terça-feira, 26 de abril de 2011

Uma esperança viva gera alegria no viver.

01/05/11 – 2º Domingo de páscoa
Sl 148; At 5.29 - 42; 1Pe 1.3 - 9; Jo 20.19-31
Tema: Uma viva Esperança gera alegria no viver.
Introdução
          Há duas gerações: a geração que na sua época as distâncias eram realmente distantes, onde se andava de um lugar à outro de cavalo, onde o carro do ano era um fusquinha; e também há a geração que não conheceu nada disso, a que sempre esteve envolvida na mais alta tecnologia, onde novidades surgem dia após dia, onde as distâncias estão apenas em um clique, seja ele no computador, na TV ou celular. Uma geração que já não se satisfaz com esses sermões tradicionais, talvez fosse necessário um sermão interativo, cada um com seu iPad na mão.
            A geração idosa que via as coisas acontecerem lentamente, se assusta diante de tanta tecnologia, onde tudo é rápido e quando os telégrafos demoravam dias, até meses, hoje tudo é transmitido ao vivo, e as mensagens são rápidas como o vento. Os jovens ficam a imaginar como era possível viver sem celular, internet, etc.
            Duas gerações distintas e muitas vezes incompreensíveis, isso de ambas as partes. Duas gerações que andam por um mundo que mudou e que vive mudando, mas maior que o choque dessa enorme e fantástica mudança, estão em choque constante, diante das cenas de horror. A transmissão da invasão ao Iraque foi ao vivo e a cores. A notícia do terremoto e tsunami no Japão foi quase que instantânea. Jovem de 23 anos entra e atira em alunos dentro de uma escola no Rio de Janeiro, no Realengo.
            As gerações são distintas uma da outra, mas mesmo assim ambas as gerações se questionam: “Como viver melhor nesse mundo?
            O mês de maio se comemora o dia do trabalhador, o dia das mães e popularmente é o mês das noivas. O trabalhador se questiona: Como viver? Como ter esperança de dias melhores? As mães que vêem seus filhos sujeitos a toda a violência se questionam: o que será de meus filhos? E a sua esperança é que tenham dias melhores, que sejam cidadãos de bem. As noivas: será que meu marido será um bom esposo? Que vida terá meus futuros filhos?
            Duas gerações, uma acostumada com as coisas pacatas, mas que de repente tudo acontece do dia pra noite. A outra onde está acostumada com coisas novas a cada dia. No entanto, são gerações que vivem de esperança.
            Mas o que é esperança? Voltemos à verdadeira esperança conforme anunciada pelo apóstolo Pedro: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3).
Desenvolvimento
            Viva esperança: palavra tão necessária a todas as gerações, sejam elas do fogão a lenha ou do cooktops.
            O apostolo Pedro em sua primeira carta, 30 anos após a ascensão de Jesus aos céus, está escrevendo a pessoas cristãs, judeus e muitos gentios convertidos que estão espelhados pela Ásia Menor. Uma época semelhante a nossa. Pessoas eram separadas por classe, livres e escravos, ricos e pobres, etc. Uma época em que se dizer cristão era correr perigo de morte. Atualmente vivemos num mundo separado por comunidades, quer na cidade ou na internet. Ser cristão é passar por ridículo, cafona, ultrapassado. A esse mundo, a essas gerações escreve Pedro, inspirado pelo Espírito Santo para animar cristãos a viverem a viva esperança.
            Na Bíblia há 146 ocorrências da Palavra “esperança”. A metade, ou seja, 73 ocorrências são num sentido secular, cheio de tensão e preocupação, tanto que Salomão anunciou por meio de um provérbio: “Morrendo o homem perverso, morre a sua esperança, e a expectação da iniqüidade se desvanece” (Pv 11.7), ou como diz uma outra tradução: “Quando o perverso morre, morre com ele a esperança, e a ilusão colocada nas riquezas se desvanece”. Diante disso o Salmista Davi anuncia: “E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança” (Sl 39.7), somente com a minha esperança em Deus supero o medo e insegurança dos meus dias.
            Quando se fala de esperança, se fala sobre aguardar algo. É estar numa perspectiva de que algo virá. Diante dessa expectativa o profeta Jeremias declara: “Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17.7), e o salmista ainda exclama: Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxilio e Deus meu” (Sl 42.5), e segue Davi: “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança” (Sl 62.5).
            Ter esperança é estar em Deus, estar em Deus é possuir esperança. Em Jesus Cristo, Deus é a nossa esperança, como anunciou Paulo a Timóteo: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandamento de Deus, nosso salvador, e de Jesus Cristo, nossa esperança,” (1Tm 1.1), e aos Romanos: “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo” (Rm 15.13).
            Se Deus é a nossa esperança, estamos tranqüilos, pois uma das definições de esperança é justamente “futuro”. As duas gerações, da “carroça” e a de “carros importados”, precisam estar certas da esperança viva, de um futuro certo. E a esperança viva renova em nós a certeza do futuro, como bem disse o apóstolo Paulo: “Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos” (Rm 8.24-25), e estando certos disso, a esperança produz em nós um maravilhoso fruto, “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
