terça-feira, 17 de outubro de 2017

A santificação provém da justificação!

22 de outubro de 2017
20º Domingo após Pentecostes
Sl 96.1-9; Is 45.1-7; 1Ts 1.1-10; Mt 22.15-22
Tema: A santificação provém da justificação!

Em 18 de maio de 1518, numa carta a Espalatino, Martinho assinou a mesma como Martinus Eleutherius. Eleutherius significa o liberto. Desse nome surgiu a nova grafia, “Lutherus, Luther” (Lutero).
Os luteranos são “os libertos”. Libertos do pecado, do diabo e do inferno. Por causa dessa libertação, vivem a verdadeira liberdade cristã.
O cristão vive nesse mundo sabendo que é governado por Deus através de dois regimes: o espiritual e civil.
A pergunta feita à Jesus se é ou não licito pagar impostos a César era uma pegadinha.
César, imperador romano, representava as forças militares de ocupação na Palestina. Os romanos haviam conquistado a Palestina desde 63 a.C. e cobravam impostos dos judeus para manter o território em paz e segurança. Muitos eram contrários a esse domínio.
Assim, a pergunta capciosa feita à Jesus na verdade tinha como objetivo jogar Jesus contra o povo. Se Jesus respondesse “não” seria preso como revolucionário. Se caso respondesse “sim” seria tido como opressor aliado da cúpula romana. Mas, a resposta de Jesus tem duas partes: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
1 – Devolva o que recebeu de quem recebeu
Em sua resposta, Jesus omite a palavra “imposto” assim como entendido na época. O verbo usado para imposto era “didomi” (dar, pagar). Na resposta, Jesus se expressa com o verbo “apodidomiapódote” (Mt 22.21), que vai além do sentido “pagar”. Apodidomi pode significar dar de volta. Com isso, Jesus diz que a devolução não era um pagamento de imposto, mas, entregar o que se tem de quem recebeu (Mc 10.42; Lc 23.2). Devolva o que você recebeu, de quem você recebeu.
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
O fariseu não perguntou, mas, Jesus faz uma referência direta a Deus. E ao responder que é preciso devolver o que recebeu de quem recebeu, Jesus na verdade está levando aqueles fariseus a reflexão sobre onde está a fé.
Qualquer judeu ao ouvir a resposta “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21), responderia a Jesus dizendo que “toda a terra” é de Deus (Dt 19.5; 26.8; Sl 136.22) e assim, toda a terra deve ser dada a ele.
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
2 – Visão ampla de Reino
A resposta de Jesus mostra o equilíbrio entre os dois reinos. O reino da mão direita e da mão esquerda.
César, as autoridades, só administram a vida pública (Pv 8.15). Deus, através do evangelho comanda, governa a vida.
Jesus não caiu na cilada dos fariseus. Afirmou que todas as coisas pertencem a Deus. Ao pagar os impostos, o cristão está devolvendo o que recebe de Deus.
Os impostos não são pagamentos! É uma forma de amor ao próximo, pois, pelos impostos se mantêm a saúde, a educação, a segurança. Infelizmente, vejo muitos cristãos não querendo mais pagar impostos pela alegação de que não estão recebendo o devido retorno em serviços públicos essenciais. Claro que isso é verdadeiro. Infelizmente, devido a corrupção o Brasil e principalmente os serviços públicos estão padecendo, mas, uma coisa, um fato, não justifica o outro.
Na época de Jesus, muitas pessoas achavam que a arrecadação de tributos não era correta, pois, eram cobrados na Palestina, mas revertidos em benefícios dos romanos e de Roma.
A solução não é ser um Tiradentes, ou seja, lutar contra os impostos da coroa portuguesa. O cristão é um cidadão do Reino de Deus com compromissos nesse mundo - inclusive na luta pelos mais fracos e desprotegidos. Se muitos de nossos representantes políticos estão desviando recursos, Deus lhes julgará e está lhes cobrando pela justiça humana. O que não pode acontecer é um cristão ser julgado pela sonegação de impostos.
As pessoas eram e são libertadas pelas palavras de Jesus. Todos Eleutherius (libertos) pela Palavra de Deus no Batismo, na Pregação, são chamados a viverem responsavelmente nesse mundo.
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
3 – Vida santificada
Um cristão vive sua fé cumprindo obrigações civis e públicas. A autoridade civil tem por obrigação, como representante de Deus nesse mundo, prestar serviços necessários à existência da sociedade organizada.
O cristão sabe e se não, precisa saber que, é governado por Deus por meio de duas mãos. A mão esquerda e a mão direita. Através das leis desse mundo e do Evangelho.
Na época de Lutero, muitas pessoas comprovam indulgências para se safar do purgatório. Outros doavam grandes quantias para construções de igrejas e capelas, mas esqueciam do real e verdadeiro amor ao próximo. O mesmo ocorre hoje.
Há aqueles que praticam o dízimo, mas sonegam imposto. Dessa maneira deixam de atuar na sociedade em favor do próximo.
Ser cristão, ser filho de Deus, não isenta das obrigações para com o Estado. Os dez mandamentos visam tanto a confissão de fé, bem como o excelente convívio em sociedade.
Não se pode justificar a prática da sonegação devido a corrupção das autoridades. O cristão é um bom cidadão. O cristão justificado vive sua vida santificada inclusive na politica, na luta por direitos e pelo uso correto do dinheiro dos impostos. 
O cristão batizado e crente sabe que recebeu de Jesus o pleno perdão. O cristão pertence a Deus e reconhece sua cidadania celestial, mas não abdica, e nem deixa de viver a sua cidadania terrena. O cristão sabe que não é do mundo, mas vive no mundo. Assim, convém perseverar na fé e no amor (1Ts 1.3) sabendo que esse mundo continua sendo governado por Deus (Is 45). Amém!


Pr Edson RonaldoTressmann

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