terça-feira, 7 de agosto de 2012

Uma palavra na Depressão

12/08/12 – 11º Domingo após Pentecostes
Sl 34. 1 - 8; 1Rs 19. 1 - 8; Ef 4. 17 – 5.2; Jo 6. 35 - 51
Tema: Não critique quem sofre. Quem sofre não queira morrer. Apenas espere em Deus.


Objetivo: Mostrar que diante dos deprimidos precisamos ter muita compreensão, pois estamos sujeitos a ela.

         Quem disse essas palavras? Maldito o dia em que nasci! Não seja bendito o dia em que me deu à luz minha mãe! Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho!, alegrando-o com isso grandemente.Seja esse homem como as cidades que o Senhor, sem ter compaixão, destruiu; ouça ele clamor pela manhã e ao meio-dia, alarido.Por que não me matou Deus no ventre materno? Por que minha mãe não foi minha sepultura? Ou não permaneceu grávida perpetuamente? Por que saí do ventre materno tão-somente para ver trabalho e tristeza e para que se consumam de vergonha os meus dias?
         O profeta Jeremias proferiu essas palavras (Jr 2014-18). Palavras bem semelhantes as que ouvimos em nossos dias. E se você as ouve qual é o teu julgamento? O que leva muitas pessoas a dizerem isso? Ou, como no caso de Elias, 1Rs 19.1 - 8, pedir a morte?
         Os médicos definem isso como doença. Seu nome: depressão. Na antiguidade Hipócrates descreveu a depressão, e a chamou de melancolia, ou seja, um ataque de tristeza, provocada por uma modificação dos humores.
         Não é meu objetivo descrever a depressão, pois se conversamos com os próprios doentes, eles mesmos não sabem descrever bem essa doença. E o interesse não está no saber o que é, mas como se livrar desse mal que atormenta e que devagarzinho, pois é uma doença silenciosa, acaba por aprisionar a pessoa em si mesma, em sua casa e em seu mundo.
         Sejamos solidários com essas pessoas, em especial demonstrando compreensão, amor e carinho. Os deprimidos não necessitam de juízes, mas de pessoas amorosas. Necessitam de uma ajuda especial, assim como Elias, que contou com a ajuda de um anjo.
         Mas justamente no dia dos pais é necessário falar sobre depressão? É necessário. Deus deseja que vivamos melhor, pois a vida eterna, não irá iniciar após a morte, quem está em cristo já tem a vida eterna.
         A luz de um homem de Deus que mesmo tendo sido levado vivo ao céu, num determinado momento de sua vida, pediu para si a morte.
         Se analisarmos a vida de pais mesmo dentro da nossa congregação e paróquia, vemos que situações semelhantes a do profeta Elias, estão acontecendo.
         Existem muitos estudiosos que classificam a nossa vida de 3 maneiras: em cima do monte; dias comuns; dias sombrios. Os dias em cima do Monte são alegres, tudo está bem. Nada atrapalha, nada incomoda, tudo é uma beleza. Dias como do próprio profeta Elias. Venceu os profetas de Baal e ouviu o povo gritando: “O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!” (1Rs 18.39). Também vivemos dias comuns. Trabalhamos normalmente, não somos alegres nem tristes, são dias tranqüilos, sem muita novidade. Também temos os dias sombrios, onde o desânimo, o desespero, a dúvida e a confusão fazem parte. Dias idênticos ao do profeta Elias em nosso texto. Dias em que precisamos fugir para não morrer, mas que diante do aperto do desespero, da angustia e dúvida, tudo o que queremos é morrer, e o pedido soa como válvula de escape: “...Já chega, ó Senhor Deus! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados” (1Rs 19.4b). Os dias sombrios são negativos, sem perspectiva e sem rumo. Vez ou outra atravessamos dias assim, dias como do profeta Jeremias, Elias e de tantas outras pessoas que conforme o apóstolo Pedro enfrentam problemas idênticos ao nosso.
         ...Já chega, ó Senhor Deus! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados” (1Rs 19.4b). O que levou Elias a se expressar dessa maneira?
         Relembremos os fatos:
         Elias desafiou 450 profetas de Baal no monte Carmelo. (Contar esse episódio para as pessoas resumidamente, pois não se lembram).
         Depois da resposta de Deus às orações de Elias não houve dúvidas sobre quem era o Deus verdadeiro. Os profetas de Baal foram julgados e mortos. E os gritos do povo soava como música aos ouvidos do profeta Elias. Com certeza sua adrenalina foi a mil, mas a vida segue e as batalhas também.
         Depois desse episódio de grande alegria, o profeta caiu numa profunda tristeza. Essa tristeza se deve ao fato de Jezabel desejar vingança contra Elias. O profeta foge, do alto do monte para o deserto, para os dias sombrios. De uma situação de alegria para uma situação de frustração total. E no deserto, embaixo de uma sombra, exclama: “...Já chega, ó Senhor Deus! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados” (1Rs 19.4b). E Deus que era o seu acompanhante, mostrou ao profeta a situação de um ângulo diferente.
         O salmista Davi registrou belas palavras ao dizer no Salmo 23: “ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo, pois tu estás comigo” (Sl 23.4). Sim, Deus é o nosso companheiro nos momentos em que nos sentimos sozinhos e desamparados. O problema é que quando eu estou em volta às nuvens negras e turbulentas, não consigo olhar para o sol da graça, não consigo ouvir Deus me consolando através da sua palavra, e do seu corpo e sangue. O que verdadeiramente é necessário eu acabo abandonando.
         Elias olhava para ele, pensava que era o único a adorar a Deus e que estava só. Deus lhe mostrou que não, mas que haviam sete mil joelhos fiéis a Deus. Elias não era o único a adorar a Deus e nem o único a passar por tribulação.
         Elias olhou para ele mesmo. Quantas vezes fazemos o mesmo! Pensamos que somos os únicos a passar por dificuldades. Imaginamos que somente eu tenho determinado problema. E assim penso que não há ninguém que me entenda. Olhe para o seu lado – não há ninguém? Há sim. Há aquele que morreu por ti, aquele que ao subir aos céus disse: “Eu estarei contigo todos os dias...”.
         Lembremos de Moisés em Nm 11.14 estava abatido e reclamava de sua função. Em Jó 7.15, encontramos um homem sem forças diante do seu sofrimento. Em Jonas 4.3,8, encontramos um profeta que não aprova a atitude de Deus em preservar vidas humanas. Mas em todos esses casos Deus mostrou que o jeito dEle ver e conduzir as coisas é diferente do jeito que nós desejamos ou até queremos. Deus está no comando, ele guia todos os nossos passos, sejam em cima do monte, seja nos dias comuns, ou nos dias sombrios.
         Deus curou o coração de Elias. Deus o alimentou. E com esse alimento o capacitou a seguir sua viagem e sua vida. Ainda hoje, Deus cura as suas feridas. Ele te alimenta com o perdão, com a Palavra e com seu Corpo e Sangue.
         E se hoje eu estou em cima do monte, saibamos que Deus está conosco, se amanhã você estiver vivendo um dia comum Deus estará contigo. Se depois de amanhã você estiver vivendo um dia sombrio, saiba que Deus está te carregando no colo, ou está te falando e você não o está ouvindo. Deus está ao nosso lado em toda e qualquer situação.
         Não critique quem sofre. Quem sofre não queira morrer. Apenas espere em Deus. Amém!

Pr. Edson Ronaldo Tressmann
44 – 3462 2796

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