19
de agosto de 2018
13º
Domingo após Pentecostes
Sl 34.12-22; Pv 9.1-10 ou Js
24.1-2,14-18; Ef 5.6-21; Jo 6.51-69
Tema:
Pais que servem!
Passado
a euforia do dia dos pais, onde são homenageados, presenteados, refletir sobre
a função verdadeira de um pai. Para esse meditação, fundamentamos a prédica no
texto de Josué 24.15.
A Bíblia nos deixou registrado a
história de muitos pais. Abraão, Isaque, Jacó, José, Boaz,
Jessé, Davi, Buzi, Amoz, Petuel, etc. Além de registrar grandes pais, a Palavra
de Deus apresenta suas alegrias e tristezas. Relembremos alguns episódios de
tristeza acontecido na vida de alguns pais. Tristezas essas que retratam muitas
daquelas que pais estão vivendo.
Pai do Filho pródigo,
sua tristeza, foi pelo filho ter ido embora;
Jairo,
sua tristeza foi causada pela morte de sua filha;
Arão,
seus filhos, Nadabe e Abiu, foram mortos por terem trazido um fogo estranho
para o altar de Deus.
Eli,
seus filhos não eram fiéis a Deus assim como ele era;
Adão,
seu filho Caim matou o seu irmão, e fugiu;
Abraão,
teve de mandar seu filho Ismael embora de casa;
Noé,
amaldiçoou seu filho Cam, por ter visto sua nudez;
Ló,
perdeu sua esposa;
Judá,
tinha um filho perverso perante o Senhor, e o outro era desobediente, por não
querer ter filhos com a esposa do seu falecido irmão.
Faraó,
seu filho morreu, por ocasião da 10º praga;
Jacó, teve seu filho vendido, mas por
mentira de seus filhos, acabou sofrendo por achar que ele tinha sido morto.
Jô,
perdeu seus 10 filhos com um forte vento que derrubou a casa.
Davi,
viu seu filho, fruto de adultério morrer ainda recém-nascido.
Muitas
dessas tristezas são as infelicidades de muitos pais na atualidade. Acompanhamos
diariamente nos noticiários, irmão matando irmão; o filho de alguém sendo morto
ou pela polícia ou por bandidos. Vê-se também, maridos sepultando a esposa; pais
que tem suas filhas mortas. Há ainda a tristeza de pais que não sabem lidar com
os filhos rebeldes. Além disso, a preocupação com seus filhos adolescentes que
estão iniciando nas drogas, na violência, .... Há também os pais que precisam
renegar seus filhos, por serem frutos de uma traição. Ainda há pais que sofrem
por saberem que seus filhos não se combinam e vivem em pé de guerra. Talvez
nossa oração seja: Livrai-nos das tristezas
do dia-a-dia.
Após um período no
CMDCA, tenho observado que pessoas tem apontado a causa dos problemas com seus
filhos a rebeldia, a violência, as drogas, ... Mas - na
Bíblia, muitas das tristezas de muitos pais ocorreram devido a um fato - “os filhos terem
se afastado da presença de Deus”. Os filhos de Eli se
afastaram da vontade de Deus (1Sm 2.12-17). Eles deviam sacrificar toda a carne
de animais trazida a eles, mas escolhiam a melhor parte e ofertavam as sobras.
Os filhos de Arão, Nadabe e Abiu, deviam se apresentar de uma forma
adequada no altar de Deus, mas não fizeram de acordo com a vontade de Deus e
foram consumidos pelo fogo (Lv 10.1). Abraão não esperou o momento de
Deus em cumprir sua promessa, e por isso, precisou mais tarde mandar seu filho
Ismael embora (Gn 21.8-21). Os irmãos de José sentiam inveja e agiram de
uma forma violenta com ele, o venderam para os ismaelitas e causaram longos
anos de tristeza a seu pai Jacó com a mentira da morte (Gn 37.27,32-36).
Tristezas
e alegrias
– essas são as marcas da
vida de um pai.
