30 de abril de 2017
3º Domingo de Páscoa
Sl 116.1-14; At 2.14ª,36-41; 1Pe 1.17-25; Lc 24.13-35.
Tema: “...portai-vos
com temor durante o tempo da vossa peregrinação, ...” (1Pe 1.17)
Mesmo
que as peregrinações seja algo cultural, realizado por muitos por fidelidade à
tradição, com sentimento religioso intenso e como atuação de sua existência
pascal, o mundo ficou extremamente chocado com o número de peregrinos, ou
refugiados que deixaram sua pátria em busca de uma nova vida.
O
dia 20 de junho marca o dia mundial do refugiado! Sei que ainda estamos em
pleno mês de maio, mas, é preciso nos ocupar do tema, haja visto estar sendo
descrito pelo texto bíblico de hoje: “...portai-vos com temor durante o tempo da vossa
peregrinação, ...” (1Pe 1.17).
Um
refugiado, um peregrino, é aquele que é forçado a fugir da sua pátria natal por
causa da guerra. Até o dia 20 de junho de 2015, o mundo estava assustado diante
dos 65,3 milhões de refugiados no mundo. Desse número, a metade era de
crianças.
O
mundo não pode esquecer que os refugiados são pessoas, no entanto, são pessoas
diferentes, pois a guerra levou sua casa, seu trabalho, seus parentes e seus amigos.
Os refugiados, tal como peregrinos, precisam de socorro e auxilio de estranhos,
numa cultura estranha a sua.
O
ser humano foi criado para viver em harmonia com Deus, no entanto, de acordo
com Gn 3.22-24, por causa da queda em pecado nos tornamos peregrinos,
refugiados nesse mundo. O ser humano foi forçado a sair da sua pátria celestial
e nesse mundo está em meio aos dessabores decorrentes da queda em pecado.
De
acordo com a raiz hebraica, “peregrino”, significa viver entre pessoas que não são seus parentes
consanguíneos, mas mesmo assim precisam desfrutar dos mesmos direitos civis
como se fossem pessoas naturais do local. O peregrino é alguém completamente dependente da
hospitalidade de outros.
Deus
é dono da terra, de acordo com os textos de Lv 25.23; 1Cr 29.15 e os seus
filhos são apenas estrangeiros e peregrinos, que dependem exclusivamente da
hospitalidade de Deus.
Ao
convidar os cristãos a continuarem sua peregrinação com temor é porque Pedro
sabe o quão fácil é cair na armadilha do diabo. Ele mesmo após fazer uma
brilhante confissão sobre a pessoa de Jesus, foi repreendido por Jesus (Mt
16.16,23).
Continuar
a nossa peregrinação com temor se deve justamente ao fato de esquecermos de que
tudo vem de Deus. O homem moderno, pós-moderno, esqueceu-se que tudo o que é e
possui vem das graciosas mãos de Deus.
Mesmo
tendo sido forçado a sair da nossa pátria celestial, Deus em seu amor não
abandonou ao acaso. Continuou e continua estendendo a sua mão ao peregrino e
refugiado nesse mundo.
Após
vir ao encontro do homem, faz dele seu filho e filha. Assim, como seus filhos e
filhas, o cristão reconhece que “sua pátria está nos céus” (Fp 3.20), e pela
obra do Espírito Santo “não são mais estrangeiros e peregrinos nesse mundo”
(Ef 2.19).
Isso
mesmo: 1Pedro 1.17 + Ef 2.19 = já e ainda não.
O
cristão sabe que é cidadão do céu, mas, sabe que ainda não está na sua pátria
celestial. E enquanto não está em sua pátria, mesmo sabendo que seu lugar é a
pátria celestial, continua sua peregrinação com temor, pois, sabe o risco que
corre nessa sua peregrinação nesse mundo.
O
apóstolo Pedro convida os cristãos, recém convertidos do paganismo a
continuarem sua “...peregrinação,
mesmo sabendo que não são deste mundo, com temor ...” (1Pe 1.17).
Ao
escrever sua primeira carta, o apóstolo Pedro sabe que os cristãos estavam
sendo tentados a abandonar a peregrinação cristã, a nova caminhada com Jesus,
para voltar as velhas práticas religiosas. Os novos cristãos estavam sofrendo
por causa de sua fé. A peregrinação não estava sendo fácil.
“...portai-vos
com temor durante o tempo da vossa peregrinação, ...” (1Pe 1.17).
O
apóstolo Pedro tem como objetivo ao escrever sua carta aos cristãos que estão
longe da sua pátria celestial, para que continuem. Pedro lhes envia uma carta
de esperança.
Quem
está peregrinando, está em trânsito. São pessoas longe de sua pátria e precisam
de auxilio e socorro. E é essa imagem que o apóstolo Pedro quer transmitir ao
dizer: “Ora,
se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras
de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação”
(1Pe 1.17).
O
socorro vem daquele que nos concede a pátria celestial e que nos fez seu
cidadão.
Deus
socorre todos seus filhos que peregrinam nesse mundo. Deus ouve as orações.
Deus deseja que lhe roguemos sem temor e com confiança, afinal, ele é nosso Pai
e nós somos seus filhos.
Deus
jamais abandonará seus peregrinos nesse mundo. Afinal, “...não foi mediante coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento...”
(1Pe 1.18).
Deus
pagou um preço muito grande para nos resgatar e ter de volta em seu reino. Ele
pagou um preço muito alto para nos permitir sermos novamente cidadãos
pertencentes ao céu.
Em
peregrinação nesse mundo, podemos a exemplo do salmista perguntar: “Que posso eu
oferecer a Deus, o Senhor, por tudo de bom que ele me tem dado?” (Sl
116.12).
A
própria pergunta nos revela a resposta. Nada. Mas, mesmo assim o salmista diz
que posso manifestar a minha gratidão através de algum voto, o qual não sou
obrigado a fazer, afinal de contas, eu não sou capaz de cumprir.
E
é exatamente por causa da minha situação, o apóstolo Pedro recomenda: “...portai-vos
com temor durante o tempo da vossa peregrinação, ...” (1Pe 1.17).
Ao
explicar os dez mandamentos, Martinho Lutero ressaltava que “Devemos temer e
amar a Deus”. Ou seja, toda a nossa vida em peregrinação é uma resposta
ao amor de Deus. Deus nos criou, nos mantêm, nos salvou, nos preserva na fé, e
virá para julgar, sem acepção de pessoas.
O
apóstolo Pedro convida os peregrinos a permanecerem na peregrinação em Deus Pai
que enviou seu único Filho para dar liberdade do pecado, do diabo e da morte
eterna. Amém!
Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann
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