Terceiro Domingo de Advento
Cristo para todos!
“Havia, naquela
mesma região, pastores que viviam nos campos, e guardavam o seu rebanho durante
as vigílias da noite. E um anjo do Senhor, desceu aonde eles estavam, e a
glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor. O
anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande
alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi,
o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2.8 – 11)
Pastores que viviam nos
campos (Lc 2.8)
No
antigo testamento observamos que Deus dava suas revelações aos profetas e em
raras vezes a alguns indivíduos. Em Lucas 2.8-11 lemos que Deus deu sua
revelação a um grupo inteiro de humildes pastores de ovelhas.
Para
um judeu, isso é ofensivo, afinal, pastores de ovelhas eram desprezados. Os
fariseus caracterizavam pastores de ovelhas como ladrões, enganadores. Eram igualados
a publicanos e pecadores. Eram tidos como pessoas que desconheciam a lei de
Deus e não lhes era permitido sequer ser testemunha em um tribunal. Eram
privados dos direitos civis. Havia um ditado rabínico que dizia: “nenhuma classe
no mundo é tão desprezível quanto a classe de pastores”.
Esses
humildes pastores estavam cumprindo fielmente seu trabalho, vigiavam os rebanhos.
Vigilantes, em pleno trabalho, receberam a notícia do nascimento de Jesus. “E um anjo do
Senhor, desceu aonde eles estavam, e a glória do Senhor brilhou ao redor deles;
e ficaram tomados de grande temor” (Lc 2.9).
Observe que a luz brilhou, a glória de Deus brilhou em direção ao deserto. Os pastores,
desprezados pela nata eclesiástica, em pleno deserto, ficaram envolvidos na
glória de Deus.
Nas
páginas do Antigo Testamento lê-se que enquanto o povo de Deus caminhava pelo
deserto uma coluna de luz (fogo) os guiava a noite (Ex 13.21-22; 33.14). Essa
luz (shequiná) atestava a presença de Deus entre o povo. E é dessa maneira, “a glória do
Senhor brilhou ao redor deles” que Deus se revela aos pastores. A
noite se transformou em dia. A escuridão em luz.
Quando
se está acostumado a escuridão, a noite, o dia e a luz, se tornam anormais, e
assim, os pastores “ficaram tomados de grande temor” (Lc 2.9).
É
possível ver situações de temor em outras narrações bíblicas (Lc 8.25; Gn
28.17). Esse temor é natural no ser humano que como pecador se vê e é impotente
diante de Deus.
Ao
reconhecer o temor dos pastores, o anjo lhes oferece uma palavra consoladora: “Não temais; eis
aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que
hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”
(Lc 2.10-11).
A
luz desconhecida que havia causado temor, era a luz da salvação que havia
raiado naquele que nasceu na cidade de Davi e que estava enrolado em panos.
A
mensagem do anjo aos pastores, desprezados pelos judeus, é a caracterização da
mensagem de amor de Deus a todos os homens, independente da sua situação.
Lucas,
o médico evangelista, faz questão de ressaltar esse relato (Lc 2.8-11) para apresentar a salvação a todos
os povos. Para Lucas, Cristo é para todos.
No
terceiro domingo de advento, acende-se a terceira vela na coroa de Advento. É a vela dos pastores – a vela do
Cristo para todos! A
vela da alegria de que Jesus é o enviado para salvação de todas as pessoas.
Gosto
muito da definição de Bergamini
(1994, p.186 - 9) que diz haver quatro pontos principais, no que ele chama de
teologia do Advento.
1) Dimensão histórica da salvação. O Advento faz
memória de que Deus não esqueceu da promessa e da aliança que fez com o povo. O
envio de seu Filho mostra que o Reino de Deus está próximo (Mc 1.15).
2) Dimensão escatológica. Deus é “aquele que é, que era e que vem” (Ap 1.4) e se
manifesta em Jesus Cristo.
3) Dimensão missionária. Anúncio do Reino e edificação da Igreja pela fé em Jesus Cristo
e adesão ao seu Evangelho.
4) Dimensão libertadora. Deus assume a
causa dos pobres restituindo-lhes a esperança e a dignidade. O Reino de Deus é
daqueles que põem sua confiança em Deus.
A
terceira vela da coroa de advento, a vela dos pastores, representa as pessoas que acolhem Jesus Cristo como seu Salvador. Àqueles
que reconhecem Jesus como Senhor da sua vida. Representa àqueles que se assemelham
aos Pastores de Belém. Representa àqueles que humildemente se agarram em Jesus
e se despojam de si mesmos, afinal, não tem nada para verem em si mesmos, e por
isso, precisam continuar ouvindo: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande
alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi,
o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10-11). Amém.
Edson Ronaldo Tressmann
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