            A esperança sempre é colocada em alguma coisa. Em quem ou no que estamos colocando a nossa esperança? Conforme Paulo em 1Tm 1.1, Jesus é a nossa esperança. Conforme 1Tessalonicenses 2.19, são os Tessalonicenses e conforme Jeremias 17.5 é Deus.
            Esperança é o ato de esperar ou objeto esperado. E o esperar, que é uma das lições mais difíceis para a raça humana só pode acontecer nas promessas e exortações de Deus, e, sobretudo como uma confissão de confiança.
            Das 146 ocorrências, as outras 73, apresentam o esperar em Javé. Os outros povos não podem chamar seus deuses de esperança, ao contrário dos israelitas que podiam orar: “Pois tu és a minha esperança, Senhor Deus, a minha confiança desde a minha mocidade” (Sl 71.5), assim também oraram Davi, 1Sm 27.1, o profeta Jeremias, Jr 14.8;17.13; e também Paulo em Roma, At 28.20.
            Deus é a garantia de esperança do seu povo, Pedro diz: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a sua misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,” (1Pe 1.3). A garantia da viva esperança é Deus, que não muda, que nos ama, perdoa, consola. As gerações mudaram e mudam, mas Deus não, é o mesmo ontem, hoje e sempre, Hb 13.8.
            Regenerados para uma viva esperança, as duas gerações, a do passado e a do presente. E essa regeneração se deu e dá pelo batismo, pela Palavra se continua fortalecendo e regenerando essa esperança, bem como pelo corpo e sangue dados com e sob o pão e o vinho. Meios de regeneração. Sempre foi assim, e continuará a ser assim, porque assim é o desejo daquele que é a nossa esperança, daquele que nos gera e regenera para essa esperança e daquele que renova em nós a esperança.
            A geração passada é iludida que tudo mudou e também Deus deve ter mudado. A nova geração já não aceita esse Deus que tem por meio de comunicação coisas simples, como a sua Palavra, que tem como manifestação de amor a morte na cruz e que tem como vitória o anúncio da ressurreição.
            Seres humanos, com suas gerações mudaram, mudam e continuarão mudando, no entanto, Deus o nosso Pai a nossa esperança não muda. E por mais que se mude a geração e os problemas, por mais que se mude a vida cristã, de boa para ruim, de ruim para boa, o apóstolo Pedro nos convida: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que,.....” a exultar. O que é exultar?
            Há três grupos principais no novo testamento. A Palavra que corresponde ao nosso texto: “agalliomai” é a demonstração externa da alegria e orgulho e a exultação apresentada no culto público. Pedro ao fazer uso dessa palavra conclama a igreja a não ficar olhando para os seus sofrimentos nos últimos dias, pois são insignificantes em comparação com a alegria que irromperá no fim do tempo, 1Pe 1.6,8; 4.13. Se a esperança é viva em nosso coração, podemos gritar de alegria, como bem definiu Heródoto: “experimentar prazer nalguma coisa” e esta é a emoção humana básica da alegria que toma possessão do homem totalmente.
            A esperança nos torna “quietos”, mas não “inativos”. Nesse ponto o profeta Jeremias é um belo exemplo. Mesmo sabendo e vendo que Jerusalém estava cercada e que seria destruída comprou um terreno. Imaginem! Comprar um terreno onde os moradores serão exilados? Onde a cidade será destruída? Jeremias comprou, pois sua esperança era viva e deu testemunho da palavra do Senhor, de que ele levaria o povo cativo, mas que os traria de volta, Jr 32.6.
            Esperança é expectativa confiante nas ações de Deus, Hb 11.1. A fé dá substância à esperança, assim como Abraão, Rm 4.18. O homem declara impossível para o futuro, a esperança que recebemos mediante a promessa de Deus nos faz olhar para esse futuro, Rm 6.8; 5.2; 8.38; Fp 1.6; Hb 3.5.
            Esperar é ser motivado pelo alvo que há na frente, e assim suportar a tensão entre o “agora” enquanto andamos pela fé, “visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2Co 5.7), e nosso modo futuro de vida, “mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos” (Rm 8.25). É como diz o próprio apostolo Pedro no cap.1.13 “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo”, ou seja, na esperança viva, estar pronto ao ataque, olhando e caminhando em direção ao alvo.
            A esperança é como um capacete, conforme anuncia Paulo: “Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação;” (1Ts 5.8). A esperança é como um navio no ancoradouro, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 6.18-20).
            Diz Lutero em Fp 1.20, “tenho uma esperança apaixonada”. A esperança não me livra da tensão, mas me livra do medo do futuro e da incerteza. E é dessa esperança viva que Pedro fala aos seus, a nós, duas gerações tão distante uma da outra, para que possamos viver nesse mundo dando glórias ao nosso Deus e Pai que nos regenerou para uma viva esperança que gera alegria no meu viver.
Conclusão
            Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3). “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.7) Amém!

Pr Edson Ronaldo Tressmann
Querência do Norte - PR
Comunicando a Esperança em um dos movimentos sociais

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