segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Escutem todos o que eu vou dizer e entendam!

02/09/12 – 14º Domingo após Pentecostes
Sl 119. 129 - 136; Dt 4. 1 – 2, 6 - 9; Ef 6. 10 - 20; Mc 7. 14 - 23
Tema: Escutem todos o que eu vou dizer e entendam!

Nós dizemos a Deus – é necessário fazer algo para sermos salvos! Muitos dizem isso por não entender o que diz Moisés e Jesus.

         Certa vez, em outro sermão Jesus disse: “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21).
Esse sermão está registrado no capítulo 6 de Mateus. Ali recebemos o ensino de Jesus sobre a religiosidade hipócrita. Havia uma sincera busca em cumprir à lei e as tradições. Mas, apenas por aparência. E essa aparência de piedade calcada no suposto cumprimento da lei de Deus é condenada por Jesus. Jesus diz que através da hipocrisia as pessoas escondiam onde realmente estava o seu coração.
Coração denota o centro de toda a vida física e espiritual.
Tesouro ao qual Jesus se refere é o lugar onde se guarda coisas boas e preciosas. É um depósito. Com esse sermão simples e direto: “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21), Jesus diz que precisamos colocar nosso coração dentro do porta-jóias, ou seja, no verdadeiro depósito. Onde estamos depositando nosso coração, nossa vida física e espiritual?
O sermão de Jesus nos revela onde muitas pessoas estão depositando suas vidas. Encontramos uma multidão que estava presa e fundamentada na tradição que não podia ser quebrada. As regras precisavam ser cumpridas. Afinal de contas, para que essa religiosidade tivesse uma aparência de boa e agradável a Deus, a lei foi interpretada inadequadamente. E sendo assim, se criou uma religiosidade hipócrita. A lei que havia sido dada por Deus para apresentar seu povo como povo de Deus, havia sido distorcido e estava fazendo pessoas super santas, mas pela hipocrisia.
Para justificar a aparente religiosidade o povo ensinava que a tradição a qual seguiam havia sido dada por Deus ainda no deserto. O povo apenas seguia os ensinos que haviam recebido de seus avós e pais. E o ensino transmitido por Moisés foi:

Depois Moisés disse ao povo de Israel: — Obedeçam a todas as leis e a todas as ordens que eu estou dando a vocês agora, para que vivam e tomem posse da terra que o SENHOR, o Deus dos nossos antepassados, vai dar a vocês. Não acrescentem nada à lei que lhes estou dando, nem tirem dela uma só palavra. Guardem todos os mandamentos do SENHOR, nosso Deus. Portanto, obedeçam fielmente a todas essas leis, e assim os outros povos verão que vocês são sábios e inteligentes. Quando ouvirem falar dessas leis, eles dirão: “Como é sábio e inteligente o povo dessa grande nação!” Nenhuma outra grande nação tem um deus que fique tão perto do seu povo como o SENHOR, nosso Deus, fica perto de nós. Ele nos ouve todas as vezes que pedimos a sua ajuda. E será que existe outra grande nação que tenha mandamentos e ensinamentos tão direitos como essa lei que estou lhes dando hoje? Portanto, tenham cuidado e sejam fiéis para que nunca esqueçam as coisas que viram. E contem aos seus filhos e netos (Dt 4. 1 – 2, 6 – 9).

         E tendo recebido todo esse ensinamento, estavam apenas desejando que Jesus fizesse a lei se cumprir nos seus discípulos. E pedir que faça cumprir a lei não é errado. O que de fato está acontecendo? Não é Jesus o filho de Deus. E sendo assim deveria ser o primeiro a dar o exemplo de cumprimento da lei? Será que Jesus não estaria errado ao permitir que seus discípulos comessem sem lavar as mãos?
         Jesus é pressionado pelas pessoas que conheciam a lei. Era pressionado pelas pessoas que aparentemente cumpriam a lei.
         Para responder a essas questões importantes, queremos aprender do sermão de Jesus e tranqüilizar nosso coração. Ouçamos o sermão de Jesus:

Jesus chamou outra vez a multidão e disse: — Escutem todos o que eu vou dizer e entendam! Tudo o que vem de fora e entra numa pessoa não faz com que ela fique impura, mas o que sai de dentro, isto é, do coração da pessoa, é que faz com que ela fique impura. [Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam.] Quando Jesus se afastou da multidão e entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram o que queria dizer essa comparação. Então ele disse: — Vocês são como os outros; não entendem nada! Aquilo que entra pela boca da pessoa não pode fazê-la ficar impura, porque não vai para o coração, mas para o estômago, e depois sai do corpo. Com isso Jesus quis dizer que todos os tipos de alimento podem ser comidos. Ele continuou: — O que sai da pessoa é o que a faz ficar impura. Porque é de dentro, do coração, que vêm os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas conseqüências. Tudo isso vem de dentro e faz com que as pessoas fiquem impuras. (Mc 7. 14 – 23)

         De nada adianta uma religiosidade de aparências. Não adianta vir à igreja, como quem vem para acumular tijolinhos para construir sua casinha no céu. De nada adianta uma religiosidade hipócrita.
         Jesus dá ênfase no viver corretamente conforme o ensino do terceiro mandamento: “Santificarás o dia do descanso.” Isso significa que devemos temer e amar a Deus de todo o coração, e, portanto não desconsiderar a pregação e a Palavra de Deus, mas gostar de ouvir, estudar e meditar nela.
         Jesus disse em seu sermão: Escutem todos o que eu vou dizer e entendam!
 