Nossa
reflexão nesse culto é retirada do livro, da história de Josué. O livro nos conta
que os israelitas fizeram um pacto com os gibeonitas por não terem ouvido a
Palavra de Deus. Devido a esse pecado e tantas outras vezes que deixaram de
ouvir a Deus, os profetas dizem que povo foi exilado e ficaram longe de sua
pátria por longos setenta anos.
Por se afastarem de Deus, muitos filhos
causaram tristezas a seus pais. Outros, no entanto, foram motivos de alegria. Permaneciam
naquilo que aprenderam desde infância. Citemos o exemplo de Timóteo, do qual
Paulo exalta a fé e a fidelidade (2Tm 3.15). Também o filho pródigo, que mesmo
tendo causado tristeza ao sair, e uma enorme alegria ao retornar à sua casa (Lc
15.20-24). Posso citar Sansão, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Joel, ...; Filhos fiéis, dedicados, esforçados
e atentos a Palavra de Deus. Filhos que se dedicaram em servir a Deus
com fidelidade e de Deus não se afastaram e assim não se perderam.
O
pai e a mãe é um representante de Deus aqui nesse mundo.
E como tal merece todo o nosso respeito, amor e carinho (Ef 6.2-3).
O
problema é que atualmente a autoridade está sendo questionada por todos,
principalmente pelos veículos de comunicação. Os filhos são incentivados pela sociedade
a não respeitar àqueles que exercem autoridade - principalmente os pais,
pastores, mais idosos, ... por isso, querido pai e mãe: “não tratem os seus filhos de um jeito que
faça com que eles fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-los com a
disciplina e os ensinamentos cristãos” (Ef 6.4).
Entre
os exilados a Babilônia, o rei Nabucodonosor procurava entre os prisioneiros pessoas
inteligentes, com boa aparência física, educados e aptos a servirem no palácio.
E entre o povo de Israel acharam 4 jovens com as características que o rei
queria (Dn 1.4,6). O que me chama atenção é que os pais desses jovens sabiam
que iria acontecer o exilio, mas, mesmo assim, prepararam da melhor maneira os
seus filhos. Não são os dias maus como diz Paulo na carta aos Efésios que nos
devem paralisar, na verdade, pelos dias serem maus é que eu devo aproveitar o
tempo da melhor maneira.
Josué
é o líder escolhido por Deus para adentrar com seu povo na terra prometida. Uma
terra que já tinha sua contaminação de costumes contrários a vontade de Deus.
Uma terra dominada pela idolatria. E nesse sentido, ouvimos as palavras de um
chefe, pai de família e grande líder: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor...” (Js
24.15).
Esse é o teu desejo pai?
Saiba
que para servir a Deus existem muitas maneiras. No entanto, nesse culto quero
falar sobre uma muito importante dentro do lar. Educar os
filhos, mostrar a eles o caminho verdadeiro (Sl 32.8; Pv 8.32; 23.19; Pv
10.17; Jô 14.6); Admoestá-los no temor do Senhor
(Sl 17.4; 1Sm 12.24; Jó 1.1; Sl 111.10); não
provocá-los a ira que os leva ao desânimo e ao desentendimento (Sl 2.12;
Cl 3.21; Ef 6.4).
Salomão,
filho de Davi, escreveu a os pais: “Eduque a criança no caminho em que deve andar e depois
quando velho não se desviará dele” (Pv 22.6). Educar – nada mais é do que
deixar marcas profundas, ou como se diz modernamente, deixar um legado. Educar
se faz no dia-a-dia (Dt 6.7-8), é como uma construção, um tijolo de cada vez.
Por isso, Lutero certa vez disse: cuide de seu filho, eduque-o no caminho do Senhor, mesmo
que ele saia desse caminho o Senhor o recompensará por isso, e é o seu chamado
como pai, educar, transmitir valores ao seu filho. Aliás, isso é o que
Paulo quer transmitir com as palavras “remindo o tempo” ou “aproveitando as oportunidades”.
Não abandone valores e princípios.
Palavras
de um pai – Josué: “Decidam a quem vocês vão servir, porém eu e a minha
família serviremos a Deus, o Senhor” (Js 24.15).
Educar
é servir.
Servir é
se doar. Esse doar, não é doar tudo aquilo que o filho deseja
por capricho.
Educar não é fácil.
