Segundo Domingo no Advento
Populus
Zion
08
de dezembro de 2024
Salmo
66.1-12; Malaquias 3.1-7b; Filipenses 1.2-11; Lucas 3.1-20
Texto:
Malaquias 3.7
Tema: O Senhor continua vindo para salvar as nações. Arrependa-se!
O segundo domingo no
Advento é tradicionalmente conhecido como Populus
Zion. O motivo desse nome deve-se ao fato de ser as primeiras
palavras latinas do Introito histórico atribuídas a este domingo.
Populus
Zion
significa “Povo de Sião” (Populus Zion, ecce Dominus veniet ad salvandas gentes
= “Povo de Sião, eis que o Senhor virá
salvar as nações”).
O Senhor virá salvar as nações!
Quando o profeta
Malaquias pregou ao povo de Deus, já havia se passado 100 anos desde o final do
exilio babilônico. O povo ao invés de estar eufórico e cheio de esperança
messiânica, continuava rebelde como seus antepassados. Apesar do Templo estar
reconstruído, as coisas não andavam bem. Os israelitas eram infiéis, corruptos,
injustos e a desigualdade social só aumentava.
O livro do Profeta
Malaquias traz uma série de disputas entre o povo e Deus, Deus e o povo. Nas
seis disputas narradas no livro, Deus faz afirmações e reinvindicações. E Israel
ou discorda ou questiona. E como sempre, Deus oferece a última palavra.
A primeira disputa
destaca Deus dizendo o quanto ama seu povo e o povo questionando como Deus os
tem amado se as coisas não iam bem.
Na segunda
disputa, Deus diz que o povo o tem desprezado. E o povo questiona como tem se
dado esse desprezo. Deus responde dizendo que o povo profana o templo com
ofertas vergonhosas e animais doentes.
A terceira disputa
é Deus dizendo que o povo se virou contra Deus e as suas esposas. Quando o povo
quer saber como isso tem sido, Deus indica a idolatria e o divórcio.
Na quarta disputa
o povo diz que Deus os negligenciou e questiona: onde
está o Deus justo? (Ml 2.17). A resposta de Deus é que enviará o
mensageiro que preparará o caminho para o Senhor passar. Dentro dessa conversa
eis que ocorre a quinta disputa, onde Deus chama seu povo de volta (Ml 3.7). E
o povo pergunta: como voltar? Comecem
pelo dízimo.
Devido a
negligência no dízimo, o Templo está caindo em desuso. Ouça o que está escrito
em Neemias referindo-se a essa época: “...os
músicos do Templo e outros levitas haviam saído de Jerusalém e voltado para as
suas fazendas porque o povo não estava dando o suficiente para o sustento
deles. Então repreendi as autoridades por deixarem que o Templo ficasse
abandonado...” (Ne 13.10-11). Um retrato realístico dos nossos
tempos.
Assim como o
mensageiro João Batista foi enviado, muitos são enviados para preparar o
caminho de volta para Deus.
Infelizmente,
muitas pessoas não aceitam a reprovação de Deus e querem, como foi na época do
profeta Malaquias, discutir com Deus. Falam como se não entendessem o que Deus
está falando ou como se Deus não soubesse com quem está lidando. Tanto naquela
época, bem como em nossos dias, muitos julgam não ser necessário arrepender-se.
Agem como agia o povo na época do profeta Malaquias: “Como
é que vamos voltar?” (Ml 3.7).
É
realmente necessário se arrepender?
Peço licença para
contar para vocês a fábula de La Fontaine: o cordeiro e o lobo.
Um cordeiro estava bebendo água num
riacho, onde o terreno era inclinado, e a correnteza era forte. Quando o
cordeiro levantou a cabeça, avistou um lobo que também estava bebendo água
naquele riacho.
- Como é que você tem a coragem de
sujar a água que eu bebo - disse o lobo. O lobo estava alguns dias sem comer e
procurava algum animal apetitoso para matar a fome.
- Senhor - respondeu o cordeiro -
não precisa ficar com raiva e eu não estou sujando nada. Posso ir beber água uns
vinte passos mais abaixo.
- Você agita a água – disse o lobo
em tom ameaçador. E outra coisa, fiquei sabendo que você falou mal de mim um
ano atrás.
- Não pode - respondeu o cordeiro. – um ano atrás eu não era nascido.
O lobo pensou um pouco e disse: - Se
não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo.
- Eu não tenho irmão - disse o
cordeiro - sou filho único.
- Alguém que você conhece, algum
outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que
eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou
sobre o cordeiro, agarrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais
sossegado.
Nessa fábula aprendemos que o mais
forte sempre quer possuir razão e motivo para devorar o mais fraco.
Sempre se quer ter
razões e motivos para fazer o que se está fazendo. “Como
é que vamos voltar?” (Ml 3.7). Eu não preciso. Quem precisa é o outro!
Arrepender-se é
mudar de mente! Mudar de rumo! Mudar de direção!
A missão de João
Batista era proclamar o arrependimento, ou seja, aplainar o caminho. O caminho
plano indica que o rei está chegando e as estradas para o rei passar precisam
estar trafegáveis. Sem que as estradas sejam arrumadas, o rei não deixará seu
palácio para visitar seu povo. E ao visitar seu povo, Deus, o rei dos reis
deseja salvar.
O Senhor continua
vindo para salvar as nações. O rei que virá para julgar, primeiro quer que seu
povo se arrependa e assim viva e ao receber o rei, o receba com alegria. Amém!
Edson
Ronaldo Tressmann
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