06/11/11 – Antepenultimo Domingo do ano da Igreja
Sl 70; Am 5.18-24; 1Ts 4. 13-18; Mt 25.1-13
Tema: Dia do Senhor!
A pessoa do Profeta
O profeta Amós é um daqueles profetas que no mínimo nos deixa bastante curioso. Pelas palavras “entre os pastores de Tecoa” (Am1.1) e “boieiro e colhedor de sicômoros” (Am7.14; 2Rs 3.4), observa-se que essas atividades profissionais o colocavam bem perto do povo simples e, por outro, era considerado como um membro da classe média em Judá. Assim , ele tinha oportunidades de ter estado não somente em Jerusalém, mas também nos mercados de Israel em transações comerciais. Amós pode testemunhar o que se passava com o povo em termos de religião, economia e sociedade.
Contexto no tempo
A mensagem de Amós visava levar o povo a procurar a Deus e viver. O período era do século VIII. Amós é considerado o primeiro profeta escritor, pois a mensagem não é a sua própria vida, assim como o foram outros profetas. Suas palavras são a mensagem.
Contexto Econômico
Estamos no período mais rico de Israel. A Assíria que era um poderio, agora havia perdido a sua impiedosa agresividade. Damasco não incomodava mais. Os reis Jeroboão II e Uzias reconquistaram territórios perdidos anteriormente, e agora desde Salomão, esse era o maior território pertencente ao povo de Deus. Havia muita riqueza. A terra que Deus havia concedido aos seus gozava de segurança interna e prosperidade econômica. Palacetes eram construídos, os ricos viviam em festas e luxo.
Voltando aos nossos dias
Observando esse cenário do profeta Amós, podemos olhar para o nosso contexto atual. Somos um país rico, próspero. Muitos daqueles que anteriormente tinham que deixar sua pátria para ganhar dinheiro, agora está voltando, pois a propseridade e a riqueza chegou ao nosso país.
Voltando a Isreal no tempo de Amós
Por trás da real situação de Israel e Judá, em que pela prosperidade e segurança, era imaginado como bênçãos sem fim de Deus, o profeta Amós percebeu e apontou para a podridão nos bastidores. Havia um enorme abismo entre ricos e pobres. Os ricos cada vez mais ricos à custa dos pobres que ficavam cada vez mais pobres. O profeta podendo estar na esfera religiosa, econômica e social, observou a injustiça social, o suborno as autoridades e a opressão.
Contexto do texto
Parece até ironia, mas o culto florescia. Os sacerdotes tinham suas agendas lotadas de compromissos. Os festivais eram celebrados, as ofertas eram trazidas ao templo. As igrejas viviam cheias.
O que estava acontecendo? Amós vai à raiz do problema social. A prosperidade, assim como hoje, por muitos era entendida como manifestação da aprovação divina. E Deus era adorado simplesmente como forma de garantir o seu favorecimento.
Popularmente se acreditava que o esperado “dia do Senhor” do qual fala o nosso texto traria recompensa ao seu povo fiel. Porém, a vida diária não fazia jus a esse pensamento. O rico ia ao santuário no sábado, mas roubava dos oprimidos no domingo. A vida de fé estava dissociada da vida prática. Estavam esquecidos de que um relacionamento correto com Deus implica num relacionamento correto com o próximo. O culto a Deus se estende além da bênção faraônica, vai para dentro dos dias da semana, no relacionamento pessoal, social.
O povo corria perigo. Um perigo que não viam. O dia da ira de Deus estava chegando. Conseqüências eternas estavam em jogo. Algo precisva ser feito, e o profeta a pedido de Deus fez, falou as pessoas sobre o que de fato ocorria. A missão era mostrar desde o mais humilde ao mais poderoso que a situação era grave.
