25 de setembro de 2016
19º Domingo após Pentecostes
Sl 146; Am 6.1-7; 1Tm 3.1-13 ou 6.6-19; Lc 16.19-31
Tema: Piedade como fonte de
lucro!?
O
profeta Amós foi enviado por Deus para transmitir uma palavra as elites do povo
de Deus em Jerusalém e Samaria. Mesmo que estivesse havendo paz, bem estar
econômico e prosperidade para boa parcela da população, não havia segurança
plena. Afinal, toda a prosperidade gerou uma postura de auto confiança e auto
suficiência nas elites, que viviam luxuosamente, enquanto que a maior parte do
povo vivia à margem dos benefícios da prosperidade.
Olhando
as palavras ditas por Jesus aos fariseus (Lc 16.19-31) com mais cuidado,
observa-se que elas são dirigidas como
alerta sobre o perigo ao qual a riqueza pode nos conduzir.
Enquanto que muitos fariseus
consideravam a riqueza e o bem estar como prova da justiça e favor de Deus,
Jesus adverte que a
riqueza pode levar uma pessoa a uma vida longe de Deus.
O
apóstolo Paulo transmite essa verdade em sua carta com as seguintes palavras: “Porque o amor do
dinheiro é a raiz de todos os males; e, alguns, nessa cobiça se desviaram da fé
e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm 6.10).
Para
os alunos do catecismo, ao ensiná-los sobre os dez mandamentos, cito um exemplo
simples, o mesmo dado por Jesus a apresentando por Mateus (Mt 22.37-40). Os dez
mandamentos apontam vários direcionamentos para a vida cristã. Eles estão distribuídos
em duas tábuas (Ex 31.18). Os mandamentos direcionam a nossa vida para com
Deus. De acordo com os três primeiros mandamentos, nossa vida com Deus se dá
pela Fé, Oração e Culto. A segunda tábua, ou seja, do quarto ao décimo
mandamento, Deus direciona a vida do cristão em relação ao próximo.
É
curioso que de dez mandamentos, 20% dos mesmos tratam a respeito da cobiça
(nono e décimo). Levando em consideração apenas, a segunda tábua, ou seja, sete
mandamentos, temos cerca de 28.57% tratando desse tema.
Qual é a razão
de Deus alertar quanto a cobiça na relação com o próximo? A razão é
que o pecador está sujeito a ela. Quando Deus adverte quanto a cobiça, o faz,
por que deseja através da relação entre pessoas, a autoridade, os bens, a
família, a honra, seja preservada. A cobiça estraga muitas relações entre as pessoas.
Esse
é o contexto no qual o apóstolo Paulo escreve sua carta a Timóteo. O amor do dinheiro
também está presente na igreja - entre os congregados e o pastor.
Na
época em que a carta ao jovem pastor Timóteo foi escrita muitos estavam
tornando a piedade uma fonte de lucro. Os falsos doutores se aproximaram de
algumas mulheres da congregação por causa do dinheiro delas. Para obterem
dinheiro interpretavam mal as Escrituras. Se faziam de “santos” para enganar as pessoas e assim obterem lucro de tudo isso.
A
cidade de Éfeso, onde se encontrava Timóteo, era rica e muitos dos
congregados daquela igreja eram abastados financeiramente. Era preciso mostrar
o cuidado necessário para não serem enganados e nem sequer depositar sua
confiança e servidão no dinheiro.
Junto
ao recado do apóstolo Paulo, é necessário refletir na mensagem de Deus através
do profeta Amós. Uma mensagem inquietante, mas, oportuna e adequada.
Amós
era de Tecoa, uma pequena cidade no topo de um monte a cerca de 20 km de
Jerusalém e 10 Km ao sul de Belém. Amós não era sacerdote e nem filho de um. No
entanto, foi comissionado por Deus como um leigo para transmitir uma importante
mensagem.
Na
época, o governo estava sob a responsabilidade de Jeroboão II. Era uma época de
paz e prosperidade. A expansão crescente e o comércio em desenvolvimento
trouxeram riqueza para o todo o país. No entanto, a riqueza também trouxe males
sociais. Os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres.
A
riqueza que por muitos era tida como sinal de aprovação de Deus, estava contaminando
muitas pessoas a ganharem dinheiro de qualquer maneira. Ao invés de santificar o dia do descanso,
ouvindo e meditando na palavra de Deus, desejavam que o dia chegasse logo ao
fim para poderem fazer seus negócios (Am 8.5).
Se
um pobre recorresse aos seus direitos, os juízes e as testemunhas eram
compradas para que o rico vencesse a ação judicial. Não bastasse isso, a
própria religião foi pervertida. Estava divorciada da vida diária do povo. Em
dias de festa, os santuários estavam lotados, mas, nada além do desejo de
festejar. Por mais que a liturgia fosse bem elaborada, no dia-a-dia, tudo o que
se observava era que a imoralidade aumentava
A
mensagem do profeta Amós vinha contra esses abusos e essa distorção. A mensagem
de Deus pelo leigo Amós era destinada contra três áreas da sociedade: administração da justiça nos
tribunais; desigualdade social; culto no santuário sem vida no dia-a-dia.
A
palavra “Ai”
(Am 6.1) mostra que a mensagem é de juízo. Uma mensagem dirigida a todos, tanto
ao norte corrupto como ao sul. Era necessário acordar as pessoas que estavam
vivendo orgulhosamente e arrogantemente na sua riqueza achando que a mesma era
por serem aceitos por Deus. A prosperidade era uma falsa segurança.
“Homens notáveis”
(Am 6.1) designa uma ironia retórica. Ou seja, não pensem que nada lhes há de
acontecer. Os descendentes de José, da tribo de Efraim e Manassés, viviam suas
vidas egocêntricas e extravagantes, na ilusão de que por suas riquezas eram
aprovados por Deus, e não viam a ruína que se aproximava.
O questionamento de Amós é sobre o
âmago da fé em Deus que o povo diz ter e cultivar. A mensagem do
leigo Amós foi transcrita pelo apóstolo Tiago 700 anos após: “a fé sem obras é
morta” (Tg 2.17).
Eu
não posso estar satisfeito comigo mesmo. Israel estava, afinal, suas riquezas os
faziam se sentir aprovados por Deus. A aprovação de Deus se dá pela fé. E a fé
é um presente dado por Deus através de sua Palavra.
Certa
vez num corre-corre de um terminal rodoviário, algumas pessoas derrubaram um
tabuleiro de maças-do-amor, esparramando-as pelo chão. Somente um homem parou
para ajudar a pequena vendedora. Ao começar a recolher as frutas, ele percebeu
que ela era deficiente visual. Gentilmente, ajudou-a levantar o tabuleiro e a
ajuntar as maças. Ao verificar com as mãos que várias de suas frutas se
estragaram na queda, a menina ficou apreensiva e dizia: - minha mãe vai ficar muito triste;
-
não se preocupe querida, disse-lhe o
homem, eu pago as maças que estragaram.
O
homem pagou e se despediu dela. Mas, a menina o chamou e perguntou:
-
Moço, você é Jesus?
E
o homem respondeu: - não, minha querida,
mas sou um dos amigos dele.
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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