12 de outubro de 2025
Décimo
oitavo domingo após Pentecostes
Salmo
111; Rute 1.1-19; 2Timóteo 2.1-13; Lucas 17.11-19
Texto:
Rute 1.1 – 22
Tema: Deus
Transforma Amargura em Alegria!
Há dias em que
tudo foge ao nosso planejamento. O relato do capítulo 1 do livro de Rute narra
uma década que ninguém planeja.
Como
você planeja estar daqui a 10 anos?
Dez anos. Uma
década é tempo suficiente para construir uma carreira, criar filhos, realizar
um grande sonho. Planejamentos, planilhas, economia pessoal. Mas, durante uma década
é possível ocorrer muitas coisas que ninguém planeja!
A história de
Noemi, Elimeleque, Malom e Quiliom, é a história de uma década que ninguém quer
ter. Em busca de pão, em fuga da escassez em Belém, a “Casa do Pão”, a família se muda para Moabe. A
lógica humana era clara: sobrevivência.
O custo, no entanto, foi devastador. Em dez anos, essa família foi desfeita: o
pai morreu, os dois filhos morreram.
Noemi, que
significa “Agradável”, viu sua vida
ser desmantelada. A segurança, a prosperidade e a paz que buscavam se transformaram
em luto, viuvez e solidão.
Essa é a dura
realidade da vida: os
planos são frequentemente interrompidos por eventos que não podemos controlar.
Ninguém planeja a tragédia, mas é inevitável que a tragédia nos visite.
A dor transforma a
percepção. Quando Noemi finalmente retorna a Belém, desamparada, ela está
irreconhecível. As mulheres perguntam: “Esta é a
Noemi?” E o grito de sua alma, a resposta dela, é um dos mais
brutais e honestos da Bíblia: “Não me chamem
mais de Noemi... me chamem de Mara, porque o Deus Todo-Poderoso me deu uma vida
muito amarga” (Rute 1.20-21).
A dor de Noemi era
tão grande que ela distorceu sua visão de Deus. Ela não o via mais como um Pai
e sim como um oponente. Ela acreditava que o Deus Todo-Poderoso estava “contra mim” (Rute 1.13).
A amargura tem o
poder de nos fazer reescrever
a história de Deus em nossas vidas. A amargura nos leva a crer que a
nossa fé “agradável” seja substituída
pela desconfiança “amarga”.
A decisão inicial
de Elimeleque foi baseada na lógica: a busca por pão em Moabe.
O
que você tem priorizado na sua busca por segurança?
Diante da amargura
de Noemi, duas noras tiveram que fazer uma escolha.
Orfa,
cujo nome significa “a que vira as costas”.
Ela chorou, mostrou luto sincero, mas optou pelo caminho da razão e da segurança familiar. Ela
voltou para seu povo e para seus deuses. Ela seguiu a lógica humana.
Rute,
no entanto, fez a escolha que desafiou toda a lógica cultural e de
sobrevivência. Ela conseguiu ver além da amargura e se apegou ao Deus que
poderia transformar essa amargura em alegria.
O compromisso de
Rute é uma maravilhosa declaração de fé: “Não me
proíba de ir com a senhora, nem me peça para abandoná-la! Onde a senhora for,
eu irei; e onde morar, eu também morarei. O seu povo será o meu povo, e o seu
Deus será o meu Deus” (Rute 1.16).
Não é apenas uma
promessa de lealdade familiar, é uma profissão de fé inabalável! Rute trocou a
segurança do seu país e da sua própria família pelo incerto, trocou os deuses que
ela aprendeu a adorar pelo Deus de Israel.
O caminho da fé nem sempre é o caminho lógico ou fácil.
A verdadeira fé não se apega à sorte ou à prosperidade, mas se apega a Deus.
O que acontece
depois é a prova gloriosa de que o sentimento de amargura não anula o caráter
de Deus! Deus não muda e por seu poder muda qualquer amargura em alegria para
salvar.
O Deus que Noemi
pensou estar “contra” ela, estava na
verdade trabalhando através da lealdade e fé inabalável de Rute.
Rute, a moabita, a
estrangeira, vai espigar, e o Deus de Israel a guia ao campo de Boaz. O resgate
é providenciado. A amargura é transformada em alegria!
A história não
termina na tristeza de Noemi, nem na lógica de Orfa, mas na fé de Rute:
Rute
e Boaz têm um filho: Obede.
Obede
se torna o pai de Jessé.
Jessé
é o pai do Rei Davi.
Em última análise,
Rute, a moabita, a estrangeira, está na genealogia de Jesus Cristo! Deus
transformou a dor, a perda e a amargura de uma década não planejada em um
triunfo que ecoa pela eternidade e da qual nós também somos beneficiados.
Como
você planeja estar daqui a 10 anos?
Você não pode
planejar as perdas, as dores ou as crises. Você não pode garantir que sua “Casa do Pão” nunca será a “Casa da Escassez”. Todavia, você pode escolher
confiar e esperar em Deus.
Talvez você esteja
vivendo sua “década de Moabe”, uma
fase de perdas e amargura que o faz questionar o propósito de Deus. O seu
coração pode estar gritando assim como Noemi: “o
Deus Todo-Poderoso me deu uma vida muito amarga” (Rt 1.21).
Você tem uma
escolha, e essa pode ser a de Orfa ou a de Rute:
Orfa,
na crise, voltou para o que naquela situação era seguro, para seus deuses e
seus familiares.
Rute,
que, mesmo diante da amargura de Noemi, declara: “O seu Deus será o meu Deus”.
Ela disse que o Deus que para Noemi a havia abandonado, seria o Deus de Rute.
Ela viu além da amargura.
A escolha radical
de Rute prova que a graça de Deus transcende fronteiras, proibições e a nossa
dor. Deus usa as perdas e transforma a tragédia em triunfo.
Que a nossa
prioridade hoje, e nos próximos dez anos, não seja a lógica da sobrevivência em
nossas supostas seguranças, mas na fé inabalável em Deus que transforma amargura
em alegria!
Que a nossa
escolha seja a escolha radical de Rute: apegar-se ao Deus de Israel, que nos enviou o Salvador,
Jesus Cristo! Amém.
Edson
Ronaldo Tressmann
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