As heresias do passado e do presente estavam finalmente enchendo o cálice da ira de Deus ao ponto de se derramar. Esta situação foi colocada no livro do profeta de muitas maneiras. Primeiro: o profeta mostra qual é o Deus que os chama ao arrependimento. Esse não aceitava suborno de sacrifícios. Segundo: o povo de Israel rejeitou inúmeras vezes as advertências concretas de Deus pela natureza e o povo não se voltou a Deus (Am 4.6-11). Finalmente, Amós caracteriza o perigo extremo que Israel se encontrava ao apontar para o “Dia do Senhor” (Am 5.18-20).
Indo ao texto
O povo de Israel por estar vivendo dias de prosperidade econômica e o culto oficial estar florescendo, estava certo de que o dia do Senhor estava se aproximando. E segundo eles, tendo cumprido com tudo o Deus havia ordenado, principalmente em suas festas religiosas com todo o tipo de sacrifício, este dia seria o dia da vitória final de Deus sobre o restante de seus inimigos e a inauguração de um tempo de prosperidade maior. Esse pensamento coletivo levou Deus por meio do profeta anunciar: “Ai de vós que desejais o dia do Senhor! Para que desejais vós o dia do Senhor? É dia de trevas e não de luz” (Am 5.18).
Eram palavras para um povo que estava fazendo tudo contrário daquilo que Deus verdadeiramente esperava deles. O culto foi transformado em formalismo exterior, estando separado da vida diária, havia as mais grosseiras transgressões contra a lei de Deus. O Dia do Senhor seria uma catástrofe ao povo de Israel, sem qualquer chance de escaparem da sua ira. A figura de linguagem usada para ilustrar essa triste situação eram as palavras do versículo 19 e 20: “Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se, entrando em casa, encostando a mão à parede, fosse mordido de uma cobra. Não será, pois, o Dia do Senhor trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade?” (Am 5.19-20).
De um dia aguardado, o Dia do Senhor, passou a ser temido. O povo foi levado ao temor para arrepender-se e voltar-se a Deus.
Essa visão apresentada por Amós descreve a irrealidade do escape religioso. Não se podia brincar com aquele dia e nem desejá-lo, se os homens não estivessem andando na verdade.
O que esse texto tem haver comigo hoje?
Pensemos no ex opere operato. Essa é uma doutrina da igreja católica. No entanto, é uma prática religiosa de muitos cristãos espalhados nas muitas denominações religiosas. Vai-se ao culto para realizar uma obra. É como um mero formalismo. É viver uma vida de fé sem atitude cristã diária. Muitas vezes se julga um cristão pela quantidade de vezes que se vai à igreja, mas se esquece de anunciar que muitos o vão apenas para manter uma aparência social. Outros vão para barganhar com Deus, aqui estou e agora quero a bênção. E a vida continua uma podridão. E o próximo à quem somos enviados para amar, continua na miséria. Não se pode julgar um cristão apenas pelo exterior. Precisamos aprender a maneira correta de buscar ao Senhor e viver.
Deus enviou e envia profetas para dizer ao povo para que evitem desilusões, principalmente no dia do Senhor. E para evitar essa desilusão, é dito: “Buscai ao Senhor e vivei...”. E como se dá essa verdadeira busca, volta? É dito pelo autor aos Hebreus: “nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb 1.2). Sabemos porém, que em Jesus a busca é completa, assim como foi dito por Paulo: “a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Co 5.19). Se eu estou reconciliado com Deus em Jesus posso afirmar: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;” (Fp 3.8-9).
Pela fé eu aceito os méritos de Cristo. Cristo é o Filho de Deus, obediente a Deus em meu lugar. E Jesus Cristo me oferece tudo o que ele conquistou por e para mim. E Jesus me oferece tudo isso no Evangelho, na pregação da Palavra, na Santa Ceia, no seu verdadeiro corpo e sangue, dados com e sob o pão e o vinho. Esse é o verdadeiro culto. Vir para receber as bênçãos que Deus em Jesus me oferece e dá. E com essas bênçãos amar o próximo. O culto que inicia no templo é contínuo na vida diária. Nós viemos aqui para estender as mãos para Cristo, e ele em amor nos estende a sua mão e oferece a graça da qual nos tanto necessitamos. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com
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