Ser pai e mãe não é fácil. Somos
representantes de Deus aqui no mundo e é difícil representar a Deus neste mundo
que não quer mais saber dele. Por isso, Josué exclama: “escolhei,
hoje, a quem sirvais”.
Se servir é educar e educar é
servir – vamos remir o tempo, ou vamos pagar um preço para
que nossos filhos sejam educados no caminho do Senhor. Vamos ter tempo e
dedicar tempo para ouvir a Palavra do Senhor. A velha desculpa do: eu não tenho
tempo mostra a nossa falta de prioridade com aquilo que é prioritário.
O apostolo Paulo escreveu: “Portanto, prestem atenção na sua maneira de viver. Não
vivam como os ignorantes, mas como os sábios” (Efésios 5.15).
O
pai e líder Josué está diante de um povo que antigamente seus pais adoravam
outros deuses (Js 24.2; Ez 16.3). Mesmo em meio a uma família idolatra, Deus
tomou Abraão (Ne 9.7-8) e formou o seu povo para salvar todos os povos. Esse povo
que inúmeras vezes nos 40 anos de caminhada pelo deserto foi infiel, agora é
convidado a escolher a quem querem servir. Em
outras palavras: vejam tudo o que Deus lhes fez. Ele
prometeu e cumpriu. E agora, querem servir a ele ou voltar aos seus deuses
antigos?
Servir é educar e educar é servir -
escolham a quem vão servir e sobre quem irão deixar
marcas profundas? Como eu, um pai quero ter filhos fiéis ao Senhor se sou infiel?
Josué
disse: “temei
ao Senhor e servi-o. Deitai fora os deuses...” (Js 24.14). Josué
constata que muitos entre o povo de Deus ainda adoravam os deuses caldeus (fogo, a luz, o sol), deuses egípcios (Ápis, Anúbis, Serpentes, Vegetais) e deuses
moabitas e cananeus (Baal-Peor; Astarte).
Josué constata a triste
realidade da idolatria mesmo diante dos maravilhosos atos de salvação de Deus.
Muitas
coisas podem ser evitadas no nosso lar - educando os filhos no caminho do
Senhor. Eu sei, e preciso lembrar que os filhos de Eli, o sacerdote, foram
educados no caminho do Senhor e fizeram o que era mau perante Deus. O problema é
que abandonaram o caminho do Senhor.
O
ponto não é se seu filho vai abandonar o caminho de Deus ou não quando crescer.
O ponto não é depois de grande ele escolhe o que quer. O ponto é: como pai e mãe
sou representante de Deus para educar meu filho no caminho em que deve andar.
As
crianças aprendem muito mais pelos nossos atos do que pelas nossas palavras. Escolher a quem servir é mostrar-se
fiel a Deus nos momentos mais difíceis da vida. Escolher a quem servir é viver a fé a cada novo dia (Sl 37.5;
55.22; Mt 6.25, 33; 1Pe 5.7). Escolher a
quem servir é educar pelo exemplo de serviço.
Não
podemos desistir - sirvamos ao Senhor,
quer seja, dentro de casa, no nosso trabalho e na igreja.
Josué
tinha diante dele uma multidão que estava sendo tentada a se afastar de Deus, e
como um pai, os chama a uma decisão: “A quem vocês vão servir? Eu e a minha casa (minha esposa, meus filhos) serviremos a Deus
o Senhor” (Js 24.15).
Nos
importa servir a Deus o Senhor que nos serviu Jesus. E Jesus nos serve através
da sua Palavra e Sacramentos.
Quando
alguém disser: “Eu
e a minha casa serviremos ao Senhor” (Sl 101.2; Jo 6.68; At 11.23)
que a nossa resposta seja: “nós também serviremos ao Senhor” (Ex 15.2; Mq
4.2).
Ser
pai é conviver em meio as tristezas e alegrias
doando-se completamente, assim como o nosso Pai doou seu filho por nós e doa
todos os dias seu cuidado e amor. O nosso Pai em todos os momentos, alegres ou
tristes, bons ou ruins está ao nosso lado se doando para e por nós. Amém!
Edson
Ronaldo Tressmann.
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