06 de novembro de 2016
25º Domingo após Pentecoste
Salmo 148; Êxodo 3.1-15; 2Tessalonicenses
2.1-8, 13-17; Lucas 20.27-40
Tema: O anticristo não deixa ir à salvação!
O apóstolo Paulo nos deixa um texto
(2Ts 2.1-17) riquíssimo em temas: Vinda de Jesus
Cristo (v. 1); Opondo-se e se
levantando contra Deus (v. 4); Revelação
do mistério da iniquidade (v.7); Dando
graças a Deus por ter nos escolhido (v.13); Permanecer
firme e guardar as tradições (v. 15). No entanto, todos esses
temas, conduzem o leitor e ouvinte a uma única reflexão: é preciso
cuidar para que ninguém tire o Evangelho do centro.
Numa mensagem apocalíptica, muitos imaginam
apenas encontrar os temidos sinais do terremoto, guerra, pai contra filho,
filho contra pai, .... No entanto, o apostolo aponta para outro sinal, e esse
por sua vez, é sorrateiro, perigoso e pode causar dano eterno. O sinal é
apresentado como sendo: “homem da iniquidade” (2Ts 2. 3). Esse homem da
iniquidade é inimigo de Deus e de Jesus Cristo.
Muitos buscam mostrar que o fim do
mundo está próximo, encontrando e apontando para os sinais evidentes, mas o que
pouco se fala é sobre o anticristo. O
anticristo é descrito pelo apóstolo Paulo como sendo “adversário de Cristo, que se exalta sobre tudo
que se chama Deus ou se adora como Deus, e se assenta no templo de Deus como se
fosse Deus” (2Ts 2.3,4). É difícil saber quem é o anticristo, pois o
mesmo faz parte da igreja. Mas, o Espírito Santo moveu Paulo a escrever a sua
característica principal: “adversário de Cristo”.
Milhares de pessoas que se
autodenominam cristãs, não sabem o que constitui o anticristo e o domínio do
anticristão. As pessoas veem o reinado do anticristo no panteísmo,
materialismo, ateísmo, socialismo, niilismo, anarquismo e outros terríveis
ismos dos quais a idade moderna se tornou herdeira. No entanto, o anticristo
está sentado
no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus (2Ts
2.4).
O papado e o papa são tidos como sendo
anticristo. Afinal, ao tentar se aproximar de outros, o faz com a máscara de
estar interessado pela causa de Cristo e da igreja cristã, mas, a verdade é que
seu real intuito e objetivo é apenas lutar em favor de si mesmo e de seu
domínio.
O anticristo é aquele que encara Jesus
Cristo como um novo Moisés, um legislador, e transforma o evangelho em doutrina
de obras meritórias ao mesmo tempo em que (o anticristo), condena e amaldiçoa os que ensinam
que o Evangelho é a mensagem da graça ilimitada de Deus em Cristo. Assim, o
anticristo não está apenas no papado. O anticristo não aceita o evangelho no
real e verdadeiro sentido da palavra. O anticristo se interessa mais pelas leis
da sua igreja, que pela própria lei de Deus.
Essa semana muitos vibraram com a
visita do Papa Francisco à Suécia para as comemorações dos 500 anos de Reforma.
No entanto, quero destacar um fato que merece nossa atenção. Dois meses antes
da morte de Lutero, foi aberto o Concilio de Trento. O objetivo era curar feridas
mortais que o papado havia recebido pela Reforma proposta por Lutero. Era
necessário reconstruir o papado.
Nesse Concílio, na sexta sessão, foi
feito o seguinte decreto: “Se alguém
disser que os homens são justificados somente pela imputação da justiça de
Cristo ou somente pelo perdão dos pecados, excluindo-se a graça e o amor que
através do Espirito Santo são derramados em nossos corações, e lhe são
inerentes; ou que a graça pela qual somos justificados nada mais é do que favor
de Deus – que seja anátema...”
O papado até tem a cruz, mas sem seu
significado em conexão com Cristo. Sempre voltam a Maria para que ela evite que
o navio de Pedro afunde.
O anticristo é “adversário de Cristo”, ou seja, não
deixa Cristo sobressair-se, ou ser evidenciado assim como verdadeiramente
deveria ser: o salvador, o único e suficiente salvador.
Queria muito que desse encontro na Suécia o
papado fosse convertido a Cristo como sendo seu Salvador, mas, temo na verdade é que aqueles que estão em Cristo se rendam à tradição e excluam Cristo.
Vive-se numa época apocalíptica, e a
grande tentação é seguir qualquer um. Nesse período apocalíptico é necessário
estar e permanecer em Cristo, “...porque Deus vos escolheu desde o
princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2Ts 2.13). Sim, o Espírito Santo
chama à fé e preserva na fé pela Verdade, por isso, o anticristo é adversário
de Cristo, ou seja, não permite que Cristo seja evidenciado, pois, sem Cristo,
não há salvação.
O viver cristão consiste num constante
ir. Ir para a salvação. Esse ir
para a salvação é um ponto central para o entendimento do texto,
afinal, milhares de pessoas vivem suas vidas como se a vida fosse interrompida
pela morte. Não há um lugar para ir. Não há um refúgio. Talvez, seu refúgio
seja deixar alguém que reze por sua alma, para que a mesma seja liberta do
purgatório. Quanta miséria é viver sem a certeza da salvação.
Não se sabe quando será a vinda de
Jesus Cristo, ou mesmo o dia da morte. A preocupação não deve ser o dia e a
hora, como uma oportunidade de arrependimento. O Espírito Santo me conduz na fé
e na verdade hoje. A minha vida consiste em estar indo em direção à salvação.
Muitos já se revoltaram contra Deus e o
abandonaram. Esse abandono ocorreu e ocorre pelo fato de se deixarem conduzir
pelo erro, pela mentira, pelo engano. Foram iludidos assim como Eva e Adão.
Buscar sinais
dos tempos do fim não ajuda em nada. Por busca de sinais, o
anticristo, o adversário de Cristo, não deixa que muitos o vejam como alguém
que desvia de Cristo e da salvação eterna.
Ficar exclamando que Jesus breve virá, não auxilia e nem consola as
pessoas. É necessário que se diga que o grande perigo é
desviar-se da “santificação
do Espírito e fé na verdade...” (v.13), ou seja, da verdade do
evangelho.
Ficar preso aos sinais que supostamente
se darão no ar, na água e na terra, apenas afastará as pessoas do maior sinal,
ou seja, desviar-se do evangelho que é o meio pelo qual Deus nos chamou e chama
para alcançar a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!
Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann
Bibliografia
A correta distinção de lei e
evangelho, um conjunto de preleções de Carl Ferdinand Wilhelm Walther. Fora
proferidas entre os anos de 1884 – 1885 e estenografadas e transcritas por
alunos de teologia do Seminary de Saint Louis, EUA.
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