16 de novembro de 2025
Vigésimo
terceiro domingo após Pentecostes
Salmo
98; Malaquias 4.1-6; 2Tessalonicenses 3.6-13; Lucas 21.5-28
Texto:
2Tessalonicenses 3.6-13
Tema: Que
a preguiça alheia não paralise minha ação bondosa!
2Tessalonicenses 3.6-13
é uma passagem bíblica muito importante e direta sobre a preguiça, a ociosidade
e a responsabilidade do trabalho na vida cristã.
Quando lemos que o
apóstolo Paulo começa essa segunda carta aos Tessalonicenses com uma ordem
enfática: “ordenamos... em nome do Senhor Jesus
Cristo” (2Ts 3.6), observa-se que o problema da ociosidade era sério
o suficiente para exigir uma atitude de separação ou disciplina.
A ociosidade ou
preguiça aqui não é apenas não fazer nada,
mas viver “desordenadamente”, em
grego, ataktōs, que sugere andar fora
de ordem, como um soldado que abandona sua posição, recusando-se a seguir os
ensinamentos recebido.
A autoridade da
exortação do apóstolo não se deve apenas por um direito, mas pelo seu exemplo
de trabalho. Ele e seus companheiros trabalharam “noite
e dia, com fadiga e labuta” para não serem “pesados” a ninguém. Apesar de terem o direito
de ser sustentados como apóstolos, escolheram trabalhar para dar o exemplo (2Ts
3.9). O trabalho é um valor cristão a ser imitado.
Ao escrever: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma”
(2Ts 3.10), o apóstolo faz uso da expressão grega thelō
para fazer uma separação entre àqueles que são preguiçosos e por preguiça não
querem trabalhar daqueles que não podem
trabalhar, por doença, incapacidade ou falta de oportunidade.
O trabalho é uma
forma de honrar a Deus, de sustentar a si mesmo com dignidade e de não explorar
a caridade da igreja.
Paulo aponta que
os ociosos, além de se tornarem um peso, estavam se tornando bisbilhoteiros da
vida dos outros. Ouça, “não trabalhando, mas
intrometendo-se na vida alheia” (2Ts 3.11). O verbo periergazomai significa ser um “bisbilhoteiro, um
intrometido”.
Há um ditado que
diz: cabeça vazia, oficina do Diabo.
A falta de trabalho produtivo frequentemente leva ao ócio pecaminoso, que é a
fofoca, a desordem e a criação de problemas na comunidade.
A falta de
ocupação trouxe preocupação e levou o apostolo a exortação: “Pois ouvimos que alguns de vocês estão ociosos; não
trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia” (2Ts 3.11, NVI).
É extremamente perigoso cair no ócio e se tornar um bisbilhoteiro. Entre todas
as conexões, a mais perigosa é a conexão: ócio + fofoca= atividades
destrutivas.
Paulo não está
apenas destacado o problema de não ter trabalho,
mas recusar-se a ter (2Ts 3.10) e sem
ocupação, viver desordenadamente, viver uma vida sem disciplina, sem propósito
produtivo.
O ocioso não se
dedica ao seu próprio chamado, não se concentra nas suas responsabilidades em
casa, no trabalho ou na igreja. A ociosidade é a porta aberta para atividades
destrutivas.
Paulo faz um jogo
de palavras no grego que pode ser traduzido como: “não
ocupados, mas ocupados com a vida alheia”.
Quando as mãos e a
mente estão desocupadas, a língua se ocupa com o que não lhe diz respeito. A
fofoca e a intromissão são o subproduto direto da preguiça espiritual e
prática.
A ociosidade que
leva à fofoca destrói a vida do indivíduo e a paz da comunidade.
O bisbilhoteiro
não apenas fala, ele semeia a discórdia. Ele leva notícias não verificadas,
interpreta intenções erradas e cria divisões desnecessárias. Salomão em Provérbios
6.16-19 lista “o que semeia contendas entre
irmãos” como abominação.
A ociosidade e a
fofoca criam um ambiente de desconfiança na igreja. Se a pessoa que deveria
estar trabalhando está espalhando rumores, ninguém se sente seguro ou em paz. Na
primeira carta, Paulo já havia instruído: “procurai
viver quietos, tratar dos vossos próprios negócios e trabalhar com vossas
próprias mãos... a fim de que andeis honestamente para com os que estão de
fora...” (1 Ts 4.11-12).
Quando os cristãos
são conhecidos na comunidade por serem preguiçosos e intrometidos, isso desonra
o nome de Cristo e a mensagem do Evangelho. O mundo espera ver a diligência e a
ordem, não a desordem e o falatório.
