domingo, 2 de novembro de 2025

O Chamado do Deus que É!

 09 de novembro de 2025

Vigésimo segundo domingo após Pentecostes

Salmo 148; Êxodo 3.1-15; 2Tessalonicenses 2.1-8,13-17; Lucas 20.27-40

Texto: Êxodo 3.1-15

Tema: O Chamado do Deus que É!

 

A narrativa do chamado de Moisés em Êxodo 3.1-15 é uma das passagens mais ricas e fundamentais das Escrituras, revelando aspectos cruciais do caráter de Deus, da vocação e da identidade do seu povo.

Este texto descreve o encontro teofânico de Moisés com Deus e sua subsequente vocação para libertar Israel.

Moisés estava na rotina do trabalho de pastor de ovelhas de seu sogro Jetro. Após 40 anos fugido do Egito (Atos 7.30), parecia estar desqualificado e no anonimato do deserto.

Ali, no Horebe, Monte de Deus, também chamado Sinai, não era um lugar comum, mas foi o palco de uma revelação divina.

O chamado de Deus frequentemente alcança pessoas em meio à sua rotina, mesmo quando se sentem excluídas ou esquecidas.

A manifestação é através de um “anjo do SENHOR” (Ex 3.2) em uma sarça que ardia em fogo e não se consumia.

A sarça é uma planta comum e humilde do deserto, mas o fogo é um símbolo da santidade e presença de Deus. O fato de não se consumir sugere a natureza sustentadora de Deus. O fogo purifica e consome, mas aqui o objeto frágil é preservado pela própria presença divina. Isso antecipa a resistência e sobrevivência de Israel.

Esse fato maravilhoso atrai Moisés: “Irei para lá” (Ex 3.3). Isso demonstra uma abertura e curiosidade que são essenciais para o encontro com Deus.

Deus chama Moisés pelo nome: “Moisés! Moisés!” (Ex 3.4). A repetição do nome indica a atenção de Deus e estabelece uma relação pessoal. A resposta de Moisés, “Estou aqui!” (Ex 3.4), mostra uma expressão de disponibilidade.

Deus se identifica como o “Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Ex 3.6).

Essas palavras conectam o chamado de Moisés à aliança e às promessas feitas aos patriarcas. Deus não é uma divindade nova ou local; Deus é fiel e cumpre o seu pacto. Moisés entende a magnitude do encontro e esconde o rosto (reverência e temor).

A revelação do caráter de Deus é seguida pela revelação de seu plano.

Deus viu, ouviu, e conhece a aflição de seu povo no Egito (Ex 3.7). Deus se importa com o sofrimento humano (Deus Imanente).

Deus desceu para livrar o povo e conduzi-lo a uma “terra grande e boa” (Ex 3.8), uma terra que representa a plenitude da provisão e descanso proporcionado por Deus. Essa provisão e descanso nos é dado em Cristo Jesus.

Deus declara o propósito do chamado: “Agora venha, e eu o enviarei ao rei do Egito para que você tire de lá o meu povo, os israelitas” (Ex 3.10).

Quando Deus diz que “eu o enviarei”, Moisés ouve a essência do chamado. As palavras “o meu povo”, significa que o empreendimento é de Deus e Moisés é apenas o seu instrumento.

A primeira reação de Moisés é de humildade e insegurança: “Quem sou eu?” (Ex 3.11). Talvez para Moisés, ele fosse apenas um assassino fugitivo, um pastor de ovelhas, um homem sem credibilidade.

Observe que Deus não debate as qualificações de Moisés, apenas lhe oferece a sua promessa: “Eu estarei com você” (Ex 3.12).

Moisés pede credenciais de Deus para apresentar para Israel e para o Faraó, afinal as pessoas iriam querer saber quem era esse Deus (Ex 3.13) e qual seria sua resposta.

Antigamente no Oriente Próximo, o nome revelava o caráter e o poder de uma divindade. Dessa forma, ao se apresentar como “EU SOU QUEM SOU (Ex 3.14), Deus está fazendo uma autorevelação mais profunda.

