quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

As roupas do novo homem no novo ano!

 Primeiro Domingo após Natal

29 de dezembro de 2024

Salmo 111; Êxodo 13.1-3,11-15; Colossenses 3.12-17; Lucas 2.22-40

Texto: Cl 3.12-17

Tema: As roupas do novo homem!

 

Você já comprou roupas novas para a virada do ano?

Com qual cor de roupa você irá virar o ano?

Qual é o seu desejo para o ano de 2025?

O apostolo Paulo fala sobre roupas novas para um novo ano.

Vistam-se:

1 – de misericórdia;

2 – de humildade;

3 – de delicadeza;

4 – de paciência;

O apostolo Paulo usa o verbo “revestir, vestir” (Cl 3.10,12, ἐνδύω) para se referir ao novo homem. Com esse verbo, Paulo realça os traços específicos desse novo homem e como esses “trajes” (misericórdia, humildade, delicadeza e paciência) são exibidos na convivência dentro da congregação.

As roupas (misericórdia, humildade, delicadeza e paciência) apresentam o comportamento do homem recriado, renascido, no relacionamento de uns com os outros.

Ao enumerar esses trajes (misericórdia, humildade, delicadeza e paciência) o apostolo Paulo apresenta uma pessoa de fácil convivência. Apresenta uma figura simpática, paciente e dócil; alguém que vive longe de encrencas, rancores, inimizades e queixas.

Vocês são povo de Deus (Cl 3.12) - ἐκλεκτοὶ τοῦ θεοῦ.

A igreja é o povo que, sem mérito algum, mas pela graça divina é de Deus. E o status da igreja é que ela é santa e amada - ἅγιοι καὶ ἠγαπημένοι.

Dizer que o povo de Deus é santo significa que, foi separado para os sábios propósitos de Deus. Em outras palavras, por meio do seu povo, Deus realiza seus planos na história (Ef 2.6-7; 1Tm 3.15). E para realizar esses planos, Deus veste os seus com suas roupas (misericórdia, humildade, delicadeza e paciência) e por elas cultiva suas relações internas.

Que atitude o cristão precisa nutrir no trato com outro cristão?

Misericórdia - “profunda compaixão” (σπλάγχνα οἰκτιρμοῦ).

Essa palavra grega fornece a figura de um sentimento de ternura presente nas entranhas da pessoa. Uma sensação afetiva real e profunda que parte do mais íntimo do ser. É preocupar-se em verdadeira sensibilidade diante de alguém que sofre. Compadecer-se da dor do outro. É um não a indiferença.

Com essa palavra, o desejo de Paulo é encorajar os cristãos no trato entre si (Fp 2.1).

Que atitude o cristão precisa nutrir no trato com outro cristão?

Bondade – χρηστότης. Esse é mais um fruto do Espírito Santo (Gl 5.22-23). É uma disposição generosa de ser útil na promoção da felicidade das pessoas. Ser cortês e gentil. Fazer com que o outro se sintam bem. É ser uma pessoa fácil e agradável de caminhar.

Que atitude o cristão precisa nutrir no trato com outro cristão?

Humildade – ταπεινοφροσύνη. Qualidade de uma pessoa que conhece a realidade de sua própria pequenez e limitação. O homem humilde tem um conceito modesto de si. A humildade se manifesta na prontidão em “abrir mão” do próprio interesse em prol do outro (Fp 2.3-4). Jesus é o maior exemplo de humildade (Fp 2.5-8).

Que atitude o cristão precisa nutrir no trato com outro cristão?

Mansidão – πραότης. Uma virtude que reúne traços da bondade como da humildade. O que se destaca no homem manso, é a sua serenidade mesmo diante dos mais terríveis dissabores da vida. Quando esses dissabores surgem por conta do convívio com os outros, ele não explode em fúria descontrolada, nem se mostra teimoso ou obstinado. Antes, dispõe-se a ceder ou, quando preciso, age com gravidade, sem nunca perder a disposição pacífica e o domínio de si (Gl 6.1; 2Tm 2.24-25).

Que atitude o cristão precisa nutrir no trato com outro cristão?

Paciência – μακροθυμία. O homem manso é paciente, é tolerante, clemente, tardio na iniciativa de punir. É o indivíduo que suporta firmemente a ofensa, sendo demorado para reagir ou romper o relacionamento. O homem paciente é também perseverante. Não busca retribuir o mal que sofre.

Ser paciente pode ser compreendido com as palavras do v.13: “Suportem-se uns aos outros”. Ou seja, ser paciente é dar suporte àqueles que estão curvados sob algum fardo excessivo. Significa aturar pessoas que, de alguma forma, incomodam.

A igreja, composta por pessoas de diferentes idades, origens, culturas e formações, é chamada a conviver em plena harmonia, disposição de aguentar costumes, concepções, atitudes, palavras e gestos que irritam (ἀνέχομαι, Mt 17.17; 2Co 11.1).

O apostolo Paulo conecta o suportar com a necessidade de perdoar (χαρίζομαι).

No original, o verbo χαρίζομαι sugere a ação de agraciar alguém, mostrando generosidade (Rm 8.32). É um homem que cancela uma dívida (Lc 7.42).

Os cristãos precisam perdoar as queixas que porventura tenham uns contra os outros. Queixas – μομφή, são reclamações, censuras e recriminações.

Havendo perdão, críticas assim tendem a desaparecer e a igreja passa a desfrutar de um ambiente leve e alegre.

