segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Que a preguiça alheia não paralise minha ação bondosa!

 16 de novembro de 2025

Vigésimo terceiro domingo após Pentecostes

Salmo 98; Malaquias 4.1-6; 2Tessalonicenses 3.6-13; Lucas 21.5-28

Texto: 2Tessalonicenses 3.6-13

Tema: Que a preguiça alheia não paralise minha ação bondosa!

 

2Tessalonicenses 3.6-13 é uma passagem bíblica muito importante e direta sobre a preguiça, a ociosidade e a responsabilidade do trabalho na vida cristã.

Quando lemos que o apóstolo Paulo começa essa segunda carta aos Tessalonicenses com uma ordem enfática: “ordenamos... em nome do Senhor Jesus Cristo” (2Ts 3.6), observa-se que o problema da ociosidade era sério o suficiente para exigir uma atitude de separação ou disciplina.

A ociosidade ou preguiça aqui não é apenas não fazer nada, mas viver “desordenadamente”, em grego, ataktōs, que sugere andar fora de ordem, como um soldado que abandona sua posição, recusando-se a seguir os ensinamentos recebido.

A autoridade da exortação do apóstolo não se deve apenas por um direito, mas pelo seu exemplo de trabalho. Ele e seus companheiros trabalharam “noite e dia, com fadiga e labuta” para não serem “pesados” a ninguém. Apesar de terem o direito de ser sustentados como apóstolos, escolheram trabalhar para dar o exemplo (2Ts 3.9). O trabalho é um valor cristão a ser imitado.

Ao escrever: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2Ts 3.10), o apóstolo faz uso da expressão grega thelō para fazer uma separação entre àqueles que são preguiçosos e por preguiça não querem trabalhar daqueles que não podem trabalhar, por doença, incapacidade ou falta de oportunidade.

O trabalho é uma forma de honrar a Deus, de sustentar a si mesmo com dignidade e de não explorar a caridade da igreja.

Paulo aponta que os ociosos, além de se tornarem um peso, estavam se tornando bisbilhoteiros da vida dos outros. Ouça, “não trabalhando, mas intrometendo-se na vida alheia” (2Ts 3.11). O verbo periergazomai significa ser um “bisbilhoteiro, um intrometido”.

Há um ditado que diz: cabeça vazia, oficina do Diabo. A falta de trabalho produtivo frequentemente leva ao ócio pecaminoso, que é a fofoca, a desordem e a criação de problemas na comunidade.

A falta de ocupação trouxe preocupação e levou o apostolo a exortação: “Pois ouvimos que alguns de vocês estão ociosos; não trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia” (2Ts 3.11, NVI). É extremamente perigoso cair no ócio e se tornar um bisbilhoteiro. Entre todas as conexões, a mais perigosa é a conexão: ócio + fofoca= atividades destrutivas.

Paulo não está apenas destacado o problema de não ter trabalho, mas recusar-se a ter (2Ts 3.10) e sem ocupação, viver desordenadamente, viver uma vida sem disciplina, sem propósito produtivo.

O ocioso não se dedica ao seu próprio chamado, não se concentra nas suas responsabilidades em casa, no trabalho ou na igreja. A ociosidade é a porta aberta para atividades destrutivas.

Paulo faz um jogo de palavras no grego que pode ser traduzido como: “não ocupados, mas ocupados com a vida alheia”.

Quando as mãos e a mente estão desocupadas, a língua se ocupa com o que não lhe diz respeito. A fofoca e a intromissão são o subproduto direto da preguiça espiritual e prática.

A ociosidade que leva à fofoca destrói a vida do indivíduo e a paz da comunidade.

O bisbilhoteiro não apenas fala, ele semeia a discórdia. Ele leva notícias não verificadas, interpreta intenções erradas e cria divisões desnecessárias. Salomão em Provérbios 6.16-19 lista “o que semeia contendas entre irmãos” como abominação.

A ociosidade e a fofoca criam um ambiente de desconfiança na igreja. Se a pessoa que deveria estar trabalhando está espalhando rumores, ninguém se sente seguro ou em paz. Na primeira carta, Paulo já havia instruído: “procurai viver quietos, tratar dos vossos próprios negócios e trabalhar com vossas próprias mãos... a fim de que andeis honestamente para com os que estão de fora...” (1 Ts 4.11-12).

Quando os cristãos são conhecidos na comunidade por serem preguiçosos e intrometidos, isso desonra o nome de Cristo e a mensagem do Evangelho. O mundo espera ver a diligência e a ordem, não a desordem e o falatório.

