segunda-feira, 17 de novembro de 2025

No último domingo da igreja voltamos para o Calvário!

 23 de Novembro de 2025

Vigésimo Quarto domingo após Pentecostes

Salmo 46; Malaquias 3.13-18; Colossenses 1.13-20; Lucas 23.27-43

Texto: Lc 23.27-43

Tema: No último domingo da igreja voltamos para o Calvário!

 

Nesse que é o Último Domingo no calendário da Igreja, temos para nossa reflexão um texto da semana da paixão. Qual motivo? O calendário da igreja é centralizado na mensagem da cruz!

O contexto da crucificação lembra que a Igreja de Cristo na terra é uma Igreja militante, que deve permanecer firme sob a bandeira do “Senhor da glória crucificado” em meio à perseguição e desprezo mundano, assim como o malfeitor fiel o fez.

O trecho bíblico de Lucas 23.27-43 descreve:

1 - As mulheres que choram por Jesus (vv. 27–31).

2 - O crucificamento entre dois criminosos (vv. 32–33).

3 - A intercessão de Cristo: “Pai, perdoa-lhes” (v. 34).

4 - As zombarias dos líderes, soldados e um dos malfeitores (vv. 35–39).

5 - A fé do ladrão arrependido e a promessa de Cristo: “Hoje estarás comigo no paraíso” (vv. 40–43).

Analisar esse texto é enfatiza o contraste entre a justiça divina e a cegueira humana.

Jesus viu algumas mulheres que choravam (Lc 23.27) e não se comoveu com essa reação. Não foi falta de empatia, na verdade, Jesus utilizou-se dessas lágrimas para repreender a todos: “Não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos!” (Lc 23.28).

Especificamente essas palavras de Jesus se trata de uma profecia severa e literal do julgamento iminente sobre Jerusalém que ocorreu em 70 d.C. Jesus sublinha que o seu sofrimento é temporário e redentor, mas o sofrimento que aguarda a cidade, devido à sua incredulidade, será devastador e permanente.

Jesus sempre se aproveitava das oportunidades para ensinar. Jesus ensinou por meio de muitas parábolas e agora, a caminho da crucificação, Jesus visa ensinar por meio de um provérbio: “Porque, se isso tudo é feito quando a lenha está verde, o que acontecerá, então, quando ela estiver seca?” (Lc 23.31).

Essas palavras indicam que se a justiça divina atinge o inocente Jesus com tanta violência, o que acontecerá com a lenha seca? A Jerusalém impenitente?

As lágrimas daquelas mulheres e a exortação de Jesus visa destacar que a autojustificação, a compaixão que ignora a culpa pessoal é inútil. A Lei de Deus exige um arrependimento verdadeiro que reconhece a total e merecida condenação. Por essa razão, a oração de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34) é muito ilustrativa.

Essa oração demonstra o amor de Deus no centro da miséria humana. É a graça que se oferece até mesmo aos carrascos e blasfemadores, reforçando que o perdão é um ato de misericórdia divina, e não um mérito humano.

Esse pedido por perdão é o primeiro ato régio de Jesus na cruz. Um ato de intercessão pelo seu povo e seus algozes.

Essa oração de Jesus distingue a ignorância e a falta de consciência por parte do povo sobre a identidade de Jesus. Isso torna o seu pecado perdoável mediante arrependimento. Todavia, ante a essa oração, temos a ironia do escárnio dos líderes, dos soldados e de um dos criminosos.

Enquanto Jesus morria para salvar a humanidade, as pessoas queriam que ele se salvasse (Lc 23.35).

Ficar na cruz, morrer na cruz é parte da sua missão, mas dali três dias, Jesus estaria ressuscitado.

Enquanto o homem que supostamente estava sentado no trono condenava Jesus, Jesus ocupava o trono da graça sob a cruz e dali oferece seu perdão e garante a salvação.

Na cruz, a zombaria da multidão e a oração de Jesus se confrontam. Todavia é o diálogo com os dois ladrões que demonstra o pleno poder da Graça Incondicional.

O pedido de um dos malfeitores, tal como dos líderes e dos soldados (Lc 23.35, 36,39) retrata o pedido da fé da Lei que busca o milagre, mas rejeita o arrependimento. Representa a humanidade que exige uma salvação sem a cruz, sem a confissão de culpa.

Diante de toda a zombaria, temos o segundo criminoso, que sob o peso da Lei, é levado à verdadeira contrição e, em seguida, à declaração de fé. Ele repreende seu companheiro, e pode-se dizer que todos que zombavam: “Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?” e confessa: “Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem” (Lc 21.41).

Observe que esse malfeitor não se justifica! Ele concorda com o veredito da Lei. E reconhece e confessa a inocência e a realeza de Cristo: “Este nenhum mal fez... Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” (Lc 21.41b-42).

Este criminoso, não tem boas obras para apresentar, não tem tempo para batismo, não lhe é possível fazer uma reparação, apenas confia no rei crucificado.

Em meio a muitos que zombavam, na cruz encontramos a fé de um ladrão arrependido e ouvimos a promessa de Cristo: “Hoje estarás comigo no paraíso” (vv. 40–43).

O homem que confessou sua total indignidade recebe a plenitude da promessa. Não há obras, não há mérito, apenas a fé que clama por misericórdia. O ladrão é um exemplo eterno de que a salvação é inteiramente um dom de Cristo oferecido por graça.

O relato desse ladrão na cruz é um contraponto para destacar que ele viu o que os líderes religiosos e muitos outros não conseguiam ver devida a sua cegueira.

Quantas pessoas continuam cegas? Quantos ainda zombam de toda obra de salvação? Muitos zombam assim como os líderes religiosos, soldados e o um dos malfeitores na cruz, ou seja, não se arrependem, buscam uma salvação sem a cruz, apegam-se as suas realizações.

Caríssimo, o malfeitor arrependido na cruz, reconhece Jesus como rei mesmo estando na cruz e essa é a essência da fé. E por fé, ouve a promessa solene de Cristo: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43).

O advérbio “hoje” (sēmeron) deve ser ligado ao verbo “estarás”. Isso refutaria qualquer interpretação que coloque a vírgula após “digo”, garantindo que a promessa de Jesus é de salvação imediata após a morte, e não em um futuro distante.

O paraíso é a porção dos justos no Éden restaurado. Esse breve relato visa destacar que a salvação é por graça ao que se arrepende e crê.

Com certeza, se esse homem, saísse da cruz, sua vida seria diferente, mas, ele não precisou dessa vida diferente para ter a salvação.

Jesus profetiza juízo; fala sobre perdão e o oferece ao pecador arrependido na cruz.

Olhar para o Calvário nesse culto onde temos o último domingo no calendário da igreja não é ver um fracasso, mas contemplar o trono da Graça na cruz. Vivemos sob a cruz e pela obra de Cristo realizada na cruz temos a certeza de que hoje estaremos no paraíso se morrermos na fé.

Refletir sobre o calvário no último domingo da igreja é perceber que a missão da Igreja se dá em meio as lágrimas e zombarias, mas, pela proclamação do Cristo crucificado as pessoas recebem o que essa obra oferece: perdão, vida e salvação.

A salvação do ladrão em meio aos zombadores é uma mensagem a todo pecador desesperado: Cristo salva completamente, e salva agora. Amém

 

Edson Ronaldo Tressmann

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