segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Cristo amou a Igreja

26/08/12 – 13º Domingo após Pentecostes
Sl 14; Is 29. 11 - 19; Ef 5. 22 - 33; Mc 7. 1 - 13
Tema: Cristo amou a igreja

         Paulo envia uma carta circular a toda a província da Ásia. A cidade de Éfeso fazia parte dessa região. Manuscritos antigos (Papiro 46,  Códices Sinaticus e Vaticanus, Aleph e B, ainda Marcião, Orígenes e Tertuliano), nos indicam que Paulo ao escrever no v. 1, “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem ____________________” (Ef 1.1), teria deixado espaço para se colocar o nome da igreja na qual a carta era lida.
         E nesta carta circular Paulo desenvolve o tema da igreja como corpo de Cristo. Esse é o assunto principal dessa belíssima carta. E Paulo se considerava indiretamente o “pai espiritual” de todas as igrejas da Ásia (At 19.10; Cl 2.1). E por esse motivo se preocupava excessivamente em dar àquelas igrejas instrução doutrinária e prática.
         Epafras havia ido encontrar-se com Paulo na prisão em Roma para buscar orientação quanto à heresia que estava ameaçando a igreja em Colossos. A divindade de Cristo estava sendo atacada. E Paulo mesmo preso se preocupou em instruir as comunidades da Ásia através de uma carta circular, sendo a que temos diante de nós, carta aos Efésios, ou a todas as comunidades, com espaço para se preencher o nome, _________________.
         Tiquico e Onésimo já haviam sido encarregados de levar a carta aos Colossenses e a Filemon, Paulo então pediu que também encaminhassem essa carta circular as comunidades e fez isso por meio de Tiquico (Ef 6.21-22). Paulo já havia feito isso com outras cartas, 2Corintios 1.1 (cristãos da Acaia) e Colossenses 4.16 (cristãos de Laodicéia). E através dessa carta circular, dirigida aos cristãos espalhados pela Ásia, queremos meditar no tema: Cristo amou a Igreja. Como?
1 - se entregou por ela
         Desde o Antigo Testamento vemos Deus trabalhando e atuando para realizar sua promessa de salvação. Desde a queda em pecado, Deus intervém na história humana para salvar a todos os homens, mulheres e crianças.
         Já em Êxodo 24 vemos o relato que apresenta a cerimônia de casamento de Deus com seu povo. E essa união matrimonial foi marcada por dois aspectos: a fidelidade do noivo: Deus; e a infidelidade da noiva: Israel.
         O livro do A.T. que melhor ilustra essa infidelidade é o livro do profeta Oséias. Em Oséias 11.1 temos a seguinte profecia: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho”. Deus sempre esteve disposto a reatar os laços rompidos pelo povo. O profeta Oséias diz, conforme 11.2: “Quanto mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha presença; sacrificavam a baalins e queimavam incenso às imagens de escultura”. Mesmo em toda essa situação e tantas outras que não há tempo para relatarmos nessa mensagem, temos um povo, uma noiva infiel, que mesmo na infidelidade, encontra um noivo extremamente fiel, que de maneira alguma abandona sua noiva. Pelo contrário, a essa noiva infiel, se mostra de forma amorosa como dito pelo profeta Isaias: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7), e ainda o próprio apostolo Paulo diz aos Filipenses: “...a si mesmo se humilhou, tornado-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fp 2.8). E quando Paulo escreve aos cristãos das congregações da Ásia dizendo: “... como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por elase refere a todo esse amor. Um amor que não abandona, mas que vai até o fim.
         O termo “entregou” é “paredoken” que significa: “entregar nas mãos; entregar alguém à custódia, para ser julgado, condenado, punido, açoitado, atormentado, entregue à morte; dar algo a algém, por-se ao lado”. E foi isso que Cristo fez. Entregou-se pela Igreja. Entregou-se por amor a sua noiva.
         Cristo amou a Igreja. Como?
2 – a santificou
         Ao amar tanto a sua igreja, e tendo se entregado por ela, Cristo a separou e a dedicou completamente a Deus. Livrou sua noiva, a igreja de toda a culpa: “pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5.8). A noiva corrompida agora se torna santa através da maravilhosa obra do noivo. O noivo deu a vida, se entregou nas mãos do povo, para resgatar o povo, a igreja. A cabeça do corpo salvou o corpo inteiro e torna esse corpo a igreja santa. Em Jesus somos considerados “a comunhão dos santos”. Ser santo não é obra nossa como diz Paulo a Tito: “Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.4-5).
         Por meio do lavar regenerador e renovador fomos tirados do mundo, morremos para o mundo, e nascemos para Cristo. Agora pertencemos à família de Deus. Somos filhos de Deus. Amados pelo Pai.
         Cristo amou a Igreja. Como?
3 – Apresenta-a gloriosa
         Cristo, o noivo se entregou pela noiva, santificou e santifica a noiva, para apresentá-la em alta honra.