O preguiçoso se torna um parasita, explorando a generosidade dos crentes. Ele não apenas se intromete na vida alheia, ele se sustenta com o suor alheio.

O trabalho tranquilo e honesto traz paz e satisfação (2Ts 3.12). Em contraste, a vida do bisbilhoteiro é agitada, cheia de intrigas, culpa e a eterna busca por algo para comentar. Ele sacrifica sua própria paz pela emoção superficial da fofoca.

Paulo oferece a cura para esse mal de forma direta: “A tais pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo que trabalhem tranquilamente e comam o seu próprio pão” (2Ts 3.12).

A solução não é apenas trabalhar, mas trabalhar em paz e em silêncio, cuidando do que é seu. Isso exige foco, disciplina e a recusa intencional em se desviar para os assuntos alheios.

É o retorno à dignidade e à autossuficiência sob a bênção de Deus. O trabalho honesto é o caminho para a independência e para evitar a tentação de viver da generosidade alheia.

Que as nossas mãos estejam ocupadas com o trabalho digno e as nossas bocas, com a oração e a edificação.

Você está vivendo ocupado em seu próprio chamado ou intrometido na vida alheia?

O trabalho não é uma maldição, mas parte do propósito original de Deus para o homem (Gênesis 2.15). A maldição recaiu sobre a dificuldade do trabalho (Gênesis 3.17-19), não sobre o trabalho em si. Desde o Gênesis, a provisão está ligada à atividade humana, honrando a parceria entre o Deus Provedor e o homem responsável.

Dessa forma, o apóstolo destaca que o preguiçoso optou por uma vida de parasitismo, explorando a generosidade da comunidade de fé. O problema não é a pobreza, mas a vontade indisposta de trabalhar.

Se o indivíduo sadio e capaz se recusa a contribuir, ele não deve ser um peso sobre os que trabalham. Permitir que ele coma é recompensar a preguiça e penalizar a diligência.

O princípio divino de Paulo protege a caridade da igreja para que ela possa ser usada com aqueles que realmente necessitam e que são fiéis em seus deveres. A caridade não pode se tornar um incentivo à ociosidade. Afinal, a equação é muito simples. O trabalho é o meio ordenado por Deus para o sustento.

Qual é a sua atitude em relação ao trabalho? Você está usando a sua saúde, tempo e talentos para contribuir, ou está sendo um peso?

O cristão é chamado a ser o mais diligente, o mais honesto e o mais trabalhador de todos, para a glória de Deus e para o nosso próprio sustento digno.

Com essa exortação de cuidado quanto ao preguiçoso e não ajuda-lo a continuar sendo preguiçoso, o apóstolo Paulo escreve: “não vos canseis de fazer o bem” (2Ts 3.13).

Temos aqui um mandamento crucial imediatamente após a ordem rigorosa sobre o trabalho (2Ts 3.10). Ele serve como um contraponto e um alerta para a comunidade.

A exortação para não cansar de fazer o bem devia-se ao fato de que havendo muitos preguiçosos que não mais queriam trabalhar e passaram a viver da generosidade dos outros, era preciso cuidar para não cair no risco de se tornar cínico ou endurecido. Muitos se cansaram de “fazer o bem”, pois se frustraram em ver pessoas explorando a bondade dos outros.

O princípio “se alguém não quer trabalhar, também não coma” pode levar à suspensão total da caridade e para que isso não aconteça, o apóstolo Paulo exorta para que se faça uma triagem sobre o porquê a pessoa está necessitada e ajudar o realmente necessitado e não sustentar o preguiçoso.

O termo grego para “fazer o bem” é kalopoieō, que significa fazer o que é bom, honroso e moralmente belo. Fazer um bem é um chamado para manter o padrão ético elevado da vida cristã.

Temos aqui uma mensagem simples: a repreensão ao preguiçoso não é um pretexto para o cristão deixar de praticar a caridade com o verdadeiramente necessitado ou se cansar do seu dever geral de fazer o bem.

O mandamento “Não vos canseis de fazer o bem” é a cola que impede que a disciplina justa (2Ts 3.10) se transforme em dureza de coração. É o chamado de Deus para que o seu povo, mesmo confrontando o mal e a preguiça, mantenha a esperança ativa e a generosidade perseverante. A tarefa do cristão é manter-se firme no dever e na bondade, e deixar a justiça e a colheita nas mãos de Deus. Amém.

Edson Ronaldo Tressmann

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