quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Dia do Senhor!

06/11/11 – Antepenultimo Domingo do ano da Igreja
Sl 70; Am 5.18-24; 1Ts 4. 13-18; Mt 25.1-13
Tema: Dia do Senhor!

A pessoa do Profeta
            O profeta Amós é um daqueles profetas que no mínimo nos deixa bastante curioso. Pelas palavras “entre os pastores de Tecoa” (Am1.1) e “boieiro e colhedor de sicômoros” (Am7.14; 2Rs 3.4), observa-se que essas atividades profissionais o colocavam bem perto do povo simples e, por outro, era considerado como um membro da classe média em Judá. Assim, ele tinha oportunidades de ter estado não somente em Jerusalém, mas também nos mercados de Israel em transações comerciais. Amós pode testemunhar o que se passava com o povo em termos de religião, economia e sociedade.
Contexto no tempo
            A mensagem de Amós visava levar o povo a procurar a Deus e viver. O período era do século VIII. Amós é considerado o primeiro profeta escritor, pois a mensagem não é a sua própria vida, assim como o foram outros profetas. Suas palavras são a mensagem.
Contexto Econômico
Estamos no período mais rico de Israel. A Assíria que era um poderio, agora havia perdido a sua impiedosa agresividade. Damasco não incomodava mais. Os reis Jeroboão II e Uzias reconquistaram territórios perdidos anteriormente, e agora desde Salomão, esse era o maior território pertencente ao povo de Deus. Havia muita riqueza. A terra que Deus havia concedido aos seus gozava de segurança interna e prosperidade econômica. Palacetes eram construídos, os ricos viviam em festas e luxo.
Voltando aos nossos dias
            Observando esse cenário do profeta Amós, podemos olhar para o nosso contexto atual. Somos um país rico, próspero. Muitos daqueles que anteriormente tinham que deixar sua pátria para ganhar dinheiro, agora está voltando, pois a propseridade e a riqueza chegou ao nosso país.
Voltando a Isreal no tempo de Amós
            Por trás da real situação de Israel e Judá, em que pela prosperidade e segurança, era imaginado como bênçãos sem fim de Deus, o profeta Amós percebeu e apontou para a podridão nos bastidores. Havia um enorme abismo entre ricos e pobres. Os ricos cada vez mais ricos à custa dos pobres que ficavam cada vez mais pobres. O profeta podendo estar na esfera religiosa, econômica e social, observou a injustiça social, o suborno as autoridades e a opressão.
Contexto do texto
            Parece até ironia, mas o culto florescia. Os sacerdotes tinham suas agendas lotadas de compromissos. Os festivais eram celebrados, as ofertas eram trazidas ao templo. As igrejas viviam cheias.
            O que estava acontecendo? Amós vai à raiz do problema social. A prosperidade, assim como hoje, por muitos era entendida como manifestação da aprovação divina. E Deus era adorado simplesmente como forma de garantir o seu favorecimento.
Popularmente se acreditava que o esperado “dia do Senhor” do qual fala o nosso texto traria recompensa ao seu povo fiel. Porém, a vida diária não fazia jus a esse pensamento. O rico ia ao santuário no sábado, mas roubava dos oprimidos no domingo. A vida de fé estava dissociada da vida prática. Estavam esquecidos de que um relacionamento correto com Deus implica num relacionamento correto com o próximo. O culto a Deus se estende além da bênção faraônica, vai para dentro dos dias da semana, no relacionamento pessoal, social.
            O povo corria perigo. Um perigo que não viam. O dia da ira de Deus estava chegando. Conseqüências eternas estavam em jogo. Algo precisva ser feito, e o profeta a pedido de Deus fez, falou as pessoas sobre o que de fato ocorria. A missão era mostrar desde o mais humilde ao mais poderoso que a situação era grave.
            As heresias do passado e do presente estavam finalmente enchendo o cálice da ira de Deus ao ponto de se derramar. Esta situação foi colocada no livro do profeta de muitas maneiras. Primeiro: o profeta mostra qual é o Deus que os chama ao arrependimento. Esse não aceitava suborno de sacrifícios. Segundo: o povo de Israel rejeitou inúmeras vezes as advertências concretas de Deus pela natureza e o povo não se voltou a Deus (Am 4.6-11). Finalmente, Amós caracteriza o perigo extremo que Israel se encontrava ao apontar para o “Dia do Senhor” (Am 5.18-20).