         A igreja é ilustre e estimada por Cristo. Através de sua morte na cruz seus pecados foram perdoados, apagados. Cristo acabou com sua falta e deformidade moral. Cristo realizou essa obra para não ter sua noiva presa a outras coisas que a afastam-na do noivo. Dedicou-se a sua noiva e se entregou por ela, para tê-la exclusivamente para si. E seu desejo é ter a noiva num caráter irrepreensível, onde ninguém pode acusá-la de nada. Por isso as palavras de João em sua 1º carta: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis, se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1Jo 2.1-2).
         Assim como no A.T. os cordeiros precisavam ser, sem defeito para o sacrifício à Deus, assim foi Cristo pela igreja. Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
         Cristo amou a Igreja. Como?
4 – Alimenta e dela cuida
         A idéia é dar de mamar. Ou seja, Cristo nutre com nutrientes preciosos para a vida toda. O cuidar transmite a idéia de aquecer, manter quente, cuidar com amor terno, cuidar com carinho.
         Esse é o retrato do amor de Deus pelo seu povo, pela sua igreja. As palavras “alimentar”, significa o mesmo que dar de mamar, cuidar, e esse cuidar é aquecer. O alimentar nos lembra do amor de uma mãe. Dificilmente uma mãe abandona seus filhos. Mas, como dito pelo próprio Senhor ao seu povo por meio do profeta Isaías: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Is 49.15).
         O cuidado de Deus pela sua igreja é imenso, nunca desampara os seus, tanto que Jesus prometeu estar com sua igreja até o fim dos tempos, e ainda, quando Pedro reconhece que a igreja está fundamentada sobre Cristo, Jesus garante que nada, nem mesmo as portas do inferno prevalecerão contra ela.
     E todo esse cuidado e amor de Cristo pela sua igreja apenas reforça aquilo que Paulo diz: “A igreja é o corpo de Cristo”. E sendo corpo, ele alimenta, preserva e faz de tudo para que o corpo esteja bem. E Cristo deixou para alimentar seu corpo, a igreja, os meios da graça: Palavra, Batismo e Santa Ceia. Meios pelos quais, ele nos presenteia a fé, fortalece, preserva e guarda na fé.
         O cuidado, o carinho e o aquecer de Jesus ainda está presente entre nós. Cada vez que uma criança ou adulto é batizado, quando se ouve a Palavra de Deus e quando se recebe o corpo e o sangue de Cristo, somos aquecidos, alimentados e fundamentados em Jesus. Cristo amou a igreja e continua a amando, pois dela cuida e alimenta.
Amém!
         Ainda não!
         Antes do amém, precisamos relembrar outra coisa muito importante.
         Uma igreja amada responde em amor. Como?
5 – Sujeitando-se
         Não poderíamos nos calar antes de dizer que a igreja sabendo que é amada profundamente abre mão de seus direitos ou vontade e se coloca a disposição daquele que lhe ama. Aliás, essa é a idéia do verbo grego “hupotasso” que nós traduzimos como “sujeitando-se” ou “submisso”.
         Somos ensinados que como igreja, corpo de Cristo, nos organizamos sob, ou subordinados ao cabeça que é Cristo. Nós temos um líder. E por esse líder, esse cabeça, o dono do corpo, ter dado a sua vida por nós, igreja, então partimos duma atitude voluntária. Nós não somos capachos, nem obrigados a no submeter a Cristo. Ele fez e faz para que essa submissão seja voluntária e amorosa.
         Sendo o cabeça da igreja, Cristo, deu a sua vida pelo corpo, a igreja, então numa atitude voluntária, está sujeita a ele. Vale lembrar as palavras de Davi que após receber o perdão de dois graves pecados disse: “Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário” (Sl 51.12). Diante de todo o amor de Cristo por nós, diante do perdão, da vida e salvação, estamos sujeitos a Cristo. Não somos feitos capachos, mas sim inclinados ao amor por amor.
         Cristo amou a Igreja.
         Uma igreja amada responde em amor. Como?
2 - permanecendo membro desse corpo
         Por amor Cristo nos tornou membros do seu corpo, a igreja. Pela fé conhecemos a Deus. Pelo evangelho chegamos ao conhecimento de Deus. E assim somos salvos. Assim diz o apóstolo Paulo: “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo(1Co12.27) e “Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu...” (Cl 1.18-23).
         Permanecer membro do corpo de Cristo só é possível por causa do amor de Cristo. Amor esse manifestado entre nós pelos meios da graça. Sendo eu de natureza pecaminosa, posso me deixar seduzir pela razão a querer abandonar o evangelho que me foi anunciado, assim como os gálatas queriam fazer. Tavez eu me deixe levar por ventos de doutrina falsas com aparência de corretas.
         Permaneçamos pois no corpo de Cristo, tendo como cabeça Cristo, ouvindo sempre a voz de Cristo. Pois semdo membros do corpo de Cristo e sabendo que somos guiados e governados por esse cabeça, que é Cristo, sempre estaremos cercados de amor, cuidado, alimentados e santificados e apresentados diantedo Pai sem nenhuma mancha e dívida. Que esse seja nosso fundamento. Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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