31 de outubro de 2025
Salmo
46; Apocalipse 14.6-7; Romanos 3.19-28; João 8.31-36
508
anos da Reforma Luterana
Texto:
Romanos 3.19−28
Tema: Mas
agora ...
Nesse dia, apesar
de especial, não celebramos um homem, Martinho Lutero. Não celebramos uma divisão,
católicos e nós.
A celebração é a
redescoberta gloriosa da verdade central do Evangelho. O Evangelho havia sido
obscurecida por tradições e práticas humanas da igreja da época.
Não era apenas
Martinho Lutero, todas as pessoas se angustiavam pela pergunta atormentadora: Como eu, um pecador, posso ser justo diante de um Deus
santo?
Martinho Lutero e
muitas pessoas da sua época, buscava a paz em penitências, obras e méritos. E,
por mais que realizavam boas obras, penitências, por mais que adquirissem indulgências,
muito mais as suas almas se angustiavam sem saber se já haviam feito o
necessário. Mesmo realizando atos e mais atos, mais Deus parecia ser cruel e
sempre disposto a punir. A
busca por justiça própria era uma prisão.
Como
eu, um pecador, posso ser justo diante de um Deus santo?
Essa dúvida era
tão angustiante que, em meio a uma tempestade e com medo de morrer, Martinho
Lutero prometeu ingressar no convento se Santa Ana o livrasse daquela tormenta.
E, Lutero abandonou a faculdade de Direito, o sonho do seu pai e ingressou no
Mosteiro para cumprir sua promessa decorrente do medo e da angústia.
Lutero ingressou
no mosteiro agostiniano em Erfurt no ano 1505 e após 19 anos, aluno, sacerdote
e professor, iniciou o movimento que visava levar o Evangelho para as pessoas.
Martinho Lutero
nunca quis que as pessoas fossem luteranas, seu desejo era que as pessoas conhecessem
o evangelho. Essa precisa continuar sendo a nossa premissa: que as pessoas
conheçam o evangelho.
Nos anos de 1515 e
1516, Lutero lecionou em Wittenberg sobre a carta aos Romanos, e esboçando
definições profundas sobre conceitos fundamentais da teologia cristã: fé, graça
e justiça, foi movido para chamar as pessoas ao diálogo sobre a verdade do
evangelho. Foi no estudo da Carta de Paulo aos Romanos que Deus acendeu uma luz
em Martinho Lutero. Ele mesmo descreveu sua experiência como ter “nascido de novo” e ter “entrado no paraíso pelos portões abertos” ao
entender Romanos 1.17.
Para Lutero a
carta aos Romanos é a joia e o centro de toda Escritura.
Em Romanos temos a chave para a verdadeira justiça: a fé em Jesus Cristo. A justiça de Deus não é alcançada
por boas obras, é uma graça imerecida recebida de Cristo.
Romanos
3.19-28: temos aqui uma sentença de condenação da
humanidade seguida pela proclamação da liberdade do Evangelho.
Romanos
3.19-28: revela a essência do que Martinho Lutero
redescobriu e que ecoa em nossos corações ainda hoje.
“Nós sabemos que tudo o que a lei diz é dito para os que
vivem debaixo da lei. Isso a fim de que todos parem de se justificar e a fim de
que todas as pessoas do mundo fiquem debaixo do julgamento de Deus. Pois
ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda, porque a lei faz com que
as pessoas saibam que são pecadoras” (Rm 3.19-20).
A Lei de Deus não existe para nos salvar;
ela existe para nos condenar.
A Lei de Deus não é uma escada para o Céu; é
um espelho que reflete a nossa sujeira.
A Lei de Deus é como um raio-x:
não cura a doença, mas revela o tumor.
A Lei de Deus é um
golpe mortal no orgulho religioso!
Não importa se
você é o judeu (com a lei escrita) ou o gentio (com a lei na consciência); não
importa se você é o religioso que se esforça ou o cético que ignora. Diante da
perfeição de Deus, todos estamos na mesma condição: culpáveis. O versículo 20 é
devastador: “Pois ninguém é aceito por Deus por
fazer o que a lei manda, porque a lei faz com que as pessoas saibam que são
pecadoras” (Rm 3.20).
