09 de novembro de 2025
Vigésimo
segundo domingo após Pentecostes
Salmo
148; Êxodo 3.1-15; 2Tessalonicenses 2.1-8,13-17; Lucas 20.27-40
Texto: Êxodo
3.1-15
Tema: O
Chamado do Deus que É!
A narrativa do
chamado de Moisés em Êxodo 3.1-15 é uma das passagens mais ricas e fundamentais
das Escrituras, revelando aspectos cruciais do caráter de Deus, da vocação e da
identidade do seu povo.
Este texto
descreve o encontro teofânico de Moisés com Deus e sua subsequente vocação para
libertar Israel.
Moisés estava na
rotina do trabalho de pastor de ovelhas de seu sogro Jetro. Após 40 anos fugido
do Egito (Atos 7.30), parecia estar desqualificado e no anonimato do deserto.
Ali, no Horebe,
Monte de Deus, também chamado Sinai, não era um lugar comum, mas foi o palco de
uma revelação divina.
O chamado de Deus
frequentemente alcança pessoas em meio à sua rotina, mesmo quando se sentem excluídas ou esquecidas.
A manifestação é
através de um “anjo do SENHOR” (Ex 3.2)
em uma sarça que ardia em fogo e não se consumia.
A sarça é uma
planta comum e humilde do deserto, mas o fogo é um símbolo da santidade e
presença de Deus. O fato de não se consumir sugere a natureza sustentadora de Deus. O fogo purifica e consome,
mas aqui o objeto frágil é preservado pela própria presença divina. Isso
antecipa a resistência e sobrevivência de Israel.
Esse fato maravilhoso
atrai Moisés: “Irei para lá” (Ex 3.3).
Isso demonstra uma abertura e curiosidade que são essenciais para o encontro
com Deus.
Deus chama Moisés
pelo nome: “Moisés! Moisés!” (Ex
3.4). A repetição do nome indica a atenção de Deus e estabelece uma relação
pessoal. A resposta de Moisés, “Estou aqui!”
(Ex 3.4), mostra uma expressão de disponibilidade.
Deus se identifica
como o “Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Ex 3.6).
Essas palavras
conectam o chamado de Moisés à aliança e às promessas feitas aos patriarcas.
Deus não é uma divindade nova ou local; Deus é fiel e cumpre o seu pacto.
Moisés entende a magnitude do encontro e esconde o rosto (reverência e temor).
A revelação do caráter de Deus é seguida pela revelação de
seu plano.
Deus viu, ouviu, e
conhece a aflição de seu povo no Egito (Ex 3.7). Deus se importa com o
sofrimento humano (Deus Imanente).
Deus desceu para
livrar o povo e conduzi-lo a uma “terra grande e
boa” (Ex 3.8), uma terra que representa a plenitude da provisão e
descanso proporcionado por Deus. Essa provisão e descanso nos é dado em Cristo
Jesus.
Deus declara o
propósito do chamado: “Agora venha, e eu o
enviarei ao rei do Egito para que você tire de lá o meu povo, os israelitas”
(Ex 3.10).
Quando Deus diz
que “eu o enviarei”, Moisés ouve a
essência do chamado. As palavras “o meu povo”,
significa que o empreendimento é de Deus e Moisés é apenas o seu instrumento.
A primeira reação
de Moisés é de humildade e insegurança: “Quem
sou eu?” (Ex 3.11). Talvez para Moisés, ele fosse apenas um
assassino fugitivo, um pastor de ovelhas, um homem sem credibilidade.
Observe que Deus
não debate as qualificações de Moisés, apenas lhe oferece a sua promessa: “Eu estarei com você” (Ex 3.12).
Moisés pede
credenciais de Deus para apresentar para Israel e para o Faraó, afinal as
pessoas iriam querer saber quem era esse Deus (Ex 3.13) e qual seria sua
resposta.
Antigamente no Oriente
Próximo, o nome revelava o caráter e o poder de uma divindade. Dessa forma, ao
se apresentar como “EU SOU QUEM SOU”
(Ex 3.14), Deus está fazendo uma autorevelação mais profunda.
