domingo, 9 de abril de 2017

Não temais! Diante do ateísmo

Sermão para o Domingo de Páscoa
Sl 16; At 10.34-43; Cl 3.1-4; Mt 28.1-10
Tema: “Não temais! Diante do ateísmo” (Mt 28.10)

O ateísmo vem crescendo avassaladoramente em nosso país. O Jornal A Folha de São Paulo, no dia 16/11/2014 publicou um artigo intitulado: “O ateísmo sai do armário”.
O título bastante curioso mostra que nos EUA, de acordo com a constituição do Tennessee, um cidadão não pode concorrer a um cargo público se não acreditar em Deus. Em Nashville, capital do Estado do Tennessee, um grupo de 150 pessoas se reúnem semanalmente nos domingos num fórum de ateus, que conta com mil inscritos. Os encontros são marcados com leitura de Margareth Mead e J.R.R. Tolkien. Cada pessoa canta canções dos Rolling Stones, Munford & Sons, etc. Isso acontece num estado em que é considerado o mais religioso do sul do país, título que disputa com Dallas, no Texas.
Certa vez um fazendeiro que viajava 75 Km para um desses encontros, ao parar num entreposto agrícola, relata que ouviu o vendedor contar para uma freguesa que um dos candidatos a xerife da cidade, escolhido por eleição direta, não frequentava nenhuma igreja. Ao que a cliente reagiu dizendo que esse cidadão não receberia seu voto, pois o mesmo devia ser imoral. Nisso o homem que estava indo a reunião do grupo de ateus se calou, conforme ele, “permaneceu no armário”.
Ele permaneceu publicamente no armário, mas, o fato é que aceleradamente o ateísmo vem crescendo avassaladoramente nos EUA. Isso assusta, pois, os EUA é um dos países mais religiosos do mundo. Lá os cristãos são três vezes mais que no Brasil. Nos EUA de 2007 para 2012, os que não tinham religião foi de 15% para 20%. No Brasil, esse número foi de 7% para 8%, de 2000 a 2010. Entre os jovens (18-30 anos), o número dos sem religião cresceu de 20% para 32%. Dos 8% da população brasileira sem religião, 10% são aqueles entre 15-29 anos (IBGE 2010).
O assunto ateísmo ainda é um tabu. Por ser um tabu, é polêmico tratar esse assunto em público. Mas, famosos gostam de falar sobre assuntos polêmicos. Buscam colocar-se se assim, para ver o quanto conseguem influenciar outros a tomar como certa a sua opinião. O ator Brad Pitt e o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, promovem conferências anuais para os não crentes, chamadas “conferências dos céticos”. As redes sociais promovem as “paradas do orgulho ateu”.
Na internet é muito mais fácil ser ateu. Essa é uma afirmação de P.Z. Myers no livro “The Happy Atheist” (ateu feliz). O autor da obra afirma que Bush com sua política contribuiu grandemente para a causa ateísta.
  