O preguiçoso se
torna um parasita, explorando a generosidade dos crentes. Ele não apenas se
intromete na vida alheia, ele se sustenta com o suor alheio.
O trabalho
tranquilo e honesto traz paz e satisfação (2Ts 3.12). Em contraste, a vida do
bisbilhoteiro é agitada, cheia de intrigas, culpa e a eterna busca por algo
para comentar. Ele sacrifica sua própria paz pela emoção superficial da fofoca.
Paulo oferece a
cura para esse mal de forma direta: “A tais
pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo que trabalhem
tranquilamente e comam o seu próprio pão” (2Ts 3.12).
A solução não é
apenas trabalhar, mas trabalhar em paz e em silêncio, cuidando do que é seu.
Isso exige foco, disciplina e a recusa intencional em se desviar para os
assuntos alheios.
É o retorno à
dignidade e à autossuficiência sob a bênção de Deus. O trabalho honesto é o
caminho para a independência e para evitar a tentação de viver da generosidade
alheia.
Que as nossas mãos
estejam ocupadas com o trabalho digno e as nossas bocas, com a oração e a
edificação.
Você
está vivendo ocupado em seu próprio chamado ou intrometido na vida alheia?
O trabalho não é
uma maldição, mas parte do propósito original de Deus para o homem (Gênesis 2.15).
A maldição recaiu sobre a dificuldade do trabalho (Gênesis 3.17-19), não sobre
o trabalho em si. Desde o Gênesis, a provisão está ligada à atividade humana,
honrando a parceria entre o Deus Provedor e o homem responsável.
Dessa forma, o
apóstolo destaca que o preguiçoso optou por uma vida de parasitismo, explorando
a generosidade da comunidade de fé. O problema não é a pobreza, mas a vontade
indisposta de trabalhar.
Se o indivíduo
sadio e capaz se recusa a contribuir, ele não deve ser um peso sobre os que
trabalham. Permitir que ele coma é
recompensar a preguiça e penalizar a diligência.
O princípio divino
de Paulo protege a caridade da igreja para que ela possa ser usada com aqueles
que realmente necessitam e que são fiéis em seus deveres. A caridade não
pode se tornar um incentivo à ociosidade. Afinal, a equação é muito simples. O
trabalho é o meio ordenado por Deus para o sustento.
Qual
é a sua atitude em relação ao trabalho? Você está usando a sua saúde, tempo e
talentos para contribuir, ou está sendo um peso?
O cristão é
chamado a ser o mais diligente, o mais honesto e o mais trabalhador de todos,
para a glória de Deus e para o nosso próprio sustento digno.
Com essa exortação
de cuidado quanto ao preguiçoso e não ajuda-lo a continuar sendo preguiçoso, o
apóstolo Paulo escreve: “não vos canseis de
fazer o bem” (2Ts 3.13).
Temos aqui um
mandamento crucial imediatamente após a ordem rigorosa sobre o trabalho (2Ts 3.10).
Ele serve como um contraponto e um alerta para a comunidade.
A exortação para não cansar de fazer o bem devia-se ao
fato de que havendo muitos preguiçosos que não mais queriam trabalhar e
passaram a viver da generosidade dos outros, era preciso cuidar para não cair no
risco de se tornar cínico ou endurecido. Muitos se cansaram de “fazer o bem”, pois se frustraram em ver
pessoas explorando a bondade dos outros.
O princípio “se alguém não quer trabalhar, também não coma”
pode levar à suspensão total da caridade e para que isso não aconteça, o
apóstolo Paulo exorta para que se faça uma triagem sobre o porquê a pessoa está
necessitada e ajudar o realmente necessitado e não sustentar o preguiçoso.
O termo grego para
“fazer o bem” é kalopoieō, que significa fazer o que é bom, honroso e moralmente belo. Fazer
um bem é um chamado para manter o padrão ético elevado da vida cristã.
Temos aqui uma mensagem
simples: a repreensão ao preguiçoso não é um pretexto para o cristão deixar de
praticar a caridade com o verdadeiramente necessitado ou se cansar do seu dever
geral de fazer o bem.
O mandamento “Não vos canseis de fazer o bem” é a cola que
impede que a disciplina justa (2Ts 3.10) se transforme em dureza de coração. É
o chamado de Deus para que o seu povo, mesmo confrontando o mal e a preguiça,
mantenha a esperança ativa e a generosidade perseverante. A tarefa do cristão é
manter-se firme no dever e na bondade, e deixar a justiça e a colheita nas mãos
de Deus. Amém.
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