O modelo a ser imitado é o modelo da concessão do perdão. O perdão de Jesus é gratuito, completo e sem reservas. O perdão de Jesus Cristo redundou na restauração completa do seu relacionamento conosco (Rm 5.10).

Acima de tudo - ἐπὶ πᾶσιν δὲ τούτοις - de todas essas coisas.

A expressão com que o apostolo inicia o v. 14 sugere que a capa ou o sobretudo que deve cobrir todas as demais peças da vestimenta do cristão é o amor. Dessa forma, debaixo dessa virtude – amor - todas as demais (misericórdia, humildade, delicadeza e paciência) ficam protegidas e o cristão se apresenta completamente trajado.

Segundo o apostolo Paulo, a razão pela qual o amor deve ocupar um lugar tão notável está no fato dele ser o “elo perfeito” - σύνδεσμος τῆς τελειότητοςvínculo da perfeição”.

A palavra vínculo refere-se a algo com que se amarra ou conecta uma coisa a outra, prendendo-as fortemente. Paulo está transmitindo a ideia de unidade. O amor gera perfeita coesão entre os cristãos.

Paulo acrescenta a paz de Cristo como o juiz no coração de cada um (v.15).

A paz de Cristo - ἡ εἰρήνη τοῦ Χριστοῦ é, nesse contexto, a paz que o Senhor conquistou para a igreja e que ele quer que seus servos cultivem entre si (Ef 2.14-18).

A paz precisa servir como árbitro.

Paulo usa o verbo βραβεύω - cujo significado envolve decidir, controlar e determinar. Dessa forma, o que precisa determinar os rumos da caminhada cristã conjunta é a paz que Cristo quer que reine entre seus servos.

Sempre que houver um conflito de relacionamento dentro da igreja (ou mesmo a possibilidade de um conflito), as partes precisam, interiormente, se curvar diante das determinações da paz de Cristo, fazendo tudo o que porventura seja útil à restauração ou preservação da amizade e do ambiente leve, alegre e livre de perturbações (Rm 14.19; Ef 4.3; 2Pe 3.14).

Os santos, a igreja, é chamada para viver em paz como parte de um só corpo (Cl 1.18, 24; 2.19). Inseridos no corpo de Cristo, a Igreja, os cristãos são vocacionados para viver em paz (1Co 7.15). Nutrir antipatia, barreira, contenda, discórdia e mágoa é ser desleal com essa vocação.

O apostolo Paulo termina destacando que os cristãos precisam ser agradecidos (v.15) - εὐχάριστοι.

A igreja não é um grupo de murmuradores! Igreja não é um grupo de gente descontente que vive reclamando e formando o contexto ideal para brigas. O apostolo escreve que os cristãos nutram um espírito de gratidão a Deus. Mesmo que tal ato esteja repetido em dois versículos (v. 16-17), aqui no verso 15, a gratidão está ligada ao fato de pertencer ao corpo de Cristo.

O apostolo Paulo descrevendo as atitudes que um cristão deve nutrir no trato e na vivência com outros irmãos na fé. Além de ser pacífico e harmonioso, o relacionamento entre os cristãos precisa ser construtivo. Por essa razão, é necessário que a Palavra de Cristo habite ricamente em cada um (Rm 15.14).

Palavra de Cristo” - Ὁ λόγος τοῦ Χριστοῦ - é expressão única no Novo Testamento e evidencia a preocupação do apostolo Paulo na igreja ter a pessoa de Cristo como Senhor absoluto da igreja.

Em outras passagens bíblicas, é usada a expressão “palavra de Deus’ (At 4.31; 6.7; 8.14; 1Ts 2.13; 2Tm 2.9) ou “palavra do Senhor” (At 8.25; 13.49; 1Ts 1.8; 2Ts 3.1).

A “Palavra de Cristo” precisa habitar ricamente no cristão - ἐνοικείτω ἐν ὑμῖν πλουσίως. A Palavra precisa estar viva, enchendo de maneira completa a mente e coração, de forma que o cristão seja amplamente influenciado por ela (1Jo 2.14) e a faça transbordar para os outros.

No versículo 16, Paulo escreve aos cristãos para que cantem hinos a Deus.

O uso dessas canções não objetivava apenas o louvor em si, mas à instrução e à correção.

Em Colossos, falsos mestres do gnosticismo expunham uma falsa espiritualidade manifesta em transes e êxtases emocionais.

Os cânticos entoados durante o culto devem ser veículos de ensino da sã doutrina e não apenas meios de enlevo emocional ou simples fontes de deleite musical para todos os gostos.

A expressão “salmos, hinos e cânticos espirituais” (aqui e em Ef 5.18-20) aparece associada à gratidão.

Dessa maneira, Paulo instrui expressamente os colossenses a cantarem a Deus “com gratidão”. χάρις, alegria, prazer, deleite, doçura e boa vontade. Com isso, o apostolo quer enfatizar que a reunião dos cristãos precisa ter instrução, e nunca deixar de ser leve, bonita, feliz e restauradora.

Assim, “tudo o que fizerem” em palavras e ações, no discurso, na conversa, na escrita, no canto e na oração façam tudo “em nome do Senhor Jesus” (v.17), ou seja, atue como representante de Jesus, sob sua autoridade. E dessa forma “... dando por meio dele graças a Deus Pai” (v.17).

Muitas vezes o homem é instado o fazer algo por força do dever e não da vontade. Nesses momentos, reclamações e murmurações são comuns, de modo que tanto as palavras como as ações do cristão deixam de refletir a conduta própria de alguém que faz tudo “em nome do Senhor Jesus”. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

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