17 de setembro de 2017
15º Domingo após Pentecostes
Sl 103.1-12; Gn 50.15-21; Rm 14.1-12; Mt 18.21-35
Tema: A prática do perdão ao último extremo!
O evangelista Mateus usa uma palavra
rara para apresentar a história que foi contada por Jesus. O evangelista Mateus
utiliza o termo makrothymia: que expressa passividade, submissão resignada a uma situação que é,
para todos os efeitos práticos irremediável.
Paciência é a palavra adotada pelos
tradutores para Makrothymia. No
entanto, essa paciência
é refrear a ira e a fúria. Esse é um
atributo de Deus, “o Senhor é tardio em irar-se...” (Na 1.3).
Os israelitas apelavam para a
clemência, para a paciência de Deus, quando reconheciam seus pecados. Eles
sabiam que Deus em sua clemência e paciência sempre estava disposto a conceder
sua graça. Mas mesmo assim, todo israelita sabia que era possível fazer
irromper a ira de Deus (Sl 7.12; Mt 18.35).
Muitos cristãos hoje sofrem por causa
da clemência e paciência de Deus. Mateus 18.15-20 retrata as três maneiras para
se resgatar o caído.
O profeta Jonas é um belo exemplo de
alguém que sentiu grande dificuldade em concordar com a paciência e clemência
de Deus (Jn 4.2).
Deus é paciente e clemente, afinal,
seu objetivo é salvar o homem pecador.
Jesus havia instruído seus discípulos
sobre a ação cristã diante de um pecado cometido contra a pessoa. Jesus
ressalta três alternativas para se restabelecer a convivência entre as pessoas.
Jesus também ressalta a disposição em perdoar, não apenas quatro vezes que era
comum entre os rabinos, mas sempre.
Ao contar a parábola do servo
incompassivo, Jesus ilustra a atitude divina para com o perdão e a nossa
maneira de tratar o próximo.
A dívida do primeiro servo na
parábola não tinha a menor possibilidade de ser paga. Esse por sua vez clama
pela paciência do rei, pois resgataria todo o empréstimo. O rei, por sua vez,
fez muito mais que isto: perdoou-lhe a dívida toda.
Esse servo perdoado ao sair encontrou
um homem que lhe devia uma valor correspondente a uma diária de trabalho (Mt
20.2). Esse servo também clamou por paciência, mas, não recebeu o mesmo
tratamento.
Jesus ensinou a orar: “Perdoa-nos as
nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”
(Mt 6.12,14-15). O perdão não depende de sentimentos humanos comuns, o perdão
está intimamente ligado com a atitude que lhe foi mostrada, ou seja, “assim como eu me
compadeci ... igualmente devias tu”. Os incompassíveis serão
excluídos da misericórdia de Deus (Mt 18.35), e aqueles que recebem o perdão de
Deus devem demonstrar a mesma atitude de perdão para com os outros.
Conforme o Novo Testamento, “igreja”
significa comunidade dos crentes em Jesus. A igreja é santa por ter sido
chamada por Jesus, por ter sido santificada por Cristo e vivificada pelo
Espírito Santo. A igreja é o povo santo. A igreja é composta por aqueles que
depositam sua confiança em Cristo e esperam receber apenas dele a justiça e a
salvação. A igreja é a composição de pessoas perdoadas em Cristo. Lutero disse
que “a igreja
está repleta de perdão dos pecados”. O perdão é o maior presente
dado à igreja! O perdão é o maior recurso da igreja! O perdão é a prática até o último extremo.
Com a parábola do credor incompassivo
Jesus apresenta a clemência de Deus para com o pecador que não consegue de
maneira nenhuma saldar sua dívida diante de Deus.
Deus é paciente para com o pecador
(1Pe 3.20). E essa paciência visa salvar (1Tm 1.16; 2Pe 3.15).
A igreja depende exclusivamente dessa
paciência divina. Em sua paciência, Deus conserva aberta a porta para uma nova
vida na prática do perdão.
No mundo em que se vive, a prática do
perdão tem se tornado anormalidade. Mas, na igreja essa prática expressa algo
recebido de Deus. A igreja “não recebe em vão a graça de Deus” (2Co 6.1).
A paciência e o perdão para com outro pecador não é uma virtude, mas uma modo
de vida. Vive o perdão aquele que é
perdoado!
O único motivo em Deus perdoar o
pecador que tem para com Deus uma dívida que não pode ser saldada é a sua graça
e o seu amor. O perdão não foi conquistado pelo pecador. A verdade é que o
pecador não o merece, o recebe das mãos graciosas de Deus em Jesus. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
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