terça-feira, 19 de novembro de 2013

Transferidos


24/11/13 – Ultimo Domingo do Ano da Igreja
Sl 46; Ml 3. 13 - 18; Cl 1. 13 - 20; Lc 23. 27 - 43
 
         Meios de transporte estão cada vez mais eficientes e velozes. Por esses meios somos transportados de um lugar para outro com facilidade, agilidade e eficiência. Pelos meios de transporte podemos conhecer o mundo. É maravilhoso poder viajar pelos lugares e explorar suas riquezas culturais.
         Muitas pessoas quando realizam uma viagem, voltam vislumbradas com tudo de novo que observaram. Por algum tempo ficamos só lembrando-se de como era lindo aquele lugar que visitamos e esquecemos até dos problemas que vivemos, ou até mesmo de como é o lugar onde moramos.
         Diz Paulo que “nossa pátria está no céu” (Fp 3. 20). Somos salvos, temos a vida eterna, mas ainda estamos aqui. É como se estivéssemos numa viagem. Nessa viagem, o encantamento pelas coisas desse mundo, que conforme Jesus no evangelho da semana passada, serão destruídas, nos faz esquecer a nossa pátria celestial.
         Levando essa realidade em consideração, estudemos as palavras de Paulo aos Colossenses, em especial os v. 14.
         O v. 14 anuncia que o “Filho do seu amor”, ou seja, o “amado” é aquele no qual cada pecador tem a redenção, a remissão, o perdão dos pecados.
         A palavra redenção é um termo fundamental na Bíblia. É um termo que compreende toda a história da salvação, desde a remissão dos pecados até à ressurreição dos mortos.
         Vivemos dias de analfabetismo funcional, onde as pessoas sabem ler, mas não conseguem fazer a devida interpretação de textos e operações matemáticas simples.
         Por esse fato, é importante e necessário entender o que é redenção.
         Redenção – vem do latim “redimere” que é uma tradução do grego “lutrosis” ou “apolutrosis” que significa resgate, libertação através do pagamento de um resgate, soltura de quem está em escravidão ou prisão por dívida não paga.
         O sentido teológico é bem mais amplo e profundo que o sentido gramatical. No entanto, mesmo se ficássemos apenas com o conceito gramatical, a palavra em si traz um enorme significado.
         Os filhos da promessa, ou seja, os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó estiveram escravizados no Egito. Quando, Deus em sua graça e misericórdia quis intervir, libertou o seu povo da escravidão. Por 40 anos caminharam como povo livre pelo deserto. Mesmo caminhando pelo deserto sabiam que sua terra era a nova terra, Canaã.
         Como cristãos do século XXI, estamos livres, somos filhos de Deus. Libertados do poder do diabo e da morte eterna, estamos caminhando pelo deserto. Mas, não fomos resgatados para viver eternamente nesse deserto onde reinam as lágrimas, as injustiças, a violência, etc. Fomos resgatados, comprados “com o santo e precioso sangue de Jesus” para pertencermos a ele e vivermos com ele na nova terra, no novo céu.
         Paulo diz: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1. 13 – 14).
         Transportados – de um reino a outro reino. Essa palavra, ou como diz o termo grego, “transferidos” resume muitíssimo bem o que é redenção. Fomos transferidos de um lugar para outro. A transferência foi extraordinária. Saímos das trevas para a luz, da morte para a vida, da perdição para a salvação.
         A carta aos Colossenses é uma das mais breves do apóstolo Paulo que tem como diferencial ter sido uma carta a uma igreja que ele não fundou pessoalmente. Colossos estava distante 160 km de Éfeso, e foi fundado pelo ministério de Epafras no período em que Paulo esteve em Éfeso por 3 anos.
         A maioria dos cristãos daquele congregação eram ex gentílicos, que foram perdoados dos seus pecados e “transferidos para o reino do Filho do seu amor, ...”.
         Os cristãos da cidade de Colossos mesmo tendo sido redimidos, perdoados, transportados de uma situação para outra, estavam sendo ameaçados pela heresia colossense. Paulo soube disso quando na prisão recebeu a visita de Epafras (1.8).
         Um grupo da congregação se desviou do padrão doutrinário cristão. Correntes de pensamento de fora da igreja estavam sendo bastante atrativas para muitos cristãos de Colosso. Essa corrente de fora estava estragando a doutrina cristã com suas seguintes atrações: 1) – cerimonialismo (2.16 – 17; 2.11; 3.11); 2) – Ascetismo (2.21; 2.23); 3) – Culto a anjos (2.18); 4) – diminuição na importância e do papel de Jesus Cristo (1. 15 – 20, nosso texto em questão; 2.2 – 3.9); 5) – conhecimento secreto (2.18 e 2.2 – 3); 6) – apelo a sabedoria e tradições humanas (2.4,8).
         Todas essas questões estavam sendo misturadas e buscavam complementar o evangelho. Em Cl 1. 15 – 20, o apóstolo Paulo prepara o terreno para tratar dessas questões. Nesses versículos exalta a superioridade de Jesus Cristo. Ele é Senhor da criação e da reconciliação. É o mediador entre Deus e os homens.
         Somos redimidos. Somos os transferidos. Mas, ainda estamos em mudança, ou melhor, viagem. Vamos curtir essa viagem. Mas, precisamos ter cuidado para não esquecer o check- in, pois sem o mesmo não há embarque.
         Como filhos redimidos, muitos são os que estão vivendo suas vidas simplesmente aproveitando-se na viagem. Não que isso seja ruim, mas o perigo é esquecer-se daquele que nos transportou da morte para a vida, das trevas para a luz. Amém!
 

Edson Ronaldo Tressmann


44 – 3462 2796

Bibliografia:

FAVRE, Philippe. Epístola aos Colossesnses. Ed. Bom Pastor, São Paulo. 1996. pp. 18 – 32.

História e Literatura do Novo Testamento. Clóvis Jair Prunzel; Gerson Luis Linden; Vilson Scholz. Ed. ULBRA, Canoas, 2011. pp. 101 - 105

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