Indo ao texto
            O povo de Israel por estar vivendo dias de prosperidade econômica e o culto oficial estar florescendo, estava certo de que o dia do Senhor estava se aproximando. E segundo eles, tendo cumprido com tudo o Deus havia ordenado, principalmente em suas festas religiosas com todo o tipo de sacrifício, este dia seria o dia da vitória final de Deus sobre o restante de seus inimigos e a inauguração de um tempo de prosperidade maior. Esse pensamento coletivo levou Deus por meio do profeta anunciar: “Ai de vós que desejais o dia do Senhor! Para que desejais vós o dia do Senhor? É dia de trevas e não de luz” (Am 5.18).
            Eram palavras para um povo que estava fazendo tudo contrário daquilo que Deus verdadeiramente esperava deles. O culto foi transformado em formalismo exterior, estando separado da vida diária, havia as mais grosseiras transgressões contra a lei de Deus. O Dia do Senhor seria uma catástrofe ao povo de Israel, sem qualquer chance de escaparem da sua ira. A figura de linguagem usada para ilustrar essa triste situação eram as palavras do versículo 19 e 20: “Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se, entrando em casa, encostando a mão à parede, fosse mordido de uma cobra. Não será, pois, o Dia do Senhor trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade?” (Am 5.19-20).
            De um dia aguardado, o Dia do Senhor, passou a ser temido. O povo foi levado ao temor para arrepender-se e voltar-se a Deus.
            Essa visão apresentada por Amós descreve a irrealidade do escape religioso. Não se podia brincar com aquele dia e nem desejá-lo, se os homens não estivessem andando na verdade.
            O que esse texto tem haver comigo hoje?
            Pensemos no ex opere operato. Essa é uma doutrina da igreja católica. No entanto, é uma prática religiosa de muitos cristãos espalhados nas muitas denominações religiosas. Vai-se ao culto para realizar uma obra. É como um mero formalismo. É viver uma vida de fé sem atitude cristã diária. Muitas vezes se julga um cristão pela quantidade de vezes que se vai à igreja, mas se esquece de anunciar que muitos o vão apenas para manter uma aparência social. Outros vão para barganhar com Deus, aqui estou e agora quero a bênção. E a vida continua uma podridão. E o próximo à quem somos enviados para amar, continua na miséria. Não se pode julgar um cristão apenas pelo exterior. Precisamos aprender a maneira correta de buscar ao Senhor e viver.
            Deus enviou e envia profetas para dizer ao povo para que evitem desilusões, principalmente no dia do Senhor. E para evitar essa desilusão, é dito: “Buscai ao Senhor e vivei...”. E como se dá essa verdadeira busca, volta? É dito pelo autor aos Hebreus: “nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb 1.2). Sabemos porém, que em Jesus a busca é completa, assim como foi dito por Paulo: “a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Co 5.19). Se eu estou reconciliado com Deus em Jesus posso afirmar: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;” (Fp 3.8-9).
            Pela fé eu aceito os méritos de Cristo. Cristo é o Filho de Deus, obediente a Deus em meu lugar. E Jesus Cristo me oferece tudo o que ele conquistou por e para mim. E Jesus me oferece tudo isso no Evangelho, na pregação da Palavra, na Santa Ceia, no seu verdadeiro corpo e sangue, dados com e sob o pão e o vinho. Esse é o verdadeiro culto. Vir para receber as bênçãos que Deus em Jesus me oferece e dá. E com essas bênçãos amar o próximo. O culto que inicia no templo é contínuo na vida diária. Nós viemos aqui para estender as mãos para Cristo, e ele em amor nos estende a sua mão e oferece a graça da qual nos tanto necessitamos. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

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