24 de dezembro de 2017
4º Domingo no Advento
Sl 89.1-5; 2Sm 7.1-11,16; Rm 16.25-27; Lc
1.26-38
Tema: Uma obra especial do Espírito Santo!
Lucas
apresenta uma notícia de um anjo à Maria: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te
cobrirá” (Lc 1.35ª). O termo grego é episkiazo – “Toldar, cobrir”. No Antigo Testamento,
essa palavra corresponde ao termo “sombra”,
e tem vários significados. Sombra de uma montanha, (Jz 9.36); sombra
de plantas (Ez 17.23; 31.6; Jn 4.6), sombra de uma choupana (Jn 4.6).
Há textos obscuros relacionados a
palavra, tal como Isaías 38.8 e 2Reis 20.9. Esses textos indicam um milagre. Há
também uma referência muito difícil desse termo no texto de Isaías 25.5, no
qual a LXX não transcreve o termo nuvem. Nuvem
significa a demonstração da autoridade de Deus (Ex 40.34-35).
No Novo Testamento o verbo “episkiazo” aparece apenas cinco vezes. No
texto de Lucas 1.35 falta a figura concreta da nuvem que lança sua sombra. Ao
invés de nuvem, há uma referência abstrata, porém direta ao sujeito divino de “episkiazo”, ou seja, “envolver na
sombra”. Maria foi informada pelo anjo de que “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder
do Altíssimo te envolverá com a sua sombra”.
As cinco ocorrências de “episkiazo” traz como significado o fato
de que é Deus, que em última análise, é a causa do sombreamento. Estar envolvido pela
sombra do altíssimo serve para demonstrar o poder e glória de Deus (Dicionário
Internacional de Teologia pp. 2427-2429).
A
mensagem do anjo para Maria, revela da parte de Deus que não está apresentando
um fato da curiosidade humana, mas está gravando um mistério insondável.
A concepção virginal de Jesus é um
mistério insondável. Poderia ter sido qualquer outra mulher, no entanto, foi Maria,
tratada no texto como uma mulher agraciada.
O evangelista Mateus registra o
relato da concepção virginal usando o termo grego “sunerchomai” do verbo “suneltein”.
É um infinitivo aoristo. Ou seja, isso aconteceu antes da consumação sexual (Gn
2.24).
Mateus ao usar esse termo pela
inspiração do Espírito Santo ressalta a transparente e milagrosa intervenção de
Deus pelo poder do Espírito Santo.
O evangelista Mateus (Mt 1.18)
escreveu: “...achou-se
grávida pelo Espírito Santo”. Mateus simplesmente ressalta que “...porque o que
nela foi gerado é do Espírito Santo” (Mt 1.20). Esses dois
versículos apresentam as maiores diferenças entre as traduções.
Outra observação necessária é que o
evangelho de Mateus foi escrito
segundo a perspectiva de José. Já o evangelho de Lucas foi escrito na
perspectiva de Maria.
Outro fato
a ser observado é que esse
é o segundo milagre biológico da Bíblia. O primeiro foi a criação de
Adão e Eva.
O anjo disse à Maria: “O Espírito Santo
virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá” (1:35 a). Deus
revela que tal concepção ocorreu, não precisamente como, a nossa curiosidade
determina, e não para nos satisfazer humanamente. O anjo revela e os evangelistas reconhecem que estão
gravando um mistério insondável.
Lucas ao registrar o que disse o anjo
(Lc 1.35), indica que Maria foi ofuscada pelo poder do Espírito Santo (cf. Ex
40.34 – 35).
O Espírito Santo realiza um ato
milagroso de criação no seio da virgem Maria, sinalizando que a idade de cumprimento
chegou.
Jesus é humano e divino. Ele tem uma
mãe humana e um pai divino. Os evangelistas apresentam “a mãe Maria” e também apresentam Jesus
constantemente dizendo que Deus é o seu Pai (Mt 11:25-27). Jesus é
repetidamente chamado de “o Filho de Deus” (Mt 2:15, 3:17, 8:29).
Os cristãos
estão vivendo, assim como sempre viveram, dias desafiantes para sua fé. Há
muitas reinterpretações e reconstruções diferentes de Jesus. Entre as muitas faces
de Jesus, atualmente, devido ao livro Código da Vinci, Jesus é casado e pai de
uma criança.
As muitas
reinterpretações sobre Jesus ocorre justamente por que não se consegue ver a
obra de Deus em Jesus como algo completo. É preciso vê-lo em sua totalidade
paradoxal – seu sofrimento e glória, sua servidão e senhorio, sua encarnação
humilhante e seu reinado cósmico. Entre todos, a encarnação, uma obra extraordinária
do Espírito Santo, é negligenciada.
Jesus o
filho de Deus não permaneceu na segura imunidade do céu. Ele se esvaziou de sua
glória e se humilhou para servir. Ele se tornou pequeno, fraco e vulnerável. Ele
entrou em nossa dor, em nossa alienação e em nossas tentações. Jesus curou
doentes, alimentou famintos, perdoou pecadores, tornou-se amigo dos rejeitados.
Não veio para ser servido, mas para servir. Veio para dar sua vida como
pagamento pelo resgate e libertação de outras pessoas.
O mistério da encarnação de Jesus é insondável, mas,
tem um propósito definido e prático. Jesus tornou-se homem para resgatar o
homem que nascido de mulher é pecador e precisa da redenção. E o
Espírito Santo continua fazendo uma obra especial, levando pessoas a crer em
Jesus, aquele que foi concebido pelo seu poder e realizou a obra da salvação.
Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
Bibliografia
Stott,
John. Os cristãos e os desafios contemporâneos. Viçosa, MG, Ultimato, 2014.
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