Primeiro Domingo após Natal
29
de dezembro de 2024
Salmo
111; Êxodo 13.1-3,11-15; Colossenses 3.12-17; Lucas 2.22-40
Texto:
Cl 3.12-17
Tema:
As roupas do novo homem!
Você
já comprou roupas novas para a virada do ano?
Com
qual cor de roupa você irá virar o ano?
Qual
é o seu desejo para o ano de 2025?
O apostolo Paulo fala
sobre roupas novas para um novo ano.
Vistam-se:
1 – de misericórdia;
2 – de humildade;
3 – de delicadeza;
4 – de paciência;
O apostolo Paulo usa
o verbo “revestir, vestir” (Cl 3.10,12, ἐνδύω) para se referir ao novo
homem. Com esse verbo, Paulo realça os traços específicos desse novo homem e como
esses “trajes” (misericórdia, humildade, delicadeza e paciência)
são exibidos na
convivência dentro da congregação.
As roupas
(misericórdia, humildade, delicadeza e paciência) apresentam o comportamento do
homem recriado, renascido, no relacionamento de uns com os outros.
Ao enumerar esses
trajes (misericórdia, humildade, delicadeza e paciência) o apostolo Paulo apresenta
uma pessoa de fácil convivência. Apresenta uma figura simpática, paciente e
dócil; alguém que vive longe de encrencas, rancores, inimizades e queixas.
Vocês são povo
de Deus (Cl 3.12) - ἐκλεκτοὶ
τοῦ θεοῦ.
A igreja é o povo
que, sem mérito algum, mas pela graça divina é de Deus. E o status da igreja é
que ela é santa e amada - ἅγιοι
καὶ ἠγαπημένοι.
Dizer que o povo
de Deus é santo significa que, foi separado para os sábios propósitos de Deus. Em
outras palavras, por meio do seu povo, Deus realiza seus planos na história (Ef
2.6-7; 1Tm 3.15). E para realizar esses planos, Deus veste os seus com suas
roupas (misericórdia, humildade, delicadeza e paciência) e por elas cultiva suas
relações internas.
Que atitude o cristão
precisa nutrir no trato com outro cristão?
Misericórdia - “profunda compaixão” (σπλάγχνα οἰκτιρμοῦ).
Essa palavra grega
fornece a figura de um sentimento de ternura presente nas entranhas da pessoa. Uma
sensação afetiva real e profunda que parte do mais íntimo do ser. É
preocupar-se em verdadeira sensibilidade diante de alguém que sofre. Compadecer-se
da dor do outro. É um não
a indiferença.
Com essa palavra,
o desejo de Paulo é encorajar os cristãos no trato entre si (Fp 2.1).
Que atitude o cristão
precisa nutrir no trato com outro cristão?
Bondade – χρηστότης. Esse é mais um fruto do Espírito
Santo (Gl 5.22-23). É uma disposição generosa de ser útil na promoção da
felicidade das pessoas. Ser cortês e gentil. Fazer com que o outro se sintam
bem. É ser uma pessoa fácil
e agradável de caminhar.
Que atitude o cristão
precisa nutrir no trato com outro cristão?
Humildade – ταπεινοφροσύνη. Qualidade de uma pessoa que
conhece a realidade de sua própria pequenez e limitação. O homem humilde tem um
conceito modesto de si. A humildade se manifesta na prontidão em “abrir mão” do próprio interesse
em prol do outro (Fp 2.3-4). Jesus é o maior exemplo de humildade (Fp
2.5-8).
Que atitude o cristão
precisa nutrir no trato com outro cristão?
Mansidão – πραότης. Uma virtude que reúne traços da
bondade como da humildade. O que se destaca no homem manso, é a sua serenidade
mesmo diante dos mais terríveis dissabores da vida. Quando esses dissabores
surgem por conta do convívio com os outros, ele não explode em fúria
descontrolada, nem se mostra teimoso ou obstinado. Antes, dispõe-se a ceder ou,
quando preciso, age com gravidade, sem nunca perder a disposição pacífica e o domínio de si (Gl
6.1; 2Tm 2.24-25).
Que atitude o cristão
precisa nutrir no trato com outro cristão?
Paciência – μακροθυμία. O homem manso é paciente, é tolerante,
clemente, tardio na iniciativa de punir. É o indivíduo que suporta firmemente a
ofensa, sendo demorado para reagir ou romper o relacionamento. O homem paciente
é também perseverante. Não
busca retribuir o mal que sofre.
Ser paciente pode
ser compreendido com as palavras do v.13: “Suportem-se uns aos outros”. Ou seja, ser paciente é dar suporte
àqueles que estão curvados sob algum fardo excessivo. Significa aturar pessoas que, de
alguma forma, incomodam.
A igreja, composta
por pessoas de diferentes idades, origens, culturas e formações, é chamada a conviver
em plena harmonia, disposição de aguentar costumes, concepções, atitudes,
palavras e gestos que irritam (ἀνέχομαι, Mt 17.17; 2Co 11.1).
O apostolo Paulo conecta
o suportar com a necessidade
de perdoar (χαρίζομαι).
No original, o
verbo χαρίζομαι sugere a ação de agraciar alguém, mostrando generosidade (Rm
8.32). É um homem que cancela uma dívida (Lc 7.42).
Os cristãos precisam
perdoar as queixas que porventura tenham uns contra os outros. Queixas – μομφή, são
reclamações, censuras e recriminações.
Havendo perdão,
críticas assim tendem a desaparecer e a igreja passa a desfrutar de um ambiente
leve e alegre.
O modelo a ser
imitado é o modelo da concessão do perdão. O perdão de Jesus é gratuito,
completo e sem reservas. O perdão de Jesus Cristo redundou na restauração
completa do seu relacionamento conosco (Rm 5.10).
