23 de Novembro de 2025
Vigésimo
Quarto domingo após Pentecostes
Salmo
46; Malaquias 3.13-18; Colossenses 1.13-20; Lucas 23.27-43
Texto: Lc
23.27-43
Tema:
No último domingo da igreja voltamos para o Calvário!
Nesse que é o
Último Domingo no calendário da Igreja, temos para nossa reflexão um texto da
semana da paixão. Qual motivo? O
calendário da igreja é centralizado na mensagem da cruz!
O contexto da
crucificação lembra que a Igreja de Cristo na terra é uma Igreja militante, que
deve permanecer firme sob a bandeira do “Senhor
da glória crucificado” em meio à perseguição e desprezo mundano,
assim como o malfeitor fiel o fez.
O trecho bíblico
de Lucas 23.27-43 descreve:
1
-
As mulheres que choram por Jesus (vv. 27–31).
2
-
O crucificamento entre dois criminosos (vv. 32–33).
3
-
A intercessão de Cristo: “Pai, perdoa-lhes”
(v. 34).
4
-
As zombarias dos líderes, soldados e um dos malfeitores (vv. 35–39).
5
-
A fé do ladrão arrependido e a promessa de Cristo: “Hoje
estarás comigo no paraíso” (vv. 40–43).
Analisar esse
texto é enfatiza o contraste entre a justiça divina e a cegueira humana.
Jesus viu algumas
mulheres que choravam (Lc 23.27) e não se comoveu com essa reação. Não foi
falta de empatia, na verdade, Jesus utilizou-se dessas lágrimas para repreender
a todos: “Não choreis por mim; chorai, antes,
por vós mesmas e por vossos filhos!” (Lc 23.28).
Especificamente
essas palavras de Jesus se trata de uma profecia severa e literal do julgamento
iminente sobre Jerusalém que ocorreu em 70 d.C. Jesus sublinha que o seu sofrimento
é temporário e redentor, mas o sofrimento que aguarda a cidade, devido à sua
incredulidade, será devastador e permanente.
Jesus sempre se
aproveitava das oportunidades para ensinar. Jesus ensinou por meio de muitas
parábolas e agora, a caminho da crucificação, Jesus visa ensinar por meio de um
provérbio: “Porque, se isso tudo é feito quando
a lenha está verde, o que acontecerá, então, quando ela estiver seca?”
(Lc 23.31).
Essas
palavras indicam que se a justiça divina atinge o inocente Jesus com tanta
violência, o que acontecerá com a lenha seca? A Jerusalém impenitente?
As lágrimas
daquelas mulheres e a exortação de Jesus visa destacar que a autojustificação, a
compaixão que ignora a culpa pessoal é inútil. A Lei de Deus exige um arrependimento
verdadeiro que reconhece a total e merecida condenação. Por essa razão, a
oração de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem” (Lc 23.34) é muito ilustrativa.
Essa oração demonstra
o amor de Deus no centro da miséria humana. É a graça que se oferece até mesmo
aos carrascos e blasfemadores, reforçando que o perdão é um ato de misericórdia
divina, e não um mérito humano.
Esse pedido por
perdão é o primeiro ato régio de Jesus na cruz. Um ato de intercessão pelo seu
povo e seus algozes.
Essa oração de Jesus
distingue a ignorância e a falta de consciência por parte do povo sobre a
identidade de Jesus. Isso torna o seu pecado perdoável mediante arrependimento.
Todavia, ante a essa oração, temos a ironia do escárnio dos líderes, dos
soldados e de um dos criminosos.
Enquanto Jesus
morria para salvar a humanidade, as pessoas queriam que ele se salvasse (Lc
23.35).
Ficar na cruz, morrer na cruz é parte da sua missão, mas dali
três dias, Jesus estaria ressuscitado.
Enquanto o homem que
supostamente estava sentado no trono condenava Jesus, Jesus ocupava o trono da
graça sob a cruz e dali oferece seu perdão e garante a salvação.
Na cruz, a
zombaria da multidão e a oração de Jesus se confrontam. Todavia é o diálogo com
os dois ladrões que demonstra o pleno poder da Graça Incondicional.
O pedido de um dos
malfeitores, tal como dos líderes e dos soldados (Lc 23.35, 36,39) retrata o
pedido da fé da Lei que busca o milagre, mas rejeita o arrependimento.
Representa a humanidade que exige uma salvação sem a cruz, sem a confissão de
culpa.
Diante de toda a
zombaria, temos o segundo criminoso, que sob o peso da Lei, é levado à verdadeira
contrição e, em seguida, à declaração de fé. Ele repreende seu companheiro, e
pode-se dizer que todos que zombavam: “Tu nem
ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?” e confessa: “Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo
que os nossos atos merecem” (Lc 21.41).
Observe que esse malfeitor
não se justifica! Ele concorda com o veredito da Lei. E reconhece e confessa a
inocência e a realeza de Cristo: “Este nenhum
mal fez... Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” (Lc
21.41b-42).
Este criminoso, não
tem boas obras para apresentar, não tem tempo para batismo, não lhe é possível
fazer uma reparação, apenas confia no rei crucificado.
Em meio a muitos
que zombavam, na cruz encontramos a fé de um ladrão arrependido e ouvimos a
promessa de Cristo: “Hoje estarás comigo no
paraíso” (vv. 40–43).
O homem que
confessou sua total indignidade recebe a plenitude da promessa. Não há obras,
não há mérito, apenas a fé que clama por misericórdia. O ladrão é um exemplo
eterno de que a salvação é inteiramente um dom de Cristo oferecido por graça.
O relato desse
ladrão na cruz é um contraponto para destacar que ele viu o que os líderes
religiosos e muitos outros não conseguiam ver devida a sua cegueira.
Quantas
pessoas continuam cegas? Quantos ainda zombam de toda obra de salvação? Muitos
zombam assim como os líderes religiosos, soldados e o um dos malfeitores na
cruz, ou seja, não se arrependem, buscam uma salvação sem a cruz, apegam-se as
suas realizações.
Caríssimo, o
malfeitor arrependido na cruz, reconhece Jesus como rei mesmo estando na cruz e
essa é a essência da fé. E por fé, ouve a promessa solene de Cristo: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”
(Lc 23.43).
O advérbio “hoje” (sēmeron) deve ser ligado ao
verbo “estarás”. Isso refutaria
qualquer interpretação que coloque a vírgula após “digo”,
garantindo que a promessa de Jesus é de salvação imediata após a morte, e não
em um futuro distante.
O paraíso é a
porção dos justos no Éden restaurado. Esse breve relato visa destacar que a
salvação é por graça ao que se arrepende e crê.
Com certeza, se
esse homem, saísse da cruz, sua vida seria diferente, mas, ele não precisou
dessa vida diferente para ter a salvação.
Jesus profetiza
juízo; fala sobre perdão e o oferece ao pecador arrependido na cruz.
Olhar para o
Calvário nesse culto onde temos o último domingo no calendário da igreja não é ver
um fracasso, mas contemplar o trono da Graça na cruz. Vivemos sob a cruz e pela
obra de Cristo realizada na cruz temos a certeza de que hoje estaremos no
paraíso se morrermos na fé.
Refletir sobre o
calvário no último domingo da igreja é perceber que a missão da Igreja se dá em
meio as lágrimas e zombarias, mas, pela proclamação do Cristo crucificado as
pessoas recebem o que essa obra oferece: perdão, vida e salvação.
A salvação do
ladrão em meio aos zombadores é uma mensagem a todo pecador desesperado: Cristo
salva completamente, e salva agora. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
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