domingo, 2 de novembro de 2025

O Deus dos vivos: Esperança para além do túmulo! (Lc 20.38)

 09 de novembro de 2025

Vigésimo segundo domingo após Pentecostes

Salmo 148; Êxodo 3.1-15; 2Tessalonicenses 2.1-8,13-17; Lucas 20.27-40

Tema: O Deus dos vivos: Esperança para além do túmulo!

Texto: Lucas 20.38

 

Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos (Lc 20.38).

 

Temos nessas palavras uma resposta de Jesus para uma pergunta capciosa feita pelos saduceus (Lc 20.27).

Os saduceus eram uma das principais seitas judaicas da época, notórios por sua aversão à doutrina da ressurreição, anjos e espíritos (Atos 23.8). Sua autoridade limitava-se estritamente à Lei de Moisés (o Pentateuco). Esse grupo religioso negava a verdadeira esperança cristã.

Os saduceus apresentaram a Jesus um cenário hipotético baseado na Lei do Levirato (Dt 25.5-10), supondo que uma mulher se casa sucessivamente com sete irmãos que morrem sem deixar filhos. Eles perguntam: “Na ressurreição, de qual deles ela será esposa?” (Lc 20.33). O objetivo era ridicularizar a ideia da ressurreição, sugerindo que ela criaria absurdos sociais e legais.

Quantas pessoas buscam ridicularizar a fé por argumentos banais? A visão limitada dos saduceus sobre Deus e a vida eterna os levou ao descrédito dessa doutrina essencial e que é a base da fé cristã. Os saduceus pensavam na eternidade usando apenas as regras e categorias da vida terrena.

Jesus amorosamente corrige o erro fundamental deles sobre a natureza da vida após a ressurreição, afirmando: “os filhos deste mundo se casam e se dão em casamento; mas os que forem julgados dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dentre os mortos nem se casam nem se dão em casamento; pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lc 20.34-36).

A vida ressuscitada é de uma ordem completamente diferente, transcendendo as relações e instituições terrenas. O corpo da ressurreição é um corpo glorificado, diferente do corpo corruptível (1Coríntios 15.42-44).

Jesus prova a ressurreição a partir das próprias Escrituras que os saduceus aceitavam (a Lei de Moisés), citando a passagem da sarça ardente em Êxodo 3.6. Jesus usa as palavras ditas pelo próprio anjo do SENHOR: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó...” (Ex 3.6) e a partir disso faz a aplicação: “...Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos (Lc 20.38).

Deus não é Deus de mortos, mas de vivos é a afirmação central de Jesus. Jesus extrai essa verdade da autoapresentação de Deus a Moisés na sarça ardente (Êxodo 3.6; citado em Lc 20.37).

Quando Deus se identifica com os patriarcas séculos após suas mortes, Ele usa o verbo no presente: “Eu sou”, não no passado “Eu fui”. Se Deus se refere a Abraão, Isaque e Jacó no presente, isso significa que, para Deus, eles estão vivos.

A ressurreição não é apenas uma possibilidade futura, mas uma certeza enraizada na natureza eterna e na fidelidade de Deus. O vínculo de aliança entre Deus e seu povo fiel é inquebrável, e nem mesmo a morte física pode rompê-lo.

Se caso Deus tivesse dito: “Eu fui o Deus deles”, os saduceus teriam razão. Todavia, Deus disse “Eu sou”, afirmando que Abraão, Isaque e Jacó estavam vivos. A morte humana não pode quebrar o relacionamento de Aliança de Deus com seu povo. Se os patriarcas estivessem aniquilados, Deus seria “Deus de mortos”, um título incompatível com sua natureza vivificante e eterna.

A afirmação: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos” (Lc 20.38), tem implicações profundas:

Deus é o Deus da Aliança: A fidelidade de Deus (seu Hesed) o pacto feito com Abraão, Isaque e Jacó é eterna. O salmista declara: “Os seus conselhos subsistem para sempre; os desígnios do seu coração, de geração em geração” (Salmo 33.11).

A Morte é apenas uma transição: Se Deus é, em seu ser, o Deus dos vivos, isso significa que aqueles que morrem na fé são simplesmente transferidos para uma outra dimensão de vida, sustentada por Ele. A morte é apenas uma transição. Ninguém que pertence a Deus é “perdido” ou “inexistente”. Sua presença e seu poder mantêm a existência de seus filhos.

Recordemos o profeta Elias, que não viu a morte, mas foi arrebatado ao céu em um redemoinho (2Reis 2.11). O próprio Abraão, que esperava uma cidade “cujo arquiteto e construtor é Deus” (Hebreus 11.10), mostrando que sua esperança ultrapassava a posse da terra prometida.

Nosso ente querido que morreu na fé não está num lugar escuro ou de aniquilamento, mas na presença do Deus vivo, esperando a ressurreição do corpo.

A promessa da ressurreição é a promessa de uma vida plena, livre das limitações, fragilidades e mortalidade deste mundo (Lc 20.35-36). Nossa esperança na ressurreição não é um mito ou uma invenção teológica, é uma verdade que se baseia na própria essência de Deus: Ele é o Deus dos vivos.

Como vivem aqueles que creem no Deus dos Vivos?

Sem temor da morte: a certeza da vida eterna deve moldar nosso presente. Se Deus garante a ressurreição, não devemos temer a morte, como o apóstolo Paulo, que dizia: “Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21).

Com a esperança ativa (1 Ts 4.13-18): Não vivemos “como os demais, que não têm esperança” (1Tessalonicenses 4.13). A fé na ressurreição consola a dor da perda, pois sabemos que a separação é temporária e será revertida no reencontro.

Dedicados ao serviço: A vida ressurreta é uma vida “igual aos anjos”, dedicada a Deus. Viver como filhos da ressurreição significa não se prender às ambições e regras passageiras deste mundo, mas sim investir naquilo que é eterno.

Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos (Lc 20.38).

A passagem não apenas prova a ressurreição, mas também revela algo profundo sobre Deus e a vida do crente:

Deus é o Deus da Aliança, cuja fidelidade garante a vida eterna;

A morte física não é o fim da existência, nem o fim da relação do crente com Deus;

A ressurreição é a consumação da vida iniciada na fé, garantida pela vida do próprio Deus;

Amém.

Edson Ronaldo Tressmann

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