segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Recomendação aos ociosos!

13 de novembro de 2016
26º Domingo após Pentecoste
Salmo 98; Malaquias 4.1-6; 2Tessalonicenses 3.6-13; Lucas 21.5-28
Tema: Diante fim, viva normalmente!

         Muitas são as frases memoráveis ditas pelos personagens do seriado mexicano Chaves. Uma das que me lembro foi pronunciada pelo personagem Madruga: “Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar”.  
         Ruim é ter que trabalhar – é uma frase dita por aquelas pessoas que não veem objetivo nenhum no seu trabalho. Milhares de pessoas trabalham com a filosofia do desenho animado Simpsons, não fazem greve, mas atuam relaxadamente”. Há milhares de pessoas que trabalham, no entanto, seu trabalho visa tão somente uma boa casa, um bom carro .... É um trabalho voltado ao capitalismo consumista.
         A epístola do apóstolo Paulo aos tessalonicenses, em especial - 2Ts 3.6-13 – limita-se ao assunto trabalho. Se porventura algum leitor estender a mesma até o verso 16 poderá compreender o trecho como uma disciplina comunitária. Mas, é possível, mesmo sem a leitura dos versos 14 ao 16, refletir sobre a disciplina comunitária quanto ao trabalho.
         A segunda carta aos Tessalonicenses foi escrita numa situação histórica especifica. Essa determinada situação histórica conduziu muitos cristãos daquela congregação a um problema característico. O problema era resumido da seguinte maneira: se Cristo estava para voltar - não havia necessidade de trabalhar. Para piorar a situação, aconteceu que além de não estarem trabalhando, estavam se intrometendo na vida de outras pessoas (2Ts 3.11), “as pessoas se intrometiam em coisas que não lhes dizia respeito” (1Tm 5.13).
         A ociosidade não era devido ao desemprego, mas pela falsa interpretação de que estando próximo o fim, não havia necessidade do trabalho. Porque trabalhar? Investir? Construir? O trabalho passou a ser realizado numa perspectiva meramente humana.
         Os sinais apontavam a iminente volta de Cristo. Diante do fim, era necessário viver sem preocupação com as coisas desse mundo. A única dedicação cristã deveria ser a oração, a reflexão e o aumento no número de adeptos.
         A mensagem sobre a iminente volta de Cristo estava desanimando muitos quanto ao trabalho. A consequência disso foi o rápido empobrecimento de um pequeno grupo da congregação. E esse grupo, devido a ociosidade acabou precisando ser sustentado. Passaram a ser um peso para outros cristãos.
         Nessa situação, o apóstolo Paulo manda um recado: A congregação tem permissão para assumir uma santa preguiça? A ociosidade diante de uma falsa interpretação preocupou o apóstolo Paulo. A ociosidade colocava em cheque a mensagem do evangelho. O trabalho passou a ser tido como algo mundano e deveria ser desprezado já que todos estavam diante da volta de Cristo.
         Enquanto esteve em Tessalônica, o apóstolo Paulo hospedou-se na casa de Jasom (Atos 17.5). Mesmo sendo apóstolo e hospedado na casa de um irmão na fé, Paulo trabalhou para pagar seu sustento (1Co 9.3-14; 2Co 11.7-10). E ao escrever a segunda epístola aos Tessalonicenses, Paulo recomenda que os cristãos esperem a volta de Cristo vivendo na normalidade do dia-a-dia. Dentro dessa normalidade, era necessário continuar trabalhando em prol do sustento.
         Ao encararem o trabalho como carnal e sem necessidade diante do retorno de Cristo, o apóstolo Paulo apresenta o mesmo sob outra perspectiva. O trabalho é agradável a Deus. Cada qual precisa saber os benefícios do trabalho.
         O apóstolo Paulo recomenda que os cristãos não deixem de trabalhar e de viver sua vida normalmente por causa de entusiastas que estão atrapalhando o evangelho. O trabalho do cristão é feito com tranquilidade (2Ts 3.12).
         Ao expressar sobre a tranquilidade (Hësychia) do trabalho, o apóstolo fala sobre a paz e o sossego do mesmo. Essa paz e sossego provém da certeza de que tudo quanto se possui e é, são bênçãos divinas.
         É necessário lembrar que apenas um pequeno grupo na congregação em Tessalônica estava encarando o trabalho como algo mundano realizado tão somente para o mundo e para benefício do mundo. Assim, recomendações, tal como a de Jesus “...não andeis ansiosos pela vossa vida...vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;...” (Mateus 6.25,32) passou a ser compreendida como estímulo a preguiça. E para combater essa falsa interpretação o apóstolo Paulo escreve a segunda carta aos Tessalonicenses.
         O cristão trabalha tranquilamente neste mundo, ou seja, em paz e sossego, reconhecendo que o mesmo é uma bênção de Deus. O trabalho do cristão é diferente dos outros trabalhos. A diferença está no fato do cristão não estar amarrado ao sacrifício material, capitalista e consumista que o trabalho impõe. O cristão sabe que seu trabalho não visa apenas as coisas desse mundo. O cristão compreende que seu trabalho é uma realização de amor ao próximo. O trabalho cristão visa servir ao próximo. Nessa perspectiva a recomendação do apóstolo Paulo é que cada um espere pelo senhor servindo ao seu próximo, pois, em Jesus, todo pecador foi servido por Deus. Amém!


Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.

Não creia em todo espírito (1Jo 4.1)

  27 de abril de 2024 Salmo 150; Atos 8.26-40; 1João 4.1-21; João 15.1-8 Texto: 1João 4.1-21 Tema: Não creia em todo espírito (v.1) ...