2º Domingo no Advento
04 de dezembro de 2016
Sl 72.1-7; Is 11.1-10; Rm 15.4-13; Mt 3.1-12
Tema: Árvore com frutos!
O que é necessário
para que uma árvore produza bons frutos?
Pelo
aprendizado recebido na educação natural, sempre soube que uma boa adubação é
certeza para que a árvore produza bons frutos. No entanto, há situações em que
fica-se curioso com algumas árvores que mesmo sem estar numa boa terra, ou nem
ter recebida adubação alguma, bons frutos são produzidos. Essas situações
sempre me deixaram intrigado e incomodado. Assim, numa dessas conversas “ao pé do ouvido” com essas pessoas que
dedicaram uma vida inteira no campo, fiquei surpreendido com um agricultor que
certa vez me disse: “se a árvore não dá
fruto, prega três pregos, e ferindo-a, verá que dará muito fruto”.
O que é
necessário para que uma árvore produza bons frutos?
A
resposta dessa questão está num belíssimo sermão proferido por João Batista. Um
verdadeiro prego fincado nos seus ouvintes, com o qual tinha um só objetivo: “arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.2).
A
admoestação ao arrependimento foi a divisa que caracterizava sua pregação.
João, o Batista, se fixava numa mudança completa de mente e coração. O arrependimento era necessário
para o advento do Messias.
Quando
João Batista proferiu essa mensagem, estava com 30 anos de idade. Residia nas
montanhas e terras ásperas em direção ao Mar Morto, nas planícies ou campos que
de lá se estendiam para o vale do Jordão. Jesus, a quem João se referia em seu
sermão e a quem preparava o caminho, morava na pequena cidade de Nazaré.
João,
apelidado de Batista, era um pregador e admoestador. Proclamava e anunciava
solenemente a vinda do reino do céu. João Batista era pregador de uma só mensagem:
“arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.2).
Mesmo
tendo uma só mensagem, João, o Batista, não era qualquer homem. Foi alguém
pré-anunciado pelo profeta Isaías, quando esse transmitiu palavras de conforto
a Jerusalém: “Voz
do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo
vereda a nosso Deus” (Is 40.3). Foi também pré-anunciado pelo profeta
Malaquias: “Eis
que envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; ...”
(Ml 3.1).
João
Batista tinha apenas um sermão e esse com um único propósito: Preparar. O sermão de João
Batista tinha por objetivo ferir as pessoas, ferir corações e mentes, para a vinda
do grande Rei da Misericórdia (Kretzmann).
João
Batista juntamente com Jonas, o profeta, em minha opinião, foi um dos
pregadores mais felizes da história. Ambos, em pouco tempo conseguiram atingir
muitas pessoas.
No
caso de João Batista, o sucesso do sermão foi instantâneo. Primeiro: vieram os da
circunvizinhança. Pessoas de todos os lados do Jordão. Segundo: a mensagem foi buscada
por ter atingido aqueles de dentro da Judéia e, terceiro: a mensagem atingiu e
foi buscada pelos moradores de Jerusalém.
É
preciso deixar claro que o poder esteve na Palavra e não na pessoa de João
Batista. Por mais que João Batista tenha sido pré-anunciado por Isaías e
Malaquias.
João
Batista convidava as pessoas a se arrependerem. Os ouvintes estavam cheios de
culpa. João Batista os chamava de “raças de víboras” (Mt 3.7). Os ouvintes eram
árvores sem frutos, e tudo que desejavam era perdão para os seus pecados.
A
confissão de pecados, feita por indivíduos, era coisa nova em Israel. Havia a
confissão coletiva no grande dia da Expiação (Lv 16), e em certos casos, uma
confissão individual (Nm 5.7). Mas, uma confissão pessoal e instantânea, cada
pessoa por si mesmo, era algo novo e magnifico.
Assim
como é em nossos dias, tudo que é novo e excepcional conduz a curiosidade. O
texto não diz nada sobre tal, mas, pode-se deduzir que por curiosidade e
fascinação, os fariseus que insistiam na observância exterior da lei e das
tradições dos anciãos e os saduceus racionalistas que rejeitavam todos os
escritos inspirados, com exceção dos livros de Moisés, foram ouvir e procurar o
batismo. No entanto, esses, a julgar pela resposta de João Batista não foram
batizados, afinal, os mesmos não
produziram frutos dignos de arrependimento.
Diante
de árvores sem frutos, João Batista sabia que os fariseus e saduceus estavam lá
por outro objetivo. Esses imaginavam que podiam forçar a entrada no reino dos
céus. Assim, ouviram a exigência: “produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...”
(Mt 3.8).
Produzir frutos –
João Batista exige mudança completa de coração, “porque, onde está o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração” (Lc 12.34). De nada valeria os
fariseus e saduceus serem admitidos e batizados sem mudança de coração. Ou
seja, sem estar firmes naquele que João Batista não era sequer digno de
carregar as sandálias (Mt 3.11).
João
Batista sabia que os fariseus e saduceus ali estavam pelo simples fato de se
julgarem merecedores, afinal, eram descendentes de Abraão. Assim, eles pensavam
e argumentavam (Jo 8.33,39). Por serem filhos de Abraão mereciam todas as
bênçãos de Deus, inclusive o Batismo que João Batista oferecia.
Querido
e querida, em muitas mensagens tenho ressaltado que não adiante ser apenas
batizado e filiado a igreja. A palavra de Deus é clara ao dizer: “Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc
16.16). Observe: quem
não crer será condenado. Não quero entrar profundamente
no mérito da questão, mas, é necessário pensar que apenas o rito batismal, como
mero costume, é ter a mesma atitude dos fariseus: sou batizado na igreja.
É
necessário viver o batismo na vida diária, ou seja, a cada novo dia, arrepender-se, viver sob
a graça do perdão e do amor de Deus em Jesus. Só vive o batismo
na vida diária aquele que já está na fé verdadeira. E na fé verdadeira produz
verdadeiros frutos.
João
Batista, como que pregando um prego na árvore exclama: “produzir bons frutos”. Pare de
viver no “ex
opere operato”, ou seja, não frequente a igreja por frequentar. É necessário arrepender-se.
Arrepender-se envolve mudar de rumo, mudar de mente. “Jesus nos batiza
com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11). Isso quer dizer que todo
aquele que se arrepende de seus pecados recebe o perdão, o consolo, e todo
aquele que não se arrepende e não recebe Jesus como seu salvador, não entrará
no reino de Deus. Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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