No hebraico, o
termo 'EHYEH 'ASHER 'EHYEH (forma da 1ª
pessoa do verbo hayah, “ser”), implica:
Auto existência:
Deus é a causa de si mesmo, o ser absoluto, que não depende de nada.
Eternidade:
Ele é o ser que sempre foi, é e será.
Presença Ativa:
Deus é aquele que está presente e se manifestará em poder. Ele é o Deus que age
em favor de seu povo.
O chamado de Deus
sempre nasce de sua iniciativa graciosa, e é marcado por sua santidade e é
sustentado pela sua auto-suficiência e fidelidade à aliança.
Moisés, um homem muito
conhecido no início do livro, ficou por 40 anos no anonimato. Um homem que
passou por fracasso na carreira egípcia. Por 40 anos ficou pastoreando um
rebanho que não era seu.
Ao ler o livro de
Êxodo precisamos pensar nessa lacuna de 40 anos. Parentes que ficaram no Egito
escravizados, se questionando e até preocupados com Moisés.
Quem
é você hoje? Talvez você esteja vivendo no seu deserto
da rotina, do esquecimento, do fracasso!
Num dia, como
tantos outros nos 40 anos, Moisés presencia algo inusitado. Uma planta simples,
a sarça, está em fogo, mas não se consome (Ex 3.2-3). E ali, acontece o chamado
de Deus e Moisés se mostra disponível ao dizer: “Estou
aqui!” (Ex 3.4).
Chama atenção o
motivo pelo qual Deus chama Moisés. Deus vê e desce (Ex 3.7-8). Deus não ignora
a aflição do seu povo. Deus não está distante. Deus vê, ouve, conhece a dor e
desce para agir.
Caríssimo: Deus
está atento! A nossa dor move o coração de Deus.
Deus não chama
Moisés para satisfazer seu ego. Deus salvou sua vida, quando todos os meninos
nascidos dos Hebreus deveriam ser mortos. Deus o tirou do Egito para enviá-lo
novamente ao Egito. Muitos mais que amar Moisés, Deus amava o seu povo, a sua
propriedade “tires o meu povo” (Ex
3.10).
Nosso chamado para
sermos cristãos, nossa vocação, nosso ministério, nossa missão, é sempre parte
do plano maior de Deus: redimir
as pessoas. Não se trata de nós, se trata de todas as pessoas.
A mesma
disponibilidade de Moisés, por um momento, se tornou uma desculpa: “quem sou eu?”
O Moisés
disponível, agora se apresenta inseguro e cheio de medo. Claro que, ao analisar
nossa tarefa diante da missão de Deus, nos sentimos insuficientes e incapazes.
Todavia, tal como Moisés, temos a mesma promessa, pois Deus não muda: “eu estarei com você” (Ex 3.12).
Não somos
credenciados por nossas qualificações. A força do chamado e do envio está em
quem Deus. Seu nome: 'EHYEH 'ASHER 'EHYEH (Eu Sou O Que Sou) nos anima e prosseguir, pois
seja o que for que Faraó exija, EU SOU. Seja o que for que o povo
necessite, EU SOU. Seja qual for a sua fraqueza, a Presença de Deus
é a nossa força. O Deus que chama é o ser absoluto, eterno, soberano e ativo.
O chamado de
Moisés se assemelha ao chamado que nós recebemos. Ele nos tira do nosso deserto
(fracasso, rotina) e nos atrai por meio de sua revelação. Ele anula o nosso “Quem sou eu?” com o seu “Eu estarei contigo”.
Nossa tarefa pode
parecer grande demais para as nossas mãos, mas é perfeitamente adequada para o Deus que É. Prossiga
no seu chamado, pois a sua credencial é o próprio “EU SOU O QUE SOU”. O “EU SOU” se manifesta em Jesus.
Assim como Moisés,
nosso chamado é sustentado pela mesma pessoa. O Deus que É se tornou o Deus
que Se Fez em Cristo. Prossiga no seu chamado com reverência e ousadia,
pois a sua credencial é o próprio JESUS CRISTO, O EU SOU. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.