quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Empatia e Apatia diante da Deficiência fisica


Texto: Jó 29.15
Tema: Empatia e Apatia diante da Deficiência física
Por Edson Ronaldo TREssmann

Dia 21 a 28 de agosto é a semana nacional da Pessoa com deficiência. Convém refletir sobre o tema.
Historicamente, as pessoas com deficiência foram excluídas e discriminadas na sociedade.
Na Antiguidade Clássica, as crianças que nasciam com alguma limitação eram abandonadas ou sacrificadas. Antiguidade Na Roma antiga, se as pessoas com deficiência não eram sacrificadas, podiam ser utilizadas para fins de prostituição ou de entretenimento de pessoas ricas.
Séc. IV
A partir do século IV, as pessoas com deficiência passaram a ser internadas em instituições asilares voltadas para os marginalizados sem atendimento específico.
Séc. XI - XII
Entre os séculos XI e XII, as incapacidades físicas e os problemas mentais eram considerados sinais da ira divina, tachados como “castigo de Deus”.
Séc. XII- XIII
Somente nos séculos XVII e XVIII teve início a valorização das pessoas com deficiência, com a criação dos primeiros métodos de aprendizagem específicos para este público, como o Sistema Braille e a leitura labial.
Séc XIX
Com a revolução industrial, passou-se a valorizar a formação de cidadãos produtivos e do aumento da mão de obra; pessoas com deficiência passaram a ser compreendidas como possibilidade de mão de obra.
Séc.XX
No período pós primeira e segunda Guerras Mundiais desenvolveram-se programas de reabilitação para os ex combatentes, que voltavam das batalhas com mutilações e outras deficiências.
Até metade do século XX (1950), o atendimento da pessoa com deficiência passou a ser realizado nas escolas especiais e/ou nas classes especiais das escolas regulares.
Em 1960 foram realizados os primeiros jogos paraolímpicos.
Após a década de 90, foram formuladas as principais legislações específicas para as pessoas com deficiência, que preconizam a sua inclusão na sociedade, por meio da igualdade de oportunidades.
O termo “inválido”, no sentido de inútil e sem valor profissional, foi o primeiro termo empregado para se referir às pessoas com deficiência.
As pessoas com deficiência não devem ser tratadas por termos que denotem sentimento de pena ou de compaixão, pois elas são, acima de tudo, pessoas com talentos, aptidões e defeitos, como qualquer outra.
Na década de 20, acreditava-se que as pessoas com deficiência apresentavam capacidade reduzida e por esse motivo utilizava-se o termo “incapacitado” para se referir a elas.
Entre as décadas de 60 e 80, as expressões adotadas foram “deficientes” e “excepcionais”, pois as pessoas com deficiência eram consideradas menos eficientes e diferentes das demais.
Em 1988, surge a expressão “pessoa portadora de deficiência”. Essa expressão foi duramente criticada, uma vez que só se porta algo que se pode deixar de portar e a deficiência é uma condição inata ou adquirida que faz parte da pessoa e que não pode ser abandonada.
Na década de 90, passou-se a utilizar “pessoas com necessidades especiais”, termo que denotava a necessidade de adaptações às dificuldades e incapacidades das pessoas com deficiência. No entanto, absolutamente todas as pessoas, com ou sem deficiência, podem ter “necessidades especiais” em dado momento das suas vidas. Podemos citar uma gestante ou um idoso que podem precisar de algumas adaptações na sua rotina de atividades.
A partir de 2009, a terminologia “pessoa com deficiência” foi promulgada pela Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU e passou a ser adotada até hoje. Esse termo tem associado um certo empoderamento, uma vez que pressupõe o uso do poder pessoal para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle da situação de vida de cada um.
O QUE É DEFICIÊNCIA?
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos, de longo prazo, de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interação com uma ou mais barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
As deficiências podem ter origem genética e surgir no período de gestação, em decorrência do parto ou nos primeiros dias de vida do bebê. Na vida adulta, podem ser consequência de doenças transmissíveis ou crônicas, perturbações psiquiátricas, desnutrição, abusos de drogas, traumas e lesões.
