terça-feira, 17 de abril de 2012

Questão de Vantagem!

22/04/12 – Terceiro Domingo de páscoa
Sl 4; At 3. 11 - 21; 1Jo 3. 1 - 7; Lc 24. 36 - 49
Tema:  Questão de Vantagem!
Destaque - Resumo: No mês da mentira, Deus nos apresenta questões verdadeiras.   João quer entusiasmar os cristãos para que saibam que estamos reconciliados com Deus. E esse amor está expresso “a ponto de sermos chamados seus filhos”.

"Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro. Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo." (1João 3. 1 - 7)

            O salmista pergunta: Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo? (Sl 116.12)
            Quais são os benefícios do Senhor para comigo? Maria, a mãe de Jesus quando ouviu a saudação anjo: “... Alegra-te, muito favorecida! ...” (Lc 1.28), ficou pensando no significado dessa saudação tão especial. O beneficio do Senhor para conosco nos faz pensar e também agir.
            Nosso texto de reflexão, 1 João 3. 1 – 7 diz:
3.1 Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. 3.2 Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. 3.3 E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro. 3.4 Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. 3.5 Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. 3.6 Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. 3.7 Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.


Vede que grande amor nos tem concedido o Pai...

            Com essas palavras, o apóstolo quer nos entusiasmar. Está nos mostrando que temos um Deus reconciliado e que o temos como nosso pai. Uma belíssima expressão de amor: “a ponto de sermos chamados seus filhos”. E se somos filhos de Deus, diz Paulo: “Ora, se somo filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm 8.17). E se filhos e herdeiros é justamente porque fomos resgatados pela morte na cruz por Jesus, conforme as palavras do apóstolo Paulo: “vindo, porém a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gl 4. 4 – 6). Temos o amor de Deus, por isso, somos chamados filhos de Deus e somos herdeiros da vida eterna.
            Quais são os benefícios do Senhor para comigo? O grande benefício foi Deus ter enviado Jesus para nos tornar seus filhos e filhas. E para que saibamos assim como diz o salmista, o que dar ao Senhor por esse benefício é necessário conhecer ainda mais esse Deus que de tanto amor enviou seu único filho para morrer na cruz por nós pecadores. E conhecer a Deus significa saber o que Deus requer de nós. O que faz em nosso favor em Jesus Cristo.
            João insiste em dizer que Deus nos ama. Ele quer gravar essa verdade em nosso coração. O mundo, o diabo e a carne enfraquecem a imagem de Deus para que não o vejamos como ele realmente é. Somos filhos de Deus pela fé. Enquanto estamos no mundo somos seduzidos pela carne, desencaminhados pelo diabo e assim não conseguimos ver e nem sequer imaginar qual será a verdadeira felicidade, como disse o profeta: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4).
E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro” (1Jo 3.3)
            Aqui temos a descrição dos frutos do amor. Conforme o autor a carta aos hebreus: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem que haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados; nem que haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura” (Hb 12.14 - 16). Não há como tolerar cristãos hipócritas. Não é suficiente crer e nos julgar cristãos e permanecer em pecados e não sermos transformados. O amor nos transforma, nos purifica. Se somos filhos de Deus e herdeiros da vida eterna é justamente como esses filhos e tendo a certeza dessa herança que vivemos nesse mundo. Vale a pena ouvir e refletir na advertência do apostolo Paulo: “Temo, pois, que, indo ter convosco, não vos encontre na forma em que vos quero, e que também vós me acheis diferente do que esperáveis, e que haja entre vós contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumulto” (2Co 12.20).
            Precisamos por um momento pensar na palavra Purificar – a expressão “se purifica” vem do grego, “hagizei heauton”. Essa expressão traduzida apropriadamente para o latim como “se sanctificat” “se santifica”. A santificação, a purificação não está nos simples afastar-se das coisas mundanas, mas como diz o apóstolo, “se purifica todo o que nele tem esta esperança”. Tendo a esperança de serem filho e filha de Deus, se mortifica a carne, e anda de maneira digna com a sua vocação. Não são as minhas atitudes que me fazem um filho de Deus, mas um filho de Deus faz as vontades de seu pai, como diz Paulo aos Coríntios: “Pois o amor de Cristo nos constrange, ...” (2Co 5.14).
Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1Jo 3.4)
            Aqui o apostolo João além de fazer uma distinção entre pecado (hamartia) e transgressão (anomia), faz também um intercâmbio entre as mesmas.
            Naquela época muitos que freqüentavam a igreja eram certo tipo repugnante de pessoas. As mesmas, diziam que freqüentar prostíbulos, roubar e cometer outros atos pecaminosos não era pecado, e tampouco, contrario a lei de Deus. João diz que Pecado é a referência a todos os vícios. Transgressão refere-se ao pecado que chega a escandalizar o próximo. Todos somos pecadores, mas um cristão, quando cai em pecado, logo volta e retorna a luta contra o pecado, para não se tornar um escândalo para o próximo.
            Como disse Lutero: “todos podem ser feridos na guerra, mas levantar é uma honra, ceder é cair em desonra”. Somos pecadores, no entanto, não podemos nos tornar transgressores da lei. O cristão está cercado pelo pecado, mas luta contra ele. Não podemos nos considerar cristãos só porque fomos batizados. Pois assim, estaremos soltando as rédeas e não nos preocupando em vencer os pecados, mas seguir os próprios desejos. Não adianta hoje cometer pecado, e amanhã querer se purificar com práticas e supostos cumprimento exteriores da lei. A parte mais importante do cristianismo é o amor. Amor que não procura seus interesses pessoais. Não ter amor é transgredir a lei. Quem não luta dia após dia contra o pecado, aquele que não mostra o fruto em sua carne nem para com seu próximo esta correndo sério risco.
Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado” (1Jo 3.5)
            Eis aí a grandiosa noticia aos filhos e filhas de Deus. O mérito não está em nós, o mérito é de Cristo, e esse foi tirar nosso pecado. A nós nos cabe simplesmente confessar a nossa justiça que é Cristo: “Não ocultei no coração a tua justiça; proclamei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua graça e a tua verdade” (Sl 40. 10). Ainda poderíamos citar Jr 23.6; Jo 10.11; 1Tm 1.15. Jesus veio para tirar nossos pecados, não para dar licença para o pecado. Tanto que diz através de Paulo: “o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt 2.14).
            Tanto que diante dessa certeza o apóstolo João adverte aos hipócritas
Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu” (1Jo 3.6)
            O verdadeiro cristão usa sua liberdade sabendo que a mesma sendo boa, é também uma armadilha. Por isso diz:
Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo” (1Jo 3.7)
            Ver e conhecer significa crer conforme disse Jesus: “De fato, a vontade de meu Pai é que todo o homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; ... (Jo 6.40) e: “... a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).
            Somos e estamos livres, mas, muitas vezes não fazemos o que é bom, não servimos os outros. É dever de o esposo servir a esposa (vice-versa). Aos políticos é dever servir, ou seja, administrar as coisas públicas, punir culpados, defender inocentes. Mas, se alguém serve, procurando glória não serve a ninguém e não está no amor.
            Diante da pergunta do salmista: Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo? (Sl 116.12) Que nossa resposta seja um serviço de alegria e gratidão. Pois não há nada que possamos fazer para pagar pelos benefícios do Senhor. Louvemos ao nosso Deus e o sirvamos em alegria e com a tranquilidade de que não são nossas obras que agradam a Deus. Pois tudo que fazemos é apenas resposta aos benefícios do Senhor em nosso favor. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann
Idéias tiradas do volume 11 de obras selecionadas de Lutero.

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