até o século seis. No entanto, a partir do segundo século, os cristãos não só desenhavam a cruz como faziam o sinal da cruz em si mesmos ou nos outros. Uma das primeiras testemunhas dessa prática foi Tertuliano. Hipólito, presbítero de Roma, reagindo a sua geração que estava apenas pensando no futuro e esquecendo-se do passado, e ressaltou que o sinal da cruz não era um hábito supersticioso, pois, na sua origem, o sinal da cruz teve a finalidade de identificar, santificar cada ato como pertencente a Cristo.
Richard Hooker, teólogo anglicano, aplaudiu o fato de que os primitivos Pais da Igreja, apesar do escárnio dos pagãos para com os sofrimentos de Cristo, escolheram o sinal da cruz (no batismo) antes que qualquer outro sinal externo, pelo qual o mundo pudesse facilmente sempre discernir o que eram.
O problema é que as pessoas dizem: “isso é católico romano, isso é do papado”, e assim ignoram a simbologia do sinal da cruz. E a respeito desse tema, isso é adiáforo, não é incompatível com as Escrituras, então, fica-se na liberdade cristã de cada um.
Agradeço a Deus, por termos entre nós a cruz que simboliza muito bem o cristianismo.
Pessoas gostam do peixe da sexta feira santa, mas ignoram a cruz que é o símbolo da sexta santa.
É preciso ressaltar que desde o nascimento, pelo batismo (sinal da cruz), a cruz acompanha o cristão até a sua morte, (cruz na sepultura).
A escolha dos cristão pela cruz como símbolo da sua fé é tanto mais surpreendente quando nos lembramos do horror com que era tida a crucificação no mundo antigo, por isso, a mensagem da cruz era “loucura” para muitos (1Co 1.18,23).
Não era e não é lógico adorar um Deus homem morto, condenado como criminoso e submetido a mais humilhante das execuções. Os gregos e romanos se apossaram da crucificação, que aparentemente foi inventada pelos bárbaros. Era o método mais cruel de execução, pois atrasa a morte e isso tortura a pessoa.
Os romanos e os judeus viam a crucificação como horror, mas, entendiam de maneira diferente. Pois para os judeus, “o que era pendurado no madeiro era maldito de Deus” (Dt 21.23), por isso, não entendiam e não podiam crer que o Messias enviado por Deus morreria sob a maldição divina, pendurado num madeiro.
A cruz se tornou um símbolo cristão, e os cristãos teimosamente, se recusaram, apesar do ridículo, descartar a mesma em favor de alguma coisa menos ofensiva. A centralidade da cruz teve origem na mente do próprio Jesus (Lc 2.41-50).
O que fizeram com a cruz? A ignoram sob alegação de que é um símbolo católico romano. Esqueceram-se que a cruz é a centralidade da missão de Deus em Jesus.
O texto é dois dos três parágrafos (1.18-25; 1.25-31; 2.1-5).
É bom conhecer um pouco a respeito da Primeira Carta aos Coríntios.
Paulo é o autor (1Co 1.1). Ano 55 D.C. em Éfeso (1Co 16.15-18) na 3º viagem missionária. Os grandes destaques dessa carta é a ressurreição, Capítulo 15, pois sem ela não há cristianismo, e os dons (12 a 14).
Paulo está respondendo uma carta enviada pelos corintos que havia muitas perguntas (1Co 7.1). A primeira parte é uma reação das fofocas (1Co 1.11). Os capítulos 1 a 6 é resposta as contendas. A partir do 7, Paulo responde às perguntas, 7.25; 8.1; 12.1; 16.1.
O que muitos debatem, mas poucos se dão conta é que Paulo pula de um tema ao outro por causa das respostas as perguntas.
O próprio Paulo havia fundado a igreja de Corinto na sua segunda viagem missionária, quando passou dezoito meses naquela cidade (At 18.1-18). Havia problemas a respeito de doutrinas e da vida cristã. A igreja tinha se dividido em vários grupos.
Ao ler a carta fica a impressão de que o apostolo simplesmente está resolvendo os problemas um por um, e que a resposta dada num caso não tem nada a ver com a resposta a outro problema. Assim, nem sempre sabemos o que fazer com o trecho que queremos estudar no dia de hoje, em que Paulo aponta com toda a clareza para a cruz de Cristo.
Parece um tema avulso, dentro de uma carta que trata de uma variedade de assuntos. No entanto, este trecho é de fundamental importância. Especialmente quando se leva em conta a impressão que fica depois que se lê com atenção toda a Primeira Carta aos Coríntios. Parece que os cristãos de Corinto ou, pelo menos, alguns deles (1Co 4.18; 15.12) estavam adotando determinado comportamento porque se consideravam "espirituais" (1 Co 14.37). Eram sábios. Eram cristãos que já estavam num outro nível. Afinal, falavam em línguas, que, ao que tudo indica, eles chamavam de "falar a língua dos anjos" (1 Co 13.1). Para esse grupo, a espiritualidade ou vida cristã não tinha nada a ver com a vida neste mundo. O que aquele grupo de cristãos coríntios queria era uma teologia da glória e Paulo os contrapõe com uma teologia da cruz. Ele destaca a centralidade da cruz de Jesus e mostra que a vida cristã no mundo é também uma vida sob a cruz, especialmente na forma de um amor que busca o bem do próximo. Pensando no próximo, é melhor ficar com prejuízo do que ter razão diante de um juiz (1Co 6.8). É melhor deixar de beber ou comer algo, do que ofender outra pessoa (1Co 8.13).
Cada um desses três parágrafos (1 Co 1.18-2.5) trata de um tema relacionado com a cruz de Cristo. Nesta carta, Paulo enfatiza que a mensagem da cruz de Cristo não é algo a que se pode acrescentar a sabedoria humana para que seja uma mensagem mais lógica, mais sábia, mais bonita. A cruz de Cristo e sua pregação são coisas totalmente contrárias à sabedoria humana. Na verdade, quando olhada à luz da sabedoria humana, a cruz de Jesus é loucura. Mas é a loucura de Deus, que é ao mesmo tempo sabedoria e poder de Deus.
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Pr Edson Ronaldo Tressmann

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