domingo, 31 de janeiro de 2016

A melhor maneira de caminhar e morrer!

07/02/16
Transfiguração de Jesus
Sl 99; Dt 34.1-12; Hb 3.1-6; Lc 9.28-36
Tema: A melhor maneira de caminhar e morrer!

         Moisés recebeu a notícia de que não iria entrar na terra prometida, (Nm 20.12). Essa decisão divina recebe muitas interpretações. A minha leitura do episódio faz concluir que Moisés confiou em seu conhecimento geográfico. A região era formada por partes finas de calvário. Tendo vivido nessa região por 40 anos e sempre estar em busca de água para as cabras de seu sogro, Moisés sabia que, ao bater forte nesse solo fino de calcário jorraria água. Moisés ao bater forte confiou no seu conhecimento. Seu saber o levou a incredulidade.
         Quando Deus ouviu a reclamação do povo, solicitou que “Moisés e Arão apenas falassem com a rocha” (Nm 20.8). Moisés, por conhecer e saber esses detalhes geográficos, preferiu agir a sua maneira.
         Os anos se passaram e Moisés caminhou com o povo rumo a terra prometida. Chegando próximo, Moisés “subiu ao monte Nebo, ao cimo de Pisga” e viu toda a terra prometida. Os 40 anos de caminhada e liderança do povo de Deus estava terminando.
         O monte do qual Moisés viu a terra prometida faz parte de uma cadeia montanhosa interligada com o monte Sinai/Horebe. Cadeia montanhosa onde Deus havia dado a lei para seu povo e também se mostrou diante do sacrifício de seu Filho Jesus anos mais tarde, assim como já havia antecipado com o relato de Abraão e Isaque (Gn 22).
         A experiência de Moisés em ter visto a terra prometida foi incrível. Moisés pode ver a terra “que sob juramento, Deus havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó” (Dt 34.4). De certa perspectiva, é uma pena não termos o relato da experiência pessoal de Moisés ao visualizar a terra prometida.
         A vida de Moisés foi marcada pelos extremos. Desses extremos pode-se aprender grandes lições.
         Ao nascer, por ser menino, deveria ter sido morto. A ordem do rei do Egito a todo o povo era que: “todos os filhos que nascerem aos hebreus lançareis no Nilo, mas, as filhas deixareis viver” (Ex 1.22).
         Deus que já havia traçado um plano libertador, concedeu sabedoria a Joquebede, mãe de Moisés. E assim, o menino se tornou o filho da filha de Faraó. Como neto do Faraó, Moisés “foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras” (At 7.22).
         Moisés não sabia que Deus o estava preparando para libertar o povo da escravidão, que conforme havia dito à Abraão estava terminando (Gn 15.13). Por isso, como neto de Faraó tornou-se orgulhoso e prepotente.
         Em seu orgulho e prepotência, Moisés resolveu matar um soldado egípcio. Ele, através do conhecimento da história do povo hebreu sabia de que Deus libertaria seu povo, mas, através duma ação humana pensou que fosse capaz de realizar o mesmo.
         Moisés estava sendo preparado por Deus, e mesmo nessa situação bem humana, Deus o colocava em sua segunda etapa de preparação. E para a mesma, foi conduzido ao deserto, nas terras de Midiã.
         Longos 40 anos se passaram, e após esse período, tendo se cumprido o tempo de Deus, Moisés foi chamado e enviado para libertar o povo de Israel da escravidão egípcia. Assim, iniciou-se uma nova etapa em sua vida: a liderança.   
         Que vida! Quantos extremos!
         A julgar por tudo que passou, talvez pensemos que Moisés merecesse entrar na terra prometida. Será que Deus não foi injusto? Para responder essa questão, é preciso fazer uma correta distinção. Existe diferença entre a justiça cristã e as outras justiças. A justiça cristã é diferente da justiça política, da justiça cerimonial e da justiça da lei. Não se pode julgar um ato de Deus de acordo com as justiças existentes, mesmo que esses tipos de justiça seja um dom de Deus. Nossas obras e realizações não influenciam as decisões e os mistérios de Deus
         A Bíblia não pode ser lida e interpretada numa perspectiva humanitária ou política. É necessário ler e interpretar a Bíblia com os olhos da fé, na perspectiva da promessa de Deus.
         Com a perspectiva correta, vê-se a graça e a misericórdia de Deus para com Moisés, pois, Deus do alto do monte Pisga permitiu a Moisés uma boa visão da terra prometida. Deus disse a Moisés: “eu te faço vê-la com os próprios olhos;” (Dt 34.4).
         O ver a terra prometida com seus próprios olhos era a certeza dada por Deus à Moisés de que sua promessa havia sido cumprida. Deus havia feito a promessa a Abrão quando lhe disse: “Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, eu te darei, a ti e à tua descendência, para sempre” (Gn 13.14-15).
         Promessa feita, promessa cumprida!
         Ao ver a terra prometida, Moisés teve uma experiência maravilhosa. Como disse anteriormente, essa experiência não foi escrita em nenhum livro por Moisés, mas, tenho certeza de que foi a maior experiência humana que alguém pode ter.
         Moisés, (com 120 anos, após 40 anos de liderança de um povo que não lhe pertencia, após tantos episódios, tantas dúvidas e questionamentos), vê com seus próprios olhos que Deus cumpriu a sua promessa.
         Após ver a terra prometida e com isso a certeza de que Deus havia cumprido sua promessa, Moisés morreu. Que morte bem aventurada!
         Vivemos numa época diferente da de Moisés, mas, os personagens parecem os mesmos. Temos líderes e liderados. Todos estamos a caminho da terra prometida, o céu, afinal “... a nossa pátria está nos céus, ...” (Fp 3.20).
         Os líderes dessa geração estão passando por uma situação delicada. A exemplo do povo liderado por Moisés, muitos duvidam da terra prometida, da pátria celestial. Outros estão apegados a pátria terrena. Alguns líderes vislumbram o concreto, ou seja, os grandes milagres de Deus realizados por suas mãos que são mais poderosas que as de qualquer outro.
         O dia 07 de fevereiro de 2016 é o último domingo de Epifania. Em alguns dias se iniciará a quaresma. O tempo da quaresma é um tempo de caminhada e reflexão. Caminhada e reflexão em direção a cruz de Jesus.
         A cruz é a certeza da promessa cumprida por Deus em Jesus. Somos convidados a continuar nossa caminhada e vislumbrar a pátria celestial pela certeza de que Deus em Jesus cumpriu sua promessa de redenção. O último domingo da epifania é marcado pela transfiguração de Jesus. Esse episódio mostra a luz de Deus, Jesus, que brilha diante de nós. Nele “...guardamos firmes, até o fim, a ousadia e a exultação da esperança” (Hb 3.6). Amém!