As deficiências adquiridas, além de causadas por sequelas de doenças, podem ser provocadas também por acidentes. Os de trânsito estão entre as principais causas de deficiência física em pessoas adultas no mundo.
QUAIS OS TIPOS DE DEFICIÊNCIA?
Podem ser classificadas de acordo com a área específica que afetam no organismo.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA
DEFICIÊNCIA VISUAL
DEFICIÊNCIA FÍSICA
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
DEFICIÊNCIA PSICOSSOCIAL OU POR SAÚDE MENTAL
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
O termo “deficiência física” não deve ser generalizado e englobar qualquer tipo de deficiência (auditiva, visual, intelectual, psicossocial/mental ou múltipla), pois cada uma delas tem as suas especificidades.
Evite generalizações para se referir à pessoa com deficiência. Por exemplo, dizer que toda pessoa com síndrome de Down tem talento artístico ou toda pessoa com deficiência visual tem audição apurada. Nem todo cego sabe ler braille. Nem todo surdo sabe Libras.
Por isso, as palavras de Jó são tão impactantes: “Eu era olhos para os cegos e pés para os aleijados” (Jó 29.15).
Destacamos as palavras de Tiago, a fé sem obras é coisa morta (Tg 2.17).
A igreja precisa ser empática – sentir o que o outro sente. Mas, essa igreja enfrenta o problema de ter entre seus pares, pessoas apáticas – não sentem a dor dos outros.
Em Cafarnaum, entre tantas pessoas que interditavam a casa e sua entrada, 4 amigos foram empáticos e foram em busca do socorro subindo no telhado com àquele paralitico (Mc 2.1-5).
Temos aqui, muitas pessoas apáticas, querendo ouvir. E quatro empáticos que sentiram a dor do outro e foram em busca de socorro.
A deficiência física como tal, nos textos do AT, exigem um respeito total à dignidade da pessoa com qualquer deficiência que seja. O respeito e dignidade do deficiente está intimamente ligada à ideia de temor a Deus.
Se o mais fraco, por causa da sua limitação, não incute medo, temor ou respeito, você deve temer a Deus, que está do seu lado e o defende, já que ele não tem como fazê-lo. Ouça: “Não amaldiçoes o surdo, nem ponhas tropeço diante do cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR” (Lv 19.14).
O texto hebraico parece dizer: terás medo é do teu Deus. O deficiente visual ou auditivo não pode cobrar tua falta de respeito, não te ouve e nem vê o que fazes, mas o teu Deus está aí em defesa deles. Deus é defensor dos fracos; por isso é a ele que deves temer, respeitando a dignidade da pessoa com deficiência.
Davi tinha empatia. Tanto que (2Sm 9.13) sustentou até o fim da vida o neto de Saul, Meribaal, que, quando criança, tinha caído e quebrado as pernas, ficando deficiente.
Os muitos relatos bíblicos nos evangelhos e Atos dos Apóstolos mostram a compaixão de Jesus, de seus discípulos pelo povo sofredor. A igreja quando reflete sobre a pessoa com deficiência é convidada a ser empática, mesmo que muitos sejam apáticos.
As pessoas com deficiência eram vistas em Israel como pessoas desprotegidas, as quais, em um dado momento da história deveriam ter suas situações redimidas.
Quero terminar ressaltando uma simples frase que aparece em João 11.44: “E o morto saiu. Os seus pés e as suas mãos estavam enfaixados com tiras de pano, e o seu rosto estava enrolado com um pano. Então Jesus disse: Desenrolem as faixas e deixem que ele vá” (Jo 11.44).
É muito estranha essa frase, ou, muito instrutiva.
O morto saiu com as mãos e os pés amarrados, enquanto seu rosto era envolvido pelo sudário. Onde já se viu morto sair de mãos e pés atados e, ainda, com o rosto totalmente coberto, enrolado por um pano?
Bem! Quero apenas dizer que milhares de pessoas estão com as mãos e pés atados, incapazes de se mover e de agir, com o rosto totalmente coberto, sem enxergar, sem ouvir, sem perceber, sem possibilidade de falar, sem cara reconhecível, sem identidade. O que estamos fazendo? Agindo com empatia ou apatia?
Jesus diz uma coisa aos discípulos de então e a nós: Desamarrai-o e deixai-o ir! Ou, seja como Jó: “olhos para os cegos e pés para os aleijados” (Jó 29.15).
Amamos por que Cristo nos amou primeiro (1Jo 4.19). Jesus, por sua empatia a nossa deficiência suportou a morte, morte de cruz (Fp 2). Amém!
Edson Ronaldo TREssmann
Bibliografia
Coleção Paraná Inclusivo. Volume I. Conhecendo a pessoa com deficiência.

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