quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A igreja é um povo abençoado!

Segundo Domingo de Natal
Salmo 119.97-104; 1Reis 3.4-15; Efésios 1.3-14; Lucas 2.40-52
Texto: Ef 1.3-14
Tema: A igreja é um povo abençoado!

Em 1916 morreu uma mulher americana muita rica. Sua fortuna estava calculada em $100 milhões de dólares. Seu nome era Hetty Green.
No entanto, Hetty Green, não ficou famosa pela riqueza que possuía, mas pela forma mesquinha e avarenta que vivia. Ela comia mingau de aveia frio para não gastar gás de cozinha. Seu filho teve que amputar a perna, por que ela demorou tanto tempo para encontrar atendimento “gratuito” que o caso tornou-se incurável. Hetty Green era uma mulher rica e, no entanto, escolheu viver como mendiga.
A igreja é riquíssima e abençoada, mas infelizmente vive como mendiga.
Efésios é a coroa dos escritos de Paulo. William Barclay considera essa epistola como a rainha das epistolas de Paulo.
Paulo estava preso em Roma quando escreveu a carta aos Efésios. Uma carta que trata da igreja e do propósito de Deus para ela. Paulo escreve para falar que a igreja é um povo abençoado.
Se diz que a carta aos Efésios é a carta da igreja, mas não é o único tema.
Efésios 1.3-14: texto que ressalta a obra trinitária, ressaltando a graça de Deus.
No verso 3, Paulo fala sobre o objetivo da carta.
A palavra grega eulogetosbendito, é usada somente com referência a Deus. Só ele é digno de ser bendito. O ser humano é bendito quando recebe suas bênçãos. E ao ser louvado pelas coisas que concede aos seres humanos, Deus é bendito.
A bênção espiritual é a bênção de Deus, do seu Espírito.
Epuraniois – expressão usada 5 vezes em Efésios e nenhuma outra vez no NT. Ela é uma palavra tipicamente da carta aos Efésios e mostra o que é próprio de Deus realizar. Regiões celestiais – onde Deus está, ou daquele que está em toda parte em Cristo. Deus nos abençoa por meio de Cristo, pois estamos em Cristo.
Nesses versículos (vv.3-14) temos três verdades: a fonte de nossas bênçãos; a natureza de nossas bênçãos; a esfera das bênçãos. Todas as bênçãos que recebemos é em Cristo. Todas as bênçãos que a igreja recebe são de procedência trinitária. Ao final da anunciação das bênçãos do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Paulo as conclui dizendo que as mesmas são “para louvor de sua glória”.
Quais são as bênçãos do Pai?
Ef 1.4 – Deus nos escolheu. Quem é o autor da eleição? Para que nos escolheu? Para o mesmo motivo pelo qual nos criou.
Deus o Pai nos escolheu para si mesmo em Cristo.
A bênção de Deus ter nos escolhido não está em nós, pois foi realizada antes da fundação do mundo. Não depende do que nós realizamos. Ele nos escolheu em amor.
Ele nos escolheu em Cristo para sermos santos e sem culpa diante dele em amor.
Ef 1.5 – Deus nos adotou.
Em amor, Deus nos predestinou para sermos filhos dele em Jesus Cristo.
A adoção aconteceu por causa do amor de Deus em Jesus. Em amor ele nos escolheu, predestinou e adotou.
No mundo romano a família baseava-se no regime patria potestas – poder do pai. Sob a lei romana, o pai possuía poder absoluto sobre seus filhos enquanto esses vivessem. Podia vendê-los, escraviza-los e até mata-los. O pai tinha direito de vida e de morte sob seus filhos. E a adoção consistia em passar de um pátria potestas para outro. O filho adotivo ganhava uma nova família, passava a usar o nome do novo pai e herdava seus bens.
A adoção apagava o passado e iniciava uma nova relação.
Lembre-se: filhos naturais nascem quando menos se espera, ou a qualquer momento. Mas, os filhos adotivos são atos conscientes, deliberado. É uma escolha voluntária. E assim como os filhos naturais passam a ter os mesmos direitos.
Somos filhos de Deus – recebemos um novo nome, temos uma nova herança.
Ef 1.6 – Deus nos aceitou
Não podemos, por mais que queiramos, nos fazer aceitáveis a Deus. Ele nos “deu gratuitamente no amado”.
Nossa justiça é como disse o profeta: um trapo de imundícia, mas em Cristo, no seu amado, nos fez aceitáveis.
As bênçãos do Filho (vv.7-12)
Jesus nos redimiu - Ef 1.7a.
O termo apolytrosis (Redimir) era uma palavra usada para o resgate de um homem feito prisioneiro de guerra ou escravo. Ela aplica-se também à libertação do homem da pena de morte merecida por algum crime. É a palavra que se usa para se referir à libertação dos filhos de Israel da escravidão do Egito, assim como o resgate continuo do povo eleito em tempo de tribulação.
Em cada uma dessas situações o homem é redimido, pois, não podia libertar a si mesmo, ou pagar o preço pela sua libertação.
Redimir é comprar e deixar livre mediante pagamento de um preço. A ideia de redenção é tornar livre uma coisa ou pessoa que se tornara propriedade de outra.
Na época de Paulo, havia no império romano, 60 milhões de escravos. Eram vendidos como se fossem uma peça de mobília. Um homem podia comprar um escravo e lhe dar liberdade. Foi isso que Cristo fez por nós. O preço foi seu sangue (Ef 1.7; 1Pe 1.18-19). Por isso, estamos livres da lei (Gl 5.1), livres da escravidão do pecado (Rm 6.1), do mundo (Gl 1.4) e de Satanás (Cl 1.13-14).
