domingo, 26 de outubro de 2025

Mas agora ... (Rm 3.21)

 31 de outubro de 2025

Salmo 46; Apocalipse 14.6-7; Romanos 3.19-28; João 8.31-36

508 anos da Reforma Luterana

Texto: Romanos 3.19−28

Tema: Mas agora ...

 

Nesse dia, apesar de especial, não celebramos um homem, Martinho Lutero. Não celebramos uma divisão, católicos e nós.

A celebração é a redescoberta gloriosa da verdade central do Evangelho. O Evangelho havia sido obscurecida por tradições e práticas humanas da igreja da época.

Não era apenas Martinho Lutero, todas as pessoas se angustiavam pela pergunta atormentadora: Como eu, um pecador, posso ser justo diante de um Deus santo?

Martinho Lutero e muitas pessoas da sua época, buscava a paz em penitências, obras e méritos. E, por mais que realizavam boas obras, penitências, por mais que adquirissem indulgências, muito mais as suas almas se angustiavam sem saber se já haviam feito o necessário. Mesmo realizando atos e mais atos, mais Deus parecia ser cruel e sempre disposto a punir. A busca por justiça própria era uma prisão.

Como eu, um pecador, posso ser justo diante de um Deus santo?

Essa dúvida era tão angustiante que, em meio a uma tempestade e com medo de morrer, Martinho Lutero prometeu ingressar no convento se Santa Ana o livrasse daquela tormenta. E, Lutero abandonou a faculdade de Direito, o sonho do seu pai e ingressou no Mosteiro para cumprir sua promessa decorrente do medo e da angústia.

Lutero ingressou no mosteiro agostiniano em Erfurt no ano 1505 e após 19 anos, aluno, sacerdote e professor, iniciou o movimento que visava levar o Evangelho para as pessoas.

Martinho Lutero nunca quis que as pessoas fossem luteranas, seu desejo era que as pessoas conhecessem o evangelho. Essa precisa continuar sendo a nossa premissa: que as pessoas conheçam o evangelho.

Nos anos de 1515 e 1516, Lutero lecionou em Wittenberg sobre a carta aos Romanos, e esboçando definições profundas sobre conceitos fundamentais da teologia cristã: fé, graça e justiça, foi movido para chamar as pessoas ao diálogo sobre a verdade do evangelho. Foi no estudo da Carta de Paulo aos Romanos que Deus acendeu uma luz em Martinho Lutero. Ele mesmo descreveu sua experiência como ter “nascido de novo” e ter “entrado no paraíso pelos portões abertos” ao entender Romanos 1.17.

Para Lutero a carta aos Romanos é a joia e o centro de toda Escritura. Em Romanos temos a chave para a verdadeira justiça: a fé em Jesus Cristo. A justiça de Deus não é alcançada por boas obras, é uma graça imerecida recebida de Cristo.

Romanos 3.19-28: temos aqui uma sentença de condenação da humanidade seguida pela proclamação da liberdade do Evangelho.

Romanos 3.19-28: revela a essência do que Martinho Lutero redescobriu e que ecoa em nossos corações ainda hoje.

Nós sabemos que tudo o que a lei diz é dito para os que vivem debaixo da lei. Isso a fim de que todos parem de se justificar e a fim de que todas as pessoas do mundo fiquem debaixo do julgamento de Deus. Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda, porque a lei faz com que as pessoas saibam que são pecadoras” (Rm 3.19-20).

A Lei de Deus não existe para nos salvar; ela existe para nos condenar.

A Lei de Deus não é uma escada para o Céu; é um espelho que reflete a nossa sujeira.

A Lei de Deus é como um raio-x: não cura a doença, mas revela o tumor.

A Lei de Deus é um golpe mortal no orgulho religioso!

Não importa se você é o judeu (com a lei escrita) ou o gentio (com a lei na consciência); não importa se você é o religioso que se esforça ou o cético que ignora. Diante da perfeição de Deus, todos estamos na mesma condição: culpáveis. O versículo 20 é devastador: “Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda, porque a lei faz com que as pessoas saibam que são pecadoras” (Rm 3.20).

