29 de outubro de 2017
Sl 1; Lv 19.1-2,15-18; 1Ts
2.1-13; Mt 22.34-46
Tema: A justificação pela fé
leva a prática do amor!
No dia 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na igreja do castelo
em Wittenberg, 95 teses. Com essa afixação, Lutero de maneira nenhuma quis
deflagrar um movimento. O objetivo de Lutero, um teólogo preocupado com a
correta interpretação bíblica, era apenas esclarecimento teológico sobre a
indulgência.
As indulgências, prática que surgiu no século XI, usadas apenas
para abrandar os castigos temporais. Com o decorrer de seu desenvolvimento, já em
pleno século XVI, não havia mais clareza nenhuma sobre as indulgências. No século XVI, as indulgências tinham
destacada importância sob o aspecto financeiro. Toda a Cúria e Estado Papal
dependiam em grande parte das rendas auferidas com a venda de indulgências.
Enquanto que os fiéis viam na
indulgência uma oportunidade de se proteger do purgatório e do juízo eterno.
Enquanto o povo, pelas indulgências desejava ardentemente a salvação, a Cúria
Romana, encontrou um meio para suprir suas necessidades financeiras.
Século XXI, as indulgências
modernas, são aqueles através das quais o povo busca bênçãos e proteção e os
apóstolos e bispos enriquecem-se.
Lutero, doutor em teologia, estava preocupado e buscou com zelo
recuperar a correta doutrina e pregação da igreja. Lutero atacou a falsa segurança que havia
nas indulgências.
A Cúria Romana desviou o debate, colocando Lutero como deturpador
da autoridade eclesiástica e papal.
Num sermão sobre a indulgência e a graça, Lutero enfatiza como
ponto central em suas 95 teses o arrependimento e a penitência como sendo algo
que atinge o ser humano por inteiro.
Para Martinho Lutero, as boas obras que o cristão realiza é um
serviço ao próximo e não deve ser entendido como ato em prol de seu
aperfeiçoamento ou ainda uma fuga aos castigos impostos por Deus. As indulgências, para
Lutero, causam ociosidade na prática da fé. Nas teses 53 a 55, é possível ouvir as
batidas do coração de Martinho bater forte, afinal, Lutero destaca que as
indulgências ameaçam silenciar a Palavra de Deus.
Ninguém é capaz de satisfazer, em nenhuma hipótese, seus pecados diante
de Deus. A verdade é que, Deus em Jesus, perdoa os pecados a toda hora e
gratuitamente.
A compra das indulgências
deixavam os cristãos preguiçosos e negligentes. A indulgência era fuga da obediência.
A fé, manifesta-se também nisso, em que a pessoa dispõe em alegre
obediência a cumprir os mandamentos. A fé torna a pessoa disposta a sofrer todo
o mal e arriscar corpo e vida, propriedade e honra por amor a Deus.
O mandamento do amor ao próximo está ao lado do mandamento do amor
à Deus. Deus me dirige ao próximo, não como uma indulgência. Deus não necessita,
mas exige as nossas boas obras para que o próximo seja favorecido.
Amar o próximo veio a ser o caminho pelo qual amamos a Deus. Ao
servir o próximo, servimos ao próprio Deus. No próximo, Deus está presente a
mim. Não há ganho pelo servir
ao próximo, apenas, se apresenta a fé.
Amar o próximo é uma oportunidade que Deus dá para que a fé seja
exercitada e não uma maneira pela qual irá se conseguir abrandar ou aliviar
sofrimentos.
No próximo, Deus está presente na nossa rua, na porta da nossa
casa. O mundo está pleno de Deus. Servir e amar a Deus é servir e amar o
próximo. Deus está próximo de cada ser humano, através do próximo. As
indulgências do século XVI visavam apenas a construção da Basílica de São Pedro
e tantas outras, mas paralisavam o amor ao próximo.
Deus requer de seus filhos somente a oferta da fé. Para minha salvação não posso
fazer nada. Mas, isso não deve me paralisar, pois meu próximo necessita das
minhas ações. Por isso Jesus me ordena a amá-lo.
Para poder socorrer meu próximo já tenho tudo o que necessito: fé. Pela fé, posso socorrer o meu
próximo que tem necessidade de alimento, roupa, dignidade, etc. A fé, o
presente pelo qual Deus me garante a salvação. Pela fé, o cristão não vive mais
a sua vida para si mesmo. Tudo o que um cristão possui é usado para servir ao
outro, se assim não for, estará roubando do próprio Deus. Na visão divina, tudo
o que uma pessoa tem de sobra e não usa para ajudar o próximo é uma posse
ilegal, é roubo.
Deus usa um sábio para ajudar um tolo, um piedoso para ajudar um
impiedoso, o justo para ajudar quem erra. Deus usa o rico para ajudar o pobre.
Quem assim não age, estando na fé, está roubando de Deus.
Ano passado (2016) quando estava acontecendo o pleito eleitoral,
alguém me perguntou: “pastor, você não quis concorrer
a um cargo político?” Minha resposta foi simples. Se
faço o bem para alguém, não o faço para alcançar cargo político, o faço como
exercício da fé.
Martinho Lutero disse que “maldita
é a vida na qual alguém vive somente para si mesmo e não para o seu próximo.
Maldita é toda boa obra que não é feita por amor”. As indulgências não visavam
o amor e a prática da fé.
Não se espantem, mas em pleno século XXI, ou seja, 10 séculos após
seu surgimento, 500 anos após a Reforma, ainda há resquício de indulgências
disfarçadas.
Há muitos cristãos que não praticam a fé para o bem do próximo, apenas
a exercitam pensando em seu próprio bem. Pessoas oram para si, jejuam para si,
dizimam pensando em si.
O cristão que vive na fé não vive em si mesmo, mas no outro. Em Cristo, pela fé e, no próximo pelo amor. Na fé, o cristão não confia
em si mesmo e em suas realizações.
Quando Deus ordena amar o próximo, requer que a vontade seja motivada
somente pela boa vontade de Deus, pelo prazer em sua lei.
Amar ao próximo é um mandamento que não visa realização terrena
pessoal e nem um acréscimo a recompensa divina. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann
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