O ateísmo está saindo do armário num país onde se popularizou a imagem retratando Jesus Cristo, entre George Washington e outros patronos da nação, segurando a Constituição como se fossem os Dez Mandamentos.
A identidade cristã cresceu convictamente nos EUA por reação ao socialismo e seus regimes forçados de ateísmo. E em pleno século XX, o ateísmo inaugurou-se com grande adesão e vai se desenvolvendo no século XXI.
Norman Geisler e Frank Turek no livro “Não tenho fé suficiente para ser ateu” enumera que os céticos se questionam sobre a possibilidade dos autores do Novo Testamento terem sido enganados. Teriam eles sido enganados no caso de acontecimentos miraculosos como a ressurreição de Jesus? Como os céticos excluem a ressurreição?
Os céticos apresentam a teoria da alucinação.
Alucinações não são experimentadas por grupos, mas apenas por indivíduos. Nesse aspecto, são muito parecidas com sonhos.
A teoria da alucinação não funciona porque Jesus não apareceu uma única vez para uma única pessoa — ele apareceu em dezenas de ocasiões diferentes, numa grande variedade de cenários, para diferentes pessoas, durante um período de 40 dias.
Ele foi visto por homens e mulheres. Foi visto caminhando, falando e comendo. Foi visto dentro e fora de lugares. Foi visto por muitos e por poucos. Um total de mais de 500 pessoas viu o Jesus ressurreto. Elas não estavam tendo uma alucinação ou vendo um fantasma, porque, em seis das 12 aparições, Jesus foi fisicamente tocado e/ou comeu comida verdadeira (v. tabela 12.1). A existência do túmulo vazio é a segunda falha fatal da teoria da alucinação. Se mais de 500 testemunhas oculares tiveram a experiência sem precedentes de ter a mesma alucinação em 12 ocasiões diferentes, então por que as autoridades judaicas ou romanas simplesmente não exibiram o corpo de Jesus pela cidade?
As autoridades adorariam ter feito isso, mas, aparentemente, não puderam fazê-lo porque o túmulo estava realmente vazio.
Dizem que as testemunhas foram ao túmulo errado. Talvez os discípulos tenham ido ao túmulo errado e, então, presumiram que Jesus havia ressuscitado. Essa teoria também possui duas falhas fatais.
Primeira falha: se os discípulos tivessem ido à sepultura errada, as autoridades judaicas e romanas teriam ido à sepultura certa e, então, teriam mostrado o corpo de Jesus na cidade. O túmulo era conhecido pelos judeus porque era um túmulo deles (pertencia a José de Arimatéia, membro do Sinédrio). O túmulo também era conhecido pelos romanos porque colocaram guardas ali. Como destaca William Lane Craig, a teoria do túmulo errado presume que todos os judeus (e os romanos) tiveram um tipo de “amnésia coletiva” permanente em relação àquilo que eles haviam feito com o corpo de Jesus.
Mesmo que os discípulos realmente tivessem ido ao túmulo errado, a teoria não explica de que maneira o Jesus ressurreto apareceu em 12 diferentes ocasiões. Em outras palavras, são as aparições que devem ser explicadas, e não apenas o túmulo vazio.
Perceba que o túmulo vazio não convenceu a totalidade dos discípulos (com a possível exceção de João) de que Jesus ressuscitara dos mortos. Foram as aparições de Jesus que os fizeram deixar de ser covardes assustados, fugitivos e céticos e se transformar na maior força missionária pacífica da história. Isso é especialmente verdadeiro com relação a um religioso inimigo do cristianismo, Saulo (Paulo). Ele não apenas não foi convencido pelo túmulo vazio, como estava perseguindo os cristãos logo após a ressurreição de Jesus. Foi necessária uma aparição do próprio Jesus para transformar Paulo. Parece que Tiago, o cético irmão de Jesus, também foi convertido depois de uma aparição de Jesus.
A conversão de Tiago foi tão dramática que ele se tornou líder da igreja de Jerusalém e, mais tarde, foi martirizado nas mãos do sumo sacerdote. O resumo é este: mesmo que alguém pudesse dar uma explicação natural para o túmulo vazio, não seria suficiente como prova contrária à ressurreição.
Eles não quebraram as pernas para apressar sua morte porque sabiam que já estava morto (as vítimas de crucificação frequentemente morriam por asfixia porque não podiam erguer o corpo para poder respirar. Quebrar as pernas, portanto, apressaria a morte). Além do mais, Pilatos foi verificar para certificar-se de que Jesus estava morto, e a morte de Jesus foi a razão de os discípulos terem perdido toda a esperança.
É incrível como o homem reluta em não crer. Claro que a fé não é obra humana, é presente de Deus, mas o ser humano pode se recusar a crer.
Isso não é nenhuma novidade.
O episódio da crucificação e também da ressurreição comunicam a respeito de Deus. Mas, o ser humano é tão surdo que não quis ouvir. Diz o relato bíblico que “houve um grande tremor de terra”. As pessoas ainda estavam comentando sobre o temor que havia acontecido na sexta feira por ocasião da crucificação de Jesus (Mt 27.51) e no domingo cedo, enquanto muitos dormiam, “houve um grande tremor de terra”.
O tremor da terra era tido como sinal da teofania e manifestação divina. Enquanto Deus se manifestava no alto da cruz como o sacrifício perfeito, Deus confirmava seu sacrifício através do tremor de terra, mas, as pessoas não quiseram ouvir.
As mulheres estavam indo visitar um morto. Viram Jesus morto, sepultaram Jesus. Choravam por Jesus. No entanto, o seu espanto mostra aquilo que é bem humano: elas, os discípulos, duvidaram do que Jesus havia dito antes da crucificação, “morrerei, mas ressuscitarei”.
O primeiro mensageiro da ressurreição, o anjo disse: “Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado, mas ele não está aqui; já foi ressuscitado, como tinha dito. Venham ver o lugar onde foi posto. Agora vão depressa e digam aos discípulos dele o seguinte: “Ele foi ressuscitado e vai adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês vão vê-lo.” Era isso o que eu tinha a dizer a vocês” (Mt 28.5-7).
Não temais! Essa é a primeira mensagem da páscoa dada pelo anjo do Senhor.
A “salvação vem por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (1Pe 3.21). Ele venceu a morte. Apareceu durante 40 dias a muitos dos seus discípulos e outras pessoas que ficaram paralisados pelo medo.
Na quinta feira Jesus, ainda no Getsêmani, havia marcado um encontro com os seus discípulos. Ele disse que após sua prisão, crucificação e ressurreição, fossem para a Galiléia (Mt 26.32). Lá o encontrariam. No entanto, (Jo 20.26) apresenta os discípulos uma semana depois da ressurreição trancados, com medo em Jerusalém.
Quando por ocasião do sermão do monte, Jesus disse: “regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mt 5.12), agora mostra que a alegria está na certeza de que Jesus venceu a morte. Ele ressuscitou!
A mensagem do anjo: “Não temais” nos diz para permanecermos na alegria da ressurreição. Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia:

Não tenho fé suficiente para ser ateu. Norman Geisler & Frank Turek. Vida Acadêmica, pp. 222-240.

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