terça-feira, 25 de outubro de 2016

Luterano!

30 de outubro de 2016
24º Domingo após Pentecostes – Celebração ao Dia da Reforma
Sl 130; Is 1.10-18; 2Ts 1.1-5, 11-12; Lc 19.1-10
Tema: Luterano!

         Muitas das guerras religiosas que existiram e existem se deve ao fato de cada qual ter orgulho de sua fé. Você tem orgulho de sua fé? Sei que os luteranos tem orgulho de sua fé, mas, que diferença tem feito a fé luterana no Brasil?
         Será que ainda se consegue ouvir a ironia do profeta Isaías, agora que restam poucos dias para as comemorações dos 500 anos de Reforma? Os Luteranos da IELB se orgulham de fazer parte de uma Igreja Confessional. Mas, seria essencial que os luteranos ainda pudessem ouvir a ironia do profeta Isaias: “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1.3). Com essas palavras, o profeta Isaías ironiza vigorosamente a fé dos israelitas.
         Os luteranos estão em contagem regressiva para a comemoração seus 500 anos. O dia 31 de outubro de 1517 será um dia de festa e gratidão à Deus. Mas, a exemplo dos israelitas, os luteranos também são ironizados com as palavras do profeta Isaías (Is 1.3). 
         Daqui alguns dias faltarão apenas 365 dias para os 500 anos. Muitos luteranos conseguem responder: - Quantos são! - Quantas paróquias possuem! – Quantos pastores! Mas, minha grande preocupação é que em meio aos preparativos dos festejos para os 500 anos de Reforma, poucos luteranos consigam responder: Quem são? e Porque são?
         Deus através do profeta Isaías ironiza a religiosidade dos israelitas (Is 1.11-15). Diante dessa ironia, Deus convida o seu povo, um povo cristão, a se lavar, purificar, aprender a fazer o bem, atender a justiça, repreender o opressor, defender o direito do órfão, auxiliar as viúvas (Is 1.16-17).
         Através do profeta Isaías, Deus é irônico com os luteranos, pois, a julgar-se justo e perdoado por Deus, em inúmeras situações, os luteranos se opõe a justiça nesse mundo, vive amigavelmente com ladrões, ama o suborno, deseja os presentes dos corruptos, não defende os direitos do próximo. Para muitos só importa o que se crê, pois, pela fé se está em paz com Deus. No entanto, é preciso refletir: Refletir na ironia de Deus para com seus filhos.
     Parece ser radicalismo refletir sobre a ironia de Deus num culto onde os luteranos celebram 499 anos. Mas, ... Porque se é luterano? Quem sãos os luteranos?
         “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1.18).
         O convite da graça, do perdão é dirigido a um povo que está em rebeldia contra Deus. A rebeldia é a não prática da justiça nesse mundo.
         Deus é irônico diante da injustiça, mas, ao mesmo tempo, continua convidando através de sua ironia, tantos os injustiçados quanto os que cometem as injustiças a se alegrar e viver sob a sua graça. Viver pela graça é praticar graça! O Luterano conhece a graça de Deus, no entanto, muitas vezes não vive e nem prática essa graça na sua vida diária.
         A certeza do perdão não deve aliviar a consciência a ponto de conduzi-la a conclusão de que: “não importa o que eu faça, Deus sempre me perdoa”. É verdade que Deus em Jesus nos perdoa, mas, não se pode baratear a graça de Deus.
         O convite da graça para que o pecador venha e se alegre no perdão não é uma alternativa para uma vida hipócrita. O convite da graça mostra duas coisas essenciais: como Deus age com pecador e lhe perdoa, e como a graça de Deus transforma o ser humano.
         O convite da graça é sério e maravilhoso. É um chamado a fé verdadeira, afinal, só pode alegrar-se aquele que crê no perdão. Só vive nova vida aquele que vive na fé e no perdão.
         Deus ironiza seu povo através do profeta Isaías, porque o mesmo não vivia na fé e no perdão.
         “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1.18). Por “escarlata” o profeta Isaías está proclamando que entre o povo de Deus, um inseto, uma larva, só nasceu por causa de uma decomposição orgânica (carmesim). Esse inseto, essa larva, (escarlata) está manchando, arruinando o testemunho do amor de Deus entre seu povo.
         Tão logo o povo tenha reconhecido sua situação, o profeta Isaías anuncia que “em meio a decomposição tornarão a viver novamente”, pois “se tornarão como a lã”, ou seja, Deus continua lhes amando e nesse amor recupera seus filhos e os envia novamente com uma nova atitude.
         Quando através do profeta, Deus ironiza a fé dos israelita dizendo: “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1.3), está convidando um povo envolvido na podridão e na decomposição ao arrependimento.
         A ironia de Deus não visa destruir, ela visa mostrar ao povo quão maravilhoso é seu perdão e quão maravilhosa é obra realizada na vida das pessoas através dos seus filhos perdoados.
         Quando através do profeta “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1.18), Deus ironiza a fé dos luteranos, justamente para lhes mostrar a diferença do cristão que orgulha da sua fé, mas não vive a fé, a graça e o perdão de Deus.
         Quem somos? Porque somos?
         A verdade é que o luterano, não é luterano por seguir Lutero. O luterano é luteranos porque agradece a Deus, o fato do mesmo ter levantado Lutero num período de decomposição espiritual e ter resgatado a verdade do evangelho.  
         Ser luterano deveria significar ser servo livre, perdoado e que vive sob a graça e a misericórdia de Deus. Uma graça e misericórdia que não faz diferença apenas na vida pessoal, mas em especial na vida coletiva.
      O luterano não está apenas mentalmente e emocionalmente envolvido na mensagem que Lutero redescobriu. O luterano é um cristão que crê na obra magnífica de Jesus. O luterano reconhece que ao crer na obra magnífica de Jesus não o faz por si mesmo. O luterano não crê e nem é luterano por causa da tradição, dos regimentos ou estatutos. O luterano é luterano pela graça de Deus que o chama, ilumina e santifica pelo evangelho. Ser luterano é uma obra do Espírito Santo realizada através do Batismo e da pregação da Palavra. Amém!

Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann

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