22 de outubro de 2017
20º Domingo após Pentecostes
Sl 96.1-9; Is 45.1-7; 1Ts
1.1-10; Mt 22.15-22
Tema: A santificação provém da
justificação!
Em 18 de maio de 1518, numa carta a Espalatino, Martinho assinou a
mesma como Martinus Eleutherius. Eleutherius significa o liberto. Desse nome surgiu a nova grafia,
“Lutherus, Luther” (Lutero).
Os luteranos são “os libertos”. Libertos do pecado, do diabo
e do inferno. Por causa dessa
libertação, vivem a verdadeira liberdade cristã.
O cristão vive nesse mundo sabendo que é governado por Deus
através de dois regimes: o espiritual e civil.
A pergunta feita à Jesus se é
ou não licito pagar impostos a César era uma pegadinha.
César, imperador romano, representava as forças militares de
ocupação na Palestina. Os romanos haviam conquistado a Palestina desde 63 a.C.
e cobravam impostos dos judeus para manter o território em paz e segurança.
Muitos eram contrários a esse domínio.
Assim, a pergunta capciosa feita à Jesus na verdade tinha como
objetivo jogar Jesus contra o povo. Se Jesus respondesse “não” seria preso como
revolucionário. Se caso respondesse “sim” seria tido como opressor aliado
da cúpula romana. Mas, a resposta de Jesus tem duas partes: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
1 – Devolva o que recebeu de
quem recebeu
Em sua resposta, Jesus omite a palavra “imposto” assim como entendido na época. O verbo usado para imposto era “didomi” (dar, pagar). Na resposta, Jesus se expressa com o verbo “apodidomi – apódote” (Mt 22.21), que vai além do
sentido “pagar”. Apodidomi pode
significar dar de volta. Com isso, Jesus diz que a devolução não era um pagamento de
imposto, mas, entregar o que se tem de quem
recebeu
(Mc 10.42; Lc 23.2). Devolva o que você
recebeu, de quem você recebeu.
“Dai, pois, a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
O fariseu não perguntou, mas, Jesus faz uma referência direta a
Deus. E ao responder que é preciso devolver o que recebeu de quem recebeu, Jesus
na verdade está levando aqueles fariseus a reflexão sobre onde está a fé.
Qualquer judeu ao ouvir a resposta “Dai,
pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21), responderia a
Jesus dizendo que “toda a terra” é de Deus (Dt 19.5; 26.8; Sl
136.22) e assim, toda a terra deve ser dada a ele.
“Dai, pois, a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
2 – Visão ampla de Reino
A resposta de Jesus mostra o equilíbrio entre os dois reinos. O
reino da mão direita e da mão esquerda.
César, as autoridades, só administram a vida pública (Pv 8.15).
Deus, através do evangelho comanda, governa a vida.
Jesus não caiu na cilada dos fariseus. Afirmou que todas as coisas
pertencem a Deus. Ao pagar os impostos, o cristão está devolvendo o que recebe
de Deus.
Os impostos não são pagamentos! É uma forma de amor ao próximo,
pois, pelos impostos se mantêm a saúde, a educação, a segurança. Infelizmente,
vejo muitos cristãos não querendo mais pagar impostos pela alegação de que não
estão recebendo o devido retorno em serviços públicos essenciais. Claro que
isso é verdadeiro. Infelizmente, devido a corrupção o Brasil e principalmente
os serviços públicos estão padecendo, mas, uma coisa, um fato, não justifica o
outro.
Na época de Jesus, muitas pessoas achavam que a arrecadação de
tributos não era correta, pois, eram cobrados na Palestina, mas revertidos em
benefícios dos romanos e de Roma.
A solução não é ser um Tiradentes, ou seja, lutar contra os impostos
da coroa portuguesa. O cristão é um
cidadão do Reino de Deus com compromissos nesse mundo - inclusive na luta pelos mais fracos e desprotegidos. Se muitos de nossos representantes
políticos estão desviando recursos, Deus lhes julgará e está lhes cobrando pela
justiça humana. O que não pode acontecer é um cristão ser julgado pela
sonegação de impostos.
As pessoas eram e são libertadas pelas palavras de Jesus. Todos Eleutherius (libertos) pela Palavra de Deus no Batismo, na Pregação, são
chamados a viverem responsavelmente nesse mundo.
“Dai, pois, a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
3 – Vida santificada
Um cristão vive sua fé cumprindo obrigações civis e públicas. A autoridade
civil tem por obrigação, como representante de Deus nesse mundo, prestar
serviços necessários à existência da sociedade organizada.
O cristão sabe e se não, precisa saber que, é governado por Deus
por meio de duas mãos. A mão esquerda e a mão direita. Através das leis desse
mundo e do Evangelho.
Na época de Lutero, muitas pessoas comprovam indulgências para se
safar do purgatório. Outros doavam grandes quantias para construções de igrejas
e capelas, mas esqueciam do real e verdadeiro amor ao próximo. O mesmo ocorre hoje.
Há aqueles que praticam o dízimo, mas sonegam imposto. Dessa
maneira deixam de atuar na sociedade em favor do próximo.
Ser cristão, ser filho de Deus, não isenta das obrigações para com
o Estado. Os dez mandamentos visam tanto a confissão de fé, bem como o
excelente convívio em sociedade.
Não se pode justificar a prática da sonegação devido a corrupção
das autoridades. O cristão é um bom cidadão. O cristão justificado vive sua vida santificada inclusive na politica, na luta por direitos e pelo uso correto do dinheiro dos impostos.
O cristão batizado e crente sabe que recebeu de Jesus o pleno
perdão. O cristão pertence a Deus e reconhece sua cidadania celestial, mas não
abdica, e nem deixa de viver a sua cidadania terrena. O cristão sabe que não é
do mundo, mas vive no mundo. Assim, convém perseverar na fé e no amor (1Ts 1.3)
sabendo que esse mundo continua sendo governado por Deus (Is 45). Amém!
Pr
Edson RonaldoTressmann
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