Martinho Lutero e muitos outros na idade média estavam presos nisso. As pessoas eram ensinadas e tentavam salvar-se pelas obras: jejuns, longas horas de oração, autoflagelo. Pense em Sísifo, na mitologia grega, condenado a rolar uma pedra montanha acima, apenas para vê-la rolar de volta, repetidamente. Assim é o esforço de se justificar pela Lei: um trabalho interminável e frustrante. Todavia, quanto mais tentar, mais a Lei revela a sua falha e insuficiência.

As obras não nos justificam, elas apenas nos mostram o quanto precisamos de justificação. A Lei de Deus nos empurra para um beco sem saída e, com o dedo em riste, nos declara perdidos e sob o juízo de Deus. Se o Evangelho de Deus fosse as palavras de Romanos 3.20, não teríamos esperança.

Por essa razão, a transição entre o versículo 20 para o 21 é a virada mais gloriosa de toda a Bíblia. Ea a Palavra que faltava para Martinho e muitos outros: Mas agora.

Mas agora ... Deus aceita as pessoas por meio da fé que elas têm em Jesus Cristo. É assim que ele trata todos os que creem, pois não existe nenhuma diferença entre as pessoas. Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus. Mas, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva” (Rm 3.21-24).

O que significa essa justiça de Deus?

A justiça de Deus não é o padrão inatingível que a Lei de Deus busca. A justiça é perfeita, oferecida a nós pelo sacrifício de Cristo na cruz! É a justiça passiva, é a justiça que recebemos, não a que realizamos.

A justiça não é obtida por regras ou sacrifícios;

A justiça é recebida pela fé;

A justiça de Deus é gratuita;

Você é declarado justo e santo não por quem você é, mas pelo que Cristo fez na cruz por você. Como escreveu o apóstolo Paulo: “pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva” (Rm 3.24).

Jesus Cristo é o meio, é o local, onde a ira de Deus contra o pecado foi satisfeita. Deus não ignora o pecado. A dívida precisava ser paga e Cristo pagou na cruz. É o grande “negócio” de Deus, onde a Lei exigiu a condenação, e a Graça proveu o Cordeiro. Em Cristo, Deus faz o que para o ser humano pecador seria e é impossível: ser justo diante de Deus.

Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz, Cristo se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos seus pecados, pela fé nele. Deus quis mostrar com isso que ele é justo. No passado ele foi paciente e não castigou as pessoas por causa dos seus pecados; mas agora, pelo sacrifício de Cristo, Deus mostra que é justo. Assim ele é justo e aceita os que creem em Jesus” (Rm 3.25-26).

Em meio ao desespero que a Lei conduz o pecador e quando esse é alcançado pelo evangelho redentor de Cristo, surge o grito de liberdade: “Será que temos motivo para ficarmos orgulhosos? De modo nenhum! E por que não? Será que é porque obedecemos à lei? Não; não é. É porque cremos em Cristo. Assim percebemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a lei manda” (Rm 3.27-28).

Eu sou salvo pela fé! Isso não é um mero grito de guerra. É um grito contra meu orgulho que muitas vezes busca “fazer por merecer” de Deus. Muitos ainda caem na tentação de buscar pagar ou conquistar a salvação. Quantos ainda creditam sua salvação ao seu ativismo na igreja? Quantos dizem ser melhores e aptos por Deus por sua moralidade? O fariseu na parábola de Jesus (Lucas 18.11) é o exemplo clássico desse orgulho, ele se justificava pelas suas obras.

Romanos 3.19-28: é um eco ao qual precisa ser audível. Pare de tentar se justificar! Apenas ouça Mas agora. Diante de Deus, nunca diga nada, afinal, você é culpável. Nenhuma obra te salvará. Diante da tentação de querer se apresentar diante de Deus, apenas creia que a sua justiça é Cristo. Eu sou simultaneamente justo e pecador. O perdão é gratuito. O amor de Deus é imerecido. Por isso, celebrar a Reforma é poder agradecer a Deus por algo que estava e para muitos ainda está encoberto. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

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