Jesus nos perdoou – Ef 1.7b
Perdoar quer dizer “levar embora”. Cristo morreu para levar nossos pecados embora a fim de que nunca mais sejam vistos. E esse perdão de Cristo é completo. Ele morreu para remover a culpa do nosso pecado. É o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).
Nenhuma acusação pode prosperar contra nós (Cl 2.14). Ele nos perdoou e de nossos pecados não se lembra mais. Esse perdão é imerecido, imediato e completo.
Jesus nos revelou a vontade do Pai Ef 1.8-10
Deus não só nos recebe como filhos, como nos ilumina com a compreensão de seu propósito.
Sua graça é derramada sobre nós em toda sabedoria e prudência (1.8).
Sabedoria – sophia, é o conhecimento que olha para o coração das coisas, e as conhece como de fato são. Prudência – phronesis, é a compreensão que leva a agir corretamente.
Assim, bem escreveu William Barclay: “Cristo outorga aos homens a habilidade de ver as grandes venturas da eternidade e de resolver os problemas de cada instante”. Deus revela ao homem o mistério da sua vontade.
Anakephalaiosasthai – fazer convergir, usada no sentido de juntar várias coisas e apresenta-las como uma só. O plano de Deus para a plenitude dos tempos, quando o tempo voltar a fundir-se na eternidade, é fazer convergir nele (em Cristo) todas as coisas, tanto no céu como na terra (1.10).
Se aqui há discórdia, na plenitude do tempo não mais haverá.
O que são todas as coisas que se convergirão em Cristo?
São todos os vivos e mortos. Os cristãos que estão em Cristo agora (v.1); os que receberam a bênção da eleição (v.3,4), da adoção (v.5), da graça (v.6) e da redenção (v.7). E claro, a própria redenção, libertação da natureza, humanidade, que agora geme.
Jesus nos fez herança (Ef 1.11-12)
Em Cristo temos uma herança (1Pe 1.1-4) e somos uma herança. Somos valiosos em Cristo. Pense no preço pago por Deus em Cristo por você para que se tornasse sua herança.
O povo de Deus são os santos de Deus (v.1), herança de Deus (v.11), possessão de Deus (v.14).
As bênçãos do Espírito Santo (vv.13-14)
São duas as bênçãos do Espírito Santo concedidas a nós. Chamadas por Paulo aqui de selo e garantia.
Temos o selo do Espírito Santo (Ef 1.13)
O que é o selo do Espírito Santo?
Hendriksen fala de três funções do selo. Garantir a autenticidade do documento (Et 3.12); marcar uma propriedade (Ct 8.6); proteger contra violação ou dano (Mt 27.66).
Pode-se enumerar também quatro aspectos de ser selado pelo Espírito.
1) - o selo marca uma transação consumada. O selo indica a finalização da transação. A obra de Jesus foi consumada na cruz, e o Espírito Santo nos sela, dando nos a garantia dessa transação concluída.
2) – o selo marca um direito de posse. No mundo antigo, o selo representava o símbolo pessoal do proprietário ou do remetente de algo. O selo marcava se uma carta era autêntica ou falsa.
O selo de Deus em nós, marca que somos de fato de verdade seus filhos, herdeiros, e sua propriedade exclusiva (1Co 6.19-20; 1Pe 2.9).
Os escravos eram marcados com um selo para indicar de quem eram propriedade. O selo de Deus, não é visível aos olhos humanos.
3) - O selo é garantida de proteção e segurança. O evangelista Mateus (Mt 27.62-66) dava segurança de que a tumba de Jesus não seria violada por mãos humanas.
4) – O selo apresenta autenticidade. O selo, bem como a assinatura mostra a autenticidade do documento. Paulo escreveu aos romanos (Rm 8.9).
As bênçãos do Espírito Santo.
Temos a garantia do Espírito Santo Ef 1.14.
O Espírito Santo nos foi dado como garantia. A palavra grega arrabon, de origem hebraica, entrou no uso da língua grega por intermédio dos fenícios. E usado no grego moderno tanto para aliança como para a primeira prestação, depósito, entrada.
Arrabon representava a primeira parcela, a entrada em dinheiro, indicando que o negócio seria concluído. É o depósito para garantir que o negócio será fechado.
O Espírito é esse arrabon, ou seja, a parcela que garante aos filhos de Deus, que a obra será terminada. A coisa dada está relacionada com a coisa garantida. Ou seja, o reino celestial é um reino presente.
A redenção tem três estágios: fomos redimidos, justificação (Ef 1.7); estamos sendo redimidos, santificação (Rm 8.1-4), e seremos redimidos, glorificação (Ef 1.14).
Todas essas bênçãos vem de Deus Pai, Filho e Espírito Santo e visa tão somente o louvor.
O nosso fim principal é glorificar a Deus, e o fim ultimo de Deus é glorificar a si mesmo.
Para louvor da sua glória!
A escolha que Deus faz é em Cristo e amor. Deus nos escolhe em Cristo. Em Cristo somos escolhidos em amor. Não se baseia naquilo que somos, mas no que Deus é em Cristo. Todos estamos debaixo da mesma escolha, em Cristo. A glória de Deus está no fato de que ele é gracioso.
Edson Ronaldo Tressmann

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