Rev. MST Edson Ronaldo Tressmann

Um comentário:

  1. Diante da trajetória desse grande profeta, somos impelidos pelo Espírito Santo a crer no Deus dos impossíveis. A história de um povo, suas angústias, fracassos, descrenças, desamparo e escravidão nada difere das agruras e perrengues por que passa a presente geração. E retrata a vida de cada pessoa nos tempos atuais. Introduzir-se nesse episódio e fazer parte dele, é aceitar que sem Deus a vida é um fracasso total. Hoje em dia muitas pessoas no desespero, batem em tudo que é tipo de porta, procurando solução para suas angústias e sofrimentos, desenganos, desilusões, doenças, perturbações, além do vazio e o sem sentido da vida. "Então Deus enviou a sua palavra e os sarou da sua destruição" Sl 107 -20. Moisés representa, sobretudo, a possibilidade de libertação para os que buscam a presença do Senhor e querem uma vida digna. A Igreja precisa assumir o compromisso que é seu, de liderar, conduzir, pastorear, levar ao porto seguro, à terra prometida, precisa sim assumir o compromisso de fazer a "travessia" apesar das ciladas de Satanás. Simbolicamente, a passagem pelo Mar Vermelho poderá ser entendida como o primeiro batismo, quando Deus triunfa sobre o inimigo e não só triunfa mas também o destrói.
    Att: Oziris França

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