Dia
24 de fevereiro de 2019
Sétimo
Domingo após Epifania
Salmo
103.1-13; Gênesis 45.3-15; 1Coríntios 15.21-26,30-42; Lucas 6.27-38
Texto para prédica: Lucas 6.27 – 38
Tema: Amar os inimigos
Mais um dia na companhia de Jesus,
mas, aqui não é caminhando, e sim escutando o seu sermão. O conhecido sermão do
monte, ou como alguns o chamam, sermão da planície.
Jesus fala sobre algo realmente
difícil: amar os inimigos!
Amar o inimigo contraria a lei da
natureza, no entanto, é a realidade dos que estão em Cristo. Amar o inimigo é
uma característica do Pai Celestial, pois seu amor se dirige a cada uma de suas
criaturas.
Ressalto aqui a afirmação de Clemente
de Alexandria: “Amar
os inimigos não significa que devemos amar a maldade, ou a impiedade, ou o
adultério, ou o roubo, mas sim amar, apesar de tudo, o ladrão, o ímpio e o
adúltero, não porque ele é pecador e denigre o nome do ser humano, mas porque
ele é ser humano e principalmente criatura de Deus”.
Num determinado momento, quando os
discípulos sugestionaram a Jesus que fizesse chover fogo do céu, Jesus
respondeu: “Não
sabeis de que espírito sois?” (Lc 9.55).
Constantemente pedimos: Senhor, volte
logo para acabar com tanta maldade. No entanto, esses maldosos, Deus quer
salvar e nos envia como igreja a amá-los também (2Pe 3). E esse amor envolve, punir o
erro, mas acolher e mostrar compaixão com o errante.
É preciso recordar que entre os
ouvintes de Jesus, haviam fariseus e escribas. Esses por sua vez haviam
distorcido alei prescrita no Antigo Testamento. Eles, conforme apresenta Mateus
diziam: “Ame
os seus amigos e odeie os seus inimigos” (Mt 5.43). No entanto, essa
frase não aparece no AT. É adendo interpretativo dos fariseus e escribas. Ao
que Jesus corrige e esclarece que a lei do amor ao próximo é muito mais
abrangente do que simplesmente amar as pessoas boas e que gostamos.
Eu sei! Amar os inimigos não é fácil.
Por isso é uma característica cristã. Na igreja primitiva foi chamado de
exigência peculiar da igreja e algo próprio do cristianismo.
Temos irmãos na fé que infelizmente
cometeram erros e pelos tais estão sendo punidos. Alguns estão presos. No
entanto, não devemos virar as costas para tais irmãos. Outra coisa, àqueles que
assaltaram, ou cometeram adultério, ou assassinaram alguém da nossa família,
por mais que sejam considerados nossos inimigos por isso, lembre-se, foram ou
são punidos, mas, não podemos esquecer que esses são criaturas amadas por Deus
e também precisam ser amados por nós.
Em algumas circunstâncias parece que
não basta a punição do Estado (prisão, julgamento e condenação), também
queremos punir, sendo que somos chamados para amar.
Se você chegar em casa e ver que
alguém está te roubando, bem, esse é seu inimigo. Mas, a sua reação não deve
ser outra do que chamar a polícia e permitir que o Estado o puna, mas você,
precisa orar por essa pessoa. Mostrar compaixão pela mesma.
O próprio Deus, pegou o homem em
delito. Diz o texto: “...naquele dia, quando soprava o vento suave da tarde, o
homem e a sua mulher ouviram a voz do Senhor Deus, que estava passeando pelo
jardim. Então se esconderam dele, no meio das árvores” (Gn 3.8).
Deus pegou o homem em delito
flagrante, no entanto, o puniu do paraíso, mas, não deixou de amá-lo. Nesse
sentido, valem para nós o mandamento do amor ao próximo: “...amem os seus inimigos e façam o bem para
os que odeiam vocês” (Lc 6.27).
Como amar o meu próximo? De que maneira? Como expressar esse
amor em palavras e ações?
1 Fazendo o
bem aos que nos odeia (v.27)
2 Deseje o bem
para quem lhe amaldiçoar (v.28)
3 – Orar pelos
que nos maltratam (v.28)
Quando Jesus exorta a fazer e desejar
o bem e também orar por quem nos persegue, calúnia e odeia, nada mais é do que
não se deixar guiar pelo sentimento, mas tão somente pela Escritura Sagrada.
Nossos sentimentos provém de uma raiz contaminada pelo pecado. Nosso coração é
enganoso (Jr 17.9).
Orar pelos que nos maltratam, nada
mais é do que deixar nas mãos de Deus toda a angústia da nossa alma.
Os versos 29 a 30 são exemplos
práticos para incutir em nós o amor ao inimigo. Jesus menciona um ataque
físico, roubo e uma doação imprevista.
Para quem não gosta de levar desaforo
para casa, um tapa na cara é vergonhoso. Ah quem se defende dizendo que Jesus
não disse mais nada depois que virar o outro lado, ou seja, pra cima dele.
Jesus nos ensina algo extraordinário
aqui. Ele diz que não é o tratamento do outro que irá determinar a minha
maneira de agir. Minha ação não depende da sua ação ou reação, mas do Espírito
que está em mim (Gl 5.16).
O discípulo de Jesus não age
determinado pelo comportamento dos outros, mas sim pelo seu mestre.
A perseguição, o ódio, a calúnia, são
situações corriqueiras na vida de um cristão. E para esse mundo que se opõe ao
evangelho e aos que o pregam e proclamam, Jesus recomenda: “amem os seus
inimigos”.
Ao citar o exemplo “se alguém tomar
a sua capa...” (v.29), Jesus está enfatizando para que seus
discípulos abram mão do que tem de mais precioso e não cometem o pecado do
anseio pela vingança.
E recomenda junto a isso a ser
solicito, mesmo quando não esteja disposto a ser.
Amar os inimigos, nada mais é do que,
um canal pelo qual correm as águas misericordiosas de Deus. Amar o inimigo é
fluir o amor que recebo de Deus a cada dia da minha vida.
Amar o inimigo não é um fardo, nem
sequer um peso, é estender as mesma mão, a qual temos estendidas para nós.
Ao dizer: “Façam aos outros a mesma coisa que querem
que eles façam a vocês” (v.31), Jesus esta enumerando que é preciso
fazer, agir com o próximo, da mesma maneira que você quer que faça com você
mesmo. Já falamos tanto em direito, o mesmo direito que você tem, o outro
também tem. A mesma coisa que você quer seu próximo quer. O que você quer que seja
preservado na sua vida, preserve na vida do outro.
Nos versos 32 a 34 é uma exortação
contra fazer o bem esperando retribuição por essa prática, ou seja, Jesus
condena o fato das pessoas se ajudarem esperando uma contrapartida.
O amor ao próximo será recompensado
por Jesus (v.35).
Cuidado com o espírito julgador.
Todos nós sabemos que há avaliações. Pais avaliam os filhos. Educadores avaliam
seus educandos. Juízes julgam e avaliam réus. Não é esse julgamento e avaliação
que Jesus está condenando.
Jesus condena a avaliação ou
julgamento que destrói e piora a situação do próximo. A avaliação e julgamento
construtivo e que visa ajudar é bem-vindo.
O problema é que muitas vezes, a
avaliação ou julgamento que fazemos de outros apenas tem por objetivo nos exaltar
e denegrir o outro.
Amar o próximo é uma prática
misericordiosa. A mesma prática que Deus em seu filho teve e tem por nós.
Edson Ronaldo
TREssmann
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