Martinho Lutero e
muitos outros na idade média estavam presos nisso. As pessoas eram ensinadas e
tentavam salvar-se pelas obras: jejuns, longas horas de oração,
autoflagelo. Pense
em Sísifo, na mitologia grega, condenado a rolar uma pedra montanha acima,
apenas para vê-la rolar de volta, repetidamente. Assim é o esforço de se
justificar pela Lei: um trabalho interminável e frustrante. Todavia, quanto
mais tentar, mais a Lei revela a sua falha e insuficiência.
As obras não nos justificam, elas apenas nos mostram o
quanto precisamos de justificação. A Lei de Deus nos
empurra para um beco sem saída e, com o dedo em riste, nos declara perdidos e
sob o juízo de Deus. Se o Evangelho de Deus fosse as palavras de Romanos 3.20,
não teríamos esperança.
Por essa razão, a transição entre o versículo 20 para o
21 é a virada mais gloriosa de toda a Bíblia. Ea a Palavra que
faltava para Martinho e muitos outros: Mas agora.
“Mas agora ... Deus aceita as pessoas por meio da fé que
elas têm em Jesus Cristo. É assim que ele trata todos os que creem, pois não
existe nenhuma diferença entre as pessoas. Todos pecaram e estão afastados da
presença gloriosa de Deus. Mas, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita
todos por meio de Cristo Jesus, que os salva” (Rm 3.21-24).
O
que significa essa justiça de Deus?
A justiça de Deus
não é o padrão inatingível que a Lei de Deus busca. A justiça é perfeita,
oferecida a nós pelo sacrifício de Cristo na cruz! É a justiça passiva, é a justiça que recebemos, não a que
realizamos.
A justiça não é
obtida por regras ou sacrifícios;
A justiça é
recebida pela fé;
A justiça de Deus
é gratuita;
Você é declarado justo e santo não por quem você é, mas
pelo que Cristo fez na cruz por você. Como escreveu o apóstolo
Paulo: “pela sua graça e sem exigir nada, Deus
aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva” (Rm 3.24).
Jesus Cristo é o meio, é o local, onde a ira de Deus
contra o pecado foi satisfeita. Deus não ignora o
pecado. A dívida precisava ser paga e Cristo pagou na cruz. É o grande “negócio” de Deus, onde a Lei exigiu a
condenação, e a Graça proveu o Cordeiro. Em Cristo, Deus faz o que para o ser
humano pecador seria e é impossível: ser justo diante de Deus.
“Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua
morte na cruz, Cristo se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos
seus pecados, pela fé nele. Deus quis mostrar com isso que ele é justo. No
passado ele foi paciente e não castigou as pessoas por causa dos seus pecados;
mas agora, pelo sacrifício de Cristo, Deus mostra que é justo. Assim ele é
justo e aceita os que creem em Jesus” (Rm 3.25-26).
Em meio ao
desespero que a Lei conduz o pecador e quando esse é alcançado pelo evangelho
redentor de Cristo, surge o grito de liberdade: “Será
que temos motivo para ficarmos orgulhosos? De modo nenhum! E por que não? Será
que é porque obedecemos à lei? Não; não é. É porque cremos em Cristo. Assim
percebemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a lei
manda” (Rm 3.27-28).
Eu sou salvo pela
fé! Isso não é um mero grito de guerra. É um grito contra meu orgulho que
muitas vezes busca “fazer por merecer”
de Deus. Muitos ainda caem na tentação de buscar pagar ou conquistar a
salvação. Quantos ainda creditam sua salvação ao
seu ativismo na igreja? Quantos dizem ser melhores e aptos por Deus por sua
moralidade? O fariseu na parábola de Jesus (Lucas 18.11) é o exemplo
clássico desse orgulho, ele se justificava pelas suas obras.
Romanos
3.19-28: é um eco ao qual precisa ser audível. Pare
de tentar se justificar! Apenas ouça “Mas
agora”. Diante de Deus, nunca diga nada, afinal, você é
culpável. Nenhuma obra te salvará. Diante da tentação de querer se apresentar
diante de Deus, apenas creia que a sua justiça é Cristo. Eu sou simultaneamente
justo e pecador. O perdão é gratuito. O amor de Deus é imerecido. Por isso,
celebrar a Reforma é poder agradecer a Deus por algo que estava e para muitos
ainda está encoberto. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
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