26 de outubro de 2025
Vigésimo
domingo após Pentecostes
Salmo
5; Gênesis 4.1-15; 2Timóteo 4.6-8,16-18; Lucas 18.9-17
Texto:
Lucas
18.16-17
Tema: O
Reino de Deus nos é oferecido sem merecimento.
Estamos a poucos
dias para celebrar 508 anos da Reforma Protestante, iniciada no dia 31 de
outubro de 1517. E praticamente as vésperas dessa data, meditar em Lucas
18.16-17 é espetacular, pois essa pericope enfatiza a salvação sem merecimento,
mas por pura graça.
A passagem de
Lucas 18.16-17 é um ensinamento fundamental de Jesus sobre a natureza do Reino
de Deus e a atitude necessária para entrar nele. O contexto imediato (Lc 18.15)
é a repreensão dos discípulos às pessoas que traziam crianças para que Jesus as
tocasse.
16 Então Jesus chamou as crianças para perto de si e disse:
— Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso, pois o
Reino de Deus é das pessoas que são como estas crianças. 17 Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem não
receber o Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele.
O fato dos
discípulos tentarem impedir que as crianças chegassem perto de Jesus mostra uma
mentalidade cultural da época: as crianças eram frequentemente vistas como pessoas de pouca ou nenhuma
importância social e religiosa. Elas não tinham status legal, econômico
ou político. Os discípulos provavelmente consideravam as crianças um incômodo
ou uma distração para os assuntos “mais importantes” de Jesus.
“Jesus chamou as crianças para perto de si e disse: —
Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso...”.
Esse convite
mostra que Jesus inverte a ordem social e religiosa. Ele não só permite a
aproximação das crianças, como as chama ativamente e repreende os discípulos
por tentarem impedi-las. Isso destaca a alta consideração de Jesus pela
dignidade e valor das crianças.
A ordem “Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam”
é um mandamento para remover barreiras (sejam elas sociais, religiosas ou
pessoais) que impedem o acesso a Ele e ao Reino.
Ao dizer “...pois o Reino de Deus é das pessoas que são como estas
crianças”, temos o cerne do ensinamento. Jesus não está apenas
dizendo que as crianças herdarão o Reino, mas que o Reino pertence aos que são
semelhantes a elas. O termo “desses”
ou “dessas pessoas” “das pessoas” refere-se às qualidades
espirituais que as crianças exemplificam. Quais
são essas qualidades que um adulto deve imitar?
As crianças são
desprovidas de orgulho, ambição de poder, status social e autoconfiança
excessiva. Atitudes essas que Jesus repreendia nos líderes religiosos e que os
discípulos ainda lutavam para abandonar (Lucas 9.46-48 e 18.9-14).
Uma criança é
inerentemente dependente e confia totalmente nos seus pais ou cuidadores para
tudo. Receber o Reino “como uma criança”
significa reconhecer a total dependência de Deus e confiar n'Ele de forma
completa e sincera.
As crianças são
geralmente mais abertas e receptivas ao novo e ao ensinamento, sem as “bagagens” de preconceitos, sabedoria mundana
ou justificação própria que os adultos acumulam.
“Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem não receber o
Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele”
A expressão “Em verdade vos digo” ou “Eu afirmo a vocês que isto é verdade” marca o
ensino como uma declaração de alta importância e autoridade.
O versículo
estabelece uma condição negativa e absoluta “nunca
entrará nele” para o acesso ao Reino. O Reino de Deus não é
conquistado por esforço, status ou mérito, assim como o fariseu na parábola
anterior, Lc 18.9-14), mas deve ser recebido com a atitude de uma criança.
A palavra grega
para “receber” implica aceitar algo
que é oferecido, como um dom, e não algo que é alcançado por esforço próprio. A
salvação e a entrada no Reino são um presente, e a atitude de humildade e
dependência de uma criança é a única forma adequada de aceitá-lo.
Lucas 18.16-17 é
uma forte afirmação de que a entrada no Reino de Deus é condicionada à
humildade radical e à dependência confiante. O Reino é dado àqueles que
abandonam a autossuficiência, a busca por status e a confiança em seus próprios
méritos, e que se colocam diante de Deus com a simplicidade e a total
dependência de uma criança. Jesus usa as crianças, as menos importantes na
sociedade da época, como o modelo de fé e receptividade para todos os que
desejam a salvação. Amém
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