09 de outubro de 2016
21º Domingo após Pentecoste
Sl 111; Rt 1.1-19; 2Tm 2.1-13; Lc 17.11-19
Tema: O teu Deus é o meu
Deus!
Eram
dias em que “cada
qual fazia o que bem entendia” (Jz 21.25) e muitos enfrentavam o
problema da fome e da violência. Mesmo que houvesse alguns heróis, tais como
Sansão, não se pode deixar de analisar e reconhecer a história de Rute.
Num
primeiro momento, é possível apenas caracterizar a história de Rute como uma história
de amor de nora pela sogra. No entanto, ao analisar todo o relato em meio a terrível
e calamitosa situação que vivia o povo de Israel, vê-se que a história de amor
de uma nora chamada Rute por sua sogra chamada Noemi, apresenta em si o amor de Deus para com todos os povos.
Deus tinha uma promessa para cumprir, a promessa de enviar seu Filho (Gn 3.15).
Enquanto que a maioria do povo
de Israel estava ocupado com a exploração, a violência, e fazer o que bem lhe
agradava, Deus ocupava-se em realizar sua promessa.
Os
juízes tinham a tarefa de administrar a justiça. Eles eram heróis que guiavam o
povo de Deus na luta para permanecer nos territórios conquistados. Os juízes
eram guia, direcionamento e governo do povo.
O
povo não merecia, afinal, haviam se afastado de Deus. Mas, Deus é
misericordioso e por amor sempre levantou juízes para libertar seu povo da
opressão de outros povos. Entre esses juízes levantados por Deus, é possível
lembrar-nos de Débora. Essa juíza e profetiza, aos pés de uma palmeira, governava
o povo e atendia àqueles que solicitavam a sua mediação em casos de litígio (Jz
4.4-5). Deus levantou Gideão, um camponês humilde (Jz 6.11). Também enviou
Jefté, filho de uma prostituta que liderou um bando de malfeitores (Jz 11.1,3).
E ainda, Sansão (Jz 16.3).
Todos
esses juízes, mesmo sendo pessoas revestidas pelo poder do Espírito Santo, não
viveram dias fáceis. Era um período complicado e delicado. Todos os anos em que
Deus agia através dos juízes somou 410 anos. Anos caracterizados como um período da fragilidade da fé.
Devido a fragilidade da fé, o período dos juízes (410 anos) foi um tempo propício para
exclusividade da educação cristã.
E
é exatamente dessa maneira que a história de amor de uma nora não israelita por
sua sogra israelita que o livro precisa ser lido e estudado. Ou seja, a história quer educar cristãmente o
povo de Deus.
O
que desperta a atenção para essa história que visa educar cristãmente, é o fato
de que o povo de Deus havia sido instruído por meio de Moisés e Josué a
exterminar todos os estrangeiros. O objetivo era evitar contaminação na
adoração a outros deuses.
A
instrução e ordem de Deus não foi cumprida (Jz 1.21,27,29,30,31,33,35). Essa
desobediência contribuição para confusão e conflitos na fé (Jz 2.2,3; 2.11-13;
10.6). Mas, nem tudo estava perdido. Noemi mostrou a Rute o amor e a
misericórdia de Deus e por isso, no momento de despedida, Rute testemunhou: “Não me inste
para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores,
irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o
teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16).
Nos
momentos da costura, do trabalho doméstico, Noemi falava sobre Deus e todos os
seus feitos. O amor e a misericórdia de Deus foi compreendido por Rute, tanto
que esse Deus era tudo o que ela tinha naquele momento.
O
amor de Deus encheu o coração de Rute cheio de coragem e dedicação para
acompanhar sua sogra. Por meio de Rute, Deus dizia a Noemi e todo seu povo que
não estava contra eles, mas, a favor de toda a raça humana, permitindo que a
descendência fosse continuada e dela nasceria o salvador.
O
período dos Juízes (410 anos) foi complicado, mas, através de seus heróis, Deus
visava ensinar seu povo. Para ensinar, Deus permitiu que toda a história
acontecida nas terras de Moabe fosse testemunhada em todos os cantos da terra
através dessa história de amor de uma nora moabita por sua sogra israelita.
A
família de Elimeleque parecia estar destinada a terminar nas terras de Moabe. A
história apresenta uma família do povo de Deus que parecia a princípio ter sido
esquecida por Deus em terras estrangeiras. Morre o pai, o marido. Após dez anos
a morte bate na porta da família e dois filhos, dois maridos, morreram.
Parecia
ser um triste fim de uma família israelita que havia fugido da fome em busca de
uma vida melhor. Mas, não foi!
A
tão sonhada vida boa e menos sofrida que havia sido buscada em Moabe, foi
amarga. Essas foram as palavras de Noemi em Belém, após seu retorno: “Não me chameis
Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.
Ditosa eu parti, porém o Senhor me fez voltar pobre; ...” (Rt 1.20,21).
Deus
que não abandona seu povo, e age mesmo que longe de onde está seu povo, ensina
através da história de Noemi e Rute que quando tudo parece ruim e perdido, algo
maravilhoso acontece. Deus usou Rute, a moabita, para dar continuidade a sua
promessa (Gn 3.15).
Noemi
tinha um parente chamado Boaz. Esse foi, conforme a lei de Deus, o redentor de
Rute ao se casar com ela. Rute e Boaz tiveram um filho chamado Obede. Esse foi
pai de Jessé. Jessé foi pai de Davi. E Jesus, o Salvador, é conhecido como “filho de Davi”.
De
uma inspiradora história de amor de uma nora para com sua sogra, descobre-se o
amor de Deus pelos seus filhos. Deus continua agindo através de sua igreja. Por
mais que a mesma em muitas situações pense apenas em fazer o que bem lhe
agrada, Deus, pela pregação e pelos sacramentos continua salvando seus filhos e
filhas. Amém!
Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann
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