           O segredo está em escutar e entender aquilo que Deus nos diz. Não se pode fazer aquilo que se faz atualmente. Vivemos na pós-modernidade. E a pós-modernidade tornou tudo relativo. A verdade que vale é a minha. E infelizmente isso foi e é transferido também em questões bíblicas.
         Escutem todos o que eu vou dizer e entendam!
         Com isso Jesus nos ensina que ao dizer sobre Deus, não devemos fazer acréscimos ou até mesmo falsas interpretações. Não podemos querer nos justificar, ou apresentar nossa hipocrisia através de uma distorção da lei de Deus. Afinal, distorções da palavra de Deus, nos levam a nos agarrar nas tradições e nas regras. E distorcendo a palavra de Deus começamos a querer cumprir todas elas, e sendo as mesmas cumpridas, são transformadas em milhas para o céu.
         Escutem todos o que eu vou dizer e entendam!
Como é sábio e inteligente o povo dessa grande nação! Nenhuma outra grande nação tem um deus que fique tão perto do seu povo como o SENHOR, nosso Deus, fica perto de nós. Ele nos ouve todas as vezes que pedimos a sua ajuda. E será que existe outra grande nação que tenha mandamentos e ensinamentos tão direitos como essa lei que estou lhes dando hoje? Portanto, tenham cuidado e sejam fiéis para que nunca esqueçam as coisas que viram. E contem aos seus filhos e netos...” (Dt 4
         Não há outro Deus como o nosso. Ele fica perto de nós. E essa proximidade de Deus não é alcançada por mim através de uma religiosidade hipócrita. Não importa o que eu faça. O que o mundo não quer aceitar é que Deus em seu amor e misericórdia se aproxima de nós. E como ocorre essa aproximação? A Palavra se fez carne em Jesus. Jesus veio ao nosso encontro e morreu na cruz, ocupando nosso lugar. Jesus continua vindo ao nosso encontro através da pregação da Palavra, pelo Batismo, pelo Corpo e Sangue dados com e sob o pão e o vinho. Deus vem ao meu encontro por que sou um miserável pecador e necessito do perdão. Deus vem ao meu encontro e aguarda a minha volta para casa a cada novo dia. Para isso é só relembrarmos a história do filho pródigo.
         Jesus ao contar essa história, ensina que Deus ama os dois filhos. Observemos que no relato de Lucas 15, é dito que o Pai correu para fora quando soube dos dois filhos. Ele não recebeu bem apenas o primeiro que estava perdido e foi recuperado. De igual maneira recebeu como amor e carinho aquele que estava em casa todos os dias ao seu lado.
         Deus aguarda a volta dos filhos quebrados pelos seus pecados. Aguarda os rebeldes. E com amor e carinho quer que àqueles que supostamente vivem na lei, e tentam de todas as maneiras cumprirem as tradições se agarrem firmemente em Jesus como seu salvador, sem tentar fazer o que Deus em Jesus já fez por nós.
         A lei de Deus me conduz a Cristo. Através da lei reconheço que estou no fundo do poço, conforme Rm 7 7 – 11 “O que vamos dizer então? Que a própria lei é pecado? É claro que não! Mas foi a lei que me fez saber o que é pecado. Pois eu não saberia o que é a cobiça se a lei não tivesse dito: “Não cobice.” Porém o pecado se aproveitou dessa lei para despertar em mim todo tipo de cobiça. Porque, se não existe a lei, o pecado é uma coisa morta. Pois houve um tempo em que eu não conhecia a lei e estava vivo. Mas, quando fiquei conhecendo o mandamento, o pecado começou a viver, e eu morri. E o próprio mandamento que me devia trazer a vida me trouxe a morte. Porque o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento, me enganou e, por meio do mandamento, me matou.” E estando no fundo do poço aguardo que alguém me retire de lá. Deus me retirou e retira, lançando a corda que é Cristo. Cristo cumpriu a lei e Cristo é o cumprimento da lei. E em Cristo eu recebo o perdão para toda quebra da lei. Eu preciso estar enrolado na corda que é Cristo.
         Escutem todos o que eu vou dizer e entendam!
         Tanto Moisés através do livro de Deuteronômio transmitindo a palavra de Deus, como João Marcos em seu evangelho transmitindo as palavras de Jesus querem nos ensinar para a necessidade que temos de Deus estar perto de nós. E essa aproximação aconteceu e acontece em Jesus.
         As regras, as tradições até nos ajudam numa organização. Mas, sendo as regras transformadas em moeda de troca, acabam me transformando em fariseu. E sendo um fariseu passarei a viver minha vida tentando carregar um fardo que Jesus já carregou por mim.
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

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