Acima de tudo - ἐπὶ πᾶσιν δὲ τούτοις - de todas essas
coisas.
A expressão com
que o apostolo inicia o v. 14 sugere que a capa ou o sobretudo que deve cobrir
todas as demais peças da vestimenta do cristão é o amor. Dessa forma, debaixo
dessa virtude – amor - todas as demais (misericórdia, humildade,
delicadeza e paciência) ficam protegidas e o cristão se apresenta completamente
trajado.
Segundo o apostolo
Paulo, a razão pela qual o amor deve ocupar um lugar tão notável está no fato
dele ser o “elo perfeito” - σύνδεσμος τῆς τελειότητος “vínculo da perfeição”.
A palavra vínculo refere-se a algo
com que se amarra ou conecta uma coisa a outra, prendendo-as fortemente. Paulo
está transmitindo a ideia de unidade. O amor gera perfeita coesão entre os cristãos.
Paulo acrescenta a
paz de Cristo como o juiz no coração de cada um (v.15).
A paz de Cristo - ἡ εἰρήνη τοῦ Χριστοῦ é,
nesse contexto, a paz que o Senhor conquistou para a igreja e que ele quer que
seus servos cultivem entre si (Ef 2.14-18).
A paz precisa
servir como árbitro.
Paulo usa o verbo βραβεύω - cujo
significado envolve decidir, controlar e determinar. Dessa forma, o que precisa
determinar os rumos da caminhada cristã conjunta é a paz que Cristo quer que
reine entre seus servos.
Sempre que houver
um conflito de relacionamento dentro da igreja (ou mesmo a possibilidade de um
conflito), as partes precisam, interiormente, se curvar diante das
determinações da paz de Cristo, fazendo tudo o que porventura seja útil à
restauração ou preservação da amizade e do ambiente leve, alegre e livre de
perturbações (Rm 14.19; Ef 4.3; 2Pe 3.14).
Os santos, a
igreja, é chamada para viver em paz como parte de um só corpo (Cl 1.18, 24;
2.19). Inseridos no corpo de Cristo, a Igreja, os cristãos são vocacionados
para viver em paz (1Co 7.15). Nutrir antipatia, barreira, contenda, discórdia e
mágoa é ser desleal com essa vocação.
O apostolo Paulo
termina destacando que os cristãos precisam ser agradecidos (v.15) - εὐχάριστοι.
A igreja não é um
grupo de murmuradores! Igreja não é um grupo de gente descontente que vive
reclamando e formando o contexto ideal para brigas. O apostolo escreve que os
cristãos nutram um espírito de gratidão a Deus. Mesmo que tal ato esteja
repetido em dois versículos (v. 16-17), aqui no verso 15, a gratidão está
ligada ao fato de pertencer ao corpo de Cristo.
O apostolo Paulo
descrevendo as atitudes que um cristão deve nutrir no trato e na vivência com outros
irmãos na fé. Além de ser pacífico e harmonioso, o relacionamento entre os cristãos precisa
ser construtivo. Por essa razão, é necessário que a Palavra de Cristo habite
ricamente em cada um (Rm 15.14).
“Palavra de
Cristo” - Ὁ λόγος τοῦ Χριστοῦ
- é expressão única no Novo Testamento e evidencia a preocupação do apostolo
Paulo na igreja ter a pessoa de Cristo como Senhor absoluto da igreja.
Em outras
passagens bíblicas, é usada a expressão “palavra de Deus’ (At 4.31; 6.7;
8.14; 1Ts 2.13; 2Tm 2.9) ou “palavra do Senhor” (At 8.25; 13.49;
1Ts 1.8; 2Ts 3.1).
A “Palavra de
Cristo” precisa habitar ricamente no cristão - ἐνοικείτω ἐν ὑμῖν πλουσίως. A Palavra precisa
estar viva, enchendo de maneira completa a mente e coração, de forma que o
cristão seja amplamente influenciado por ela (1Jo 2.14) e a faça transbordar
para os outros.
No versículo 16,
Paulo escreve aos cristãos para que cantem hinos a Deus.
O uso dessas
canções não objetivava apenas o louvor em si, mas à instrução e à correção.
Em Colossos,
falsos mestres do gnosticismo expunham uma falsa espiritualidade manifesta em
transes e êxtases emocionais.
Os cânticos
entoados durante o culto devem ser veículos de ensino da sã doutrina e não
apenas meios de enlevo emocional ou simples fontes de deleite musical para
todos os gostos.
A expressão “salmos, hinos e
cânticos espirituais” (aqui e em Ef 5.18-20) aparece associada à
gratidão.
Dessa maneira,
Paulo instrui expressamente os colossenses a cantarem a Deus “com gratidão”. χάρις, alegria, prazer,
deleite, doçura e boa vontade. Com isso, o apostolo quer enfatizar que a reunião
dos cristãos precisa ter instrução, e nunca deixar de ser leve, bonita, feliz e
restauradora.
Assim, “tudo o que
fizerem” em palavras e ações, no discurso, na conversa, na escrita, no canto e na
oração façam tudo “em nome do Senhor Jesus” (v.17), ou seja,
atue como representante de Jesus, sob sua autoridade. E dessa forma “... dando por
meio dele graças a Deus Pai” (v.17).
Muitas vezes o
homem é instado o fazer algo por força do dever e não da vontade. Nesses
momentos, reclamações e murmurações são comuns, de modo que tanto as palavras
como as ações do cristão deixam de refletir a conduta própria de alguém que faz
tudo “em nome do Senhor Jesus”. Amém!
Edson Ronaldo
Tressmann
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