segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Escutem o que ele diz!


03 de março de 2019
A transfiguração de Jesus
Salmo 99; Deuteronômio 34.1-12; Hebreus 3.1-6; Lucas 9.28-36
Texto para prédica: Lucas 9.28-36
Tema: Escutem o que ele diz!

Jesus estava por sair da Galileia e ir à Jerusalém, a fim de sofrer e morrer. Pedro, no entanto, não se conformava com o fato de Jesus ter de sofrer e morrer (Mc 8.32; Mt 16.22). Nesse contexto, Jesus diz que os seguidores teriam de assumir e carregar sua cruz. Eles não deveriam se escandalizar com as consequências do carregar a cruz e nem se escandalizar pelo fato de Cristo ir à cruz.
Uma semana se passou, foram dias de reflexão (v.28), e para que seus discípulos entendessem que após a cruz há glorificação, Jesus leva Pedro, João e Tiago para um monte. Esse monte está localizado nas cercanias de Cesáreia de Filipe, ao pé da montanha do Libano. A tradição indica que seja o monte Tabor, a duas horas sudoeste de Nazaré.
Interessante é que Pedro, Tiago e João foram testemunhas da ressurreição da filha de Jairo e mais tarde estavam no momento da prisão de Jesus no Getsêmani.
Curioso é que Lucas ressalta que dois homens apareceram ali e começaram a falar com Jesus. E Pedro, João e Tiago, reconheceram os mesmos como sendo Moisés e Elias. A pergunta é como reconheceram Moisés e Elias? Eles não sabiam como esses homens eram. Os evangelistas não nos explicam como se deu esse reconhecimento (Mc 9.4; Mt 17.3). É possível concluir que diante daquela manifestação glorioso, os discípulos tenham reconhecido Moisés e Elias por esses representarem o começo e o meio da história de Israel. Ou também, por um representar a lei e o outro os profetas.
Enquanto de Marcos e Mateus apenas relatam que Moisés, Elias e Jesus estavam conversando (Mc 9.4; Mt 17.3), Lucas apresenta o conteúdo da conversa. Qual era esse conteúdo? Verso 31: “Eles falavam com Jesus a respeito da morte que, de acordo com a vontade de Deus, ele ia sofrer em Jerusalém”.
Os discípulos haviam ouvido da boca de Jesus a respeito da sua subida a Jerusalém para ser rejeitado, sofrer, morrer e ressuscitar (Lc 9.22). Após uma semana refletindo sobre esse fato, agora, num momento de exultação, ouvem Moisés e Elias conversando com Jesus sobre esse assunto (Lc 9.31). E para que não haja dúvidas quanto a missão do Filho, o próprio Pai anuncia do céu: “Este é o meu Filho, o meu escolhido. Escutem o que ele diz” (Lc 9.35).
Pedro não quis entender e aceitar o fato de Jesus ser rejeitado, preso e morto. Marcos e Lucas dizem que após dizer que iria para Jerusalém para ser rejeitado, passar por sofrimentos e pela morte (Mt 16.22; Mc 8.32), Pedro o chama para o lado e diz que isso nunca iria acontecer.
E quando Pedro, João e Tiago presenciam a transfiguração, a reação de Pedro é uma só: “Bom é estarmos aqui!” (Lc 9.33), vamos parar com essa bobagem de ir à Jerusalém. “Vamos armar três barracas: uma para o Senhor, outra para Moisés e outra para Elias” (v. 33).
A cruz assusta. Ninguém quer sofrer ou ver alguém que ama sofrendo. No entanto, a cruz é a marca de Jesus. Carregar a cruz até o Gólgota era a missão dada pelo Pai ao Filho, missão essa que foi aceita (Fp 2.7).
O diabo não quis que Jesus fosse à cruz e o tentou de todas as maneiras para que a cruz não fosse carregada por Cristo.
E quando Pedro, sem entender, mesmo com tanto tempo para pensar, sugestiona ficar no monte e interromper a caminhada a Jerusalém, o Pai interrompe e toma a palavra para dizer: “Este é o meu Filho, o meu escolhido. Escutem o que ele diz!” (v. 35).
A nuvem que cobriu Moisés, Elias, Jesus, Pedro, Tiago e João era a nuvem que representava a glória de Deus. Aquela que guiava o povo em sua caminhada rumo a terra prometida. E ouviram a mesma voz que já haviam ouvido por ocasião do batismo de Jesus.
No entanto, essa voz, a Palavra do Pai, conforme relatado pelo evangelista Lucas, diz algo extraordinário: “Este é o meu Filho, o meu escolhido. ...” (Lc 9.35).
Ao ressaltar que Jesus é o escolhido, o Pai destaca que a sua obra completa toda a obra de Deus. Ele é o cumprimento da lei (Moisés) e das profecias dos profetas (Elias). E quando o Pai salienta “... Escutem o que ele diz!” (v.35), Deus está repercutindo a promessa proclamada pelos lábios de Moisés (Dt 18.15; Is 42.1).
Ao indicar que Jesus ficou sozinho é uma referência ao fato de ter retornado ao seu estado antes da transfiguração, sem o brilho esplendoroso.
A transfiguração foi um momento de visualizar a glória que há para os que estão no caminho da cruz.
Por mais que a cruz seja pesada, não há como negar que após muitas tribulações nos convém entrar no reino dos céus (At 14.22).
O problema é que queremos a glória, mas, não entendemos e relutamos passar pelos sofrimentos. Não queremos a cruz.
Há duas igrejas, na mesma rua. Uma anuncia: chega de sofrer, deixe a sua cruz pesada – está sempre lotada e todos falam bem dela. Há os que dizem: “Bom é estarmos aqui”. A outra igreja, bem pequena, anuncia: carrega a sua cruz por mais pesada que for. Essa está constantemente vazia, ou com poucas pessoas. E essas para se animarem constantemente ouvem o pregador dizer: “Escutem o que ele diz”.
A glória nunca vem antes da cruz! Só se o nome de uma pessoa for Glória Cruz, para que a glória venha antes. Caso contrário, o céu é a herança dos que nesse mundo suportaram com fé a cruz. O céu é daqueles que se agarraram pela fé na cruz de Cristo, ou seja, na sua maravilhosa obra. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann

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