No hebraico, o termo 'EHYEH 'ASHER 'EHYEH (forma da 1ª pessoa do verbo hayah, “ser”), implica:

Auto existência: Deus é a causa de si mesmo, o ser absoluto, que não depende de nada.

Eternidade: Ele é o ser que sempre foi, é e será.

Presença Ativa: Deus é aquele que está presente e se manifestará em poder. Ele é o Deus que age em favor de seu povo.

O chamado de Deus sempre nasce de sua iniciativa graciosa, e é marcado por sua santidade e é sustentado pela sua auto-suficiência e fidelidade à aliança.

Moisés, um homem muito conhecido no início do livro, ficou por 40 anos no anonimato. Um homem que passou por fracasso na carreira egípcia. Por 40 anos ficou pastoreando um rebanho que não era seu.

Ao ler o livro de Êxodo precisamos pensar nessa lacuna de 40 anos. Parentes que ficaram no Egito escravizados, se questionando e até preocupados com Moisés.

Quem é você hoje? Talvez você esteja vivendo no seu deserto da rotina, do esquecimento, do fracasso!

Num dia, como tantos outros nos 40 anos, Moisés presencia algo inusitado. Uma planta simples, a sarça, está em fogo, mas não se consome (Ex 3.2-3). E ali, acontece o chamado de Deus e Moisés se mostra disponível ao dizer: “Estou aqui!” (Ex 3.4).

Chama atenção o motivo pelo qual Deus chama Moisés. Deus vê e desce (Ex 3.7-8). Deus não ignora a aflição do seu povo. Deus não está distante. Deus vê, ouve, conhece a dor e desce para agir.

Caríssimo: Deus está atento! A nossa dor move o coração de Deus.

Deus não chama Moisés para satisfazer seu ego. Deus salvou sua vida, quando todos os meninos nascidos dos Hebreus deveriam ser mortos. Deus o tirou do Egito para enviá-lo novamente ao Egito. Muitos mais que amar Moisés, Deus amava o seu povo, a sua propriedade “tires o meu povo” (Ex 3.10).

Nosso chamado para sermos cristãos, nossa vocação, nosso ministério, nossa missão, é sempre parte do plano maior de Deus: redimir as pessoas. Não se trata de nós, se trata de todas as pessoas.

A mesma disponibilidade de Moisés, por um momento, se tornou uma desculpa: “quem sou eu?

O Moisés disponível, agora se apresenta inseguro e cheio de medo. Claro que, ao analisar nossa tarefa diante da missão de Deus, nos sentimos insuficientes e incapazes. Todavia, tal como Moisés, temos a mesma promessa, pois Deus não muda: “eu estarei com você” (Ex 3.12).

Não somos credenciados por nossas qualificações. A força do chamado e do envio está em quem Deus. Seu nome: 'EHYEH 'ASHER 'EHYEH (Eu Sou O Que Sou) nos anima e prosseguir, pois seja o que for que Faraó exija, EU SOU. Seja o que for que o povo necessite, EU SOU. Seja qual for a sua fraqueza, a Presença de Deus é a nossa força. O Deus que chama é o ser absoluto, eterno, soberano e ativo.

O chamado de Moisés se assemelha ao chamado que nós recebemos. Ele nos tira do nosso deserto (fracasso, rotina) e nos atrai por meio de sua revelação. Ele anula o nosso “Quem sou eu?” com o seu “Eu estarei contigo”.

Nossa tarefa pode parecer grande demais para as nossas mãos, mas é perfeitamente adequada para o Deus que É. Prossiga no seu chamado, pois a sua credencial é o próprio EU SOU O QUE SOU. O “EU SOU” se manifesta em Jesus.

Assim como Moisés, nosso chamado é sustentado pela mesma pessoa. O Deus que É se tornou o Deus que Se Fez em Cristo. Prossiga no seu chamado com reverência e ousadia, pois a sua credencial é o próprio JESUS CRISTO, O EU SOU. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

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